Shadowstorm escrita por Capitain


Capítulo 2
Júlia


Notas iniciais do capítulo

“Não há como falar sobre O Conselho sem primeiro falar sobre Júlia. Esse enigma em forma de garota, que acabou por desempenhar o papel mais importante na história toda (...) Antes de se tornar essa coisa imensa, esse símbolo que mudou o mundo, na sua raiz, tudo faz parte da história dessa menina.”



Wesley Alvo, 20 de setembro de 2356.



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Ia demorar um bom tempo para eles chegarem até a Academia naquele ritmo. O que significava que eu tinha tempo para terminar o nível 5.

Olhei de soslaio para os bancos da frente. Jonathan estava dormindo no banco do passageiro, e Elias tinha os olhos vidrados de quem usava Neurolink, e a discreta luz azul piscando sob a pele da sua têmpora direita indicava que também tinha os neurofones ligados, talvez conversando com a namorada. Elias mantinha uma das mãos no volante, talvez mais por hábito do que por necessidade, já que ele havia colocado o carro no automático, por causa do engarrafamento.

 Olhei para os carros que nos cercavam, na rodovia coberta de névoa e fumaça. Tinham muitas pessoas dormindo, mas a maioria estava concentrada em alguma tela invisível, com os olhos fora de foco, quase como se estivessem mortos. A rodovia estava silenciosa como um túmulo, à exceção de um cachorro latindo em algum lugar, e um morador de rua passando de carro em carro à procura de alguém acordado para pedir esmola. Algo naquela imagem me deu um calafrio.

Ok, voltando ao meu jogo. Liguei os neurofones e reiniciei a interface audiovisual. O neurolink não tinha poder de processamento suficiente para rodar nada além de títulos mobile, mas o meu em particular tinha sido reprogramado para funcionar basicamente como uma tela, conectada ao meu computador pessoal por um link seguro, estável e criptografado. Mods como esse eram proibidos, já que o Neurolink era mantido pelo Conselho, e basicamente propriedade pública, mas quase todo mundo tinha algum.

Enquanto a interface reiniciava, eu troquei os controles VR pelos manuais, e esperei o Neurolink parear cada um dos dez pequenos anéis em meus dedos, que captavam os movimentos que eu fazia e os traduziam em instruções dadas pelo teclado virtual. Abri e fechei a mão, e toquei as pontas de cada dedo com o polegar, do jeito que o jogo pedia, calibrando os controles. Todos estavam funcionando. O jogo iniciou, e eu fechei os olhos.

Como todas as vezes que eu abria o jogo, senti uma massa confusa de emoções prontas para subir pela minha garganta. Tinha alguma coisa doce e aconchegante, a primeira coisa que eu sempre sentia ao começar. Depois vinha uma leve sensação de sufoco, ansiedade e por fim frustração. Aquele era meu jogo favorito. E já faziam três anos que eu estava presa naquela fase.

Como sempre, o letreiro azul claro apareceu, flutuando na minha frente, dizendo “fase 5”. Respirei fundo. Agora vai. Apertei start, e a contagem regressiva começou.

...5...

O cenário da fase apareceu. Era uma caverna escura, imensa e antiga.

...4...

Meu avatar surgiu, na entrada da caverna, olhando para a escuridão com uma expressão destemida. Era uma garota, que parecia ter oito ou nove anos, algo entre uma fada e uma elfa. Tinha orelhas compridas, um longo cabelo prateado e um vestido branco, feito de pétalas de flores.

...3...

...2...

...1...

A fase começou, e a música também.

A elfa começou a andar no ritmo da música sincronizando cada passo com uma nota da melodia, e começou a acelerar com ela. Conforme eu movia meus dedos, a elfa pulava de plataforma em plataforma, saltava ravinas e desviava obstáculos, sempre seguindo o ritmo da música. Logo depois da entrada da caverna, a fase começava a seguir um riacho, que despencava em um enorme buraco mais à frente.

Como eu estava usando os controles manuais, o jogo começou em terceira pessoa, com a câmera em algum lugar sobre o ombro da personagem principal. Rangi meus dentes quando consegui avistar a queda. Aquela era uma das partes em que eu mais tinha morrido nas últimas tentativas, mesmo sabendo exatamente como passar.

A música começou a crescer, com mais instrumentos aparecendo e construindo o refrão. O buraco era o começo de uma parte diferente da fase, aonde os obstáculos físicos como pedras e estalactites davam lugar à inimigos mágicos. As paredes do fosso eram cobertas com cogumelos luminosos e pedras preciosas, e a hora de pular se aproximava cada vez mais rápido...

Com a melodia principal, a elfa estava no ar, caindo bem no meio do túnel vertical. Nas paredes do túnel, os inimigos começaram a aparecer: Aranhas translúcidas que atiravam projéteis de teia, goblins que saltavam em sua direção. Imediatamente, eu ativei as espadas, cortando um goblin ao meio, enquanto continuava a cair, ainda no ritmo da música. Os ataques eram todos programados seguindo a melodia, e eu tinha que usar as defesas certas nas horas certas para gerar as notas certas.

Com o pequeno detalhe de que bastavam três notas erradas para um game over. Conforme a elfa caía graciosamente pelo ar, eu trocava as espadas pelo arco e flecha, acertava três aranhas, empurrava um goblin através de um túnel usando magia e tentava não explodir muitos dos cogumelos, para não gerar uma reação em cadeia que causaria um desmoronamento.

O fundo do buraco estava chegando depressa, e se eu não quisesse me espatifar lá embaixo, eu precisava carregar um feitiço de escudo. Mas para isso eu precisava de uma barra cheia de mana, o que eu só conseguiria acertando o solo completo. 193 notas, em sequência, sem errar nem mesmo uma sequer. Só havia uma forma de fazer isso: derrotando os dois chefões: o rei goblin e a aranha rainha.

O solo era dividido em três partes, cada uma com um pedaço da sequência de notas, que eu teria que completar realizando as três partes da boss battle. O primeiro seria o rei goblin, que vinha montado em uma sela sobre a aranha-rainha e atacava com um cajado mágico. Enquanto a aranha escalava as paredes, eu precisava acertá-lo usando o arco, até que a música entrava em um crescendo e a elfa caía perto o suficiente para usar as espadas mágicas.

Assim que o primeiro refrão começou, eu o jogo entrou em modo combo, e eu ataquei com as espadas, completando a sequência e deixando o primeiro boss desmaiado. Havia uma curta sequência mais lenta entre as frases do refrão, em que a rainha percebia que o rei estava fora de combate e partia para o ataque. A segunda sequência era uma série de saltos, ou melhor, desvios, que a elfa fazia em pleno ar, para evitar as teias afiadas como aço, enquanto cortava aquelas que serviam de suporte para a aranha.

Quando a segunda sequência terminou, a aranha se soltou da parede e começou a terceira seção da batalha. Ainda caindo, eu precisava continuar o combo até a barra de mana completar, enquanto evitava os ataques dos inimigos, e acionar o feitiço, que tinha um tempo de ativação ridiculamente longo.

Como um extra, seria bom que eu evitasse ao máximo explodir cogumelos enquanto fazia tudo isso. Mas eu nunca conseguia. Assim que a barra de mana encheu, eu ativei o feitiço e torci para que fosse suficiente. Dei uma olhada de relance para a parede, coberta de cogumelos explosivos, e nesse momento de distração, levei um ataque da aranha, perdendo uma vida e errando uma nota.

Pelo menos eu já tinha completado o combo, então o escudo ainda iria ativar, mas eu perderia todos os pontos bônus, que eu já tinha conseguido das últimas vezes. Droga. Com a terceira sequência no fim, o escudo se ativou, e a elfa, o goblin e aranha colidiram com o chão causando uma enorme explosão de fumaça.

Mas a fase ainda não havia acabado. O impacto fazia com que a elfa ficasse meio grogue, mas aquela parte da música era um pouco mais lenta, o que ajudava a manter o controle. Claro, aquela sequência simples de notas fáceis de conseguir era só a calmaria antes da tempestade. A câmera se distanciou da elfa, olhando para cima, e todos os cogumelos explodiram.

A música recomeçou a ganhar ritmo e complexidade, e quando chegou ao clímax, a caverna começou a desmoronar. Esse era o real desafio daquela fase, pular entre as rochas que caíam, acertar todas as notas do refrão final, segurar os controles no tempo exato para que os saltos não fossem longos ou curtos demais, era simplesmente muita coisa. Pouco antes do fim da música, aparecia uma luz no fim do túnel, e tudo começava a cair e girar loucamente. Dessa vez eu iria conseguir.

Eu já estava na metade do caminho, praticamente o mais longe que eu já tinha chegado naquele nível, já vendo o fim da caverna, quando senti o toque em meu ombro. Eu me encolhi com o susto, e errei uma fileira inteira de notas. O chão desabou, a elfa caiu, a frase game over apareceu, e eu tive que me segurar para não gritar de frustração. Eu estava quase lá.

Ao invés de gritar, eu suspirei, enquanto abria os olhos e desligava os neurofones. Elias, o cara que tinha tocado no meu ombro e feito eu perder o jogo, agora me encarava, apoiado no banco do motorista com o cotovelo direito. Demorou um instante para perceber que eu tinha subido no banco e estava encolhida contra a janela, com um dos pés erguidos, como se fosse chutá-lo no rosto. Eu sentei de volta no banco, tentando não fazer muito contato visual.

— O que é? – eu disse, num tom seco. - Não toque em mim! eu quis acrescentar, mas não falei essa parte em voz alta.

Deve ter ficado óbvio na minha cara, porque Elias fez uma expressão culpada na hora.

— Desculpe, é que... – Ele engoliu em seco – eu te chamei três vezes, e você não estava ouvindo. Nós já chegamos.

— Ah – respondi. Eu precisava ser menos grossa com as pessoas. – Desculpa.

— Tudo bem. – Ele respondeu. Perecia que ele queria dizer mais alguma coisa, mas decidiu ficar quieto.

Não tinha mesmo muita coisa a ser dita.

Lá estava ele. O silêncio constrangedor. Toda vez que eu reagia de um jeito estranho a alguma coisa, ele aparecia. Como um elefante no meio da sala. Quando os olhos das pessoas começavam a pedir desculpas e sentir pena.

“Eu sinto muito pelo que você passou”, eles diziam.

— Mas eu não sinto!— gritei. Só que não em voz alta.

O silêncio continuou por mais um longo segundo, até que eu tirei o cinto de segurança e abri a porta. Só então Elias chacoalhou o Jonathan, que ainda estava dormindo, e me seguiu para fora do carro. A rua estava vazia, fora alguns carros estacionados, e um gato malhado. Era bom aquele gato ir embora logo, ou o kuro viria voando pela janela reassegurar o seu território. Ou não. O kuro já estava meio velho, e bastante preguiçoso.

Eu me espreguicei um pouquinho, sentindo minhas pernas um pouco dormentes. Duas horas de viagem, pensei. Espero que valha a pena. Mas eu sabia que valeria. investidores novos eram sempre um motivo de festa, especialmente com o projeto voar tão perto do fim. Jonathan finalmente saiu do carro, bocejando. Ele e o Elias ficavam entediados facilmente quando tinham que viajar comigo. Afinal, a gente não tinha muito assunto.

Eles eram dois “sócios” do Velho. Um advogado e um contador, ex-empregados da Doroner, uma grande empresa de fabricação de drones que falira a dez anos, da qual o Velho era dono. Agora eles trabalhavam na Academia, procurando e convencendo gente a investir em projetos. E eu era a menina de dez anos que ia junto de vez em quando para aproveitar a viagem e ajudar a fazer a manutenção dos servidores que ficavam em um prédio na metade do caminho.

Eu podia ir sozinha, pensei. Ao invés de ter que sentar e esperar uma reunião de negócios, ser arrastada para uma lanchonete, e no fim, ter só meia hora para descobrir porque oito dos 32 HDs do rack de armazenamento tinham parado de funcionar, enquanto os dois idiotas suspiravam e checavam as horas. Sabia me cuidar. Sabia dirigir. Porque eu precisava sempre sair acompanhada? “por mim tudo bem, Júlia.” Dissera o Velho, “mas tente explicar para a polícia porque tem uma menina de dez anos viajando sozinha.”

Sinceramente. A maioria dos carros dirige sozinho. Eu podia muito bem segurar o volante de quinze em quinze minutos. Claro que eu também podia dirigir. Com certeza melhor que o Elias. Pelo menos em teoria. “menina de dez anos” resmunguei. Por algum motivo, aquilo era o que mais me incomodava. Por que as pessoas sempre tinham que repetir a minha idade toda vez que falavam comigo? Eu sei a minha idade. Não precisava de um lembrete.

Claro que tinham coisas mais complicadas. Se os policiais imaginários perguntassem pelos meus pais... senti um calafrio. Melhor não pensar muito sobre isso. Eu não queria ter um ataque de pânico no meio da rua, não importava o quanto ela estivesse vazia.

Os dois idiotas me alcançaram pouco antes de eu chegar na porta da livraria que o velho usava como fachada para os seus negócios questionáveis. Eu entrei na frente, empurrando a porta pesada de madeira maciça. Um sino de metal tocou acima de mim, anunciando a minha chegada, e quase imediatamente, o cheiro de papel velho e café veio suavemente flutuando em minha direção.

Eu amava aquela livraria. Ela era toda de madeira e alvenaria, contrastando fortemente com as casas decadentes ao redor, quase como se ela tivesse caído ali por um portal no tempo, vinda de um passado distante. O velho a construíra daquela maneira, há dez anos, porque... bem, porque ele era maluco. Mas um maluco bom. Assim como o interior da livraria.

Haviam várias estantes de madeira, cheias de livros, pequenos e grandes, todos antigos. Não tinha nenhum livro naquela sala, fosse nas estantes ou aberto sobre as mesas, ou nas grandes pilhas que pareciam ser aleatoriamente depositadas no chão, que não tivesse as páginas amareladas. Aquele era um dos hobbies mais antigos do Velho, pelo que eu sabia. Encontrar e recuperar o texto de livros antigos.

Não se fazem mais livros como esses. Hoje, eles são todos digitais.

O velho estava no lugar de sempre, sentado em uma poltrona atrás de um balcão, perto dos fundos da loja, lendo um livro que parecia ter cem anos, distraidamente bebericando uma xícara de café. Assim que eu cheguei, ele ergueu os olhos do livro e o fechou, com um suspiro, sem nem sequer marcar a página em que estivera lendo. Ele levantou depressa, e abriu um largo sorriso.

— Júlia, você está de volta! – o velho disse, com uma cara de bobo.

O velho era, bem... velho. Eu nunca perguntei exatamente quantos anos ele tinha, mas ele parecia ter entre 60 e 80. Ele era um pouco mais alto que o Lucas, e bem mais baixo que a Thaís. Eu era quase da altura dos ombros dele. Quase. Ele tinha cabelo curto, e olhos brilhantes. É difícil de explicar, mas os olhos dele pareciam mais vivos. Depois que você olha nos olhos dele, o resto sempre mais apagado. Até você ver o jeito que ele se veste.

No começo, tudo parece normal. Ele estava vestindo um terno preto, com um casaco preto e camisa preta, e um chapéu preto, mesmo estando do lado de dentro. E com o maior sol lá fora. E essa nem era a parte mais estranha. Ele estava de luvas. Luvas de couro preto, com buracos para os dedos e aqueles espinhos de metal que os punks usavam. Mesmo depois do Conselho ter mandado as pessoas pararem de usar piercings e coisas do tipo.

O Velho não gostava muito do Conselho. Ele me disse uma vez que a culpa da empresa dele falir era do Conselho, e depois passou uma hora inteira tentando me fazer entender um monte de palavras grandes e complicadas, usando outras palavras grandes e complicadas, só que em latim. Mesmo que eu não tenha entendido, eu acreditei nele.

— E aí, Velho? – eu disse – que luva é essa?

Ele olhou para as mãos, rindo.

 - São lembranças da minha fase de motoqueiro revoltado – ele disse – eu as uso quando quero me sentir jovem de novo. Ou revoltado. Não são bonitas?

— Nem um pouco – eu respondi, balançando a cabeça.

Ele não pareceu incomodado como a minha resposta.

— Como foi com os servidores? – ele perguntou.

— Deu tudo certo – eu disse – mas se eu tivesse ido sozinha, ia ter demorado menos.

Acho que ele percebeu que eu estava meio emburrada. Tanto que ele se abaixou e colocou a mão no meu ombro, cochichando.

— E como foi com eles? – ele perguntou.

— Muito chato. – Eu tentei não parecer uma menina mimada dizendo isso, mas com certeza foi isso que pareceu.

O Velho sacudiu a cabeça.

— Eu tenho que conversar com eles um pouco – Ele disse – Mas depois, tenho uma coisa muito legal para te mostrar.

Suspirei. Claro, ele tem que conversar sobre negócios.

Kuro apareceu de repente, com aquela cara irritada que os gatos fazem quando você os ignora por muito tempo. Ao contrário dos cachorros, que fazem festa quando você chega, os gatos sempre olham fundo nos seus olhos, e miam num tom irritante, como se estivessem dizendo “porque demorou tanto? Enquanto você estava fora se divertindo, eu tive que ficar com o velho chato e aquele bando de crianças irritantes que querem puxar o meu rabo”. Ou talvez, fosse só o kuro.

Eu me abaixei, e passei alguns minutos acariciando o gato. Kuroneko era um gato preto e preguiçoso. E mesmo que eu não fosse a dona dele, eu era a pessoa que ele mais gostava. Não que ele demonstrasse, é claro. Pensando bem, eu era bem parecida com ele nesse sentido. Ele miou mais uma vez, para provar que estava indignado, e depois subiu as escadas devagar, parando no meio do caminho para me encarar nos olhos e soltar mais um miado curto, como se dissesse “você não vem?”.  

Eu dei uma última olhada par a livraria, antes de subir as escadas para o meu quarto. O silêncio na sala me incomodava. Tinha tantas coisas que eu queria dizer para preencher aquele silêncio, tantas coisas que eu queria gritar. Mas como sempre eu só fiquei ali, ao pé das escadas, encarando uma sala vazia enquanto o gato me esperava.

— Eu preciso de ajuda!— eu gritei. Só que não em voz alta.


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Notas finais do capítulo

Opa, quase esqueci. para quem tiver perguntando, a música em que o jogo foi baseado:
https://www.youtube.com/watch?v=O0_r0SKc2oc



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