Diversus escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 8
Nova amiga e confissões


Notas iniciais do capítulo

Voltei!!! Com uma surpresinha para vocês, espero que gostem da personagem nova que verão! Boa leitura!



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No dia seguinte, Rebekah acabou se atrasando para a faculdade, havia demorado muito tempo pra achar algum lugar onde pudesse sair daquela confusão no shopping, porém, chegou bem mais tarde em casa, quase meia-noite, estava com sono e cansada, mas o que mais a incomodava era o garoto que a salvou. Ele realmente era o tal do Evan? Porque ele a salvou se nem mesmo a conhece? E de onde veio toda aquela força pra conseguir parar o elevador e tirá-la de lá? Eram perguntas que ela precisava correr atrás para descobrir. 

Depois de tomar um rápido café da manhã, ela caminhou até seu carro e foi para a faculdade, tentando deixar aquelas lembranças da noite anterior pra trás. Porém, ao chegar na faculdade e estacionar o carro, mal desceu do mesmo e já veio uma multidão de repórteres atrás dela.

—  Ei ei ei menina, não era você que estava no elevador quebrado do  shopping ontem?  - perguntou uma.

— Como você escapou de lá? Teve informações do garoto que te salvou? - perguntou outro. "Teve algum arranhão?" Diversas perguntas e flashes na sua cara o  tempo todo, sem parar, ela não estava disposta ainda a falar sobre aquilo, mas os repórteres não perceberam, Rebekah  saiu correndo pra dentro da faculdade e o porteiro precisou impedir todos de entrarem lá.  Quando se viu livre dos repórteres, foi ao banheiro e lavou o rosto, depois retocou a leve maquiagem que havia passado e respirou fundo, tentando se acalmar.

— Pronto Rebekah, nenhum repórter vai te incomodar de novo, certo? - disse ela, ajeitando o cabelo.

— Falando sozinha? - uma voz surgiu e ela se virou pra ela, assustada, era só uma garota que estava saindo da cabine naquele momento e a ouviu.

— Ah... bom, é que eu não gostei daqueles repórteres querendo me entrevistar só por causa do que aconteceu ontem. - explicou ela.

— Ah, entendi. Eu vi na televisão, passou no Jornal. - ela disse e Rebekah ficou assustada.

— Sério? Mas mostrou minha cara?

— Não, só a matéria em si.

— Ah bom, que susto. Só vim aqui porque tinha que me acalmar, aqueles repórteres idiotas queriam saber sobre tudo e eu não quero contar ainda, sabe? 

— Sei sim, também ficaria assustada no seu lugar. Mas o que aconteceu depois?

— Não sei direito, só lembro de acordar nas escadas de emergência do shopping nos braços dele, aí eu simplesmente perguntei algumas coisas e ele não me respondeu nada, é muito estranho isso... Ele até já salvou minha melhor amiga, Mariana, de ser atropelada, mas não sei se é ele apesar das descrições dela baterem.  

A garota ergueu as sobrancelhas, parecia surpresa.

— Eu já o considero um herói sim, salvou sua amiga, salvou você, salvou a menininha, mas acho que é só uma questão de tempo até se acostumarem com ele. - disse ela e depois sussurrou com a cabeça baixa  - Queria que ele tivesse me salvado também...

Ela falou num sussurro, mas Rebekah pôde ouvir e se aproximou.

— Sério que você passou por uma coisa horrível? Me conta! Bem, se você puder... - Rebekah falou, ajeitando a bolsa no ombro.

— Bom... é uma longa história. - suspirou a menina.

— Tudo bem, no intervalo você me conta... como é seu nome? 

— Renata Muriel das Neves Linhares, ou simplesmente Tita, para os íntimos. 

— Ah sim, me chamo Rebekah. Prazer. - ela aceitou o cumprimento e saiu do banheiro indo para a aula. - Bom dia professor, desculpa o atraso.

Então sentou-se na sua carteira sem esconder o desconforto dos olhares de todos sobre ela, pois ela  não era de se atrasar, então algo aconteceu.

         ***

De manhã, Evan acordou com uma bronca de Mikaela.

— Evan, quantas vezes eu vou ter que repetir que você não pode sair de casa sem mim? Já pensou se algo acontece com  você na rua? Já perdi meu marido, não quero te perder também! -esbravejou ela.

Ele então se lembrou do ocorrido e não conteve as lágrimas, abraçou seu travesseiro e chorou copiosamente na cama, enquanto as imagens dele enforcando seu pai até seus olhos fecharem  o atordoavam novamente, o que deixou Mikaela um pouco mal e arrependida pela forma como falou e abraçou o filho.

— Desculpa meu amor, não queria fazer você lembrar isso, sei o quanto dói. Mas não quero você em perigo, sabe que eu faço isso pro seu bem né?  - ela  disse, enquanto o abraçava.

Mas isso não acalmou os nervos de Evan, ele não queria falar pois sabia que sua mãe jamais acreditaria que existe uma força interior dentro dele que permite ele fazer tudo que faz, mas nem mesmo ele sabia de onde vinha essa força, então não tinha como explicar. Como ele continuou chorando, sua mãe deu-lhe o remédio anti-depressivo.

— Calma filho, tudo bem, você venceu, não vou mais te prender dentro de casa, irei tirar as proteções da janela, mas agora quero que aproveitemos que hoje não vou trabalhar pra sairmos, onde você quer ir? - ela perguntou e ele não respondeu - Por quê ainda finge que não sabe falar filho? Eu te coloquei em um fonoaudiólogo pra quê?  

Evan então, apontou para o relógio de parede e Mikaela logo  entendeu.

— A praça Tiradentes? - perguntou e ele assentiu - Ok, então vamos lá, darmos uma voltinha.

Pouco depois, eles já estavam no carro, indo para a tal praça, mas durante o passeio, seus poderes novamente foram ativados, alguém estava em  perigo.

                                       ***  

Assim que Rebekah saiu da faculdade, encontrou Tita no portão, também saindo.

— Ei Tita, espera! -  disse ela, correndo na direção dela - Acabou que no intervalo nos desencontramos.

— Sim, algo deu errado e não te vi mais. - a  nova amiga sorriu.

— Pois é, agora você deve estar indo pra casa né? 

— Mas eu preciso contar pra você essa história, eu vou resumir o máximo possível porque tenho que desabafar com alguém. - respondeu ela estendendo a mão.

— Bom, não sabia que estávamos tão íntimas assim mas, tudo bem... Quer mesmo desabafar com uma estranha?

— Você também desabafou com uma garota que nem conhece, então... - Tita deu de ombros.

— Então conte, a aula já acabou mesmo... - ela disse.

Elas então, caminharam até a praça Tiradentes, que ficava perto da faculdade e sentaram juntas em um banco de madeira pintado de azul, bem  de frente para o colorido relógio das flores.

— Bom, há sete anos atrás, fiz uma viagem de formatura com a minha turma, tínhamos saído de um ensino e íamos para o outro, só que como nem tudo são flores, aquele ano foi e até hoje é, o pior da minha vida. Já tinha perdido minha melhora amiga em um acidente de carro no feriado de ação de graças, depois, no enterro dela descobri que meu crush da infância com quem perdi meu BV estava com outra garota. Aí, um dia, eu estava sozinha na sala quando resolvi escrever uma carta de amor pra ele, pra colocar pra fora o que eu estava sentindo, mas esqueci de colocar o nome dele na carta e as meninas que faziam bullying comigo na escola por ser diferente delas, colocaram na boca de todo mundo que a carta era pra minha amiga falecida, então me chamavam de sapatão sabe? Esse termo pra mulher que gosta de mulher. - começou, com as lágrimas já querendo sair pelos olhos cor de jabuticaba.

— Eita, sério? Que vadia!  - esbravejou Rebekah, indignada.

— Eu sei, ela sempre fez isso comigo, acho que tem um pacto com o capiroto desde que nasceu. E por causa disso, no final daquele ano, durante nossa viagem de formatura, mandou dois caras me estuprarem pra me "curar" da bissexualidade que eu nem sabia se tinha ou não! - agora ela deixou uma lágrima escapar.

— Que horror amiga, como alguém pode ser tão cruel à esse ponto? E a  diretora não falou nem fez nada?- disse Rebekah, chocada e abraçando ela.

— A diretora amava essa vaca, ela sempre armava  pra mim e saía impune porque ela não acreditava em mim, só nela. E nessa não fez nada,  minha sorte foi que uma das funcionárias apareceu bem na hora do final do ato e impediu que o outro também fizesse.

— Então ela conseguiu? O ato foi consumado? -  Rebekah a olhou.

Tita assentiu.

— E sem nenhum pingo de pena. 

— Credo! bom, na certa, se esse tal garoto que me salvou e está salvando muitas pessoas realmente existisse naquela época, ele teria sim te salvado.

— Pois é, queria que ele tivesse existido naquela época. - suspirou ela.

— Eu também te salvaria se estivesse lá, não ia deixar ninguém tocar em você.

Ambas sorriram.

Elas ficaram conversando mais um pouco até que precisaram ir embora, pois Horácio, pai da Tita, na certa  estava preocupado com a demora da filha ao voltar pra casa. Rebekah lhe deu carona em seu carro e foi para a dela.  Não havia visto Evan naquele dia, mas não deixou de pensar nele, pois, no  fundo, gostaria  de poder vê-lo novamente.


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Notas finais do capítulo

E aí, para os fãs de ST, essa é para vocês. Mas... ela ainda vai aparecer mais ao longo da história. Como a história já tá toda escrita, vou tentar terminar de postá-la toda até o final do ano. ok? Até mais!



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