For Grissom escrita por Dama das Estrelas


Capítulo 2
Madrugada vermelha


Notas iniciais do capítulo

Celoko mermão sabia que o primeiro capítulo ia fazer sucesso não kkkkkkk Topperman


Aproveitando que o Mengão se classificou pra final do Mundial eu resolvi postar o cap 2 rsrsrsrsrs. Mas sério, fico muito feliz por esse começo, a fic teve bastante visualização então imagino que a galera abraçou a ideia da história, vem sofrer comigo bora

E por último, mas não menos importante, obrigada a todos que leram o primeiro capítulo e chegaram até aqui, de coração ♥ Vamo que vamo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784889/chapter/2

McKeen acionou a Central. Chamou as unidades e contou sobre um oficial ferido num beco. Solicitou unidades de apoio e paramédicos. Fez isso logo após limpar a arma e deixá-la no interior do carro. Astuto, declarou com toda a pressa e intensidade de um pedido real de socorro. Descreveu com perfeição o "suspeito" como se tivesse presenciado de perto. Após isso deixou o beco como quem não tivesse mais nada a ver com aquilo. Disse que iria atrás do suspeito quando na verdade forjava seu próprio depoimento. 

A Central disparou o pedido de socorro para todos os canais, inclusive dos peritos. Warrick, já dentro do veículo, deu partida há pouco tempo rumo à sua casa. Porém, nem o som moderado da música impediu de ouvir o chamado na rádio. Ele baixou o volume para prestar mais atenção na voz da mulher, imaginando que talvez precisaria adiar seu descanso para depois.  

Todavia achou o local familiar. Foi então que ele desligou o carro e saiu depressa de lá, sem atentar para o trânsito ao redor. Lembrou-se daquele lugar, porque sabia que havia alguém conhecido ali que estacionou por lá. 

A ficha caiu. Algo ruim havia acontecido. 

Desesperado por tomar o caminho de volta já que estava a uma quadra do endereço informado pela Central, Brown correu como nunca. Tinha de chegar lá de qualquer jeito, o mais rápido possível. Não queria pensar em tragédia, em sangue, só queria chegar lá, apenas isso. 

Perdendo o foco em tudo ao seu redor ele atravessou a rua imprudentemente e seguiu para o endereço informado. Era lá mesmo, o beco aonde Grissom deixou seu veículo. No chão não havia ninguém, nem nada incomum; tudo o que viu foi a silhueta de um carro. Ao se aproximar dele o sangue de Warrick gelava cada vez mais, como se seu corpo não quisesse continuar e que deveria dar meia-volta. Se não havia mais nada ao redor daquele automóvel, tampouco no beco, então a ocorrência devia ser dentro do carro. 

O CSI se aproximou da janela do carona e então sentiu um aperto no peito na mesma hora. Teve a sensação de que o coração parou de bater. 

— Gil? GIL! 

Ele estava imóvel. Seu corpo, debruçado sob o volante não dava sinais de vida. O fraco lumiar do beco mostrava o sangue escorrendo do ferimento que sofrera. Não havia mais nada em sua mente, apenas que deveria tirá-lo de lá não importava o que acontecesse, tampouco se o atirador estivesse por perto. 

Deus! 

Não era possível retirá-lo dali pela porta do motorista por conta da posição que o carro ficou estacionado. Como não tinha outra alternativa melhor Warrick teve de abrir a porta do carona para puxá-lo de dentro e socorrê-lo. Só havia ele e mais ninguém; a ajuda só chegaria em alguns minutos, mas até lá seria tarde demais para Grissom, se já não era tarde. 

Warrick estava tão alterado pelo medo e pela situação crítica do amigo que pediu desesperadamente aos céus e tentou arranjar forças. Adrenalina pulsava em seu sangue. Ele entrou no carro e com toda a força que podia, segurou-o com firmeza e o puxou. Num cenário comum não conseguiria puxar alguém maior e mais pesado como Grissom. No momento em que fez a primeira tentativa e prosseguiu com o movimento, Warrick sentiu seus músculos retraírem. Não sentiu dor na hora, mas sim uma sensação diferente, estranha. 

Vamos, Gil!

Ele pediu em silêncio enquanto exigia tudo de si para tirá-lo daquele carro. Rangeu os dentes, respirou fundo e planejou retirar o amigo de uma vez, nem que isso lhe custasse um ombro deslocado. Por fim, com um único impulso Warrick viu que seu esforço deu certo; Grissom já estava praticamente fora do carro. Começava o minutos mais críticos.  

Para conter a hemorragia externa Warrick não pensou duas vezes e retirou a jaqueta que vestia para cobrir sua nuca e pescoço. 

— Grissom. Ei, fica comigo. Fica comigo, ok? — Ele segurou o amigo com força, não deixando que sua cabeça tocasse o chão frio. 

Mas ele não conseguia falar, não conseguia expressar uma única palavra. Agonizava por entre sons quase inaudíveis enquanto expelia sangue pela boca. Seu olhar, vazio, não conseguia manter foco algum. Seria apenas uma questão de tempo se nada mais fosse feito. 

Como num passe de mágica um homem se aproximou deles correndo. 

— Assim que eu vi o que houve fui atrás do suspeito. — Era o sub-xerife, de volta para saber se o trabalho tinha sido concluído. 

Ainda consciente, Grissom reconheceu aquela voz e olhou para ele. Não diretamente, mas o possível para saber que ele chamou sua atenção. Não tinha forças para falar, tampouco alertar Warrick do perigo que se encontrava acima deles. Ele continuava a perder sangue e a cada segundo seu estado piorava. Mesmo assim não desistiu. Aquela agitação preocupava o CSI Brown, que fez de tudo para estabilizá-lo. 

McKeen notou a perturbação do supervisor, imaginando que tentava alertar Warrick. Então abriu o coldre de modo discreto, já na intenção de pegar a arma e terminar o serviço. Não se importaria em sujar um pouco mais as suas mãos com sangue de subordinados.  

— Droga, cadê esses paramédicos?! — Warrick gritou ao sub-xerife. Ele estava desesperado, sentindo-se impotente porque não podia fazer mais nada a não ser ficar ali e procurar estancar a hemorragia do amigo. Se por algum momento o deixasse este seria o fim da vida do supervisor, de um jeito ou de outro. 

McKeen observou a situação de Grissom com prudência. Viu que as feridas provocadas pelos projéteis causaram um estrago. Logo, logo não teria que se preocupar com ele, tendo ainda que manter o disfarce de bom moço. Então deu meia-volta e ligou para a Central novamente, deixando Warrick e um homem prestes a morrer. 

Ele não podia deixá-lo morrer, não a pessoa que mais o ajudou em sua vida depois de sua avó. A pessoa que o tratou como filho e que lutou com unhas e dentes para protegê-lo. Ele não merecia nada disso. 

— Gil! Olha pra mim. Olha pra mim. — Ele tentou segurá-lo pela nuca. — Gil, olha pra mim, você tem que lutar. Você não pode desistir, ouviu? 

Grissom ofegava sem parar, como se tivesse tentando confeccionar palavras vazias. Já não tinha mais forças para se manter lúcido ou erguer os braços. Quando encarou Warrick nos olhos finalmente parecia querer dizer algo, talvez suas últimas palavras. 

— Meu Deus... Grissom... — A voz quase não saiu. Warrick não podia aceitar aquilo. Daria sua vida por ele. — Aguente, por favor.  

Os olhos do CSI se avermelharam. Warrick não era um homem de chorar facilmente, pelo contrário; reservava para si este momento expressando para os outros apenas um semblante melancólico quando estava triste. Mas não conseguiu reprimir a primeira lágrima que escapava pelo olho direito. Segurava em seus braços sua maior referência de vida, vendo seu fôlego se esvaindo aos poucos. 

— Gil! Por favor, aguente firme! Droga! — Ele não se conteve.  

Grissom bem que queria, mas não conseguiu erguer a mão para que o amigo a segurasse. Sua visão começava a ficar turva. 

—----------------------------------------------------------------------------- 

Quem poderia imaginar? Quem poderia prever que sofreriam um golpe terrível como aquele? Sem tempo de reação, sem tempo para pensar, apenas o mais puro e cruel golpe. Gilbert Arthur Grissom, 52 anos, atingido duas vezes em seu próprio carro. Ninguém esperava por isso, nem mesmo aquelas pessoas que tanto lidavam com a morte. 

A CSI Willows correu como nunca através das dependências do hospital. Em seus olhos a vermelhidão deixada pelo choro da surpresa e da angústia era evidente. Mal chegara direito em casa quando recebeu a notícia de que um oficial foi baleado. Quando soube quem era se recusou a acreditar até o momento em que Brass confirmou com toda a paciência e certeza que foi Grissom o oficial atingido.  

— Warrick! — Ela gritou o nome do amigo ao vê-lo sentado no chão, desolado. Nick, que estava em pé e de costas para a mulher, virou-se quando ouviu a sua voz. 

Catherine parou horrorizada na frente dos dois quando viu o vermelho do sangue tomar completamente a camisa de Warrick. Imaginou um cenário pior que antes. 

— Meu Deus, o que... o que houve?! 

Nick até tentou se pronunciar, mas lançou uma expressão pesada, olhou para baixo e levou a mão a boca. Ele balançou a cabeça e não parava de lamentar o que ocorreu, piorando a impressão de Catherine sobre Grissom. 

O silêncio de dez segundos corroía a mente de Catherine por aflição. 

— Atiraram nele, Catherine. — O CSI Brown declarou enquanto atentava para o nada. Em seus olhos, diferente da angústia contida nos de Nick, estavam diferentes. Parecia uma mistura de indignação, raiva e remorso. — Um desgraçado atirou no Gil. 

— E o estado dele?! — perguntou aflita. Os segundos passaram e o silêncio permaneceu.— O estado dele! — Ela repetiu quando não recebeu resposta. 

— Nada ainda. — Após uns cinco segundos, Nick ergueu os braços decepcionado. 

Catherine cruzou os braços, retraindo-se por instinto. Ela negou com a cabeça querendo se despertar para a realidade, pois ainda não conseguia acreditar naquilo. Visou Warrick sentado e encostado à parede, tomando foco na camisa ensanguentada. Pela quantidade de sangue ali presente já imaginou a gravidade do ferimento que o amigo sofreu. 

— Warrick. Fala com a gente. — Ela se agachou frente a ele, esperando que pudesse desabafar naquele momento difícil. Ainda mais que Brown era uma pessoa reservada. 

— Cath. — Nick tocou em seu ombro e sussurrou perto dela. Ele a fez se levantar com um movimento negativo, pedindo em silêncio que parasse de insistir. Confusa, Catherine o fez, mas o encarou em busca de uma resposta. — Ele foi o primeiro a chegar lá. Tirou o Gil do carro e o socorreu — falou baixo.  

— Deus... — Catherine viu em Warrick o retrato de um homem desolado, que internamente sentia carregar certa culpa pelo ocorrido. 

— Ele não tá bem pra falar — explicou. 

Por trás deles o detetive Brass chegou apressado à sala de espera do hospital, quase como Catherine. Estava apreensivo, nervoso como sempre, mas desta vez havia algo mais profundo em seu olhar. 

— Droga. — Foi a primeira coisa que disse quando viu o trio e o clima melancólico que tomava conta deles. — Tive que ir até a cena do crime checar o que houve. — Ele disse olhando para Warrick. — Deus, isso não devia ter acontecido, logo o Gil... — O policial levou a mão à testa e depois as duas à cintura. — Como tá o estado dele? 

— Não temos notícia ainda. — Nick respondeu. 

— Meu Deus... — Calado por breves momentos, Brass ergueu a cabeça e forçou a si mesmo manter a cabeça focada. — Eu não posso ficar aqui, tem muita coisa pra fazer. Vou mandar o turno todo focar nesse caso. O desgraçado não vai escapar. — Brass foi convicto, carregando em sua voz motivação intensa e raiva. Quando a vítima se tratava de um membro do corpo da polícia ou do laboratório, ainda mais um amigo de longa data, Jim Brass tornava a investigação uma caçada pessoal. 

Quando terminou terminou de falar ele olhou para Warrick e fazendo um esforço, agachou-se para falar-lhe perto. 

— Você vai ter de vir comigo, filho. — As palavras de Brass saíram afetuosas, diferente da posição dura que tomou anteriormente. Ele tocou no braço esquerdo dele, apoiado sobre o joelho. Brass notou o quanto Warrick estava abatido, afinal, foi ele quem tirou Grissom do carro e o segurou em seus braços enquanto o amigo perdia sangue sem parar. 

Warrick negou com a cabeça e então fechou os olhos. 

— Não posso deixá-lo, Jim — respondeu em voz baixa. Warrick não saiu de perto do amigo em nenhum momento, chegando a insistir para que ficasse ao lado dele quando a ambulância chegou. Ele conseguiu, seguiu com Grissom dentro da ambulância e só se separou dele quando os socorristas o levaram a para a emergência. 

— Não há mais nada que você possa fazer a não ser vir comigo e ajudar a pegar o filho da mãe. — O detetive foi direto. 

— Eu devia ter ficado mais tempo com ele. — O CSI estava nitidamente abatido. — Eu não devia ter... ido embora. 

— Não, não, esquece isso. — Levantando-se com dificuldade, Brass cortou o pensamento culposo do CSI para que não fosse afetado por esse tipo de coisa. — Você é esperto o suficiente para saber que não foi culpa sua. Agora, levanta esse traseiro e vem comigo pra gente não perder mais tempo. 

Brown pareceu não gostar daquilo. Irritado, ele olhou para o policial como se fosse responder de modo grosseiro, mas permaneceu quieto, desviando o olhar para outro lado. 

— Ele não tá bem pra fazer nada. — Nick explicou quando Brass ficou de pé. 

— Não importa, ele tem que sair daqui de uma forma ou de outra. Vai acabar enlouquecendo se ficar aqui esperando por uma notícia. — O detetive se direcionou a Nick, sem que Warrick pudesse ouvi-lo. Então se virou para ele novamente e declarou: — Filho, tem que vir pra gente continuar com a perícia. Você foi o primeiro a chegar na cena, não pode ficar aqui. 

— Quem vai ficar com ele? — Warrick o questionou, assim como um filho que não queria ficar longe do pai. 

— Vou pedir para nos informarem o quadro dele assim que tiverem notícia. — Catherine se prontificou em responder. — Enquanto isso é melhor a gente sair daqui e trabalhar nesse caso. É a melhor coisa que podemos fazer. 

Warrick ainda levou um tempo até que concordasse com a ideia dos três. Na verdade sequer tinha forças para levantar. A imagem de Grissom em seus braços, agonizando de dor enquanto perdia uma volumosa quantidade de sangue o assombraria por muito tempo, talvez por toda a vida. 

Valendo-se da própria força, Warrick se apoiou no chão e se ergueu. Foi quando Catherine pôde reparar melhor na mancha carmesim em sua camisa. Entristeceu-se mais após imaginar o quanto Grissom pode ter sofrido e, pela quantidade de sangue deixada na roupa de Warrick, deduziu que ele deveria passar por uma transfusão o quanto antes. 

Gil, por Deus... 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continuamos com os momentos críticos após o atentado do McKeen. O capítulo tomou um rumo diferente da série, é aí que começa nossa história. A equipe foi pega de surpresa e eles não fazem ideia de quem fez isso num primeiro momento, basicamente eu peguei esse caminho que nem o da série, mas como é um universo alternativo vocês verão as mudanças ao longo da fic.

Mais uma vez muito obrigada a todos que leram! Isso me dá a certeza para continuar a escrever. Um beijo e até o próximo cap! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "For Grissom" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.