For Grissom escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 7
O inimigo estava perto


Notas iniciais do capítulo

Fala, pessoal! Cheguei com mais um capítulo que ficou maior do que eu imaginava porque justamente resolvi ampliá-lo! Olha que legal! Aqui no ridijanêro o tempo deu uma refrescada então consegui escrever um monte de coisaaaaaaaaa

Estamos chegando no meio da fic, mas isso não quer dizer que as coisas vão melhorar. Não muito. Cês vão saber logo.

Como sempre eu quero agradecer a todos que estão lendo e aos comentários maravilhosos, que cara, eu fico sem saber como agradecer de tão especiais que são. O projeto dessa fic era algo curto e simples, que nem um laboratório para outras ideias, mas vocês me inspiraram a rechear a história. Muito obrigada, mesmo, de coração. Eu recebo cada comentário com muita alegria, mesmo, e me animo quando vejo que tem um fav ou acompanhamento novo.


Só um detalhe: esta fic não vai virar um ~Manhunters~ da vida com trocentas mil palavras, não se preocupem hahaha. Como disse antes ela tá no meio, então estamos caminhando para o ponto de virada.

Aproveitem a leitura.



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Nada conseguia conter a raiva em Warrick quando ele viu a figura do sub-xerife deitado naquela cama. Algemado ele se encontrava numa posição delicada, mas nada parecida com a de seu amigo, desacordado e entubado. Ao contrário de Grissom ele teve "sorte" em sobreviver a um tiro e à capotagem do carro. Aquilo não era justo, Warrick nunca iria se conformar.  

— Faltou muito pouco para eu terminar o trabalho. — Nick se aproximou do amigo e os dois fixaram o olhar no sub-xerife, que era atendido por um enfermeiro. Brass ficou por perto e falava algumas coisas para o homem sob efeito de medicamentos. 

Warrick entendeu na hora o que ele quis dizer. Não falou alto e nem de modo explícito porque ainda estavam num ambiente aberto, sujeito a ser ouvido e mal compreendido. O perito se virou para Nick como se esperasse algo mais.  

— E por que não terminou? — perguntou, de modo que suas palavras saíram de modo ambíguo. Warrick esperou por alguns segundos, mas logo ergueu a mão discretamente para que não tivesse uma resposta. — Não, esqueça. 

— Eu olhei na cara dele... bem nos olhos dele. Quase à beira da morte e não sentia remorso nenhum. 

— Filho da mãe. Passou de bom moço esse tempo todo... — Desviando seu olhar daquela cama, Warrick respirou fundo para tentar afastar os maus pensamentos que se amontoaram na mente. — Olha só... 

— O que? 

— Me desculpe por explodir com você lá no hospital por causa do Grissom. — Acanhado, Warrick levou as mãos aos bolsos e visou o chão brevemente quando falou com o amigo. 

— Hã? — Curioso pelo pedido de desculpas no início, Nick se sentiu aliviado por se tratar de um tema do qual já não se lembrava mais. — Esqueça isso, Rick. 

Ele o fitou por um instante, encontrando-o com um semblante conciliador. Nick bateu em seu ombro de leve, selando a paz que Warrick procurava para os dois e para si. 

— Quando ficamos sob estresse é normal aquilo acontecer — explicou. — Eu não fiquei chateado. Não muito. — Stokes sorriu, causando o mesmo no amigo. 

— Então está bem. 

Os dois voltaram a observar a cama na qual o sub-xerife se encontrava. Brass continuava por ali, disposto a passar horas ao seu lado se fosse necessário. De longe parecia focado, mas por dentro queria interrogar McKeen da "forma antiga", descarregando toda a fúria nele ainda que estivesse debilitado. 

— O McKeen... — Nick hesitou em continuar, mas depois que citou aquele nome se viu sem saída. — Ele disse algo sobre o Griss. 

— O que ele falou? — O amigo lhe questionou curioso. O rosto fechado de Nick já dizia que coisa boa não era, obviamente. 

A ideia de falar sobre aquilo o incomodava. Num primeiro momento achou que comentar sobre o assunto e desabafar um pouco seria bom. Na prática foi o contrário. 

— Que ele pode ficar sem andar. 

Espantado, Brown arqueou as sobrancelhas, mas logo as franziu. Era algo que não dava para absorver direito. Se fosse verdade o homem que conheceu há tanto tempo, cheio de energia e sua maior referência profissional, ficaria impossibilitado de atuar no trabalho do jeito que sempre fez; ou talvez não conseguiria mais atuar na profissão que dedicou a maior parte de sua vida. 

— McKeen deve ter mentido para mexer com você. — Warrick falou do modo mais convicto que conseguiu. — Não dá mais pra confiar nas coisas que ele diz. 

— Foi o que eu pensei na hora — afirmou Stokes, mas sua expressão revelava dúvida. — Mas... — Ele deu de ombros, ainda em dúvida. — Eu não sei. 

— Não sabe o quê? 

— A situação dele tá delicada ainda... A gente não sabe o real estado dele. — Nick fez uma pausa. — Você se lembra de alguma coisa quando socorreu ele? Como ele estava...? 

— Como eu vou me lembrar disso? — retrucou incomodado. Mas a verdade é que Warrick preferiu não tocar naquele assunto com riqueza de detalhes. — O Gil tava perdendo muito sangue, mal conseguia erguer um braço direito! Eu não vou ficar lembrando se ele se movia do pescoço pra baixo. 

— Tá. Desculpa! — Percebendo a hostilidade do amigo, Nick recuou depressa. 

— Não, não. Eu... desculpe cara. — Warrick ergueu a mão em mais um pedido de desculpas. 

Para não piorar as coisas entre os dois Warrick se afastou do amigo. Sabia que se continuasse ali acabaria falando algo indevido. Se já não bastasse ter que imaginar seu amigo num coma, cogitar sobre a possibilidade de Grissom não conseguir mais andar era outro tiro no estômago. 

Ao se encontrar com Catherine próximo à entrada do hospital, Warrick hesitou em se aproximar dela e pedir por alguma explicação. Sua mente entrou em conflito: o que mais queria era retornar ao lugar aonde McKeen estava e confrontá-lo, porém só traria problemas para si e para a equipe. 

— Cath. — Ele a chamou pelo sobrenome, quando esta terminava de efetuar uma ligação. 

— Diga — respondeu. Ao olhar para trás voltou a falar. — Viu o McKeen? 

— Brass está com ele. Tá fazendo questão de ficar por ali em vez de deixar outro oficial. — Warrick disse, mas sem dar muita ênfase em suas palavras. 

— É o melhor a se fazer. — A CSI assentiu. — E você? Pode ir para casa quando terminar seu relatório. Talvez descansar um pouco. 

— Ah... — Ele negou com a cabeça e sorriu. — Como vou conseguir voltar pra casa com a minha cabeça à mil? — brincou, fazendo revelar um sorriso no rosto dela. — Mas e você? 

— Depois que terminar aqui eu vou ao Memorial ver o Gil. 

— É, acho que pensamos a mesma coisa. 

Um silêncio permeou a conversa dos dois enquanto em volta deles dezenas de vozes se misturavam. Sentia-se farto daquele lugar. 

— Cath. O médico disse algo a você sobre o Grissom que eu e os outros não sabemos? — Warrick segurou a informação até quando não podia mais. 

— Como assim? 

— O Gil correu o risco de não andar mais? 

O semblante espantado da supervisora disse muito. Foi uma pergunta direto na ferida, daquelas que qualquer um se sentiria mal em perguntar e em responder. Catherine cogitou questioná-lo para saber de onde ele tirou aquela informação, porém recuou. 

— Eu vou te falar a verdade que o doutor me contou. Quando o Grissom chegou ao hospital e foi levado à cirurgia de emergência, o projétil poderia ter causado danos sérios na medula espinhal. Isso foi após uma primeira avaliação. 

— Deus. — Ele falou indignado. — E depois? 

— Gil passou por raio-x e não identificaram uma aparente lesão. Mas ainda vão fazer mais exames. 

Chateado por ouvir aquilo, Warrick tomou uma longa respiração e permaneceu calado. 

— Quem te contou isso? — A mulher acabou perguntando. 

— Eu ouvi por aí. — Ele deu de ombros. 

— Estou falando sério. Quem te contou isso, Warrick? — insistiu, desta vez mais séria como de costume. 

O CSI fitou seus olhos e entendeu que Catherine agia mais como sua superior que amiga naquele momento. 

— McKeen comentou. 

— McKeen, hein...? 

Apesar de todos na equipe possuírem um vínculo de amizade, Warrick não quis entregar o nome de Nick e colocá-lo naquela história toda. Talvez Catherine pudesse descobrir uma hora, mas ao menos seria por conta própria. 

— Sara sabe disso? 

— Não. E acho melhor ela não saber por enquanto. O Grissom ainda vai passar por outros exames e ainda tem uma cirurgia a ser feita. Ele chegou lá quase morto, já é um milagre ter sobrevivido. 

As notícias desanimadoras não paravam de chegar. Um pesadelo sem fim era tudo que Warrick pensava ao resumir naquelas horas. Seu medo era de não conseguir sair, ou melhor, que seu amigo não conseguisse. 

— O que importa agora é... como vai sobreviver. 

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Sara tinha de confessar: sentia muita falta daquela casa, daqueles ares e daquela companhia. A sensação era de que não pisava por ali há anos.  

Usando as chaves dele, entrou em sua residência e, como num passe de mágica, pôde sentir toda uma atmosfera passando por cada centímetro de seu corpo. Foi uma sensação boa e estranha ao mesmo tempo. Lembrou-se das memórias boas que compartilhou com Grissom, da mesma forma que se recordou das más lembranças vividas na cidade.  

Ela deixou as bolsas que trouxe no chão e acendeu a luz. 

— Hank? — A ex-CSI chamou pelo cachorro, imaginando que estivesse por perto e torcendo para que fosse reconhecida. 

Não demorou para que o boxer viesse correndo ao seu encontro. Reconhecendo a voz de quem o chamava o cachorro veio depressa abanando a cauda. Sara se abaixou e o recebeu de braços abertos, vindo a acariciar sua cabeça e nuca com vontade. 

— Ei, amigão, tudo bem? Você sentiu minha falta, não é? — Ela começou a rir quando Hank buscava lamber seu rosto sem parar. Depois de horas angustiantes, Sara pôde enfim desfrutar de momentos alegres ao lado do velho amigo. — Eu também senti. 

Ao se erguer do chão, Hank começou a latir por felicidade. De pé, Sara passou a mão em sua cabeça e aos poucos seu sorriso foi desmanchando. 

— Vou cuidar de você, tá bom? O Gil... ele... não pode voltar no momento.  

Hank continuou abanando a cauda em agradecimento. Talvez entendesse o que Sara quis dizer e fazia aquilo para levantar seu ânimo. A morena forçou um sorriso para não cair na melancolia novamente. Chorou demais em São Francisco; agora em Vegas resolveu segurar as lágrimas. Achou que precisava ser forte, ter um pouco daquela fé que recebeu de volta em sua terra-natal e usá-la por ali. 

— Vamos ser só nós dois por enquanto, mas ele estará de volta logo, ok?  

—------------------------------------------------------- 

Em algumas horas o sub-xerife já se encontrava "apto" para seguir à delegacia e depor como pedia o protocolo. Algemado de modo que todos pudessem vê-lo e vestindo as roupas de um detento, McKeen foi recebido com olhares furiosos e atordoados dos oficiais presentes. Sabia que Brass fez aquilo de propósito para envergonhá-lo na frente dos subalternos e para que já sentisse o gosto de se um detento. Mesmo sabendo que não teria para onde correr juridicamente, McKeen não tirava do rosto machucado a mania de grandeza como se não conseguisse descer do pedestal. 

— Entra aí. — Brass o forçou a passar pela porta da sala de interrogatório. Na voz do detetive saía um tom enojado. 

O sub-xerife entrou na sala sem mudar a pose presunçosa, contudo, o semblante se desfez aos poucos quando viu uma figura conhecida de pé, bem atrás da mesa. A mulher negra de cabelos curtos não esboçou reação alguma ao ver o criminoso entrar. Mãos para trás, como um legítimo militar avistando um infrator de regras, a xerife Sherry Linston não falou até o momento em que Brass veio após McKeen e fechou a porta. 

— Xerife Linston — comentou McKeen em deboche. — Imagino que isto não será necessário. — Ele ergueu as mãos, referindo-se às algemas. 

— Você é um criminoso e pode oferecer hostilidade aos meus homens. Esta algema não sai daí. — A xerife não hesitou. 

— Posso ao menos chamar o meu advogado? — Ele retrucou enfezado. 

— Que advogado? — Linston se fez de desentendida, recebendo de McKeen um olhar mortal. 

Na sala atrás do vidro espelhado, Warrick não tirava seus olhos de McKeen. De vez em quando parecia que o próprio encarava o CSI olho no olho como se soubesse de sua presença. O ódio contra ele era tão grande que sentia ter força para quebrar o vidro com um simples toque. 

— Me deixa ir lá — pediu o CSI Warrick sem deixar de olhar para a frente. 

— Não. — A resposta áspera da supervisora enfim desviou Warrick de seu maior foco. 

— Catherine. Eu preciso fazer isso. — Ele insistiu. 

— Não vou deixar você entrar naquela sala, Warrick. Não adianta discutir. 

— Não dá pra acreditar! Aquele desgraçado não pode ir sem que eu fale com ele! — O perito apontou a mão em direção ao vidro. 

— O que você vai fazer é confrontá-lo na frente da xerife. — A mulher se virou para o colega. — Acha que isso vai dar certo? Seja racional, Warrick! — Não economizou no tom duro ao repreender o subordinado. — Não acha que o Gil iria querer que você ficasse aqui? 

— É por causa desse desgraçado que o Grissom tá numa cama de hospital! — Ele protestou, dedo em riste para o chão. 

— Vai testemunhar contra ele e se por um acaso te verem agir desse jeito acabou pra você!  

Talvez a resposta tenha sido o suficiente para acalmar os ânimos de Warrick, ao menos por algum tempo. Ultimamente o perito tem sido o fio desencapado do time, que mesmo com o sucesso da operação e a captura de McKeen, continuava severamente inconformado.  

O clima denso no pequeno espaço foi interrompido após alguém abrir a porta. Era Sara, que os cumprimentou brevemente para assistir ao interrogatório do sub-xerife. 

— Devia ficar em casa, Sara. — Catherine lhe disse ao se observá-la se aproximar. — Não precisa se preocupar com ele. 

— Quero ouvir o que ele tem a dizer, se... você não se importar. 

Visando Warrick momentaneamente a supervisora notou que ele deu um passo para se afastar das duas. Olhos vidrados na sala à frente o CSI mal dava atenção a elas.  

Catherine viu algo em Sara que lhe chamou a atenção. Ela mudara de roupas optando por um visual mais despojado: calça flare escura, camisa preta e uma jaqueta simples de cor carvão. Imaginou que ela resolveu passar um tempo a sós para repor a mente, colocá-la no lugar. Entretanto alguma coisa aconteceu nesse meio de tempo que a fez voltar em vez de esquecer a história. 

— Claro. — A supervisora assentiu. — Fique o tempo que desejar, então. 

Do outro lado havia o peso de uma tonelada sobre a sala. Ainda de pé, a xerife lhe lançava um olhar que dava a impressão de estar prestes a devorá-lo vivo a qualquer momento. Sherry não chegou a alterar o tom de voz com ele ainda, por mais que tivesse motivo para fazê-lo; já o sub-xerife ostentava um rosto vermelho de ira. 

— Espero que tenha aproveitado bastante a sua liberdade, Jeffrey, porque você não vai sair da prisão.  

— Está muito confiante. — O sub-xerife ergueu os ombros ligeiramente, vindo a mostrar uma expressão de incômodo. O ferimento tratado ainda doía. 

— Vai ter sorte se não pegar a injeção letal — disse a xerife enquanto se inclinava para se apoiar na mesa. 

— Ele está vivo, não está? — Mesmo com as mãos algemadas o homem conseguiu gesticular, e do modo mais sarcástico possível. 

A maior vergonha para a xerife não era saber que um policial fosse capaz de cometer todos aqueles crimes e sim de não ter percebido isso com antecedência. Linston e McKeen não eram grudados e tampouco melhores amigos, porém se encontravam com certa frequência por conta de reuniões acerca do trabalho e por isso ela já o conhecia de certa forma. McKeen atuava fora da lei debaixo de seu nariz e ela não percebeu a tempo. 

— Por que atirou no Grissom? — Ela lhe perguntou sem ressalvas. Tinha ouvido da boca do detetive Brass a história por si só, porém queria saber pelo próprio criminoso.  

— Isso aqui nem é um interrogatório de verdade!   

— Quero saber por que tentou matar um dos meus melhores profissionais. — Retornando à posição original, um pouco afastada da mesa, ela o questionou. 

— Ah, Sherry, ele é só um número para você. — O sub-xerife zombou. — Desde quando se importa com essa gente aqui senão para conseguir apoio? 

— Responda à pergunta. — Sem perder a paciência, Linston se mantinha ainda de pé e de semblante fechado. 

— O que eu ganho com isso? 

— Tem a chance de se livrar de uma cela com um monte de prisioneiros loucos para receber o sub-xerife da polícia de Las Vegas. 

Na sala de trás a conversa terminara para que a atenção fosse voltada ao sub-xerife e seu "interrogatório". Ninguém questionou o motivo de ela estar ali. Foram poucas as vezes em que Sara via a oficial de perto, assim como as vezes em que trocou algumas palavras com ela. Ao menos ficou aliviada por saber, ao menos aparentemente, que Linston não faria vista grossa com o futuro ex subordinado.  

Ao expressar uma feição carrancuda, McKeen pareceu ceder. 

— Ele não ia ficar quieto. — O homem deu de ombros como se o que fez não passasse de algo banal. 

Sara fechou os olhos por dois segundos. A resposta fez o peito se apertar como se fosse comprimido aos poucos; foi doloroso. Nunca iria se conformar. A ex-CSI já ouviu respostas semelhantes como aquela por várias vezes só que nunca imaginou que um dia ouvir coisa semelhante fosse doer tanto. Por mais que tentasse não se surpreender com o comportamento humano a cada dia aparecia algo novo e pior. 

Warrick cruzou os braços e franziu a testa. Fez isso para não bater no vidro por raiva. A resposta do homem à sua frente lhe causou repulsa, mais do que já tinha sentido. Emitindo um som de cansaço, ele baixou a cabeça e descruzou os braços em seguida. Estava zangado, insatisfeito com a posição de Catherine e limitado a visar o sub-xerife através de um vidro espelhado. 

No meio dos dois, a supervisora os observou de canto de olho, atentando para suas reações. O que viu foi justamente o que esperava das duas pessoas mais afetadas pelos acontecimentos. 

— Segurou o CSI dele, achei que iria terminar por ali. Mas... ele quis continuar por conta própria. — Ele riu. — Era isso ou... meu fim. 

— Como soube disso? 

— Ouvi da boca dele. 

Linston lhe lançou um olhar desconfiado. 

— Sou o sub-xerife. — O homem falou sarcástico. — Não se lembra que eu estava de olho na investigação? 

— Você é uma escória, Jeffrey, é isso que você é.   

— Esta cidade não tem mais jeito, você sabe disso. — McKeen aumentou o tom de voz. 

— Você é uma prova viva do que disse, não é mesmo? — Ela o ironizou. 

— Vegas não tem lei. Não adianta, isso aqui nunca vai mudar! — O homem ergueu as mãos algemadas. 

— Se depender de você não vai. 

— Hum. — O sub-xerife moveu a cabeça em negativa mostrando-lhe um meio sorriso. 

— Eu tenho certeza que se procurarem bem eu vou encontrar muita coisa suja. Vou fazer questão de estar lá, ouvindo o juiz ler a sua condenação. 

— Vai ser bom te ver lá. 

Afastando-se de McKeen a xerife Linston dirigiu o olhar para o detetive Brass no intuito de falar com ele fora da sala de interrogatório. Ficar ali estava acabando com sua paciência apesar de se manter firme o tempo todo. 

Catherine visou Sara e Warrick, ainda com a atenção voltada àquela sala. De todos os seus amigos e companheiros de trabalho, aqueles dois foram de longe os mais afetados pelo crime. Ambos ansiavam por justiça, mas cada um tinha sua visão diferente de justiça. 

— A xerife deu a palavra dela que o McKeen não vai mais sair da prisão. 

— Acredita nela? — Warrick a questionou. 

— Depois da vergonha que o departamento vai passar, não duvido que a xerife faça de tudo para prender o Jeffrey e jogar a chave fora. 

A supervisora se afastou deles e levou a mão à testa, sentindo uma leve pontada. Depois de tanto tempo reclamando de Grissom e suas dores de cabeça absurdas, sentiu herdou tudo aquilo de uma hora para outra. 

A porta da sala onde eles estavam foi aberta. Era o capitão Brass, que entrou e segurou a porta no intuito de sair logo. 

— O advogado do McKeen vai chegar em breve — disse, dirigindo-se aos três. 

— Nick e Greg vão vir para cá daqui a pouco. Estavam no laboratório. — Catherine respondeu. — Eu vou ficar aqui caso seja necessário. 

— Posso falar com ele? 

A pergunta da ex-CSI pegou os presentes de surpresa. Sem reação, a supervisora não sabia o responder, tampouco o detetive Brass, que esperava uma resposta de Catherine. Warrick era o único distante do "círculo". Não esboçou reação      

— Tem certeza, Sara? — A mulher tocou em seu ombro gentilmente. 

Não, pensou ela, mas não dava para se controlar. Sara estava de frente para o homem que quase matou seu noivo e talvez não teria mais a chance de ver aquele rosto novamente. Foi por impulso, uma decisão tomada por emoções. A morena não respondeu, porém a seriedade naquele semblante falou por si. Brass não gostou do que ouviu, ainda mais quando notou a reação de Catherine parecendo concordar com o pedido da amiga. 

— Tá, tá bom. Cinco minutos. — O policial gesticulou com a palma aberta. — Mais que isso e eu tiro você de lá. 

Assentindo ao capitão Sara não perdeu tempo e saiu dali, encaminhando-se à sala adiante. Por dentro sabia que não foi uma das melhores decisões tomadas, mas só iria pensar nos seus atos tempos depois, quando já não estaria mais ali. 

A morena engoliu em seco e respirou fundo antes de entrar na sala de interrogatório. Antes disso olhou para trás para ver se não havia algum olhar indesejado. Ela pressionou a maçaneta e, pediu por toda força possível para encarar aquele homem. Imaginando que fosse o seu advogado, McKeen se virou para trás já pensando em falar várias sobre sua situação. Surpreendeu-se ao ver uma figura conhecida que não a via há um bom tempo entrar na sala. 

— Sara Sidle. — A voz do sub-xerife estava empolgada. — Achei que não iria te ver. Tem aproveitado a vida fora de Vegas? 

Munindo-se de um silêncio sepulcral, a ex-CSI caminhou até o outro extremo da mesa e se sentou na cadeira na qual a xerife não utilizou. 

— Veio me questionar? Quer saber por que eu atirei Grissom?! — Ele voltou com o sorriso debochado. 

Mas ela não respondeu. 

— Nunca vou esquecer da comoção no laboratório quando você foi sequestrada. — Ele mostrou um sorriso sarcástico. — Me contaram que Grissom ficou desesperado. 

O rosto frio de Sara podia congelá-lo num instante, todavia, por dentro se encontrava um rio de lava. Tudo o que sua mente e corpo mais pediam para fazer era gritar com ele, gritar até que ele perdesse a cabeça e começasse a pedir desculpas compulsoriamente. Nada daquilo adiantaria, nem que ele se jogasse no chão, se ajoelhasse e pedisse desculpas pelo que fez. O homem à sua frente não parecia do tipo arrependido, pelo contrário, estava mais para alguém que faria de novo quantas vezes fosse necessário. 

— Grissom era um homem inteligente.  

— É. — Sara o corrigiu, falando pela primeira vez que pisou na sala. De todas as provocações até agora, não conseguiu permanecer calada com aquela. 

— Um homem inteligente, mas não o suficiente para não se meter em lugares perigosos. 

— Grissom é um criminalista, queria que fizesse o quê? — Ela o retrucou, sem se alterar. 

— Ele só tinha de ficar quieto, esquecer essa história. 

Sara abriu um sorriso cético ao ouvir a justificativa ausente de remorso ou arrependimento. 

— Está me dizendo que o Grissom é o culpado de ser atingido duas vezes. — Sara o questionou, ainda carregando aquele sorriso. — Foi ele quem atirou em si mesmo, não é, sub-xerife? 

— Você entendeu muito bem o que eu quis dizer. 

— Eu entendi uma coisa, sabe o que foi? — A mulher fez uma pausa de três segundos. — Você tinha medo dele. 

O rosto então cínico de McKeen foi dando lugar à raiva. A presença de Sara começava a incomodá-lo. 

— Bastava apenas ficar quieto, assim como falou agora. Mas, não. Com medo de que fosse descoberto por ele você teve que tomar uma atitude drástica: Atirar em alguém desarmado e por a culpa em um de seus homens. 

— Faria o mesmo se estivesse no meu lugar — retrucou ele quase falando entredentes. 

— Jogou anos de Corporação no lixo e agora vai acabar no mesmo lugar aonde você mandou criminosos. Gente como você. — Ela respondeu na mesma hora, apoiando as mãos sobre a mesa.   

— Ele não vai sobreviver. — O sub-xerife disparou imaginando que isso a deteria. 

— Você sempre teve medo dele e do Warrick e de que um dia eles poderiam se tornar uma ameaça. Quando esse dia chegou fez a única coisa que lhe restava, agir como um covarde. 

— Eu acho melhor você frear a sua língua. 

— Acha que eu também sou uma ameaça pra você? 

Decidindo não ficar mais ali, a morena se levantou de uma vez da cadeira e caminhou para fora da sala; parando, claro, bem ao lado dele. Catherine e Warrick continuaram na outra sala e ouviram a breve conversa entre os dois. A supervisora começou a se preocupar quando notou que Sara parou bem ao lado do sub-xerife sem saber suas reais intenções. Se as coisas esquentassem por ali teria de tomar uma atitude. 

Sara não fez questão de se inclinar para que ele a ouvisse bem, aquela distância foi o suficiente. Queria ao menos que ele gravasse sua voz antes de ir embora e quem sabe nunca mais vê-lo. 

— Eu nunca senti tanto orgulho dele. 

 


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Notas finais do capítulo

Inicialmente o capítulo iria terminar quando a Sara chegasse à casa do Grissom, mas aí eu achei que teria muito pouca coisa então resolvi alongá-lo. Eu tenho mania de não gostar de escrever vários capítulos curtos, EXCETO quando a ideia se fecha redondinha num capítulo. Adicionar mais coisa seria colocar muito ingrediente e estragar a sopa. Normalmente prefiro escrever 3 capítulos com ao menos 2k a 3k de palavras do que vários com 1k.
É coisa minha, não tem nada a ver com a minha leitura em outros projetos, isso só vale para os meus. Acho melhor para quem for visualizar ter um capítulo com bastante conteúdo já que nem sempre eu posso atualizar as fics com frequência.

Enfim, agradeço a todos que estão lendo, vocês são demais. Um grande beijo e até o próximo capítulo! ♥ ♥ ♥



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