Diversus escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 16
O plano


Notas iniciais do capítulo

Parece que o Evan gosta de salvar pessoas em prédios hehehe



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O dia seguinte com certeza seria muito longo para Mikaela e Evan, ela não queria em hipótese alguma deixar ele sozinho no hotel, até porque agora havia uma tropa de policiais querendo pegá-lo, então precisava dar um jeito de manter o filho longe da mira da polícia. Quando eles terminaram o café da manhã, já foram logo se preparando para ir pro trabalho.

— Filho, irei te levar pro trabalho comigo, mas quando voltarmos, iremos para casa, acho que a polícia não nos procurará mais lá e também não podemos deixar as nossas coisas assim, do nada. - disse ela enquanto dirigia.

Evan ouviu mas não respondeu, pegou seus fones de ouvido e começou a ouvir sua música. Mikaela ainda não sabia que ele aos poucos estava começando a voltar a falar e ele preferia que ela continuasse achando que ele ainda estava péssimo, sem nenhuma evolução.

Assim que chegaram, Evan finalmente descobriu o lugar onde sua mãe trabalha: na biblioteca da cidade.

— Olá Mikaela, trouxe visitante. - disse um homem já meio barrigudo e de porte médio, se aproximando.

— Sim senhor, esse  é meu filho Evan. Não liga não, ele é autista, só isso. Acontece que ele está tomando uns antidepressivos mas eu tenho medo de deixar ele sozinho e ele esquecer de tomar sabe?- mentiu ela.

— Tudo bem, sei de um lugar onde ele poderá ficar durante o seu serviço.

Evan foi guiado até uma sala completamente lotada de livros, um lugar onde ele não conseguiria contar tamanha a quantidade. Era uma das salas onde as pessoas iam para ler e fazer suas pesquisas, ele pegou um livro e se sentou, tentando ler, mas não conseguiu passar da primeira página quando acabou dormindo novamente, consequência da maldormida noite anterior, as palavras daquele homem todo esquisito, que realmente tinha cara de ser um Deus, de onde teria vindo? Será que ele falou a verdade ou era apenas algum truque? Eram perguntas sem respostas que martelavam na cabeça dele enquanto ele dormia.

— Com licença, precisa de ajuda? - perguntou uma moça, aparecendo ao lado dele. Sem sobra de dúvidas, pela roupa que vestia, era a bibliotecária. Ele negou com a cabeça e tentou se concentrar no livro novamente. Na verdade ela queria alertá-lo que era proibido de dormirem na biblioteca, mas ao ver a cara de sono profundo dele, mudou de ideia e ficou lá com seus afazeres.

Muito tempo se passou e quando pensavam que as coisas estavam se acalmando, os poderes despertaram, ele escondeu os olhos brancos para que ninguém os visse e saiu rapidamente dali. Correu por muito tempo até que descobriu que o problema era uma casa pegando fogo.

— O fogo está incontrolável senhores, acalmem-se! - pediu um bombeiro.

— Como eu vou ficar calma? A minha filha tá lá dentro correndo risco de vida! - gritou uma moça, desesperada.

Ao ouvir aquilo, Evan fechou os olhos e se concentrou para conseguir entrar.

Vejo que precisa da minha ajuda não?  Pois bem, siga seus instintos e você chegará na menina. - disse a voz do tal Deus supremo na sua mente.

Obedecendo as instruções, ele correu na direção do prédio em chamas.

— Calma garoto, não vai lá! - chamou outro bombeiro, mas ele já tinha entrado.

Evan percebeu que a garota se encontrava no terceiro andar, mas a única escada que o levaria até lá estava despencando por causa do fogo, assim como o elevador obviamente não funcionava. Olhando pela parede, achou que conseguiria andar sobre ela e colocou os dois pés sobre ela. Funcionou, ele conseguiu desafiar a gravidade andando pela parede do prédio e correr até o andar em que a menina estava. Ao ouvir o grito de desespero da mesma, voltou ao chão e correu em direção à porta de onde os gritos vinham.

Um, dois, três e pronto, com um soco derrubou a porta sem sequer machucar a mão. O fogo começou a ficar mais forte, ele precisava ser rápido. Procurou a menina debaixo da cama, atrás da televisão, do closet, mas nada dela. Bufou pensando que havia chegado tarde demais e ela já estava morta, mas ouviu o choro dela novamente, vinda de trás de um dos quadros no quarto, que na verdade, nada mais era do que um cofre camuflado.

— Uau. - pensou ele, ao ver tamanha genialidade, mas e a senha? Como abriria o cofre sem saber a combinação? Tinha que ser na marra. Primeiro tentou com um pedaço de madeira que caiu do móvel que sustentava a televisão, mas não adiantou, era muito fraco e logo se quebrou. Enfiou então seus dedos no espaço entre o cofre e a parede e o puxou com toda sua força. Fez tanta força que até a parede rachou, mas ele estava vivo e a garota também. A pegou no colo mesmo com ela assustada e todos ficaram esperando sua volta, ansiosos.

Dessa vez não havia mais como voltar pela parede, pois a rachadura que ele fez no quarto se espalhou por todo o lugar, então a estrutura estava fraca, se ele desse um esbarrão, todo o prédio iria desmoronar. Olhou pra baixo, o chão não parecia tão longe assim, com uma força igual à dele, talvez tentar fazer igual fez com a menininha do prédio um tempo atrás? Sim. 

Tampou os olhos da menina e se jogou de lá mesmo, fechando também seus olhos, se falhasse, a garotinha estaria viva pra fugir de lá. Mas, para sua surpresa, os bombeiros conseguiram chegar a tempo com uma rede e ambos caíram nela.

— Está viva! - comemorou um, sorrindo e tirando a menina de lá enquanto o outro ajudava Evan.

Logo levaram a menina pros pais dela e ambos ficaram emocionados.

— Filha, está salva! - sorriu a mãe, emocionada.

Logo os pais foram até Evan, que respirava por um nebulizador, após respirar muita fumaça.

— Obrigado garoto, no dia que eu tiver a oportunidade, irei retribuir o favor. - sorriu  o pai, colocando a  mão no ombro dele. A mãe a a garotinha o abraçaram e foram embora. Quando ouviu a sirene da polícia, saiu correndo de volta pra biblioteca antes de ser visto, mas com a sensação de dever cumprido.

Muito bem, meu filho. Ecoou a voz em sua mente outra vez e ele sorriu.

 

***

Enquanto isso, Rebekah estava na casa de Mariana, já pretendendo voltar para casa no dia seguinte, pois com sua ausência seu pai ficou ainda mais irritado. No entanto, ela foi tirada de seus devaneios com um estalar de dedos no seu ouvido.

— Pensando na morte da bezerra ou no Evan? - brincou Tita, rindo ao lado de Mariana.

— Caramba, acreditam que ele salvou mais uma vez? - disse ela, ainda séria.

— Claro que acreditamos, depois de tudo que ele fez... Mas na verdade acho que você não tá só pensando nisso.

— Não sei do que está falando.

Tita, então, se sentou ao lado dela.

— Amiga, a Mariana me contou que vocês se encontraram lá no precipício, com tudo o que eu ouvi, cheguei à conclusão mais óbvia, você está apaixonada pelo Evan. - concluiu ela.

— Não diga besteira, só me preocupo com ele. Você nem sabe o que ele já passou.

— Eu sei que é difícil, seu pai o odeia, sua mãe deve o odiar também, então é complicado, mas eu já me apaixonei e sei quando alguém tá apaixonado. - confessou ela, corando, até Mariana a olhou.

— Sério? - indagou a loira.

— Mas... eu achei que depois de tudo aquilo que fizeram pra você, nunca mais você ia se apaixonar ou algo do tipo. - confessou Rebekah.

— Eu também achei, mas já tive namorada. Há três anos atrás, mas como ela precisou ir para longe, tivemos que terminar pra eu não me prender só à ela e deixar de ser feliz, mas eu realmente amei ela de verdade, então sei quando alguém tá apaixonado. 

Ao ver a amiga deixar uma lágrima cair, pôde ver a sinceridade no seu olhar, mas será mesmo que ela precisava de tudo isso? Será que ia valer a pena passar por cima de seu pai e enfrentá-lo pra viver um amor com um garoto que nem sabe cuidar do próprio nariz por causa do passado traumático que teve? Levaria um tempo, mas talvez no futuro, quem sabe? 

 ***

Já na delegacia, o clima não era dos melhores, pois Robert socava a mesa.

— Como assim? O Evan estava aí e você não o prenderam? - gritou ele.

— Calma doutor, nós não o vimos lá, apenas soubemos da presença dele porque quem estava lá nos falou que ele apareceu pra salvar uma garotinha. - explicou o carcereiro.

— Não é possível, esse garoto está salvando tudo e todos. Aposto que se tiver cinquenta ou cem crimes por dia ele combate todos. E nós? Como ficamos? 

— Eu sei doutor, mas nós não podíamos fazer nada. - retrucou uma policial.

— Agora podemos, eu tenho um plano de como pegarmos ele. - disse Robert, encarando todos.

— Doutor, nós já tentamos uma vez, o senhor viu o quão forte e poderoso ele é. Contra ele nenhum de nós tem chance. - bufou outro policial.

— Eu sei, mas não podemos se estivermos assim, desarmados, mas eu tenho um plano que pode dar muito, mas muito certo. Só preciso da ajuda de vocês.

Todos o olharam, apreensivos. Será que valeria mesmo a pena seguir o plano dele depois do outro ter falhado?


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Notas finais do capítulo

Até mais!



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