O Pequeno Rei e sua coroa de espinhos escrita por crowhime


Capítulo 4
Capítulo III




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1971

 

A primeira carta de Sirius chegou quase uma semana depois, tempo que para Regulus parecia uma eternidade, como se os dias passassem mais lentos desde a partida do irmão, então ficou animado quando finalmente achou um envelope endereçado a si no meio da correspondência do dia, com a caligrafia inconfundível do mais velho. Pegando a carta, a levou até o andar dos quartos, porém se refugiou no de Sirius, fechando a porta e se sentando no chão com as costas apoiadas contra a mesma.

Sorriu ao perceber quão longa era a carta após abrir o envelope com cuidado. Lia cada palavra lentamente para apreciá-las o quanto fosse possível, o irmão contava sobre como era Hogwarts, a cerimônia de entrada e como o Chapéu Seletor o colocou na Grifinória dizendo que estava surpreso já que Sirius era um Black e Regulus não entendeu bem como isso seria possível, imaginando se a mãe estava certa sobre o objeto mágico estar quebrado, porém ignorou o desconforto da informação que vinha do próprio irmão e seguiu com a leitura.

Sirius também contava dos novos amigos. Dois meninos que ele dizia serem estranhos, mas pareciam bons seguidores e fáceis de convencer. Taxava o tal Peter como um perdedor, porém Remus havia o adotado por ter um bom coração e Sirius comentava como achava isso legal. Não deu muita atenção imaginando que ele estava já se mostrando um líder e angariando colegas. Não deviam ser importantes. E James Potter. O sobrenome era familiar para Regulus, assim como para Sirius, que comentou o fato na carta, e falava com alguma... admiração desse garoto. Foi sobre ele a maior parte das linhas escritas. Parecia estranho. Sirius devia ser um líder, não um seguidor, mas Regulus balançou a cabeça e afastou os pensamentos desagradáveis. Terminou a carta sentindo-se meio chateado embora não soubesse por quê. Assim, guardou os papéis dentro do bolso das vestes para responder mais tarde.

Quando conseguiu um tempo a sós, sabendo que não teria interrupções, pegou uma pena e alguns pergaminhos para escrever. Comentava cada ponto da carta de Sirius que conseguia, inclusive havia ficado em frente à tapeçaria da família e a analisado, lembrando-se de onde já havia visto o sobrenome Potter - uma tia-avó era casada com um Potter! - o que comentou na carta e, no fim, expressando suas preocupações com a família.

"Mamãe está estranha. Estou preocupado. Tem falado com ela?"

A resposta que veio uma semana depois foi negativa. E dizia para Regulus não se preocupar, porque apostava que Walburga só estava chateada por Sirius não estar mais sob o controle dela.

Em algum momento, as cartas de Sirius começaram a ficar cada vez mais espaçadas, se tornando quinzenais, depois mensais, cada vez mais curtas, e Regulus já não ficava mais tão ansioso por recebê-las, visto que ficava chateado como Sirius parecia não se importar ou sequer querer saber o que estava acontecendo em casa - e consigo.

Os pais não brigavam mais, o que era um alívio pois eles sempre haviam se dado bem apesar do casamento arranjado, já que as criações - ambos originalmente já pertencendo à família Black - e ideias e pontos de vista eram similares, porém em compensação Walburga havia se tornado muito mais atenta e rígida com seus estudos. Mal conseguia ficar disperso, pois se ela percebesse logo ouviria uma régua ou algo similar batendo na mesa à sua frente, e uma vez errou um talher na aula de etiqueta que ela fez questão de retomar e levou uma pancada no dorso da mão com a varinha que a mãe sempre carregava.

O susto foi maior que a dor, porque apesar do barulho não havia realmente doído, e serviu para que prestasse mais atenção nas aulas em um geral, não gostava de errar e ser chamado a atenção. E preferia não ficar de castigo.

Uma vez ouviu a mãe murmurando que não iria errar novamente após uma visita do avô Pollux, pai de Walburga, mas Regulus já desconfiava do motivo da mudança há muito tempo. Walburga não era a mãe mais carinhosa do mundo, Sirius sempre dizia que ela era uma megera, mas sabia que ela havia ficado diferente.

As cartas de Sirius pararam e fingiu não ligar, esperando pelo Natal. Talvez quando o visse percebesse que era tudo só impressão e que era sua imaginação vívida inventando coisas.

Quando Regulus assustou, Monstro já havia decorado a casa com enfeites de Natal (e pediu muitos “por favor” para deixar que ele ajudasse a colocar os enfeites na grande árvore que era montada na sala de estar) e logo era dia 23 de dezembro, quando Sirius chegaria no Expresso Hogwarts para o feriado de fim de ano. Orion quem foi buscá-lo, então Regulus estava esperando, sentado no degrau que dava acesso ao corredor de entrada da casa e ficava em frente à porta de entrada.

Estava animado por finalmente ver o irmão depois de meses, mas também nervoso. E se ele houvesse o esquecido? Se não gostasse mais de Regulus? Torcia as mãos, ansioso e encolhido, porque o aquecimento da casa não chegava muito bem até ali.

A porta se abriu, afugentando os pensamentos, quando Sirius entrou primeiro. Regulus se levantou rapidamente, não contendo o sorriso apesar das hesitações.

“Sirius!”

Orion estava atrás segurando a porta para o filho e Monstro vinha atrás carregando a bagagem do herdeiro, mas Regulus não deu atenção e avançou para abraçar o irmão mais velho.

Tirando que Sirius o interrompeu, estendendo o braço e bagunçando-lhe com força os cabelos pretos, despenteando-os de forma rebelde, deixando quase a combinar com os próprios cabelos que pareciam não ver um pente há dias e estavam mais longos, caindo no rosto.

“E aí, Reg! Sentiu minha falta?”

“Ai!”

Emburrado, Regulus se afastou, levando as mãos até os cabelos e os ajeitando com os dedos.

“Podem sair da frente?” Orion interrompeu, impaciente, e Regulus deu um passo para o lado, obediente, enquanto Sirius sorriu com ironia.

“O caminho é todo seu.”

Regulus abaixou a cabeça, assustado com o olhar de desprezo que Orion lançou a Sirius e já visualizava o pai arrancando a língua dele, mas Sirius manteve o nariz em pé e deixou que o pai passasse. Ele foi na frente sem falar nada e Monstro veio atrás, incapaz de ver, mas conhecia a mansão de cor… só não contava com o pé de Sirius se meter em seu caminho, derrubando-o junto com todas as malas.

“Ops. Não esquece de levar pro meu quarto tudo, Monstro.”

Regulus olhou assustado para a cena, o elfo praguejando baixo enquanto juntava todas as coisas de Sirius, tentando reconhecer o irmão. Ele nunca havia sido muito bom com Monstro, eles sempre discutiam também porque ele não obedecia direito, mas aquilo havia sido… malvado. Ficou em choque, mas Sirius segurou-lhe o pulso e o puxou.

“Vamos, Reg!”

O irmão os guiou até o quarto dele, já que Monstro iria guardar a bagagem de Sirius, e logo ele se jogou na cama de Regulus, cruzando as pernas sobre o colchão sem tirar os sapatos e os braços atrás da cabeça em uma postura relaxada. Regulus o fitava com estranhamento, porém também subiu na cama, se sentando mais para o fim do colchão.

“Ah, finalmente! Não aguentava mais meu pai resmungando. Reclamou até das minhas roupas, acredita? O que vou fazer, é o uniforme!”

Os ombros de Regulus se encolheram, agora sem o casaco, via claramente que Sirius estava parcialmente com o uniforme de Hogwarts, a gravata vermelha frouxa no pescoço.

“Você parece diferente…” Murmurou, incerto.

“Estou, não é?” Animado, se sentou, balançando o cabelo como se o exibisse. “O que acha? Estou bem mais maneiro!”

“Você parece meio sujo.”

Regulus respondeu inocentemente após analisar o irmão, que agarrou o travesseiro atrás de si e atirou em Regulus.

“Ora, seu pestinha…!”

Apesar do cenho franzido, a expressão dele era divertida quando foi para cima do mais novo, fazendo-o rir quando começaram uma briga de brincadeira sobre a cama, com Sirius o cutucando e Regulus tentando empurrá-lo enquanto tentava conter os risos.

Tudo parou quando Walburga abriu a porta, Orion também estava junto, e ela parecia horrorizada quando olhou para Sirius.

“Sirius Orion Black! O que diabos é isso?”

“Seu querido filho finalmente está em casa, não vai dar um abraço nele?” Sirius devolveu, ficando de pé, fingindo-se de desentendido.

“Seu… seu cabelo! Não tem tesouras em Hogwarts não?!”

“Até tem, mas dá muito trabalho.”

Ele deu de ombros e Walburga franziu o cenho, agarrando-lhe pelo braço.

“Nós vamos cortar esse cabelo AGORA! Não vou deixar você me envergonhar ainda mais na frente da família!”

Sirius puxou o braço, também se irritando.

“Envergonhar? Só porque fui pra Grifinória!? Mas quer saber, é bem melhor que a Sonserina e toda essa família!”

“Ora, seu…”

“Sirius, ouça sua mãe. Pare de agir como um pirralho mimado!”

“É MINHA vida e vocês não podem me dizer o que fazer! Eu sou diferente, bem melhor que todos vocês!”

Walburga parecia que ia estourar a qualquer momento, porém para surpresa de Regulus, foi Orion quem falou primeiro.

“Você abaixe essa voz quando falar comigo ou com sua mãe ou eu arranco sua língua. Já pro seu quarto! E nem mais um pio!”

Sirius ficou sem palavras, assustado e surpreso, afinal o pai não costumava ser exatamente presente, fosse para brigar ou qualquer outra coisa, esse papel costumava ser de Walburga, mas no fim se recuperou e saiu irritado, batendo o corpo no de Orion propositalmente ao fazê-lo, e o patriarca da família Black fechou os olhos pacientemente para conter a irritação. A porta do quarto de Sirius se fechou com um estrondo. Antes de sair, Orion lançou um olhar severo a Regulus, que se encontrava calado até então, fingindo que não existia.

“E você trate de não se contaminar pelas ideias idiotas do seu irmão. Tenho certeza de que ele está andando com más influências! Já me basta esse desgosto!”

Não fitaram o filho mais novo duas vezes, Walburga saía massageando as têmporas e Orion apenas fechou a porta. Só então Regulus sentiu que pode respirar com mais facilidade, o ar pesado que os pais trouxeram tornava difícil inspirar. Deixou o corpo voltar a cair sobre o colchão, derrotado. Pode ver uma coruja voando do que parecia ser da janela de Sirius e adivinhou que ele estaria aprontando alguma coisa. Nem quis pensar no que seria.

Regulus estava tão ansioso pelo Natal... agora não mais.

O jantar ao menos correu sem brigas, embora o clima estivesse tenso. Walburga havia conseguido cortar o cabelo de Sirius e arrumá-lo para se parecer mais com um Black e menos com um integrante desleixado da Grifinória, o que havia o deixado meio emburrado, mas no geral parecia calmo demais. Era até meio suspeito, Regulus conhecia o irmão para saber quando ele estava com algo em mente, seja escapar para deitar no chão da cozinha e amenizar o calor ou burlar os estudos, porém dessa vez Regulus preferia não perguntar e não fazer parte dos esquemas. No dia seguinte, toda a família viria para o jantar anual de Natal dos Black, um acontecimento que reunia os tios, as primas, os avós e tio-avôs, e mesmo as tia-avós às vezes iam e davam uma passadinha para cumprimentá-los, ou então compareciam no dia seguinte, já que os maridos tinham as próprias famílias e agora tinham o sobrenome deles, então atendiam a outras festas de Natal.

Walburga sempre levantava bem cedo e se juntava à Monstro, observando de perto a preparação da ceia e revisando a decoração e limpeza da casa para garantir que tudo estivesse perfeito. Tudo que os rapazes da casa faziam era ficar longe do caminho e não atrapalhar, pois a mulher sabia que nem mesmo Orion saberia fazer aquele tipo de serviço e não é como se ele estivesse interessado também. Quando garantia que tudo estava encaminhado e o elfo doméstico tinha todas as instruções, ela ia arrumar os filhos. Sirius sempre era o primeiro, pois gastava mais tempo o domando, embora quando mais novos ambos fugissem do banho até o pai aparecer e mandá-los se comportarem. Regulus vinha em seguida, que secretamente gostava quando a mãe arrumava seu cabelo e tomava cuidado de alinhar suas roupas. Já era perfeitamente capaz de se arrumar sozinho, claro, mas o Natal era uma ocasião especial e se permitia aproveitar o raro momento de proximidade.

Depois, ela iria se arrumar. Era a época que Walburga aparecia mais bonita do que nunca, com vestidos elegantes, cabelos em algum penteado complexo e maquiagem. E ela também garantia que a gravata de Orion estivesse perfeita antes de descerem para recepcionar a família. O pai dela sempre elogiava os preparativos e a deixava orgulhosa. Nem mesmo Druella abria a boca nessas ocasiões, pois tudo era impecável e sem defeitos, e até mesmo ela precisava elogiar a cunhada.

Regulus ouviu a mãe chamando, indicando que os primeiros convidados chegavam, então ele se levantou com cuidado da cadeira próxima a escrivaninha, na qual estava lendo um livro enquanto esperava quietinho para não se bagunçar, e verificou a própria aparência no espelho uma vez mais, ajeitando a gravata novamente antes de sair do quarto.

Passando em frente ao quarto do irmão mais velho, se deteve, geralmente desciam juntos, então bateu na porta duas vezes para chamá-lo.

“Sirius, temos que descer! Mamãe chamou.” Não obtendo resposta, franziu o cenho, abrindo a porta e espiando do lado de dentro. “Sirius?”

Achou o irmão em frente ao espelho e Regulus ficou pálido ao perceber que, de algum jeito, os cabelos dele voltaram a crescer até mais do que antes. Rapidamente entrou, fechando a porta.

“Sirius!”

“Opa. E aí, Reg?” Ele cumprimentou despreocupado, só então notando a presença do irmão.

“Seus cabelos! M-mamãe vai brigar com você. Precisamos arrumar…”

Começou a olhar em volta, procurando alguma tesoura que pudesse usar, mas claramente não havia nenhuma. Dava para fazer com magia, mas Regulus ainda não tinha uma varinha e ainda não conhecia o feitiço que era utilizado.

“Relaxa, Reg.” O irmão estufou o peito, orgulhoso. “O pai do James é dono de uma loja de poções capilares. Ele me deu essa de crescimento rápido de presente. Não é o máximo?”

O mais novo franziu o cenho quase por reflexo. Antes, havia julgado que o tal James Potter era a única companhia decente do irmão, já que ele era sangue-puro, mas agora…

“Mamãe vai ficar chateada.”

“Por Merlin, cale a boca! Mamãe isso, mamãe aquilo, cresce, Reg.”

Sirius resmungou e Regulus soltou um muxoxo indecifrável enquanto o via tentar bagunçar os fios, porém Walburga havia usado um produto forte. Muito forte. Então eventualmente Sirius desistiu, ao menos estava de volta com o cabelos nos ombros e já seria suficiente para estragar a noite de Walburga e isso já lhe deixava satisfeito. Assim, o herdeiro saiu do quarto, seguido por Regulus que correu ao seu encalço, preocupado em arrumar mais uma vez as roupas à medida que descia a escada.

A festa já havia começado na sala de estar. Os móveis - com exceção do piano - haviam sido movidos, apenas havia a árvore de natal alta e algumas cadeiras para os convidados, além de uma grande mesa próxima da parede com comes e bebes que Monstro garantia de manter abastecida, correndo de um lado ao outro para servir a todos. As grandes janelas que davam para a rua em frente à casa também tinham adornos de Natal, as cortinas pesadas abertas para permitir que se visse a noite. Apenas a tapeçaria com a árvore genealógica da família, que ocupava uma parede inteira, estava desobstruída, permitindo que fosse vista completamente, sempre uma lembrança do peso do nome Black. A lareira, rodeada por armários ornamentados com portas de vidro, estava acesa e o ambiente estava animado, as conversas preenchendo o espaço. Além de Walburga e Orion, já haviam chegado Pollux com o filho e irmão de Walburga, Alphard e Cygnus com Druella e Narcissa; e também o pai de Orion, Arcturus, ao qual o  segundo nome de Regulus homenageava, e sua esposa Melania, que havia conhecido em Hogwarts, e provavelmente era o único membro da família (mesmo que por casamento) que não havia pertencido a Sonserina e sim a Lufa-Lufa.

Estavam ainda no topo da escada quando o barulho característico de aparatação soou e todos se calaram, olhando para o centro da sala, onde Bellatrix aparecia, jogando a irmã do meio, Andrômeda, no chão violentamente, com o marido Rodolphus logo atrás com uma expressão de tédio. O silêncio tomou conta da sala e até mesmo Sirius se deteve no degrau a frente, colocando um braço para impedir que Regulus continuasse a descer, de modo protetor.

Bellatrix era, no melhor dos casos, meio esquisita. Era a filha mais velha de Druella, possuía os mesmos olhos, mas agia como uma criança sádica.

Andrômeda caiu no chão com um estrondo e a família ficou confusa, mas Bellatrix logo começava a falar, respondendo aos questionamentos mudos, a voz estridente cantarolada.

“Ora, ora, que bom que a família está reunida! Olha só o que achei tentando sair às escondidas de casa. Passei para dar olá e minha irmãzinha tenta fugir de mim!”

Os olhos negros dela faiscavam de ódio enquanto Andrômeda tentava se levantar, porém a irmã mais velha a chutou, fazendo-a gemer de dor. Druella foi a primeira a sair do choque, pigarreando e tentando sorrir apaziguadora para as filhas.

“Bella… O que está havendo?”

“Simples, mãe! Ela estava fugindo! Disse que vai se casar com um…” Torceu o nariz em uma careta de asco. “Sangue-ruim!”

Alguém engasgou de susto e Druella estava em choque. Walburga, percebendo que os filhos estavam na escada, não teve sequer tempo de irritar-se com a aparência de Sirius, segurando com força o braço de Alphard e pedindo em tom de voz baixo para que ele os levassem para cima.

“Minha própria irmã! Uma traidora de sangue!”

“N-não pode ser…” A mãe tentou intervir, se aproximando. “Andrômeda sabe o que acontece com traidores. E com sangue-ruins. Não sabe, Dromeda?” Druella se virou para a filha que finalmente se levantava com um olhar feroz.

Sim, sabia que trouxas morriam. Que traidores de sangue eram apagados da árvore idiota e o restante da família fingia que não existiam.

“Sei! Mas não ligo! Eu vou me casar com Ted Tonks. Ninguém, nem você, Bella, vai me impedir.”

Bellatrix grunhiu, o olhar vidrado, enquanto tombava a cabeça ligeiramente para o lado.

“Você sabe o que o Lorde das Trevas faz com traidores? Cruccio!”

A varinha da Lestrange estava apontada para a irmã que logo caiu no chão, gritando de dor. Druella ficou pálida e Cygnus a segurou para que não interferisse, Narcissa, a mais nova das três, gritou junto e cobriu a boca com as mãos enquanto começava a chorar. Os mais velhos estavam satisfeitos, tirando Melania que desviou o olhar e foi amparada pelo marido. Orion e Walburga estavam em silêncio, embora esta olhasse nervosamente na direção de Alphard, que se deslocava em silêncio em direção à escada. Sirius cerrava os punhos, irritado, mas tentava esconder Regulus, que tremia assustado, atrás de si.

“Talvez eu devesse te matar aqui mesmo! Imagino que recompensa o Lorde das Trevas me daria!” Falava animada, quase maravilhada e sonhadora, enquanto o marido dela suspirava quietamente, a expressão séria inalterada. “Matar uma traidora de sangue! Ninguém nunca foi tão longe. O que acha, Rodolphus?”

O cruccio foi interrompido quando Bella se voltou ao marido. Não que precisasse que ele confirmasse o que quer que fosse ou desse permissão, ela fazia exatamente o que queria, sempre, mas às vezes queria uma opinião. Só então Andrômeda parou de gritar, embora a respiração estivesse pesada e o corpo continuasse a doer como se atingido por mil agulhas. Druella quis ir até a filha no chão, mas ainda era segurada pelo marido.

“Ela é sua irmã. Talvez não seja bom. Ele pode te associar a ela.”

Bellatrix fez um beicinho contrariado.

“Você acha? Então não é bom… ela é inútil. Posso matar e descartar. Talvez os lobisomens fiquem felizes com a refeição!”

“Meninos, vamos subir, sim?”

Alphard soava gentil, mas falava baixo para os mais novos enquanto Bellatrix ponderava o que fazer, porém Sirius não o escutou. Empurrou o tio para o lado e saiu correndo escada abaixo. Regulus gritou tentando chamar e ir atrás dele, mas Alphard conseguiu segurá-lo a tempo. A Lestrange havia apontado novamente a varinha para a irmã do meio, porém o grito de Regulus a distraiu e logo Sirius, que pulou de três em três degraus, estava na sala, cruzando-a furioso em direção à mais velha das primas.

“Você é louca! Todos pensam, ninguém diz, mas eu digo! Você. É. Louca!”

Walburga nervosamente juntou as mãos, apertando-as, olhando para a varinha que a sobrinha brincava nas mãos. Regulus chorava, se debatendo nos braços de Alphard e pedindo para que ele o soltasse, mas o tio continuava a segurá-lo com força. Até Orion estava tenso.

“Sirius!” Walburga chamou a atenção. “Não fale assim com sua prima!” Rangeu os dentes, puxando o filho mais velho pelo braço e o impedindo de chegar mais perto de Andrômeda ou de Bellatrix.

“Todos vocês estão pensando isso! Talvez não os velhacos. Mas ninguém tem coragem de falar!”

“Cale a boca, Sirius!” Walburga disse entredentes.

“É?” Bellatrix usava um tom ingênuo. “Talvez você esteja no mesmo caminho dessa traidora. Ouvi que foi selecionado para a Grifinória!” Ela riu, como se achasse o fato uma piada. “Seria menos pior se fosse pra Lufa-Lufa, sabia? Talvez eu devesse ajudar a te endireitar?” Ofereceu com a melhor das intenções.

Andrômeda se sentou nos próprios joelhos com dificuldade, arfando.

“Pare com isso, Bella! Ele é só uma criança!”

Bellatrix cortou o espaço rapidamente até a irmã do meio, colocando com força a ponta da varinha contra a bochecha dela.

“Não me esqueci de você, irmãzinha. Você não está em posição de pedir pelos outros!”

“Para com isso, sua louca!” Sirius voltou a gritar.

De súbito, a mão de Walburga desferiu um pesado tapa na lateral do rosto do filho, a face da mulher tão vermelha quanto a marca que sua mão deixara na bochecha de Sirius.

“Cale a boca. Vá para seu quarto! MONSTRO!” 

“S-s-sim, minha senhora!”

“Leve esse menino mal educado para o quarto e não o deixe sair!”

“Sim, senhora Walburga!”

Monstro sumiu no ar com Sirius, que estava em choque pelo tapa que havia levado e não conseguiu se livrar do elfo.

Bellatrix soltou uma risada estridente, satisfeita.

“Não esperava menos da minha querida tia! Que bom que sabe controlar esses meninos, tsc. Diferente dessa daí. Agora, onde paramos…?”

Irritada, Walburga bateu o pé no chão e gritou.

“CHEGA! Você não vai matar nem torturar ninguém dentro da minha casa!” Estourou, sacando a própria varinha e com um feitiço não-verbal, o nome de Andrômeda era queimado da tapeçaria que cobria toda as parede da sala de estar, queimando assim como o fogo que crepitava na lareira. “Agora saia! Sua traidora imunda! Você não faz mais parte dessa família! Saia, saia da minha casa!”

Andrômeda estava pálida, mas fechou os olhos resignada e desaparatou, enquanto Bella ria satisfeita.

“Como estamos todos rodeados pelo espírito natalino, devo admitir que foi uma boa solução! Agora…” Ela guardou a varinha, olhando em volta. “Alguém quer uma bebida?”

Regulus soluçou, escondendo o rosto no peito de Alphard.

“E, por Merlin, calem a boca dessa criança!” Bella gritou, impaciente e irritada.

Walburga só não avançou para cima de Bellatrix quando esta falou de Regulus porque Orion a segurou pelos ombros, contendo-a e tentando acalmá-la. Narcissa tentava engolir o choro e Druella estava quase desmaiando, porém Bellatrix andou de modo indiferente, servindo duas taças de vinho, uma para ela e outra para o marido, estendendo-a no ar em direção à tapeçaria da família, como se brindasse.

“Feliz Natal!”


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Notas finais do capítulo

jingle bells jingle bells~ o que acharam do capítulo de natal? ~
Espero que estejam gostando! Adoraria um reviewzinho de presente de natal inclusive ♥
Obrigada a quem está lendo, desejo um feliz natal a todos! Aproveitem muito!
Até o próximo!



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