Alguns dias se passaram desde a morte de Robert, seu funeral havia sido realizado em um campo próximo à delegacia que trabalhava e desde então, o seu legado foi mantido por todos. Mas apenas Tânia e Rebekah foram, à pedido da própria pelo bem de Evan.

— Eu acho que o seu filho já sofreu demais sabe? Se ele ver o papai no caixão pode ter uma recaída, o que eu não quero e nem a senhora. - explicou a garota.

— Você tem razão querida. - assentiu Mikaela, sorrindo forçado pela preocupação da garota com o Evan, mas também triste pela morte trágica do pai da garota.

Poucas semanas depois, Rebekah continuou sua vida normalmente na faculdade, seus amigos sempre tentando a animar para esquecer do ocorrido.

Em uma certa manhã, durante o intervalo, ela estava com Tita e Mariana. A garota de olhos jabuticaba acariciava seu braço. 

— Eu te entendo amiga, também já perdi pessoas importantes na minha vida, a Filomena por exemplo, ela era um anjo na minha vida, o meu porto seguro, mas infelizmente não está mais entre nós. - suspirou Tita.

— Sinto muito. - Rebekah respondeu, apenas.

— Tudo bem, já aprendi a conviver com essa dor. O que você não pode é deixar de apoiar o Evan, ele deve tá sentindo muito a sua falta.

— Verdade, faz tempo que você não o visita. - afirmou Mariana.

— Será que a mãe dele já contou o que aconteceu? - indagou Tita.

— Não sei, mas se ela contou ele deve estar arrasado. 

Tita percebeu que nada que ela ou Mariana dissessem, Rebekah nunca iria conseguir melhorar, então apenas assentiu e se levantou. 

— Eu vou pegar mais um copo de suco pra ela tá? - disse e Mariana assentiu, então se sentou ao lado da amiga.

— Poxa amiga, eu sinto muito, mas não culpe o Evan, ele não fez nada de errado. - disse Mariana.

— Eu sei amiga, eu estava lá e acompanhei tudo de perto, só estou confusa. Ao mesmo tempo que foi doloroso por outro lado foi bom porque agora ninguém mais entra em perigo. - falou ela.

— Errado amiga, vai todo mundo voltar a ser como antes, o Evan sumiu. 

— Como assim sumiu?

— É porque já faz semanas que ele não combate um crime que seja. Anteontem teve o assalto ao banco, ontem roubaram um carro forte cheio de dinheiro dentro, além dos outros que foram cometidos há tempos e o Evan não fez nada.

— Ué, mas não tava tudo calmo?

— Sim, mas depois que vocês o declararam morto para a imprensa, poucos depois do acidente, todos voltaram a se aproveitar disso para cometer novos crimes, olha aqui.

Mariana mostrou à Rebekah uma matéria no feed de notícias da internet e clicou em um.

Criminalidade que havia descido 96% agora sobe 75% desde a morte de nosso querido herói de olhos brancos. #descanseempazEvan 

R.I.P Nosso Herói

Aquela notícia deixou Rebekah mais confusa ainda, pois por um lado vai ser bom pois assim Evan irá ter um pouco de paz em sua vida, quem sabe até continuar o tratamento contra a depressão. Mas por outro lado, as pessoas da cidade estarão novamente com as vidas em jogo. Então, qual atitude estaria correta?

Ao final da aula, uma surpresa: Mikaela estava lá, passando por um dos corredores da faculdade, ela usava um suéter azul e cachecol marrom, pois aquela manhã estava fria. Ao vê-la, sorriu e foi até ela.

— Oi Rebekah.  - sorriu Mikaela.

— Oi,  o que a senhora veio fazer aqui? - quis saber Rebekah.

Mikaela então a levou calada até o estacionamento, parando bem ao lado do carro.

— Vim te pedir uma ajuda, o Evan tá completamente perdido sabe?  Eu sei que o combinado era deixar ele longe da mídia e das pessoas, mas o médico dele disse que eu não posso mais prendê-lo em casa para sempre, ainda mais agora que ele largou a vida de super herói, mas ele não pode ficar trancado em casa, ainda mais sozinho como agora, eu tive que dar um remédio forte para ele dormir pra poder vir para cá. - explicou ela.

— Ah, eu acho que um bom lugar para vocês irem seria em um lugar bem longe do centro da cidade, onde ninguém conhece ele. Ou esperar a poeira baixar. - sugeriu.

— É, mas o problema é que todo mundo o conhece. Esqueceu que ele nunca usou máscara?

— Vixi maria, é verdade. E agora?

— Não sei, temos que pensar. 

— Bem, eu não vou mais ter aula hoje, se quiser podemos ir pra sua casa e aí decidiremos o que fazer. 

Mikaela aceitou a oferta e assim elas foram, no carro de Rebekah, pois o dela ainda estava para ser consertado, para a casa de Evan. Ao chegarem no quarto, ele ainda dormia profundamente, Rebekah abriu um leve sorriso ao vê-lo e se ajoelhou ao lado dele, acariciando de leve o seu cabelo negro.

— Dorme feito um anjo. - sussurrou ela.

— Ou melhor né? Como uma pedra. - riu Mikaela.

Agora Rebekah tinha certeza que realmente estava gostando de Evan. Apesar de todas as dificuldades que os dois teriam de enfrentar por ele ser uma pessoa pública e as outras diferenças, ele a conquistou muito bem. Depois de um tempo ali, pensando, Rebekah teve uma ideia.

— Acho que... talvez se vocês saírem de casa e cobrir o rosto dele, ele não será reconhecido. - sugeriu.

— Tipo um gorro e cachecol? 

— Sim, o problema será nos dias de calor. - suspirou ela.

— Verdade, temos que dar um jeito nisso, não pode ficar assim.

Após um tempo pensando, não chegaram a nenhuma conclusão, mas sabiam que não podiam desistir, até que viram que Evan estava acordando.

— Oi filho, voltei. - sorriu Mikaela.

Evan abriu um sorriso para as duas e se deitou para o outro lado, ainda não queria levantar. 

Ambas se levantaram e foram para a cozinha, onde Mikaela começou a fazer a comida.

— Tadinho dele, sai de um problema e  logo entra outro. - lamentou ela.

— Sim, mas isso vai acabar, estamos no início de um recomeço. - garantiu Mikaela.

— Tem razão, vamos conseguir.

Assim que o almoço ficou pronto, Rebekah fez questão de chamar Evan, mas pela primeira vez ele não comeu sozinho no quarto e sim, na cozinha.

— Filho, se sente melhor? - perguntou ela.

Evan deu de ombros.

— Oxi, além dos poderes perdeu a voz também? - riu Rebekah.

Evan revirou os olhos e assim o almoço prosseguiu, os três juntos, como uma família feliz.

Porém, aquela situação estava deixando um certo ser muito poderoso olhava aquilo tudo lá de cima muito preocupado, as pessoas realmente ficaram bravas com o Evan pelas vidas perdidas no avião, mas seus atos heróicos faziam falta, ele precisava fazer algo para melhorar isso e logo, mas o quê?