Ladybug e Chat Noir saíram da toca de Bunnix de mãos dadas com a equipe logo atrás.

Os heróis se entreolharam e em seguida fitaram a cidade, procurando qualquer mudança aparente que poderia ter acontecido. Contudo, até o momento, tudo parecia igual.

— Vamos para casa. Precisamos descansar. – Ladybug quebrou o silêncio e todos assentiram – Qualquer mudança, vamos nos comunicar.

— Certo.

— Ok. – os amigos se despediram rapidamente, deixando apenas o casal ali parado.

— Será que eu posso ir pra casa por enquanto? – o loiro cochichou – Não estou preparado para voltar pra minha.

— Tudo bem. – depositou um beijo na bochecha dele. – Vamos.

Ladybug e Chat Noir saíram saltando pelos prédios até que chegassem na casa dela. Durante o caminho estavam prestando atenção em tudo, tentando perceber qualquer mudança que fosse.

— Spots off!

— Claws in! – Adrien desfez a sua transformação e foi direto procurar o papel que ele tinha jogado em algum lugar do quarto.

— O que está procurando?

— O papel que o Chat do futuro deu pra você, eu queria... – Marinette segurou a mão dele delicadamente, fazendo com que ele a olhasse.

— Não se preocupe com isso agora. – colocou a mão sobre o rosto do namorado – Depois a gente fala disso, ok? – ele assentiu – Você quer conversar sobre o que viu mais cedo, ou quer descansar?

— Descansar. Definitivamente descansar.

— Então eu vou buscar algo pra gente comer, tá bem?

— Tá.

— Não esquece do camembert! – Plagg gritou, fazendo Marinette rir.

— Não vou.

Adrien sentou sobre a cama da namorada, enquanto Marinette ia direto para a padaria. O garoto olhou em volta e notou que o quarto dela parecia mais bagunçado – o que poderia ser uma consequência da interferência que fizeram. E se apenas coisas do tipo haviam mudado, talvez não tivesse sido tão ruim.

De qualquer maneira, Adrien se sentia extremamente culpado por fazer algo tão impensado, como voltar no tempo sem comunicar Marinette. E mesmo com ela dizendo que estava tudo bem, ele sabia que uma hora ou outra a discussão viria à tona e honestamente, não tinha argumentos para fundamentar a ideia de estar certo. Na verdade, sabia que estava errado.

Não é só porque tinha bons motivos para fazer o que fez, que deveria ter feito. Era a mesma coisa que pensava sobre o fato do seu pai ser o Hawk Moth. Os motivos de Gabriel eram nobres, mas nesse caso, os fins não justificam os meios.

Gabriel Agreste feriu muitas pessoas para conseguir o que queria, e isso não pode ser mudado. Ou ao menos pensava que não.

— Você... Não sente que há algo errado? – Tikki cochichou para Plagg.

— Como assim?

— Eu não sei. Parece que... Não sei. Esquece.

— Tudo bem, então. – ele deu de ombros e se acomodou na almofada que ele e Tikki costumavam dormir. Diferente de como sempre cheirava à flores, desta vez a almofada cheirava a camembert, o que era perfeito.

Tikki suspirou e sentou em cima da escrivaninha de Marinette, esperando por algum doce. Ainda achava que tinha algo estranho, mas não queria preocupar ninguém e Plagg certamente não entendia o que ela queria dizer, portanto, decidiu ficar calada.

— Aqui está, croissants, chocolates quentes, cookies e camembert. – Marinette entrou com uma bandeja, interrompendo os pensamentos dos presentes.

— Obrigada, Bugaboo. – sorriram um para o outro.

— Não há de q... – antes que terminasse de falar, o celular de Marinette toca. Era Alya. A garota não hesitou em atender. – Alô?

— Amiga, temos um problema!

— Alya, o que foi? – Adrien fez careta e ela acabou colocando no viva voz.

— Então... Depois de conferir se está tudo certo com a minha família e a do Nino, fui conferir se o meu amado Ladyblog ainda existe. – ela falava rápido, fazendo Marinette imaginar a si mesma quando estava nervosa – E bem, ele existe. Mas tem um detalhezinho que mudou.

— O que é?

— Veja você mesma.— a azulada apontou para o computador com a cabeça e Adrien rapidamente foi acessar o site.

— Oh não!

— O que foi? – Marinette se aproximou da tela e quase caiu para trás quando viu que o ícone do Ladyblog não era uma foto de Ladybug, como de costume, e sim de Lady Noire. – Estamos na Terra certa? – Adrien começou a pesquisar e todas as matérias falavam sobre Lady Noire e Mister Bug. Nada de Ladybug ou Chat Noir.

— Acho que sim, só que nessa linha do tempo os nossos Miraculous foram trocados.

— Eu sabia que tinha algo diferente! – Tikki apontou.

— E eu ainda pesquisei, a Rena Rouge não existe aqui. Nem a Queen Bee e o Carapace.— Alya disse frustrada – Tem um tal de Roi Singe e uma tal de Ryuko. E da antiga equipe tem a Bunnix, o Pegase e o Viperion. Falando em Viperion, olha o seu Instagram agora!

— Tá, vou desligar. – disse rapidamente, meio atordoada pela quantidade de informações que sua melhor amiga tinha jogado sobre si –Tchau.

— Tchau.

Adrien puxou o celular e entrou na rede social da namorada.

— Ah! – o loiro gritou.

— O que houve?

— Você namora o Luka!

— Ah! – ela gritou também. – Entra no seu.

— Tá. Olha, eu não tenho um. – fez uma expressão de tédio. – Preciso ir para casa e ver o que mudou. – Adrien fez menção de sair, porém Marinette o segurou.

— Mas antes precisamos ver o Mestre e comunicar o que aconteceu. Se a Rena Rouge, o Carapace e a Queen Bee não existem aqui, ele deve estar desesperado procurando os Miraculous deles.

— Certo. Mas não podemos chamar a atenção.

— Como assim? – ele apontou para a tela do computador, que estava com o Ladyblog aberto. – Ah... – Marinette retirou os brincos e entregou para Adrien, que retirou o anel e entregou para ela.

— Ótimo! – ironizou – Não faço ideia de como usar um ioiô.

— Acha que eu sei como usar um bastão? – ela deu de ombros – Depois podemos destrocar os Miraculous. Primeiro vamos descobrir tudo o que mudou.

— Tá.

— Plagg...

— De novo não! Eu...

— Claws out! – Plagg foi sugado para o anel enquanto reclamava, o que fez seu antigo portador rir. Ao menos o kwami não tinha mudado.

— Tikki, spots on!

Adrien e Marinette ficaram olhando um para o outro por alguns segundos, contemplando os trajes trocados. A azulada foi a primeira a desfazer o contato visual, corando de leve.

— Felizmente ninguém notou a Ladybug e o Chat Noir enquanto a gente vinha pra cá.

— É.

— E ainda bem que eu não mencionei aos meus pais que você estava aqui, já que aparentemente eu namoro outro cara. – ela riu, porém Adrien fez careta.

— Depois temos que resolver isso.

— Não se preocupa, você é o único que eu quero, Bugaboy. – Lady Noire girou o bastão e piscou para o namorado.

— Wow! – o loiro ficou corado – Para de fazer isso!

— Viu como eu me sinto? – deu leves batidinhas no ombro dele e se preparou para sair – Vamos logo.

Lady Noire saiu seguida por Mister Bug. Os dois evitavam usar o bastão e o ioiô, e ao invés disso saltavam pelos telhados dos prédios. Não queriam correr o risco de acabar chamando ainda mais atenção – embora Lady Noire e Mister Bug serem conhecidos nessa linha do tempo.

Marinette sentia falta da sua elasticidade de sempre, que apesar do Miraculous do gato proporcionar, não era a mesma que o Miraculous da joaninha lhe concedia. Já Adrien sentia falta da sua agilidade. Porém ambos não contestaram, pois sabiam que era temporário, afinal, não poderiam continuar assim. Não iriam trocar permanentemente, estavam tão acostumados com os seus Miraculous e apegados aos seus kwamis.

Uma explosão foi ouvida e os dois pararam instantaneamente. Logo uma risada estridente ecoou no céu parisiense e Climatika surgiu de dentro das nuvens.

— Todos vão pagar por não terem me escolhido!

— Akuma! – os dois disseram em uníssono e encararam um ao outro.

Como isso era possível? Hawk Moth não existia mais.

Será que a pequena interferência dos dois, fez com que ele nunca tivesse sido derrotado?

— Mas... Será que é de outra Terra?

— Teoricamente a gente fechou as brechas. Então... – a expressão de Mister Bug se tornou irritada – Precisamos ir até o Gabriel! – disse entredentes e se preparou para ir atrás do pai – Eu vou...

— Calma! – Lady Noire o segurou – Não sabemos o que mudou pra gente não ter derrotado ele. Acho que primeiro vamos derrotar o akuma, falar com o Mestre e depois ir atrás do seu pai.

— Mas...

— Não vamos fazer nada precipitado. Não de novo. – falou calmamente, mas não em tom de repreensão, se referindo ao que tinha causado tudo isso.

Marinette sabia que agora, mais do que nunca, precisavam tomar cuidado, pois ao contrário do que pensou quando chegaram, mudanças significativas haviam acontecido sim. Ela também imaginava que esse era só o início das suas dores de cabeça como líder da equipe. Ainda, se questionava se a sua liderança era boa o suficiente.

Muitas questões perambulavam a mente da garota, no entanto, ela sabia que não era momento para pensar nelas. Precisavam tentar resolver as mudanças que tinham causado em primeiro lugar.

— Tá.

— Boa tarde, pessoal. – um garoto com o traje marrom parou ao lado deles, acompanhado de Pegase.

— Quem é você?

— Roi Singe, ué. Vocês batem a cabeça? – Marinette e Adrien trocaram rápidos olhares. Alya tinha mencionado o nome dele.

— É uma longa história. – um raio foi desferido na direção dos heróis, porém Carapace entrou na frente com o seu escudo, os protegendo.

— Que não temos tempo para contar agora. – completou.

— Quem é esse?

— É o Carapace. – Rena Rouge e Queen Bee pousaram ao lado deles.

— E essas?

— Rena Rouge e Queen Bee. – Climitika desferiu outro raio, porém Chloé girou seu pião, formando um escudo na frente deles.

— O que está acontecendo aqui? – a loira questionou – Porque trocaram os Miraculous?

Todos os heróis começaram a falar ao mesmo tempo, confusos.

Marinette viu que Climatika vinha na direção deles. Se continuassem com o falatório e explicações, certamente seriam atingidos. A azulada, então, puxou o bastão.

— Ei todo mundo! – chamou a atenção da equipe – Explicações depois, agora é hora de lutar! – dito isso, partiu para cima da akumatizada, fazendo Adrien sorrir de canto.

— Essa é a minha lady.