Gabriel encarava o grande quadro de sua esposa, refletindo o quão perto estava do seu maior objetivo. Faltava tão pouco para que as coisas se encaminhassem, embora ainda tivesse algumas dúvidas sobre o plano. Dúvidas essas que pretendia resolver ao longo do dia com a ajuda de Nathalie.

— Joseph disse que tem o que procuramos na Terra-2, mas é muito arriscado. – a mulher disse, olhando os arquivos do computador.

— Por quê?

— A Terra-2 é ao lado e abrir um portal poderia causar uma fusão acidental das duas Terras. – ele assentiu, entendendo – Portanto, o ideal seria ir até a Terra-3.

— Lá os Miraculous da Ladybug e do Chat Noir estão de fácil acesso?

— Acredito que sim. Ao menos foram captadas leituras mostrando um grande uso pelos seus portadores, segundo o relatório de Joseph. – Gabriel foi na direção de Nathalie e analisou rapidamente os arquivos.

Nem ele acreditava que seu plano estava tão perto de se concretizar. Há algum tempo atrás, parecia um tiro no escuro querer viajar para outra Terra e conseguir os Miraculous da joaninha e do gato para salvar a sua esposa – visto que nesta Terra, já estava ciente de que não conseguiria. Ladybug e Chat Noir eram fortes demais juntos, separá-los seria impossível e ele ainda estava sem o seu Miraculous.

Tudo que precisava pensar, era em uma estratégia para conseguir os Miraculous na outra Terra, já que infelizmente não tinha informações de como eram as coisas por lá e quem exatamente eram os portadores. Contudo, sabia que havia uma versão da Ladybug e do Chat Noir lá, o que já era mais do que suficiente.

— Então é para a Terra-3 que iremos.

***

Ladybug foi a primeira a sair da toca de Bunnix. Assim que colocou seus pés no chão da Paris de três anos atrás, sentiu um arrepio percorrer o seu corpo.

— Vamos nos esconder, não podemos ser vistos. – se apressou em dizer e usou o seu ioiô para subir em um prédio qualquer, sendo acompanhada da equipe.

— Ok, agora aonde a gente procura o Adrien? – Alya se manifestou – Paris é gigante!

— Eu acho que tem um lugar bem óbvio. – a azulada respondeu depois de refletir – Há três anos atrás a mãe dele ainda estava viva. – os heróis se entreolharam – Então, direto pra mansão Agreste. Mas cuidado, não podemos correr o risco de sermos vistos e bagunçar mais ainda a linha do tempo.

— Já sei. Esperem! – Rena Rouge atraiu a atenção deles e acionou o seu poder especial – Mirage!

— Tá, era pra acontecer algo? – Carapace questionou, olhando em volta e fazendo a namorada revirar os olhos.

— Eu nos tornei invisíveis. Bem, apenas de maneira ilusória. – deu de ombros.

— Excelente trabalho, Rena Rouge. Vamos. – Ladybug saiu na frente, seguida pelos outros heróis. Logo, estavam próximos da mansão Agreste e avistaram uma figura com o uniforme negro, parado no telhado do prédio em frente ao local. – Ali. – apontou, acelerando o passo – Chat? – chamou e o garoto se virou com um olhar confuso.

— A ilusão. – Rena Rouge sorriu e balançou a flauta, retirando o efeito do seu poder.

— Ah, oi. – o loiro riu de leve – Imaginei que viessem atrás de mim.

— O que você veio fazer aqui? Me deixou preocupada! – Marinette abraçou Adrien apertado, fazendo com que ele sorrisse – Você sabe que não podemos interferir no passado! – socou o braço dele.

— Ei! – reclamou e esfregou a mão no local. – Eu vim porque... – suspirou – Eu descobri o que aconteceu com a minha mãe.

— O quê? – todos se mostraram chocados, especialmente Marinette. Adrien então abriu a mão e mostrou um broche em forma de cauda de pavão. – Isso é...

— O Miraculous do pavão, sim. Nathalie o usou para ajudar o meu pai como sabem, mas na verdade ele pertenceu à minha mãe. E está danificado. – a azulada assentiu – Minha mãe o usou e entrou em uma espécie de coma e agora ela está no porão da minha casa em um tipo de câmara.

— Isso é sério?

— Sim. Quando deu a queda na luz, fui procurar o Gabriel, já que ele deveria estar fazendo a terapia, mas... Ele mentiu. Então eu estava indo até o covil dele e quando a luz caiu, o elevador me levou para baixo. Acabei caindo no porão e encontrando ela lá.

— Adrien... – Marinette abraçou o namorado, sem saber direito o que dizer ou fazer. Devia ter sido horrível para o garoto ver a mãe assim como tinha descrito. Por cima do ombro ela lançou um olhar para seus amigos, que assentiram e se afastaram, dando privacidade para o casal.

— Eu fui te procurar, mas você não estava em casa.

— Desculpa, eu...

— Não, não é culpa sua. – algumas lágrimas escorriam pelo rosto dele – Eu vim pra cá porque li o papel que o Chat Noir do futuro te entregou. – Marinette se sentiu um pouco irritada por isso, porém não queria brigar com Adrien agora – Aqui é um ponto-chave, então eu pensei que se viesse, eu... Desculpa, Marinette. Eu não devia ter vindo.

— Tudo bem, tudo bem. Eu sei que esse foi o seu primeiro pensamento, considerando tudo o que aconteceu, mas... Precisamos voltar e você precisa devolver o Miraculous antes que notem sua ausência.

— Mas a minha mãe, ela... – Marinette segurou o rosto do namorado com a mão, fazendo com que ele olhasse pra ela.

— Vamos fazer de tudo para trazer ela de volta, eu te prometo. Mas você precisa ser forte e deixar as coisas acontecerem. – o loiro encarava a namorada com tristeza. Contava o coração da heroína em vê-lo assim, contudo, precisava manter a integridade da linha do tempo acima de tudo. – Eu confio em você para fazer isso. Você confia em mim para te ajudar com a sua mãe? – entrelaçou a sua mão na dele. Faria de tudo por ele.

— Sempre, my lady. – Marinette levou a mão de Adrien até a altura do seu rosto e depositou um beijo nela.

— Então vamos fazer o que é certo, kitty.

Os dois sorriram um para o outro e Adrien abraçou a sua namorada, como se estivesse precisando criar coragem para devolver o Miraculous e voltar para o futuro ao qual pertenciam.

— Me desculpa.

— Está tudo bem. – a garota sabia que só o fato de estarem em um ponto-chave da linha do tempo, mudariam alguma coisa no futuro. No entanto, não queria pensar nisso agora, muito menos fazer Adrien se sentir culpado por isso. – Vamos conseguir. Eu prometo. – se separaram e o herói respirou fundo, se preparando para devolver o Miraculous.

— Eu sei. Eu acredito em você. – sorriram novamente.

— E eu acredito em nós.