O livro de John Hawk escrita por Luks Ares


Capítulo 1
Capitulo I – O livro




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            Era uma vez um dia de chuva, sim uma chuva forte, essa é a primeira lembrança que tenho daquele fatídico dia, o dia em que tudo começou. Debruçado sobre a janela do quarto estava eu, ainda um menino, o pequeno Philip, devia estar por volta dos meus 7 ou 8 anos de idade, minha atual idade não me deixa recordar muito bem, eu ainda tinha os meus lisos cabelos castanho-escuros, hoje já grisalhos e em pouquíssima quantidade na cabeça. Havia acabado de tomar o café da manhã e só pensava em sair lá fora, brincar na chuva, pular nas poças de lama do quintal, navegar com meus barquinhos nos grandes rios que se formavam nas calçadas, mas para meu desanimo minha mãe havia me proibido incisivamente para que não saísse na chuva, “Não saia! ouviu bem mocinho, senão irá pegar um resfriado” disse ela.

“Oras, para que serve a chuva senão para brincar?” pensava eu enquanto encarava a fria e úmida janela de vidro do quarto. Em certo momento cansei-me de olhar para fora, já entediado, depois de pensar em todas as oportunidades trazidos por um dia de chuva, e que não poderiam ser aproveitados por causa do temível resfriado. Já estava a descer da cadeira quando ouvi um pequeno ruído, vindo por trás da porta do quarto que estava fechada, já havia ouvido este barulhinho algumas vezes na minha vida, e sabia exatamente o que era, um rato.

Acheguei para perto da porta, pus um dos ouvidos mais próximos da madeira e o som do ratinho voltou a surgir, lentamente rodei a maçaneta e abri a porta. O roedor que estava a me espreitar atrás da porta saiu andando até chegar ao fim do corredor, parou, virou-se para mim e me encarou nos olhos. Era um ratinho comum como outros que já tinha visto até então, a não ser por uma coisa, sua cor, tinha um pelo branquíssimo, branco demais para um rato comum, talvez ele tivesse tomado um banho de chuva antes de passear pela casa.

Os ratos não me incomodavam em nada, achava-os até bonitinhos de certa maneira, já minha mãe por outro lado tinha um pavor descomunal, ver um rato para ela era quase como ver um fantasma. Naquele momento veio em minha mente sonhadora uma brilhante ideia, se eu o capturar e salvar nossa casa da terrível ameaça do monstruoso rato branco, minha mãe muita orgulhosa de meu incrível feito, me recompensará com um passe livre para brincar na chuva devido a minha grande contribuição para a nação, era a oportunidade perfeita. Imediatamente após meu lapso de genialidade, a caçada começou, primeiramente comecei com uma caminhada sorrateira pelo corredor, ele continuava lá parado a me encarar em todo o tempo, quando já estava mais próximo dele tentei uma investida rápida, mas ele com seus rápidos reflexos se esquivou e disparou em direção as escadas e eu fui logo atrás dele.

Chegando na parte do térreo da casa a perseguição continuou pela sala de estar. O ligeirinho era incrível, passava por baixo dos móveis, em baixo do sofá, por trás dos vasos de plantas, corria em volta da mesa e entre outras peripécias, foi o rato mais ágil que eu vi em toda minha vida. Em certo momento de nossa disputa de gato e rato, o pequenino foi em direção ao corredor que dava acesso o porão de nossa casa, quando fui ao seu encontro bati de leve em um dos armários da sala onde minha mãe guardava sua prataria de jantar, fazendo um pouco de barulho.

— Philip? O que você está fazendo? – Ouvi minha mãe falando de longe, lá da cozinha.

— Nada não, só estou brincando. – Respondi alto.

— Pois brinque direito, e tome cuidado com o armário – Disse ela por fim.

“Deve ter ido se esconder no porão” pensei eu, fui para o corredor, desta vez com mais cuidado, abrir a porta e comecei a descer a escada. Nosso porão era escuro e bastante empoeirado, eu tinha ido lá poucas vezes na vida, meus pais sempre me advertiam que não deveria entrar nele, estava cheio de coisas velhas e pontiagudas onde eu poderia me machucar, além de não ser limpo a bastante tempo. Liguei a luz, mas lâmpada do porão era uma lâmpada velha que não iluminava bem, eu continuava a ouvir o ruído do ratinho, ele estava por lá sem dúvida alguma, mas não o conseguia ver.

O porão era uma grande bagunça, cheios de ferramentas velhas do meu pai e caixas e caixotes empoeirados, mas o que mais se tinha ali eram livros, meu pai trabalhava há muitos anos como bibliotecário, além de colecionar livros velhos ele tinha um grande prazer de comprar livros usados por um preço barato. O lugar estava cheio estantes e de prateleiras desgastadas com toda sorte de livros nelas, grandes enciclopédias, pequenos livrinhos de bolso, de todos os tamanhos, formas e cores. Eu continuava a vasculhar em busca do bichinho, mas naquele lugar minha missão tinha se tornado quase impossível, foi então que escutei o som de rato vindo muito nitidamente de uma caixa nos fundos do porão, eu tinha certeza que o tinha encontrado.

Comecei a remover os livros da caixa bem meticulosamente, enquanto ainda ouvia a voz do pequenino, mas então repentinamente ele se calou, “talvez esteja se fingindo de morto” pensei, continuei a remover os livros da velha caixa empoeirada, até que sobrou só um livro e para minha decepção não havia nenhum sinal do meu amigo branquinho por lá. Peguei o último livro que sobrara da caixa em minhas mãos, não sabia o porquê, mas aquele livro havia me chamado muito a atenção, não havia um motivo ao certo, ele era um livro usado e bem surrado como todos outros no porão, ele parecia algum dia já ter sido branco, mas estava gastado e manchado de poeira, em sua capa vinha escrito com tinta preta e a mão a seguinte frase: “O livro de John Hawk” e abaixo da escritura havia um desenho que parecia uma espécie de símbolo, era um círculo cortado por um traço de forma vertical. “John Hawk? Nunca ouvi falar desse autor” disse baixinho, eu não conhecia ninguém com este nome, então curioso, abri o livro para ver o que tinha escrito nele, porém para minha surpresa as folhas estavam todas em branco, folheei completamente o livro, todas as páginas, até a contracapa , mas nem uma letra, vírgula ou mísero ponto sequer encontrei, todo esforço de tentar encontrar algo no livro foi em vão.

— Mas que livro bobo – Disse decepcionado, fechando o livro e o jogando de volta na caixa.

Então, quando voltei a me pôr de pé, todo o porão começou a tremer, o chão, o teto, as paredes, tudo tremia e parecia que iria desmoronar sobre a minha cabeça, assustado me joguei ao chão e agarrei em uma das estantes mais próximas, toda a sujeira do porão da minha casa começou a se soltar e voar como um redemoinho, o tremor continuava e a poeira havia se tornado como um furacão, como uma tempestade de areia, eu já não conseguia enxergar mais nada.

Não me recordo claramente o que aconteceu naqueles instantes, já que fechei meus olhos, mas lembro que depois de alguns segundos de tão grande turbilhão, de repente tudo se acalmou. O tremor parou e aos poucos a poeira também começou a baixar, a partir daquele momento tudo havia mudado e foi ali que a minha aventura começou.


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