Futuro longínquo...

Eu dirigia rapidamente por uma estrada deserta. Apesar da minha pressa, não queria chegar ao meu destino. Rachel Berry iria se casar hoje, e Lucy Fabray era uma de suas madrinhas.

Lucy Fabray...

Esse nome me incomodava.

Olhei ao redor, tudo estava estranhamente silencioso, havia algo de errado. Passei os olhos pelo meu vestido rosa, que de forma nenhuma combinava comigo, e uma grande ansiedade me abateu. Ele era apertado, muito apertado, contornava todas as minhas curvas excessivas, me sufocava, me prendia...eu ainda falava do vestido? Não, nunca foi a peça estranha de roupa, era "eu", Lucy Fabray, a garota que tinha problemas de saúde por ser "gorda demais", a chave do problema durante todo o tempo.

Um toque no painel de meu carro despertou-me. Já estava suada e com o folêgo curto.

 - Lucy, onde você está??- uma voz doce soou, ela parecia nervosa- Estamos te esperando, preciso de você. Você vem, não é? - o tom era trêmulo e inseguro.

 - Rae, desculpe, eu me atrasei. Olhe, eu estou saindo da cidade agora, estou no caminho...

 A partir daí, nunca saberia explicar o que aconteceu. Uma forte fisgada no peito me afetou, seguida por diversos pontos pretos que se aglomeravam a minha frente. A voz de Rachel era distante e abafada. Era tarde demais para desviar o carro da ladeira, joguei meu corpo para a direita e cobri meu rosto com a mão. Ouvi um estrondo enorme e apaguei.
...

 Uma luz branca enjoativa me fez abrir os olhos repentinamente. Eu não conseguia me mover, havia alguma coisa impedindo. Ao tentar levantar rapidamente, fui logo comprimida mais uma vez e forçada a me deitar. Uma dor contínua apresentou-se em minha cabeça, e, ao tentar alcançá-la com a mão, percebi que elas estavam amarradas à maca de metal. A dor espalhava-se aos poucos.

 Ao abaixar a visão, um reflexo inacreditável a preencheu. Meu braço...Eu simplesmente não entendia...Ele era metal! Metal! O que fizeram com o meu braço? Eu precisava urgentemente vomitar!
 

Soltei o grito mais alto que pude e comecei a me sacudir, na esperança de que alguém me ouvisse, qualquer um. Não houve sucesso. Tentei controlar minha respiração e analisar o que acontecia. Articulações tecnológicas formavam todo o meu braço esquerdo, subindo até o ombro. O local ardia consideravelmente, minha mobilidade era baixa e ruidosa. Toda a minha cabeça latejava, eu estava perdida, complemente.
 

Meu ciclo de pensamentos foi substituído pela abertura da porta mal-notada à minha frente. Um homen conhecido a atravessou, sua feição era apreensiva e séria.
 

— Lucy Fabray! - Leroy disse, segurando meu rosto entre suas mãos e logo me desamarrando- Como já está acordada? Eu sinto muito! Há tanto o que te explicar!

 Ao me sentar corretamente na maca pude perceber a gigantesca diferença em meu corpo. Eu estava cercada de cicatrizes e arranhões em minha perna esquerda, cuidadosamente enfaixada pelo cirurgião que me rondava. Porém, o fato mais surpreendente era a estranha magreza que me caracterizava, o avental que vestia estava largo, minha barriga não era tão acentuada, podia até sentir minha facilidade em respirar. Como? Onde eu estou e o que está acontecendo?

— Lucy, olhe para mim, querida. - Atendi ao seu pedido e olhei para suas esferas amendoadas, nunca esqueceria aquela cor.- Eu sei que está confusa, eu entendo isso, mas peço que tente se acalmar, precisamos conversar- Senti suas mãos entrelaçarem as minhas, ou a minha.- Hiram, por favor, entre.