Diversus escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 12
O precipício


Notas iniciais do capítulo

Parece que agora as coisas estão começando a melhorar para o jovem herói...



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Ao chegar em casa, obviamente que Mikaela não ficou nada satisfeita quando soube que Evan havia fugido do fonoaudiólogo pra ir se arriscar salvando a cidade.

— Escuta aqui Evan, a partir de agora, eu irei te proibir e impedir definitivamente de sair pra rua sem ser sob minha responsabilidade. Da última vez eu fiquei com pena e concordei, mas você insiste em sair e se arriscar, então não tem outra solução. - esbravejou ela, colocando persianas e várias outras coisas que impediriam Evan de sair em todas as janelas e portas que o filho poderia usar pra sair dali, todo cuidado era pouco.

Evan, porém, não estava se sentindo bem ali, mesmo que ele praticamente perdesse os sentidos quando os seus poderes acabavam sendo ativados, ele gostava de aparecer na televisão, ainda mais agora que no seu último heroísmo, ele teve pessoas ao seu lado. Já era um bom avanço né? Com isso, a situação ficou ainda pior para ele, apesar de ter tomado seu remédio antes, ainda faltavam mais algumas horas até ele tomar de novo e ele não quis comer, sua mãe lhe serviu a janta na cama, mas ele deixou o prato de lado e ouviu música no celular.

— Evan, não adianta fazer drama para mim tá? Ficar sem comer só de pirraça não vai me convencer a te deixar sair de casa, eu vou requentar essa comida e espero que quando eu de, você coma! Ouviu bem? - disse ela.

Quando Mikaela saiu do quarto, algo estranho aconteceu: os poderes de Evan despertaram, seus olhos ficaram brancos novamente, a situação em que sua mãe deixar, totalmente preso em sua própria casa sem poder sair, o deixou com muita raiva e com isso, ele se encostou na porta, correu e pulou a janela, quebrando a mesma, fazendo um rombo. Ao cair no chão do jardim, não estava com um arranhão, seu corpo estava inteiro, então ele aproveitou e foi correndo pelas ruas da cidade, sem rumo, pois dessa vez não estava escutando nenhum pedido de socorro. na verdade, ele não estava lá pra salvar ninguém, só queria se sentir livre pra ser quem ele quisesse. Ao voltar pro quarto do filho e ver a janela quebrada, Mikaela não se aguentou, o prato que segurava espatifou-se no chão, ela caiu de joelhos, levou as mãos à cabeça e chorou desamparada.

— Nããããooo!!!! - gritou ela, desesperada, pois sentia que seu filho estava em perigo.

Enquanto isso, em sua correria á esmo, Evan atravessava uma rua quando do nada, viu os faróis de um carro em sua direção, deu um salto e foi parar bem no capô do mesmo.

— Ai Evan, que susto. - reclamou Rebekah, pondo as mãos no peito.

Ele ficou por um tempo ali, a encarando, ela logo notou que havia algo errado com ele, pois os olhos brancos brilhavam de um jeito estranho.

— Você não estava salvando o mundo né? - indagou ela, mas ele apenas a encarou, com um olhar meio vazio. - Entra aí logo!

Assim, ele saiu do capô e ela abriu a porta do carona pra ele entrar. Rebekah dirigiu sem rumo, pelas ruas da cidade. Ela não sabia onde ele queria ir, mas pelo estado dele, talvez houvesse um lugar perfeito. Demorou alguns minutos, mas logo eles chegaram em um local isolado da cidade, o chão era todo composto por pedrinhas, que faziam o som dos pneus do carro ficarem bem diferentes, assim como o som dos calçados quando caminhavam. Rebekah mostrou-lhe os pinheirinhos que haviam ali perto, junto com algumas árvores de vários tipos que deixavam o lugar um pouco mais arejado, fresco, eles caminharam juntos por alguns metros à frente do carro até encontrarem um precipício. Lógico que era bem alto e qualquer um que caísse de lá, certamente morreria na queda, mas ela apenas se sentou com as pernas pra beira e Evan, com um pouco de medo, sentou-se de pernas cruzadas.

— Ah qual é, se você quer ser um super herói não pode ter medo de altura. Vai, confia em mim. - disse ela, contendo o riso.

Evan percebeu que ela queria rir e fez o mesmo que ela, foi quando ela notou que seus olhos não estavam mais brancos, talvez entrar no carro tenha lhe tirado a adrenalina e com isso ele acabou desativando seus poderes. Ele parecia fascinado pela vista, olhava para o horizonte quase que sem piscar, o que pra ela foi bom.

— Gostou do lugar foi? É lindo mesmo. - sorriu ela.

— In...crível. - sussurrou ele, fazendo Rebekah o olhar, surpresa. Era a primeira vez que ela ouvia sua voz e era linda, mas o intrigante foi a magia do lugar que o levou a falar novamente.

— Olha, é incrível mesmo pra te fazer falar. - riu ela, mas logo ficou séria - Agora me explica, o que te fez sair correndo daquele jeito?

— Cativeiro...

— Quem te pôs em cativeiro? - ela perguntou, meio assustada, mas ele não respondeu, parecia com vergonha de falar - Quem te prendeu em cativeiro? Pode me falar.

— Mãe. - ele disse por fim.

— Sua mãe? Por quê?

— Tudo.

— É, acho que preferia mais quando você não falava. Mas olha, foi até bom você ter tocado nesse assunto, sabe por quê? Eu tenho algo pra te contar.

Evan a encarou, seus olhos azuis olhando no fundo dos olhos verdes de Rebekah, ela continuou.

— Depois do acontecimento no banco, meu pai chegou em casa furioso, ele tava com muita raiva de você por ter ajudado as pessoas. Eu sei, é esquisito você ser discriminado por fazer o certo, mas meu pai ama a profissão dele, então ele tá com raiva porque você fez o trabalho dele, por isso ele quer te prender. Então, eu te peço, pare com essa vida de herói, ok?

Evan, suspirou e abaixou a cabeça. Ele queria tanto se redimir pelo seu erro do passado mas agora estava cometendo outro erro.

— Eu não... faço nada. - ele disse.

— Faz sim, você chega com os olhos brancos como uma vela e luta, soca, segura coisas pesadas, parece até o Superman do Brasil, só que de camisa branca e jaqueta preta. - riu ela.

— Alguém... faz isso. - insistiu ele.

— Vai dizer que alguém invisível te hipnotiza ou sei lá o quê e te dá todas essas habilidades de herói? Corta essa garoto.

Evan balançou cabeça negativamente, ninguém acreditava que ele não era assim porque queria, mas sim porque alguma força desconhecida que nem mesmo ele sabe de onde vem, como se fosse uma dupla personalidade, o domina e ele acaba tendo essas atitudes de herói, nem mesmo sua mãe estava acreditando nisso.

— Desculpe pela grosseria, mas é que assim como sua mãe, eu não quero você em perigo, na prisão por ter feito o certo. Sabe, me preocupo com você desde que você salvou a mim e a minha amiga. - explicou ela.

Evan a olhou novamente, ainda sério. Aquelas palavras tocaram nele um pouco, ela se importar com ele foi algo inesperado, ninguém além de sua mãe havia lhe dito aquilo para ele. Um pouco encabulado, ele começou a aproximar seu rosto do dela, os olhos verdes o deixavam maravilhado, ela também se aproximou um pouco, não tinha certeza se era a hora certa mas sabia que tinha algo a mais ali.

Faltava pouco, mas logo ouviu-se o ronco de um motor de carro e sirene de polícia.

— Meu pai. Se esconde! - pediu ela, se recompondo.

Evan saiu correndo na direção de algumas árvores e ficou lá, escondido, até poder ir embora.

— Rebekah? O que faz aqui? - perguntou Robert.

— Só pensando na vida. E você, o que faz aqui? - disfarçou.

— A mãe do Evan comunicou que ele sumiu e eu vim procurar por ele.

— Para prendê-lo né?

— Claro, ele anda fazendo o meu trabalho. Qual parte você não entendeu que se ele salvar a cidade e ninguém nunca mais ligar pra polícia, não fizermos boletins de ocorrência e aquela delegacia ficar parada, vamos ter que fechá-la, e aí como que eu vou conseguir sustentar nossa família? Sem sucesso, sem vida, é assim que funciona. Agora anda, volta pro carro e vamos pra casa. - ordenou.

— Vai na frente, vou só me despedir do lugar e já vou. - pediu e ele assentiu.

Evan, ao ouvir tudo, percebeu que Rebekah falava a verdade, era por isso que o delegado queria tanto prender ele. Rapidamente, enquanto eles conversavam, ele foi sorrateiramente até o carro de Rebekah e entrou, sem fazer barulho, pois o motor da viatura ligado abafou o som de seus passos. Poucos minutos depois, Rebekah o deixou em casa e ele, ao entrar pela mesma janela de onde saiu, caminhou devagar até sua mãe, torcendo pra que ela não tivesse saído e então a encontrou deitada na cama, dormindo. E deitou-se ao seu lado, não querendo mais sair de lá.


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Notas finais do capítulo

Que evolução hein? Até o próximo!



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