For Grissom escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 5
Para os bons, sofrimento


Notas iniciais do capítulo

Fala, pessoal! Cheguei postando o primeiro capítulo do ano!!!



Eu queria agradecer a vocês que estão lendo e deixar um obrigada especial a Aira e a LohRo que comentaram recentemente. Meninas, muito obrigada por abraçarem esta ideia e comentarem nos caps. Fiquei muito feliz com o que disseram. Graças a comentários como os seus e das outras leitoras meu dia fica mais doce e eu só tenho a agradecer.


Claro, não posso deixar de agradecer a todos que estão lendo a fanfic. Muito bom saber que estão gostando do projeto apesar de sofrerem junto comigokkkkk Mas enfim, boa leitura ♥



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Não era esta a ocasião na qual Sara queria retornar a Vegas. Na verdade, não chegou a imaginar quando seria ou como seria o seu retorno. Ela imaginava que um dia acabaria voltando, mas não naquelas condições, não por um motivo tão doloroso. Talvez voltasse imaginando levar Grissom com ela em uma jornada mundo a fora, só eles dois. Ou quem sabe voltaria a Vegas para curtir um momento de lazer ao lado dele ou até com seus amigos. Mas não aquela ocasião. Voltar para vê-lo em uma cama sob o risco de morrer nunca passou por sua cabeça. 

Foram quase duas horas de um voo melancólico. Enquanto via sorrisos no rosto de vários ao seu redor, tudo o que Sara conseguia fazer era olhar para a janela em busca de uma saída física e mental. Um escape da realidade, de modo que acordasse e sentisse que aquilo não passava de um longo pesadelo. 

Voltar para aquela cidade não era uma tarefa simples. Foi lá que sua vida mudou, aonde fez novas amizades e reencontrou uma antiga. E foi logo esta amizade que se transformou, ou melhor, se reacendeu um amor passado. Foi em Vegas o lugar onde cresceu profissionalmente, mas também o lugar no qual sofreu uma tentativa de assassinato que mudou sua percepção sobre a vida. Havia algo de errado com ela e isto precisava ser acertado. Então optou pela decisão mais difícil que podia imaginar: deixou a cidade que acolheu para trás, inclusive o amor de sua vida. 

Por instinto ela cerrava os punhos toda vez que pensava em como iria encontrá-lo. Sempre desejou vê-lo novamente sorrindo, até de braços abertos pronto para recebê-la. Passariam horas e horas conversando sobre a vida e os últimos meses longe um do outro. Talvez nem tanto, o trabalho de Grissom logo o chamaria, mas seria um bom começo. 

Retraída em sua poltrona, Sara tentava segurar as lágrimas quase iminentes. Nunca negou ser uma pessoa que agia por emoções, fez isso em alguns casos. Porém, desta vez era diferente. Tudo o que mais queria no momento era estar ao lado dele, e fazê-lo saber que ela estava ali, bem ao seu lado e não a milhares de quilômetros longe. 

Ao pousar no aeroporto Sara pegou um táxi e foi direto para o hospital, pedindo desculpas mentalmente aos seus amigos por não seguir ao laboratório primeiramente. Trouxe pouca coisa consigo: uma mochila e uma bolsa de mão. Não sabia por quanto tempo ficaria na cidade, apenas que uma hora voltaria à Califórnia.  

Logo ao chegar no hospital, ela informou à recepção pelo paciente que estava internado ali, mas foi impedida de entrar. Tudo por conta de uma ordem feita pelo comando da polícia em não permitir que ninguém além de alguns oficiais ou membros sua equipe se aproximassem do quarto. Desapontada, ela ligou para Catherine informando sobre sua situação e ouviu para esperar por sua chegada. 

Foram os quinze minutos longos, minutos que pareceram horas. 

Catherine chegou junto de Nick, Warrick e Greg após receberem permissão do próprio Ecklie para deixarem o laboratório. Não poderiam ficar por muito tempo ali, logo teriam de continuar com a investigação em cima do sub-xerife. 

— Sara! — Ao vê-la esperando por eles, Catherine apertou o passo em sua direção. Sara se ergueu do sofá e a recebeu com um abraço. — Obrigada por vir. — Ela disse enquanto mantinha o abraço. Sara não conseguiu responder, tampouco falar alguma coisa. Tentou agradecer, mas permaneceu quieta. 

Os dois vieram e não falaram. Assim que Sara e Catherine se afastaram eles vieram e abraçaram a amiga, um de cada vez. Warrick foi por último. Antes de abraçá-la, ele notou seus olhos marejados e engoliu em seco. Aquela sensação de culpa estava retornando e nada parecia ter o poder impedi-la. 

Quando ele a abraçou, Warrick fechou os olhos e sussurrou, mal sabendo se ela iria escutá-lo: 

— Me desculpe. 

Ela mal percebeu o que disse, mas de alguma forma o abraço em Warrick durou mais tempo do que nos outros e não foi por iniciativa dele; foi Sara quem fez aquele gesto durar, chegando a apertar o abraço. 

Enquanto terminavam de se despedir, Catherine já estava frente ao balcão para solicitar uma visita a Grissom e saber se o quadro dele ficara estável. A recepcionista entrou em contato com a Diretora do hospital e com o médico responsável por atender o supervisor. Lhes foram permitidos uma visita breve, isso após terem de esperar por mais alguns minutos. Catherine pediu para Sara deixar suas bolsas em seu carro já que ela chegara de táxi, assim não teria que se preocupar com as bagagens. 

O grupo seguiu para o segundo andar, até o quarto aonde Grissom permanecia após a cirurgia de emergência numa ala restrita. Ao se aproximarem do quarto o peito de Sara apertou; teve a sensação de que o coração sairia pela boca a qualquer momento. Era como se não o via há anos. Chegando em frente à janela transparente eles viram que as persianas não estavam abaixadas; foi quando tiveram o primeiro encontro com o supervisor. Seus olhos, atordoados, perderam o foco em tudo ao seu redor exceto na janela. 

— Gil...? 

Sara deu um passo a frente de Catherine — mais próxima da janela — e parou frente ao vidro. Tocou na superfície fria com a mão direita e por ali permaneceu. Se não o conhecesse tanto diria que era um estranho debaixo de um aparato de suportes hospitalares. Entubado, notou logo que precisava respirar com a ajuda de um ventilador mecânico. Ao redor dele haviam fios e mais tubos e por fim o monitor cardíaco. 

O médico chegou ao local recebê-los, explicando que deixaria entrar apenas um de cada vez por medidas cautelares já que Grissom acabara de sair de um procedimento cirúrgico. Catherine e os outros entenderam o que foi avisado, porém Sara não prestava atenção. Não tirava seus olhos de Grissom desde o momento que o avistou por aquele vidro. 

— Sara. Sara? 

— Hã? — Ela voltou à realidade quando sentiu o toque de Catherine em seu braço. — Desculpe. O que disse? 

— O doutor falou que apenas dois podem entrar agora, um por vez. Vá em frente. 

— Mas... — A ex-CSI visou seus amigos que inclusive olhavam para ela. — Eu... eu não... — Ela se recusou a ir primeiro, ainda mais porque eram eles as pessoas mais próximas a Grissom antes de tudo. 

— Você é namorada dele, Sara. Merece ir primeiro. — Catherine lhe mostrou um sorriso afável, indicando que estava tudo bem. 

Sara ergueu o olhar e concordou com a amiga ao fazer um simples gesto. Também agradeceu a ela e aos outros, afinal, ela não estava por perto quando aconteceu. 

— Quatro, cinco minutos no máximo, por favor — disse o médico, alertando sobre o tempo máximo que poderiam ficar. 

Sara adentrou o quarto e se aproximou dele em passos vagarosos. A cada centímetro mais próximo dele as pernas vacilavam e pareciam ficar bambas, mal se lembrava de respirar direito. O peito disparou e qualquer fagulha a faria voltar a chorar. Sara olhou para a janela e não viu seus amigos por ali; provavelmente se afastaram para lhes dar privacidade. 

— Gilbert. — Ela se pôs ao seu lado direito, próxima do monitor. Por instinto ela aproximou sua mão do braço descoberto e tocou nele. — Gil. Sou eu.  

Aos poucos ela envolveu seu braço com delicadeza, mas se assustou quando sentiu a pele fria sobre sua mão. O ar condicionado o deixou assim, mas isso não a impediu de sofrer um pequeno desconforto. 

— Eu tô aqui. Eu vim por você — sussurrou carinhosamente. Ela respirou fundo e tentou conter-se. Pediu aos céus que, mesmo em coma, Grissom pudesse perceber o toque de sua mão. Como uma profissional que trabalhou e presenciou situações como aquela, Sara sabia que era bem difícil de acontecer, impossível naquelas condições. Tudo o que lhe restou foi uma fé tímida, tão pequena que mal sabia se estava mesmo por ali. 

Não houve anel de compromisso, tampouco planos para um casamento. Nunca prosseguiram com a ideia até o final, mas também nunca a abandonaram. Isso quer dizer que houve inúmeras vezes na qual Sara imaginou retornar a Vegas para firmar o casamento e continuar sua vida ao lado do homem que amava. Não era esta a ocasião que gostaria de encontrá-lo.  

— Eu sinto muito, meu amor. Eu... como isso foi acontecer? — Lamentou, respirando fundo mais uma vez para não chorar. — Logo você? 

Queria gritar, pedir que acordasse, abrisse os olhos e a visse tão de perto. Queria não ter que chegar em Vegas às pressas para vê-lo preso a uma cama. Queria seu amor de volta. 

— Só quero que saiba que eu estou aqui, Gil. — A morena pressionou levemente o braço dele. Seu desejo era que ele a visse ao seu lado e segurando a sua mão assim como Grissom fez a ela quando foi resgatada naquele deserto. Seria ingênuo ou até mesmo infantil querer que Grissom abrisse os olhos de repente como nos filmes. O homem que amava lutava para sobreviver num conflito invisível. 

Sara tinha muito a dizer a ele; ensaiou frases, declarações, e no final terminou sem saber o que dizer. Não sabia se chorava, se fechava os olhos enquanto pressionava sua mão sob a sua pele fria na tentativa de aquecê-la. 

A porta foi aberta e quem entrou chamou por Sara. 

— Senhora, está na hora de ir. — O doutor lhe informou. 

Mais difícil que chegar no hospital e entrar no quarto era sair dele. Deixar Grissom e ficar longe dele ainda mais naquele momento seria uma tortura. Os minutos passaram como o vento, rápido e sem que percebesse. 

— O estado dele ainda é delicado. Infelizmente não podemos mais estender o tempo de visita. 

A ex-CSI acariciou seu braço com o polegar uma última vez antes de se afastar dele. Foi um passo duro, doía demais ter que ir embora dali. Parecia estar cometendo um ato cruel. 

Sara saiu do quarto enxugando o rosto com o dorso da mão esquerda, tentando camuflar a seus amigos que deixou muito mais que poucas lágrimas caíssem. Eles olharam para ela no momento em que saiu e não disseram nada em respeito por sua dor. Catherine tocou gentilmente no ombro de Sara para confortá-la. Sem palavras, o gesto valeu por uma frase. A ex-CSI respondeu com um sorriso, assentindo como se dissesse que estava bem ou ao menos que ia ficar bem. 

— Vai lá, Warrick. — Catherine informou a ele, que em resposta arqueou as sobrancelhas por surpresa. 

— Não... — Ele balançou o indicador em negativa. — Não. Melhor eu ficar por aqui. 

— Vai logo, não podemos atrasar aqui. — Provocando-o de modo saudável, Nick o incentivou para seguir adiante.  

Foi uma decisão tomada na hora, mas em conjunto. Ninguém melhor que Sara e Warrick serem as duas pessoas a ver Grissom por motivos severamente especiais. Uma era sua noiva e a pessoa mais importante de sua vida; o outro, bem, era um de seus melhores amigos e foi o responsável por salvar sua vida. Claro que Catherine, Greg e Nick carregavam laços fortes com Grissom, porém se sentiram no dever de deixá-los ter o primeiro contato com o supervisor. 

Quase como Sara, Warrick hesitou no começo. Chegou a visar o rosto dela uma última vez por instinto antes de entrar no quarto. Teve o desejo de lhe falar muita coisa, pedir desculpas, mas de alguma forma sentia-se pressionado. E mais uma vez a culpa lhe batia à porta. 

— Foi Warrick quem achou ele e o socorreu. — Catherine disse a ela após cruzar os braços, recebendo um rosto surpreso. 

Ao visar a porta pela qual o CSI passou Sara começou a entender o motivo do amigo aparentar estar mais abalado com isso tudo. Olhou para baixo por um instante imaginando a cena e tentou se colocar em sua pele. 

— Quem fez isso? — Diferente de antes, a seriedade no rosto de Sara era evidente. Havia um tom de indignação presente. 

Nick, Catherine e Greg trocaram olhares breves e um pouco apreensivos. Pareciam temer revelar uma informação delicada para ela, ainda que fosse amiga deles e uma CSI anteriormente. 

— Nós achamos que foi o... McKeen. — Greg revelou a ela, após a troca de olhares e a breve pausa entre isto. 

Ao ouvir aquilo a morena franziu as sobrancelhas e balbuciou algo antes de falar alguma coisa. A verdade foi que tentou se recordar do nome familiar que, num primeiro momento, escapou de sua memória. Contudo, quando sua mente criava um rosto àquele sobrenome, nuvens escuras pareceram atordoá-la de vez. 

— McKeen? — Questionou ao tentar se recordar. — Tá falando do Jeffrey? 

— Sub-xerife McKeen. — Catherine completou. 

Sara ainda demonstrava incredulidade com a resposta. Surreal, impossível de se crer. 

— Vocês estão me dizendo que a pessoa que atirou no Gil foi um oficial da polícia? — Perplexa, a ex-CSI quase não conseguiu terminar de falar. Ela encarou as três figuras esperando que não tivessem tanta certeza daquilo. Entretanto, tudo o que via eram rostos abatidos. 

— Precisamos de mais evidência para expedir um mandado. Mas tudo indica que foi ele. — Greg explanou. 

A morena balançou a cabeça repetidas vezes e caminhou até a janela por um momento a ver Grissom deitado na cama e Warrick próximo dele. 

— Não... — A morena recusava-se a acreditar. — Não pode ser verdade. 

— É uma longa história, Sara. — Nick falou assim que ela voltou para perto deles. 

—-|-- 

Warrick se aproximou do amigo inconsciente e tomou pausa para uma longa respiração. Tinha receio de se aproximar um pouco mais ou até mesmo tocá-lo. Warrick sabia de quão grave foi a situação da qual Grissom chegou no hospital, afinal, foi ele quem o socorreu e viu seu corpo ensanguentado. Foi ele quem o acompanhou até o hospital e se recusava a soltar a sua mão até mesmo quando tiveram de sair da ambulância. 

— Sinto muito, Griss, eu... devia ter chegado antes. — Ele disse baixo em respeito ao supervisor. Abalado, Warrick passou a mão pela testa por um instante e balançou a cabeça. — Foi o desgraçado do McKeen que fez isso com você, eu não tenho dúvida disso. — Após falar, Brown olhou para trás rapidamente para saber se alguém os assistia pela janela. Ninguém. 

Se ele desconfiasse da presença do sub-xerife naquela hora poderia ter agido à tempo. Não sabia como, mas alguma coisa ele faria. 

— O maldito do McKeen ainda teve coragem de voltar — comentou nitidamente enraivecido. — Se eu não tivesse ali ele teria terminado o serviço. Desgraçado. 

Warrick dedicou os minutos restantes ficando em silêncio. O que realmente queria expressar fez isso em pensamento. Sua mente balançava pelo lamento e pela fúria. O conflito era intenso, tanto que não saberia como reagir caso desse de cara com o sub-xerife. 

— A gente vai pegar ele, eu prometo, Gil. Isso vai ser por você. 

Ao sair do quarto Warrick encontrou os outros à sua espera. Ele visou Sara brevemente, mas depois disfarçou mudando o foco. Desde que ela chegou, Brown não conseguia olhar para ela sem pensar na história e sentir um peso de culpa em cima disso. 

— Vamos voltar ao laboratório. Ainda temos de que continuar buscando mais evidências — disse ele momentos após sair. 

— Você pode ficar na casa de Grissom, Sara. A casa também é sua. — Catherine informou. Ela havia pedido os pertences de Grissom à administração e os aguardava para deixá-los em seu carro e levá-los junto de Sara para a casa do supervisor. 

— Não. — Sara negou na mesma hora. — Eu quero ajudar. Se não posso ficar aqui com ele então eu quero fazer algo útil, mesmo que eu não possa atuar no caso diretamente. 

— Então vamos todos. — Brown não esperou pela resposta dos outros. Ao encarar Sara, recebeu um sorriso em troca por agradecimento. 


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Notas finais do capítulo

BEM, GALERA, É ISSO!

Como a Camila tinha comentado antes o bicho vai pegar! O cerco vai se fechar e o pessoal vai fazer de tudo para pegarem o McKeen. Ao mesmo tempo que vão com sangue no olhos, suas atenções também ficam voltadas ao Grissom, que tá num estado muito delicado.

Um grande beijo e até o próximo capítulo! ♥



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