A Primeira Garota escrita por Somebodytolove13


Capítulo 16
Término e Confusões Enormes


Notas iniciais do capítulo

Heyyy, como estão? Acho que esse foi o capítulo mais difícil de todos. Existem muitas coisas que podem ficar confusas por enquanto, mas que serão resolvidas com o decorrer de tudo. Tentem entender a Quinn, Rachel e até mesmo o Finn. Boa leitura, desculpe qualquer erro!

Músicas:
Home - Gabrielle Aplin
You Belong With Me - Taylor Swift
Dream of You - Camila Cabello
Bad Kind of Butterflies - Camila Cabello

(Não é minha culpa que Romance combine tanto com a história)



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Havia uma linha tênue que separava uma boa decisão de um arrependimento. Ambos coexistem, são inevitáveis durante a vida. Essa era a parte difícil, mas também era a que fazia tudo valer a pena.

Beijar Puck, eu ainda não sabia como classificar minha ação. Foi espontâneo, pensado rapidamente, sabendo das consequências, lidando com elas superficialmente. Eu era feliz com Noah, sentia o amor com o qual ele me tocava, era seguro e confortável. Talvez algum dia eu retornasse o sentimento.

No momento nós estávamos indo para o auditório, e eu ria levemente, abraçada com o garoto. Mais cedo no mesmo dia, os celulares e grandes televisões relataram a inexistência de algumas chapas do governo, que perdia ainda mais influência.

— Então será algo aberto?- Disse Puckerman, no meio do corredor branco, com a expressão tranquila.

— Sim, e não se anime tanto com isso, okay? Eu realmente não quero nada sério por agora.

"Não com você".

Senti sua mão entrelaçar-se a minha, lutei contra o impulso de tirá-la e tentei me acostumar com o gesto.

 

— Um beijo antes de entrarmos?- Seu rosto formou um biquinho hilário e esperançoso, afastei-me, endurencendo a postura com um olhar brincalhão.

— Eu sou um robô, Noah, não saio beijando as pessoas.- As sobrancelhas dele se ergueram.- Mantenha a postura e entre naquele auditório.

Um sorriso me preencheu enquanto o homem de moicano passava pela porta de ombros caídos. Assim que ele se foi, passei as mãos pelos cabelos, nervosa. Nunca era fácil para mim ser um robô no meio de tanta gente, sentia-me na pele de um grande ator da Broadway, somente com críticos na platéia, esperando por um erro.

O barulho de um sussurro forte foi proferido perto de mim. Virei-me em tempo de ver Rachel apertando os olhos para Finn, em uma mistura de raiva e cansaço. O quarterback respondeu algo inaudível e saiu, lentamente entrando no auditório, refletindo uma tristeza profunda.

De repente, éramos só Rachel e eu. Tentei evitar, mas não consegui não olhá-la nos olhos. A cantora vestia roupas escuras e tinha a expressão carregada, não parecia a mesma garota de antes, as esferas castanhas brilhando um vermelho forte. Um arrepio frio percorreu minha espinha, posso ter sufocado um pouco.

Rachel se aproximava com seus passos fortes ecoando pelo corredor. Conseguia ver agora que estava perto: ela parecia frágil por trás de todo aquele rancor, o rímel um pouco manchado, seu brilho tornando-se opaco, mas louco para intensificar-se novamente. Era assustador ver alguém como Berry daquela maneira. Não estava mais nervosa, empolgada ou feliz, sua tristeza tinha me afetado de tal forma, que, só por analisá-la, estava completamente exposta e insegura.

— Por que não me contou que ia cantar ontem?- Sua voz explodiu por todo o corredor, soando grave e pingando mágoa. Sua respiração estava irregular e suas mãos fecharam-se com força, os nós dos dedos brancos.

 

— Não achei necessário.- Falei de forma baixa e suave, meu coração formando uma rachadura pela voz insensível da morena.

— Você não pode! Não fazemos surpresas!- Ela observou ao redor, para que ninguém percebesse nossa movimentação.- Olha, eu não sei o que Noah tem colocado na sua cabeça, mas você não deve cantar, sua função é dançar, Quinn, dançar.

Enfatizou última palavra, fazendo meu estômago revirar em decepção e angústia. Ela nunca havia falado dessa maneira comigo, quase me humilhando. Pensei que já tivéssemos passado dessa fase, e a quebra de realidade atravessou meu peito como um choque elétrico.

— Eu estava com o modificador vocal, Rachel, minha voz estava alguns tons acima. Ninguém me reconheceu.

— Isso não importa, você poderia ter sido reconhecida, estamos falando do Glee Club, o mesmo que esteve com você durante esses anos. Você deve dançar e ensinar, Quinn, só isso. Dá próxima vez, avise antes de errar e tomar péssimas deci- Sua voz alterou-se novamente durante sua fala. Algumas lágrimas surgiram em meus olhos.

Desejei que isso não me afetasse tanto.

— Chega, eu entendi.- Tomei uma respiração profunda para controlar meus sentimentos, queria correr sair dali e trancar-me no quarto, que nem mesmo era meu.

— O que você está falando, Berry? Está louca?- Santana surge, assustando nós duas.- O fato dela cantar, o que, por sinal, não deixou nenhuma pista, só fez com que sua identidade fosse reafirmada. Okay, a função principal dela é dançar e ensinar, mas não há problema em cantar também.

A latina permaneceu ao meu lado, e eu soube que fuzilava Rachel com os olhos. Não queria ficar ali, então disse um "obrigada" e saí, minha postura abalada forçando-se em confiança e determinação. Minhas lágrimas desapareceram e atravessei a porta ereta e inexpressiva.

Todos os olhares se depositaram em mim, ainda hesitantes sobre minha presença. Apesar disso, continuei andando, o meu olhar fixo em Brittany e Blaine, que pareciam felizes socializando-se com o grupo de novos artistas. Claro que doía observá-los sem poder participar, mas eles pareciam bem agora, reconstruindo-se aos poucos. Nosso Glee era forte e determinado, sabíamos em quê nos firmar.

Minha atenção foi tomada pela garota morena de olhos claros que tinha visto antes, ela parecia perdida enquanto encarava alguns garotos à sua frente. Algo me dizia que ela extremamente talentosa, e não podia evitar querer conversar com ela.

— Olá, robô Quinn.- Vi a mão de uma garota passar pelos meus olhos, chamando minha atenção.

A artista usava uma peruca e um cachecol chamativo verde. Logo que a vi, lembrei-me de Mercedes, havia reparado que as duas eram bem semelhantes em personalidade durante minha performance anterior, e, caso não tivesse enganada, as duas até se conheciam.

— Oh, olá, senhorita. Um prazer conhecê-la, em quê posso ajudar?- Modifiquei minha voz na resposta.

— Meu nome é Unique.- Apresentou-se, estendendo a mão em minha direção. Fingi demorar um pouco para apertá-la.- Vi que estava olhando para a minha amiga Marley, e realmente agradeço se fizer alguma coisa pra ela se incluir um pouco dentro do grupo.

Dei um sorriso contido.

— Você tem algo em mente, Unique?

— Claro, fique olhando.

Tive de segurar minha empolgação quando vi Unique segurar a mão de Marley e chamá-la cantar. O convite foi aceito com uma expressão surpresa e um "sim" entusiasmado.

Quando vi, as duas já estavam no palco, os microfones em mão, a atenção tomada somente para elas. Eu não sabia se meu rosto poderia entregar alguma coisa, mas meu interior fervia em orgulho.

As duas deram as mãos, colocando o som para tocar, juntamente com os gritos felizes dos grupos ao meu lado. Marley começou a canção.

 

 

Eu sou uma fênix na água

Um peixe que aprendeu a voar

E eu sempre fui uma filha

Mas penas foram feitas para o céu

 Então eu estou desejando, desejando além

Pela empolgação de chegar

 É só que eu prefiro estar causando o caos

Do que deitar na ponta afiada desta faca

Unique assumiu a melodia, a voz potente enchendo o ambiente.

Com cada pequeno desastre 

Eu vou deixar as águas continuarem

A me levar para algum lugar real

Ambas juntaram-se no refrão, as vozes combinando agradavelmente:

Porque eles dizem que lar é onde seu coração está inalterável

É onde você vai quando está sozinho

É onde você vai para descansar seus ossos

Não é apenas onde você deita sua cabeça

Não é apenas onde você arruma sua cama

Contanto que estejamos juntos, importa pra onde vamos?

Lar

No meio da canção, Rachel parou ao meu lado. Seu olhos não olhavam para o palco, mais sim para mim, de modo fixo e direto. Evitei encará-la de volta, então só me mexi um pouco incomodada, na tentativa de mudar seu olhar, que parecia queimar de tão intenso.

— Precisa de algo, Berry?- Sussurrou devagar, enquanto as meninas refaziam o refrão.

— Preciso.- Seu tom parecia particular, e não resisti em virar finalmente em sua direção, atraída. O que encontrei em seguida quase fez meu disfarce desmoronar.

Rachel tinha os olhos cheios de medo, culpa e dor. Eles voltaram a brilhar, mas dessa vez por lágrimas. Ela parecia estar quebrada, e minha vontade era de esquecer nossa briga anterior e abraçá-la ali mesmo, mas eu não podia, não no meio de todo mundo.

— Eu estou tão confusa, Quinn.- Ela disse, para que só eu escutasse, e em seguida olhou ao redor, meio desesperada.- Espero conseguir fazer isso.

— Você vai.- Falei, achando que ela se referia ao projeto. A garota disse um "Que você esteja certa" e permaneceu endurecida ao meu lado. Ela não estava realmente ali no momento, parecia divagar em algum mundo paralelo enquanto via a apresentação acabar. Meu coração batia acelerado no peito, querendo gritar ao mundo o que sentia, mas nem isso consertaria a minha realidade.

Vi Rachel parabenizar a dupla, acompanhada por outras pessoas.

— Até que foram bem.

Uma loira foi quem avaliou, a pose criticando a dupla. Alguma parte do meu cérebro comparou a menina a uma "eu" mais nova.

— Quem é você?- Perguntei, chamando a atenção de Rachel.

— Kitty, robozinho que fala.- Suas mãos foram para a cintura, e me segurei para não erguer as sobrancelhas e somente abrir um sorriso acolhedor. Escutei Rachel rir levemente.

— O palco está a sua disposição, senhorita Kitty, caso queira utilizá-lo.

— Vou trabalhar em algo.- Seus olhos analisaram a mim e Rachel com certo deboche, logo antes de sair reclamando alto.

— Cheerio, certo?- Pronunciei, olhando para Rachel.

— Com certeza.- Falou baixinho, a felicidade voltando momentaneamente para seu rosto, mas acabando assim que seu olhar cruzou-se com o de Finn, perto do palco.

Vi quando Blaine e Tina subiram no palco, os rostos cheios de expectativa ao anunciarem:

— Temos uma proposta para vocês pessoal.- Falaram juntos, com Tina continuando.

— Queremos que vocês se conheçam melhor, que percam a vergonha e cantem sempre que tiverem vontade. Então o acordo é o seguinte:

Blaine substituiu sua voz, abrindo um papel em branco, como se lá estivesse um contrato importante.

— Serão escolhidas duas equipes da turma mais velha e mais duas da turma mais nova para cantarem e dançarem aqui em cima, separadas em forma de trio. Cada trio será aleatoriamente nomeado, possuindo uma música obrigatória para ser performada, que também será escolhida, junto com quem irá dançar. Entenderam?

Todos confirmaram, menos Brittany, que gritou um "tomara que Lord Tubbington seja escolhido".

— Santana, você pode pegar a primeira pessoa do primeiro grupo?- Tina perguntou.

Os olhos da latina brilharam em malícia.

— Rachel.

Não sei o motivo, mas meu coração disparou.

— Okay, Rachel, então. Marley, querida,- continuou- escolha outro integrante mais velho para participar do primeiro grupo.

— Quinn pode participar?- Ela perguntou, me encarando.

— Ela pode, Rachel?- Tina falou pelo microfone.

Era absolutamente estranho perguntarem para Rachel o que eu podia fazer, mas quem respondeu foi Santana.

— Claro que pode!- Ela olhava desesperada para Rachel, que confirmou com a cabeça, para a minha surpresa.

"Acho que algo havia mudado desde o show dado no corredor".

— Quinn está no jogo. Kitty, você poderia escolher o último integrante, por favor?

— Finn Hudson.- A loira disse, causando-me uma certa tontura.

Lopez deve ter achado alguma coisa muito engraçada, porque disparou a rir entre Brittany e Kurt. Já eu, estava ansiosa demais para o meu próprio bem. Rachel quase caiu, e Finn xingou baixinho. Acho que todos nós sentíamos o mesmo.

"Isso não vai dar certo".

— Primeiro grupo decidido! Santana, como foi a primeira a escolher alguém, quem você quer que dance e qual será a música obrigatória?

— Rachel irá dançar, a música será Liar, Camila Cabello.

Rachel chutou o chão, o rosto assumindo um sorriso forçado.

— Próximo grupo!- Blaine disse.

Em pouco tempo, todos os grupos estavam decididos.

Mercedes, Sam e Brittany;

Marley, Ryder e Kitty;

Jake, Unique e Joe (que ficou porque era realmente mais novo em relação ao resto).

 ...

A reunião tinha acabado, e eu me encontrava deitada em meu quarto. Por mais que tentasse, a briga que tive com Rachel continuava em minha mente. A morena parecia tão atordoada e frágil, gritando daquela maneira, vestindo-se como se fosse outra pessoa. Seja lá o que estivesse acontecendo entre ela e Finn, estava afetando ambos.

 - Eu preciso falar com ela, Rachel!

— Finn, espere!

Minha porta foi aberta com violência. Rachel tinha lágrimas nos olhos, e Finn o corpo quase suando de irritação. Levantei-me da cama com calma, tentando me prontificar de que não sairia machucada pelo que viria a seguir.

— Não me lembro de ter te dado permissão para entrar.

— Você!- Finn gritou, chegando perto de mim para me apontar o dedo indicador.

Senti uma sensação gelada conhecida passar por mim, a mesma que me rondava enquanto os corredores do McKinley High abriam-se em minha direção, a mesma sensação que me fazia machucar Rachel nos primeiros anos de Ensino Médio.

— Por favor, abaixe esse dedo antes de começar uma frase.- Falei, o sentimento de superioridade retornando ao meu corpo.

Finn pareceu ainda mais irritado.

— Afaste-se da minha garota!

Olhei para Rachel, que estava com pálida com os olhos arregalados nos fitando, paralisada demais para fazer algo.

— E exatamente por que está me pedindo isso? Que eu saiba, isso deve partir da própria Rachel.

— Não se faça de desentendida, Lucy.- Ri quando ele proferiu meu nome em voz alta, era impressionante como as pessoas perdiam a cabeça durante excessos de raiva, mas eu estava completamente consciente.- Você vem fazendo a cabeça dela nesses meses todos! Acha mesmo que pode se intrometer assim no nosso relacionamento?

— Desculpe, Hudson, mas se não puder ser mais específico, acho que não poderei te ajudar.

— Mesmo antes de nosso noivado, foi você quem a fez hesitar em dizer "sim"! Falando que eu não poderia acompanhar seu crescimento, que a atrapalharia. O que você sabe sobre mim, Quinn?

— O suficiente para saber que falei a verdade, Finn. Não sei sobre você hoje, mas pelo que podemos ver pela situação atual, naquele momento, vocês não estavam preparados, continuo achando que não estão.

O garoto estava vermelho, tremendo de raiva, o peito erguido na tentativa de se controlar. Rachel não se defendia ou falava nada, então, eu deveria fazer isso sozinha.

— Eu a amo e sei o quanto isso é importante pra ela. Eu a deixaria ir! Você estava errada e fez a cabeça da minha garota. Você é má, Quinn, sempre foi.

Deixei que o insulto se transformasse em elogio, o gelo chegando em meu coração e me fazendo sorrir.

— Não acho que eu seja ruim, Finn, mas não me importo com o que pensa. De qualquer forma, estão livres agora, podem se casar a qualquer momento!- Respirei fundo, sentindo uma leve ardência no braço metálico esquerdo.- Afinal, pelo que sei, Rachel desistiu de embarcar em NYADA e Broadway até que o governo caísse.

— Por enquanto, não haverá casamento, Fabray, espero que esteja satisfeita! Aproveite para trocar quantos olhares quiser com Rachel, mas saiba que ela NUNCA vai realmente correspondê-los.

A última fala do garoto me abalou de forma intensa, mas como havia me acostumado a não deixar nada transparecer, disse somente:

— Se está tentando reconquistá-la, acho que precisa melhorar seus métodos.

Finn sorriu para mim, as mãos no ar como se fosse rendido, um sorriso forçado em seu rosto. O quarterback saiu pisando forte do meu quarto, olhando para Rachel com o coração quebrado.

Assim que ele deixou o recinto, sentei-me novamente na cama, sentindo como se o céu caísse em mim, minha cabeça baixa. Eu queria deixar todas a minhas lágrimas caírem, queria sentir a dor em meu braço tornar-se aguda e depois parar, queria deitar abraçada em um travesseiro, tentando absorver cada palavra e cada consequência, mas algo me impedia. Não, algo não, alguém. Rachel ainda estava ali, olhando para mim desesperada, como se não tivesse cor, querendo fundir-se à parede branca, os olhos brilhando somente por causa das lágrimas, porque não havia real motivo para terem luz.

— Rachel, por favor, saia do quarto. Quero ficar sozinha.

— Eu não quero te deixar sozinha.- Ela disse, pela primeira vez, a voz trêmula e falha.

— Eu não quero ter outra discussão, Rachel.

— Nós precisamos conversar.

— Precisávamos conversar antes e nunca fizemos, não adianta muito agora.

Escutei os passos da morena aproximarem-se, parando um pouco distantes de mim.

— Eu gostaria de me explicar...

Minha cabeça latejava em uma dor constante e agonizante.

— Depois eu escuto suas explicações.

A morena chegou ainda mais perto, já conseguia ver seus pés entre meus cabelos.

— Eu não quero te machucar.

Preferi ficar em silêncio, porque não conseguiria mentir nessa resposta.

Senti o espaço da cama ao meu lado esquerdo ceder para ocupar o espaço de Rachel. A cantora pegou minha mão com carinho, aninhando-a entre a suas, geladas e inquietas. Meu braço já não doía, mas nem me deixava surpreender pelo efeito da garota em meu corpo. O ar estava pesado, qualquer movimento era importante.

— Você está muito perto, Rachel.- Falei, quando percebi que escutava sua respiração na minha bochecha. Borboletas voavam do meu estômago para o meu peito.

— É se eu chegasse mais perto, Quinn, isso te incomodaria?

Sua mão ergueu meu rosto no nível do dela. Evitei olhar em seus olhos.

"Ela só podia estar brincando!", pensei irritada. "Finn acabou de sair daqui, falando tudo aquilo, e agora, só agora, ela se posiciona de alguma maneira."

— Rachel, se afaste.

— Eu tenho certeza de que Puck poderia chegar ainda mais perto...

Ri nervosa, revirando os olhos.

"Desde quando tudo parece tão adolescente?"

— Quando foi que Puck passou a ser o foco?

— Você não me contou que queria beijá-lo, pensei que pudesse confiar em mim para contar coisas desse tipo.

— Se escute, Rachel, você também não me contou que iria terminar com Finn!

— Bem, eu iria, se não te encontrasse aos beijos com com Noah!

Retirei minha mão de perto das dela. Ela pareceu decepcionada.

— Para se agir como se estivesse com uma espécie estranha de ciúmes!- Confessei, me arrependendo em seguida.

— E se eu estiver, Lucy Fabray, o que você faria para evitar?- Fui forçada a olhar em seus olhos, não sabia se eles contavam a verdade, tudo o que via era confusão e desespero, sentimentos instáveis demais para se apoiar. Sua testa foi colada na minha, e eu não conseguia me afastar. Estava presa novamente.

— Está perto demais, Berry.

— Eu sei.

Rachel olhou para meus lábios e investiu, senti meu corpo se preparar para o choque.

Mas, para a minha própria surpresa, eu a impedi. Como um reflexo, coloquei minhas mãos em seus lábios e olhei em seu olhos, eles estavam opacos. Nada havia se firmado, só se amarrado em novos problemas. Minha parte inconsequente queria beijar Rachel durante toda a noite, confessar todos os meus segredos e dizer o quanto eu a amava, mas eu não podia. Não podia fazer isso com Rachel, ou comigo, nem mesmo com Finn ou Puck, nós merecíamos a verdade, não o que desejávamos dela. Afastei-me levemente e vi a garota a minha frente tremer. Minha respiração era pesada e continuei com a testa na de Rachel.

— Meu Deus, me desculpe.- Ela disse, se afastando. Os olhos pareciam recuperar um pouco de sanidade.

— Eu não estou brava com você, mas não podemos fazer isso, sinto muito. Não quero ser sua pessoa reserva.- Deixei algumas lágrimas caírem, insistentes.- Pense tudo isso com cuidado, Rachel.

A futura estrela da Broadway se recompôs rapidamente, tentando entender tudo. Senti meu braço esquerdo voltar a doer, e meu corpo reclamar pela falta de proximidade.

— Eu sabia, Quinn, que ele nunca me impediria.- Meu coração criou outra rachadura ao ver que ela falava de Finn.- Soube principalmente depois do seu acidente, ele continuou doce e fiel, nunca me deixaria infeliz por querer. Você pensava isso porque, de certa forma, Finn já foi muito ingênuo durante a vida romântica de vocês, e você deixou que isso te absorvesse, mas você confia nele Quinn, e eu sei que sim, porque contou o seu segredo, apesar de tudo, confiou nele.

— Se está me falando isso, então porque terminou com ele?

— Eu fiz porque talvez nós precisemos de um tempo distantes para repensar tudo isso. Talvez possamos nos conhecer melhor, estávamos desgastados, precisávamos de espaço.

— Então você vai voltar com ele?

— Eu...não sei, de verdade. Não por agora, disso tenho certeza.- Ela me deu um sorriso de lado acolhedor, que me perdeu ainda mais.

Assim, Rachel se levantou vagarosamente, saindo do meu quarto e me deixando sozinha, quebrada demais para sentir outra coisa a não ser confusão.

 

 ...

 

 

Em pouco tempo, estava estirada na cama, os pensamentos vagando rapidamente de memória em memória ao olhar para qualquer lugar de dentro do quarto.

Decidi me levantar e andar um pouco, C-3PO sempre diz que é um bom jeito de relaxar. Adentrei os corredores vazios e brancos da área laboratorial da mansão dos Berry, mas a sensação não era boa, parecia ainda mais solitária. Sem que tivesse controle, estava observando a porta aberta do auditório, procurando qualquer coisa que me deixasse mais viva. Assim que olhei para a parte de dentro do local, algo me surpreendeu: uma espécie de fichário estava repousando em uma das poltronas de canto, aberto na primeira página.

O fichário era antigo e levemente rasgado na capa, mas o conteúdo era mais importante. Escrito com uma caneta estava uma carta, formada pela letra de uma música e uma dedicatória apaixonada. A folha estava manchada por lágrimas em diversos locais, principalmente no final da carta. Eu reconheci a caligrafia caprichada ao mesmo tempo que minha náusea aumentou.

 Sonho Com Você

 Ele é um dançarino ruim, ele é uma resposta certa

 Ele é um cantor tímido na maioria das vezes

 Somos apenas eu e ele

Ele pensa demais, beija devagar

Um pecador confinado o tempo todo

Quando somos eu e ele

 

E você aperta minhas mãos duas vezes, três vezes

E acredite em mim, eu vou te amar sempre, sempre

Tudo o que faço, o dia inteiro, é sonhar com você

Tudo que faço, desde que te conheci, é sonhar com você

Então você poderia ficar comigo, deitar comigo

 Falando sobre nada? Sim

Tudo o que faço, o dia inteiro, é sonhar com você

 Por favor, diga que você sonha comigo também.

Com amor,

                                                                   Rachel Berry.

Não sabia de quando era a carta. Talvez ela fosse dos primeiros períodos do Ensino Médio, talvez ela tivesse sido feita há pouco, mas isso não era tão importante. Rachel e Finn eram feitos um para o outro, eram almas gêmeas, assim como Puck havia dito por telefone. Eu não podia tentar mudar isso. Seria humilhante demais modificar o que já está decidido.

Uma movimentação foi feita no palco do auditório, Rachel estava lá. De olhos fechados, as roupas escuras pesadas pareciam flutuar perto dela. Ela estava presa dentro de seu próprio universo, distante demais para perceber minha presença. Então, rapidamente, recoloquei o fichário na poltrona de antes e me virei em direção a porta. Eu não estava chorando, não conseguia mais chorar, mas estava em choque, a cabeça trabalhando para encontrar soluções para meus problemas impossíveis.

Eu até iria deixar o auditório, mas algo me impediu. A voz de Rachel, usada sem o microfone, potente o suficiente para se fazer escutar na distância. Uma sensação estranha me tomou, como se o ar me faltasse e nada mais existisse a não ser sua voz e meus sentidos para escutá-la.

Seu tom exalava tristeza. Era horripilante, mas magnífico. Sua voz causava pura melancolia, mas era tudo o que eu precisava.

Você está ao telefone com sua namorada, ela está brava

Está discutindo por causa de algo que você disse

Porque ela não entende seu humor como eu entendo

Estou no meu quarto, é uma típica noite de terça-feira

Estou ouvindo o tipo de música que ela não curte

E ela nunca conhecerá a sua história como eu conheço

Mas ela usa mini-saias, eu uso camisetas

Ela é líder de torcida e eu fico na arquibancada

Sonhando com o dia em que você vai acordar e descobrir

Que o que você procura esteve aqui o tempo todo

Se você visse que sou eu quem entende você

Estive aqui o tempo todo, então por que você não vê?

O seu lugar é comigo

O seu lugar é comigo

 

Caminhando pela rua com você e sua calça jeans usada

Não posso parar de pensar que é assim que deveria ser

Rindo no banco do parque e pensando comigo mesma

"Ei, viu como é fácil?"

E você tem um sorriso que poderia iluminar a cidade inteira

Não o vejo há um tempo, desde que ela te deixou mal

Você diz que está bem, mas eu te conheço bem

Ei, o que você está fazendo com uma garota dessas?

Oh, eu me lembro de você dirigindo até minha casa

No meio da noite

Sou eu quem te faz rir

Quando você sabe que está prestes a chorar

E eu conheço suas músicas favoritas

E você me conta sobre seus sonhos

Eu acho que conheço seu lugar

Acho que sei, é comigo

Dei um sorriso de lado com a letra da música, Rachel estava chorando no palco, ajoelhada com as mãos na cabeça. Ela precisava ficar sozinha, eu também. Com certa dificuldade, me encaminhei definitivamente para a saída, o nosso "quase beijo" não deixando minha mente.

Confusão era tudo o que poderia me dar esperança, mas, se existisse confusão, tudo seria perdido. Rachel queria me beijar com seus olhos opacos, ela estava perdida. Talvez Finn pudesse ajudá-la a se encontrar, talvez eu só fosse uma espécie de ponte para isso.

Estava tremendo, com dor de cabeça, minhas pernas querendo correr para o auditório, meu corpo querendo cuidar do de Rachel.

Tudo estava bagunçado, eu não tinha mais controle.

Naquele momento, tudo o que desejei foi que meus sentimentos por Noah fossem recíprocos.

INTERVENÇÃO DA AUTORA:

O que Quinn teria visto se só virasse a outra página do fichário:

Um pouco molhada por lágrimas, a letra não tão cuidadosa, estava outra carta, mais recente, feita no mesmo dia.

Tipo Ruim de Borboletas

 Venha aqui e sente-se ao meu lado

Não olhe para mim enquanto eu estiver desabando

Depois do que vou dizer

Eu entendo se você me odiar

O que faço quando te amo e quero outra pessoa?

O que eu perco se não escolher e guardar isso para mim?

Eu tenho um tipo ruim, ruim, ruim de borboletas

Como quando você tem algo a esconder

Mentiras, dizendo que estou bem

Hoje à noite, hoje à noite

Borboletas ruins, ruins no meu peito

Há algo que tenho que confessar

Sim, alguém não sai da minha cabeça

E eu, e eu

Sei que eu disse que éramos amigas

E quando eu disse isso, era sério (juro que era sério)

Em algum lugar entre agora e aquela vez

Tornou-se mais do que apenas uma amizade (mm)

O que faço quando te amo e quero outra pessoa?

O que eu perco se não escolher e guardar isso para mim?

Com uma paixão absurda e incontrolável por uma garota misteriosa,

                                                                   Rachel Berry.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Realmente queria me contassem as opiniões de vocês, elas fazem falta e me ajudam a melhorar a história. Valeuu



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