For Grissom escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 4
Emoções à flor da pele


Notas iniciais do capítulo

Fala, pessoal! Cheguei no último dia do ano com mais um capítulo desta fic. Quero desejar a todos que estão lendo um 2020 cheio de realizações e vitórias. Vai haver luta, mas que a nossa vontade seja maior que as adversidades.

Se continuo a postar aqui muito vem de vocês que continuam a ler ou comentar nas minhas fanfics. Isso tem me motivado bastante e eu só tenho a agradecer.

Boa leitura!



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— Isso foi há algumas horas. Eu sinto mu- 

— Como ele tá, Cath? — Ela perguntou de antemão. O coração palpitava sem parar, e sua mente não parava de imaginar Grissom numa cama de hospital. Nunca sequer cogitou que o homem do qual amava terrivelmente pudesse sofrer um golpe daquele. — Como ele está?  

Sara quase implorava por uma resposta de uma conversa que mal durava três minutos. 

— Ele... Tá em estado grave, Sara. 

Silêncio na linha. Ao ouvir aquilo Sara emudeceu. Arregalou os olhos que aos poucos se avermelharam e criaram lágrimas. Ela se encostou no armário e se deixou atingir o chão. Não, aquilo não poderia ter acontecido com Grissom. Logo com o único homem que realmente amou em toda sua vida e que ainda amava. 

— Sara? Você ainda tá aí? — Catherine perguntou receosa. 

— Me diz que isso não é verdade. — A voz de Sara já estava alterada. Ela fungou uma vez e tentou secar a primeira lágrima que escapava de seu olho. — Por favor, me diz que não é — sussurrou, balançando a cabeça repetidas vezes. 

— Infelizmente é verdade. — Catherine respirou fundo. Dizer aquilo a Sara foi tão difícil quanto receber a notícia. — Eu estou aqui no hospital. O médico disse que ainda vai precisar fazer uma cirurgia para retirar uma bala do tórax. Não pôde fazer agora porque ele se encontra numa situação delicada. 

Sara levou a mão a boca, segurando para não cair em prantos ali mesmo. A ligação foi um baque, um pesadelo que nunca imaginou vivenciar. Seu mundo parou de repente, como numa freada brusca. 

— Eu prometo que nós vamos fazer de tudo para pegar o desgraçado que fez isso. 

A ex-CSI não falou. Permaneceu quieta enquanto as lágrimas desciam pelo rosto sem que pudesse contê-las. O seu Grissom estava numa cama de hospital lutando para viver. E o pior de tudo é que não se passara nem uma semana desde a última vez que falou com ele pelo telefone. 

— Você... precisa de algo? 

— Você acha que ele tem chance? — Ela perguntou após ficar quase um minuto inteiro em silêncio. 

Do outro lado da linha, a mulher arqueou ligeiramente as sobrancelhas. Dispersa em vários pensamentos, não estava preparada para receber tal pergunta. O tipo de situação da qual não esperava se encontrar, ainda que óbvia. 

Catherine poderia responder um "sim" carregado de certeza e confiança. Todavia, aprendeu em seus casos que a certeza poderia enganá-la. Ela tentava não considerar Grissom como somente um caso a mais, como uma estatística; ele era parte da família. Razão não se aplicava ali. 

— Eu tô rezando por ele, Sara — respondeu baixo, aproveitando para se erguer. Catherine precisava retornar ao laboratório e continuar a trabalhar no caso, ainda que quisesse passar horas e horas no hospital próxima a Grissom. — E eu sei que o Gil não vai deixar barato. Eu sei que ele vai lutar. 

Quem dera se aquelas palavras fossem suficientes para reconfortá-la, mal conseguia fazer o mesmo consigo. Ela fez o que pôde. A quilômetros de distância sequer imaginava o que se passava dentro da mente da amiga. 

— Catherine eu... vou desligar. — Ela disse com a voz abatida. Os olhos que encaravam o nada procuravam por um ponto de ancoragem, algo que a manteria firme. Porém não encontrou nada. Sentia-se à deriva num mar aberto. 

— Claro, claro. — A CSI ficou sem jeito de se despedir, permanecendo em silêncio a esperar por Sara. — Fique bem, Sara. 

— Vou pegar um voo até aí. — disse enquanto fungava mais uma vez. Ainda no chão, Sara levou a mão ao rosto e esfregou os olhos com a mão direita. 

Catherine não se surpreendeu com sua declaração, pelo contrário, já esperava por isso. Gostaria que fosse uma visita sob tempos melhores. 

— Tá. Me avise quando chegar que eu posso te dar uma carona. 

— Não, não se preocupe com isso, Catherine. Só peço que me diga aonde ele está. 

— No Memorial. 

— Obrigada. 

— Se cuide, Sara. Fale comigo quando precisar. 

Quando Sara encerrou a ligação, ela deixou o celular ao lado e dobrou os joelhos e os envolveu com os braços. Não falou, não esperneou, não gritou. Deixou que as lágrimas amontoadas continuassem a cair; não houve impedimento sequer. 

Não poderia ser ele. Seu Grissom. A mente em conflito se recusava a acreditar que isso tinha acontecido. Logo com o homem por quem se apaixonou e um dos motivos que a segurou em Vegas por muito tempo. Foi embora porque não aguentaria mais ficar ali por nem um minuto a mais. Temia se destruir e levá-lo junto. Sara não podia fazer isso com ele, tampouco permitir que ele o visse num estado tão frágil. 

Agora ele estava numa cama de hospital, ferido e com poucas chances de sobreviver. Só de pensar nas pequenas chances o coração dela apertava ainda mais. Tinha medo de chegar a Vegas e saber que Grissom não teria resistido; vê-lo somente para se despedir uma última vez. Tinha medo de não vê-lo nunca mais. Tinha medo de ficar sozinha novamente. 

Sara recostou a cabeça, fechou seus olhos e levou a mão ao rosto. Não imaginava sua vida sem ele, ainda que distante. Ele ainda era seu amante, seu confidente e melhor amigo. O único em quem confiava de corpo e alma. Nunca esteve pronta para dizer adeus e não seria agora que estaria. Impossível de acreditar. 

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Catherine retornou ao laboratório e seguiu direto para a sala de análise verificar a pistola encontrada dentro do carro de Grissom. Ao chegar lá descobriu que Warrick já o havia feito. Sem DNA ou digitais presentes, ele verificou o registro da arma com os números restantes de uma raspagem e viu que ela havia sido usada em um crime no qual o oficial Pritchard estava envolvido. Segundo relatório a pistola deveria estar destruída. 

— Ele tirou a arma dos arquivos de alguma forma. — Catherine comentou após ouvir a explicação do colega. Os dois saíram da sala em direção à garagem para ouvir o que Nick tinha a dizer. 

— Mas por que o Pritchard iria usar a arma do qual estava envolvido para tentar matar o Gil? — Warrick indagou. 

— Ele não tá nem aí. Está protegido. 

Quando chegaram à garagem encontraram Nick pronto para recebê-los. Estava próximo à porta do carona, agachado, levantando-se assim que percebeu a presença deles. Nick revelou ter encontrado algo importante. A partir de uma impressão deixada no vidro do carona, pôde-se deduzir que Grissom estava com a janela fechada e a baixou para falar com o assassino. 

— O Gil nunca baixaria o vidro para o Pritchard. — Warrick disse convicto. 

— Não, não acho que foi ele. — Nick se afastou do carro para ir de encontro a eles. — McKeen. 

Tanto Catherine quanto Warrick ficaram perplexos com a resposta do amigo. Já o outro CSI não parecia nem um pouco atônito com o que falou. 

— McKeen descreveu alguém parecido com o Pritchard, até mesmo quando descreveu a placa parcial, muito parecida com a placa dele. 

A premissa de que a primeira testemunha era o primeiro suspeito nunca fez tanto sentido, assim como a teoria de Nick. Infelizmente não podiam acusar o sub-xerife até encontrarem provas ou caminhos concretos para se dizer que ele era o suspeito. Ao juntar os pontos o sangue de Warrick ferveu. Imaginar o homem que aparecera "logo depois" de ele socorrer o Grissom ser o responsável pelo atentado e pela história toda lhe dava nojo e raiva. 

— Então desgraçado teve a coragem de ir lá pra ver se o Gil tava morto? — Brown não poupou o tom de voz. Os dois desviaram o olhar dele quase ao mesmo tempo. Ele balançou a cabeça por várias vezes e cerrou o punho direito com força. — Desgraçado. Desgraçado! 

— Calma, Rick. Ainda temos que provar que foi ele. Não dá pra chegar com nada agora. 

Warrick passou a mão pela cabeça e deslizou até a nuca. Ficou inquieto, imaginando e culpando a si mesmo por não ter percebido isso naquela hora. Óbvio demais que o sub-xerife tenha aparecido. Queria se certificar de que Grissom estaria morto e não lhe causaria problemas. 

— McKeen sabe que o Gil ainda tá vivo?! — Ele perguntou de repente, pegando Catherine e Nick de surpresa. 

— Brass quem está entrando em contato com ele. — A mulher disse, já preocupada imaginando o que pudesse acontecer caso o sub-xerife seja realmente o criminoso. 

— O McKeen não pode saber disso de jeito nenhum. — Nick tomou a voz, ganhando o apoio de seus colegas. — Enquanto não tivermos provas cabíveis, ele não pode se aproximar daquele hospital. 

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Sem que o sub-xerife tivesse ideia, a equipe de CSIs voltou à cena do crime para comprovar se o depoimento dele era verdadeiro ou falso. Trouxeram um carro semelhante ao de Grissom e uma pistola com modelo igual para que a reconstrução da cena fosse o mais fiel possível. Warrick ficou posto sete metros a oeste do beco, utilizando a rádio para contatar os colegas. Nick era quem segurava arma; já estava ao pé da janela pronto para fazer o disparo assim que recebesse o ok de Catherine. Já ela se comunicava com Brown para lhe avisar quando a reconstrução iria começar. 

A CSI deu a deixa para Nick, que efetuou os disparos. Assim que os ouviu, Warrick saiu correndo em direção ao beco, enquanto Stokes deixou o carro para escapar de sua visão, assim como descrito pelo sub-xerife. Todavia, Warrick parou de correr quando olhou para a porta de uma boate e se lembrou de que naquela noite havia música alta tocando. Ele avisou isso à equipe e logo a reconstrução precisou ser iniciada novamente, desta vez com a música da boate. 

Logo, Catherine deu o sinal para Nick. Ele efetuou os disparos e ela esperou pelo surgimento de Warrick. Como não o viu, chamou por ele pela rádio. A novidade desta vez: Warrick não ouviu nada. 

Nem precisaram dizer, as provas já falavam por si mesmas. O inimigo estava próximo, eles tinham isso em mente, mas foram pegos de surpresa quando descobriram que o criminoso se encontrava numa posição tão vantajosa como a de McKeen. Saber que Grissom foi a vítima de alguém de dentro da corporação causava dor maior na ferida indignação se valer mais ainda, principalmente para Brass quando soube disso pessoalmente e da boca de Catherine.  

Warrick assistia a cena afastado em um canto da sala do capitão. Chegou a perder o foco no presente, trazendo a si a memória da conversa que teve com Grissom assim que soube de sua inocência e liberdade. 

— Seria preciso muito mais que um policial patrulheiro para acabar com aquele desgraçado. Tem que ser alguém numa posição alta. — Warrick falou convicto a Grissom, que concordou.  

Apesar de Pritchard continuar foragido, as boas notícias se sobrepuseram àquele fato. Grissom conversou com os superiores e conseguiu que Warrick fosse suspenso e rebaixado ao invés de ser exonerado. Brown não conseguia acreditar no que ouviu. Após uma série de eventos negativos, Grissom surgiu como uma luz no fim do túnel. Tinha que ser ele o portador das boas novas. 

— Eu não sei como te agradecer. 

— Eu sei. Pare com essa busca. Esqueça disso. 

Ao receber uma resposta tão direta, Warrick achou estranho e até fez uma cara confusa. 

— Você ouviu bem. Quero que desista dessa caça às bruxas. 

— Mas... Grissom... Não dá pra largar tudo agora. 

— Olhe pra mim. Eu não peço favores aos meus subordinados, ainda mais quando são meus amigos. Mas estou fazendo esta exceção com você. 

Warrick nunca se esqueceria da postura dele, que mudou de contente para extremamente preocupado. Ele se inclinou ligeiramente na mesa e lhe encarou nos olhos. 

— Me prometa que vai ficar longe. Não foi fácil te livrar desta situação e Deus sabe o que pode acontecer caso você tente de novo. Eu não vou poder intervir desta vez. 

Grissom conhecia muito bem seu subordinado para saber que Warrick não iria desistir de encontrar seu peixe grande. Claro que não queria deixar barato a pessoa que provavelmente foi o mentor daquela situação, mas não podia arriscar perder um de seus melhores peritos e amigo. 

Ele chegou a sorrir por incredulidade. Ouvir de seu chefe para desistir de algo que quase tirou sua carreira parecia cruel e injusto. Entretanto, saber que Grissom moveu montanhas para tirá-lo daquela areia movediça era um forte motivo para aceitar sua proposta. Ter de "esquecer" daquela história e deixar de lado seria uma ferida que doeria por algum tempo, talvez por anos, só que há poucas horas imaginava como seria sua vida na prisão. 

— Ok.  

— Ótimo. Sou eu quem vai cuidar disso. 

A feição de Warrick mudou novamente. Outra resposta inesperada o deixou surpreso. Imaginava que após aquela proposta, Grissom encerraria o assunto de vez. Ao menos ficou satisfeito pelo supervisor, que entendeu a séria situação da qual se encontravam. 

— Eu vou investigar isso com cuidado, discretamente. 

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— O McKeen ouviu a minha conversa com o Gil. — Após ficar desligado da conversa entre Catherine e Brass, o CSI se manifestou, chamando a atenção de ambos. 

Os dois olharam para ele aguardando por uma explicação. 

— Ele me fez prometer que não iria a uma caça às bruxas quando fosse solto e decidiu investigar por si só. — Ele olhou para o chão de modo cabisbaixo. — Droga, Gil, olha só no que deu... — lamentou e depois respirou fundo. — Tem que ter sido isso. Foi o único momento em que ele falou comigo sobre o caso. Se ele não tivesse falado aquilo então... poderia ter sido eu. 

Catherine o encarou com olhos horrorizados. Sequer poderia imaginar uma situação dessa na qual Warrick fosse o alvo do criminoso. Nem em seus piores sonhos poderia cogitar algo como isso. 

— O Grissom foi baleado por minha causa. 

— Não seja tolo. — O detetive Brass o repreendeu na hora. Ele sabia da dificuldade em compreender que não era culpado pelo crime, mas ainda assim pesava na mente a ideia de que suas ações foram responsáveis por aquele gatilho ser puxado. — Tem gente assim no em todo lugar, às vezes não dá pra saber quem é. — Brass deu de ombros, porém Warrick continuou com o olhar baixo. — O Gil não tá morto. O que a gente tem que fazer agora é rezar para ele se recuperar logo e voltar a ficar enchendo a minha cabeça. 

Pela primeira vez as palavras do policial surtiram efeito em Warrick, que sorriu brevemente por conta da piada. Fora de hora para alguns, mas para eles chegou num bom momento. Momento de crise em que parecia estar dando tudo errado para eles.

O detetive retornou à sua mesa para observar mais uma vez o relatório da reconstrução da cena e suspirou de cansaço. 

— Indiciar... só de pensarmos em indiciar o sub-xerife já é motivo para nos lançarem na cova dos leões. Vocês precisam de algo mais do que uma reconstrução. — Brass explicou a eles, por mais que tivesse vontade de sair dali naquele momento e caçar McKeen até os confins da Terra. 

A declaração do detetive abateu um pouco os CSIs, que já esperavam sair dali com viaturas prontas para buscá-lo e prendê-lo. Mas até eles mesmos sabiam que sair desenfreadamente daquele jeito seria por um fim prematuro na investigação, o que seria um golpe fatal. 

Catherine recebeu uma ligação e atendeu ali mesmo. Trocou poucas palavras pelo celular e logo terminou a chamada. 

— É a Sara. Ela chegou no hospital. 


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Notas finais do capítulo

Pois é, pessoal chegou aquele momento (chegou no cap anterior na verdade kkk) que todos esperavam e que ao mesmo tempo todos queriam evitar. Aquilo foi um golpe doloroso pra Sara que soube do ocorrido estando ela tão longe do Grissom. Vai começar uma jornada difícil para ela e para os outros da equipe.


Mas enfim, mais uma vez eu agradeço a todos que estão lendo, vocês são demais. Acredito que esse ano foi muito bom para mim, mas fiquei insatisfeita comigo mesma em relação à escrita. Eu queria ter feito muito mais, tanto nos meus projetos pessoais como aqui. Manhunters está parada, só que logo logo vou retornar com as postagens. Não era o que eu gostaria; na verdade, queria terminá-la esse ano. Infelizmente isso não aconteceu, mas ao menos consegui postar mais histórias em vez de me prender apenas numa ideia que de uma hora para outra não fluía tão bem como eu esperava.


Eu estou com vários outros projetos, só que pretendo focar neles aos poucos. Tudo isso para não me sobrecarregar e trabalhar com calma nelas. Espero postar mais do que tenho postado aqui.


E para as/os leitoras/es que também escrevem aqui, desejo que vocês decolem na carreira de vocês, seja escrevendo ou na profissão que almejam ou estejam trabalhando. Gosto muito dos trabalhos aqui da categoria CSI e espero que continuem postando. Quem sabe eu não venho com um projeto em parceria com alguém daqui, seria topper hein?

Então é isso. Fiquem com Deus e até o ano que vem!



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