A Primeira Garota escrita por Somebodytolove13


Capítulo 15
Queria Ter Seu Coração


Notas iniciais do capítulo

Heyyy, como estão? Então, depois do capítulo de hoje, eu só peço para vocês não matarem a Quinn, obrigada. Boa leitura, desculpe qualquer erro.

Músicas:
Little talks- Of Monsters and Men
My oh my- Camila Cabello, ft.DaBaby



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Esse era o dia, finalmente todo o projeto iria começar.

O antigo Glee Club havia contatado secretamente todos os novos e antigos alunos que se interessavam por música para a reunião de hoje. O processo foi complicado e delicado, mas o resultado deveria ser positivo.

— Lembre-se, cada passo é importante, seja articulada e confiante.

C-3PO me dava os últimos avisos enquanto suas mãos passeavam pelas minhas roupas. Os fios especiais tinham mudado para não absorver tanto calor e havia um pouco de metal entre o tecido e minha pele, na tentativa de me fazer ainda mais parecida estruturalmente com um robô.

— Não sorria demais, você sempre faz isso aqui, principalmente com a Senhorita Berry.- Ela disse, tocando minha bochechas. Posso ter corado um pouco.- Nós, robôs, evitamos sorrir tanto, e também não entendemos como vocês não conquistam alguma espécie de câimbra com tantos estímulos nessa parte do rosto.

Sua expressão era falsamente preocupada, e me permiti apenas assentir.

— Você está nervosa.- Ela continuou.- Deve relaxar.

— Eu sei, C-3PO, eu estou tentando.

Havia treinado por tempo suficiente para saber como me portar, mas não poderiam ocorrer mais erros. Nenhum deles. Eu me sentia presa e vigiada, como quando fingia sorrir durante a torcida de futebol americano.

Um barulho se fez na porta do meu quarto, e vi Rachel chegar com um sorriso ansioso no rosto, me reconhecendo com uma rapidez incrível. Ela usava um vestido azul com rendas, o cabelo em pequenas ondas chocolate. Estava linda, como sempre.

— Últimos reparos?- Escutei sua voz meio alterada perguntar.

— Últimos reparos.

Os olhos artificiais de C-3PO me analisaram mais uma vez enquanto a peça de metal faltante era colocada entre meu braço direito e a roupa escura.

— Está feito. Desejo sorte, senhorita Quinn. Espero que dê certo.- A minha "Eu artificial" fez uma curta reverência. Sorri um pouco, mas não merecia o gesto.

— Eu também.- Falei, lançando-lhe um último olhar nervoso e saindo do recinto com Rachel em meu encalço.

— Como você está?- A morena perguntou, os braços entrelaçando-se aos meus, o coração dançando no peito e a alegria misturando-se com todo a ansiedade e insegurança.

— Bem.- Baixei meu olhar para a menor.- E você?

— Okay, na verdade eu estou bem instável por causa disso tudo, mas acho que poderia ser pior, não é? Pelo menos temos certeza de que estamos seguros e de que algumas pessoas comparecerão.

Ela falava tão rapidamente que tive de fazer um leve esforço para acompanhá -la.

— Claro, Rae, devemos pensar positivo.

A porta preta logo apareceu em nosso campo de visão, quase fechada e abafando levemente o alto murmúrio do lado de dentro.

— Você sabe o quão difícil é fazer as pessoas passarem pela porta de trás? Sério, eu quase comecei outra manifestação na rua por causa disso.- Sussurrou, irritada, Santana, assim que pisamos no auditório. Todos os olhares em Rachel e em mim.

Reconheci ao longe meus amigos: Blaine estava perto de Kurt, me observando curioso, juntamente com Tina, Sugar (que tinha a expressão impagável) e Joe, um garoto que já tinha visto algumas vezes nas reuniões do "Esquadrão de Deus". Percebi a falta de Mike Chang, que estava estudando dança em Chigaco, e meu coração apertou-se ao pensar que talvez nunca mais o visse. Até a imagem do Sr.Schue apareceu em minha mente, o homem com certeza havia ajudado a montar o grupo de cantores.

Tentei focar em meu papel de robô e não sair atrás deles gritando que tudo estava bem e que eu estava viva, mas, pelo jeito que me encaravam, achava que poderia ser descoberta a qualquer momento.

— Eles não podem te reconhecer.- Minha amiga disse, com um sotaque espanhol para disfarçar a fala.

— Alguém viu quando você chegou?- Perguntei discretamente, a latina negou.- Ótimo.

O lugar estava cheio e um frio em minha barriga foi notado. Era claro quem eram os novos integrantes, sentados à parte, com o rosto assustado e silencioso. Uma garota de cabelos castanhos e lindos olhos azuis parecia ainda mais isolada do grupo.

"É...acho que precisávamos de alguma atividade de inclusão".

Era por isso que Rachel e eu nos apresentaríamos mais tarde, ela com Finn; e eu com Puck.

Caminhei com Santana até as cadeiras da frente, sentando-se devagar entre ela e Brittany, a qual me deu um "oi" baixinho. Acenei levemente com a cabeça, evitando olhar para o lado. Rachel subiu até o centro do palco e analisou todo o salão, quem não a conhecia poderia dizer que ela estava calma. Todos se calaram.

— Olá.- Ela começou.- Meu nome é Rachel Berry e estou realmente feliz com a presença de todos vocês. Hoje, as audições começarão, mas ninguém será rejeitado, a intenção é de podermos te conhecer melhor.- Seus olhos se fecharam por um instante e abriram-se com um brilho especial.- Cada um de vocês já significa muito nessa luta. Se fosse outra época, a simples ideia de fazer algo ilegal me causaria repulsa, mas hoje ela me dá orgulho.- Seu olhar repousou em mim.- Então, seja qual for a música que vocês cantarem hoje, saibam que elas irão refletir diretamente em qualquer organização que tente nos controlar. Obrigada.

Palmas respeitosas invadiram o som do ambiente. Estava perdida demais na imagem de Rachel para perceber que os jovens eram chamados ao palco, um por um. Essa atmosfera me trazia ótimas lembranças, e cheguei a idealizar a minha própria imagem no meio daquelas pessoas, sem atuações ou segredos.

A morena passou por mim com um sorriso e sentou-se perto de Finn, que cochichava alegremente para ela, fazendo considerações sobre os novos participantes. Puck piscou para mim em uma cadeira próxima, vi Santana fingir que vomitaria.

...

Os meninos eram talentosos, não havia como negar. A tímida de olhos claros do início, de nome Marley, tinha um tom de voz impressionante, poderia facilmente escolher trabalhar com ela.

Assim que terminadas as apresentações, Sam invadiu os palcos para avisar a minha presença como robô. Sugar pulou em cima de mim, perguntando freneticamente se eu era de verdade e o assunto da reunião tornou-se a minha criação. Mercedes e Santana prenderam a respiração.

— Se você se refere à minha existência, senhorita, acredito que seja real sim.

— Cristo, ela fala!- A garota pulou mais uma vez em cima de mim, fazendo-me segurar um gemido de dor. Suas mãos apertaram minhas bochechas, enquanto eu tentava ao máximo não transmitir nenhuma expressão. Vi Santana e Brittany começarem a tossir para segurar o riso e preocupação, xinguei todas as suas famílias mentalmente. Mercedes, dotada de consciência, afastar a menina de perto de mim.

Puck me cutucou de leve, pedindo para subimos para perto do palco, porque logo nossa performance seria feita. Rachel e Finn já estavam posicionados, a morena e ele sentados em duas cadeiras de centro, e veríamos tudo por trás das cortinas.

Uma agitada melodia atingiu os amplificadores presos na parede. Rachel pegou um microfone próximo e começou a cantar a música por mim já conhecida. Ela parecia orgulhosa e feliz por cantar para tantos em seu projeto. Um dueto seria feito.

Rachel:

Eu não gosto de andar por esta casa velha e vazia
Finn:

Então segure minha mão, eu andarei com você, minha querida
Rachel:

As escadas rangem enquanto você dorme, isso me deixa acordada
Finn:

É a casa lhe dizendo para fechar seus olhos
Rachel:

Alguns dias eu mal consigo me vestir
Finn:

Está me matando te ver desse jeito
Ambos:

Porque embora a verdade possa variar

Este navio carregará nossos corpos em segurança para a costa

Os integrantes novos pareciam cantar junto com o casal, sorrindo e se enturmando lentamente. Eu tentava, desesperadamente, focar em qualquer qualquer coisa que não fosse a intimidade que Rachel e Finn trocávam ao cantar, mas parecia impossível. Talvez Puck estivesse certo, talvez os dois realmente fossem feitos um para o outro.

Rachel:

Há uma velha voz na minha cabeça que está me puxando para trás
Finn:

Bem, diga a ela que eu sinto falta de nossas pequenas conversas
Rachel:

Em breve isso estará acabado e enterrado com nosso passado
Finn:

Nós costumávamos brincar lá fora quando éramos jóvens

E cheios de vida e cheios de amor
Rachel:

Alguns dias eu não sei se estou certa ou errada
Finn:

Sua mente está pregando peças em você, minha querida
Ambos:

Porque embora a verdade possa variar

Este barco levará nossos corpos em segurança para a margem.

Rachel olhou para o lado e seu olhar se fixou em mim. Seus olhos desceram e pararam na minha mão junto a de Puck. Eu nem tinha notado o ocorrido, mas vi que era tarde demais para largá-la. Ela virou-se novamente para a platéia, o rosto expressando confusão.

Ambos:

Você foi embora; Eu vi você desaparecer

E tudo que restou foi o seu fantasma

Agora nós estamos despedaçados, despedaçados, despedaçados, não há nada que possamos fazer

Apenas me deixe ir, nós nos veremos em breve

Agora espere, espere, espere por mim, por favor aguarde

Eu vou te ver quando eu adormecer.

Mal o casal saiu e as palmas e gritos ecoaram, a nossa música assumiu o ritmo. Puck me guiou apressadamente pelo palco. Os olhos de todos em nós, inclusive os castanhos brilhosos, que tanto me distraíam.

"Eu não poderia falhar".

— Vai dar tudo certo.- Ele disse baixinho, puxando-me para perto com a mão em minha cintura. As respirações se encontravam.

Permiti que meu coração se enchesse com suas palavras e cantei com todos os sentimentos internos que tentava não transmitir.

Dizem que ele gosta de curtir

Ele ganha vida à meia-noite

Minha mãe não confia nele

Ele só está aqui por uma coisa, mas

Sim, um pouco mais velho, uma jaqueta de couro preta

Uma má reputação, hábitos insaciáveis

Ele estava dando em cima de mim, um olhar e eu perdi o ar, sim

Eu disse que, se ele me beijasse, eu talvez deixasse isso rolar 

Juro pela minha vida que tenho sido uma boa garota

Hoje à noite, eu não quero ser

Antes que o rap começasse, coloquei-me em sua frente, com a mão em seus ombros, comandando seus movimentos para que ficassem totalmente sincronizados. Como se eu fosse "perfeita", e ele fosse "errado"; ou como se eu fosse um robô e ele um humano.

Um sorriso apaixonado foi lançado para mim, o primeiro em muito tempo. Uma estranha segurança alastrou-se pelo meu corpo, sendo absorvida pelo meu peito. Era um bom sentimento.

"Puck me amava, não? Ele mesmo tinha dito isso."

Aumentei nossa proximidade junto com barulho do auditório. Não havia desconfiança, somente incentivo.

O rap foi feito, e eu tive de segurar uma risada entusiasmada. O último verso foi cantado por nós dois e o resto dos cantores felizes.

Dizem que ele gosta de curtir (ai, meu Deus)

Ele ganha vida à meia-noite (toda noite)

Minha mãe não confia nele (ai, meu Deus)

Ele só está aqui por uma coisa, mas (eu também).

Afastei-me de Puck com certa dificuldade, meus olhos correndo por toda a platéia, menos por um ponto em específico. Sim, eu ignorava Rachel e fazia isso porque sabia o impacto que seus olhos tinham em mim. Uma simples ideia de reciprocidade poderia estragar a ideia que vinha surgindo em minha cabeça. Um simples olhar, e eu o já não faria. Mas eu queria, queria experimentar aquelas palavras de amor, por uma única vez. Então, me deixei levar para os fundos do palco, atrás das cortinas vermelhas, me deixei levar pelo momento.

Puck segurou em minha cintura e olhou em meus olhos profundamente. O coração batia com força contra o tórax, a impacto doía, incomodava, mas eu não queria pensar sobre isso.

— Você foi perfeita. C-3PO fez um ótimo trabalho ao te treinar.

— Obrigada, Puckerman, você também foi bem lá fora.- Meus braços foram propositalmente parar em seu pescoço, ouvi uma respiração forte ser solta.

— Eu tenho que te dizer algo.- Ele confessou, o corpo tremendo em expectativa.

— Diga.- Minha voz saiu rouca, propositalmente, outra vez.

— Eu te amo, Quinn. E realmente espero que...- seu discurso foi interrompido por uma sequência de coisas: passos ecoaram perto de nós, mas eu já conhecia aquele ritmo.

Estava desesperada pela quase presença de Rachel, também estava desesperada pelas palavras do homem à minha frente. Com os passos tornando-se mais altos, duas vozes juntaram-se em minha cabeça, em um dueto, feito a pouco por um casal, casal que incluía a morena, a qual, nunca, nunca, me amaria.

Sem pensar nenhuma vez, cortei o espaço que separava Puck e eu. Um beijo aconteceu. Fechei os olhos quando o garoto apertou minha cintura com mais força, me erguendo no ar. Os passos próximos pararam, pensei ter escutado um suspiro assustado. E o pior: pensei ter escutado esses mesmos passos afastarem-se ferozmente.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam??? Só posso dizer que muita coisa ainda vai acontecer nessa história



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