O Pequeno Rei e sua coroa de espinhos escrita por crowhime


Capítulo 10
Capítulo IX




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1973

 

Em casa, Regulus entendeu porque sua mãe e Druella pareciam mais próximas. Aparentemente, desde que ele fora a Hogwarts, agora a tia visitava Walburga com mais frequência, embora às vezes ainda as ouvissem discutindo, especialmente quando Druella falava dos feitos de Bellatrix ou sobre o comportamento de Sirius. Era como se houvesse uma competição não tão silenciosa entre as mulheres, mesmo sendo amigas, e Walburga eram quem estava perdendo. Não era difícil entender o motivo.

Mesmo com a filha do meio sendo deserdada e ninguém falar sobre ela mais, Bellatrix parecia ser a estrela da família, o que todo Black deveria querer ser. O único defeito, o pai de Walburga dizia (e ele gostava de colocar defeito em tudo e todos), era ser mulher, então não podia carregar o sobrenome Black. Narcissa também estava se saindo bem em cumprir seu papel de mulher, nem havia se formado e já conseguiu um noivo decente, rico, que compartilhava dos ideais da família e tinha o sangue tão puro quanto os Black e ambos planejavam se apoiar a causa do Lorde das Trevas  também.

Já Walburga tinha Sirius, que era a decepção da família, afinal era um herdeiro rebelde sem causa e que não ouvia nada que os pais falavam, e Regulus, cuja personalidade mal parecia de um Black, afinal mesmo sendo um garoto já deveria saber se impor minimamente, mas na realidade mal se fazia notar e era facilmente esquecido. Dois desastres, diria a família, com Póllux acreditando veemente que os Blacks estavam perdidos e culpando Walburga. Só tio Alphard parecia não ligar, visto que até mesmo seus pais, Walburga e Orion, volta e meia discutiam por conta disso. Mais de uma vez, Regulus jurava ouvir louças quebrando em meio às vozes exaltadas.

Sirius, por sua vez, não dava a mínima. Na realidade, parecia ter prazer em causar o caos. Assim, não foi uma surpresa quando ouviu gritos vindos do quarto do irmão.

“Você tire isso da minha parede agora, Sirius Black!”

“Não dá. O adesivo é permanente, vai ficar pra sempre.”

A presunção de ironia na voz de Sirius era quase palpável e Regulus fechou os olhos quando chegou a tempo de presenciar a mãe dando um tapa no rosto do irmão.

“Tire isso ou eu tiro isso com sua cara, menino abusado!”

Ele só a esperava virar de costas para gritar qualquer xingamento direcionado à mãe. Os favoritos eram megera, sem coração, e frígida, o que Regulus duvidava que Sirius soubesse o significado, e recentemente parecia ter aprendido a palavra “vadia” e foi esta que gritou e fez Walburga se virar e explodir o abajur do lado da cama, fazendo Sirius recuar e se proteger com os braços, embora os cacos magicamente não tivessem o acertado.

“Fale isso de novo e eu arranco sua língua!”

Regulus esperou a mãe descer para entrar no quarto de Sirius, usando a varinha para reparar o abajur quebrado para ele.

“Você está bem…?” Perguntou, preocupado, reparando na fotografia dele e dos outros três que agora estava colada na parede.

“Aquela megera vai me matar qualquer hora dessas, puta merda.”

“Você poderia tentar não irritá-la de propósito…” Sugeriu, colocando o abajur de volta na cômoda, recebendo um olhar feio de Sirius.

“O que vou fazer se ela se irrita com tudo?! Francamente, você não entenderia. Sendo o filho favorito. Essa família é louca, Regulus! Louca!”

“Eu não sou o favorito”, argumentou, “você é o primogênito. Eles esperam muito mais de você. Se você tentasse só um pouco…”

Sirius grunhiu, irritado.

“Não vou me tornar um brinquedinho deles! Se quiser ser, fique à vontade, agora sai do meu quarto antes que eu quebre esse abajur na sua cara. Você está me irritando, Regulus.”

Sem querer pagar para ver, saiu em silêncio e fechou a porta, retornando ao próprio quarto. Havia uma carta de Barty que havia recebido no dia anterior e resolveu se sentar para responder. Ele reclamava de estar em casa e ansiava por voltar a Hogwarts e, Regulus pensou com algum pesar, que talvez preferisse estar na escola também ao invés de com a própria família.

Porém, antes de voltar a Hogwarts, precisava falar com Walburga. Pelo que ouvia, Evan andava conversando bastante com Bellatrix e isso trazia a lembrança de que ele havia dito que deveria fazer o teste para o time de quadribol da Sonserina, o qual poderia tentar a partir do segundo ano. Estava há semanas juntando coragem de aproximar-se de Walburga, não tinha costume de pedir nada, então demorou até que tivesse a audácia e a mãe parecesse calma suficiente e estivesse sozinha para fazê-lo. Ela estava sentada na poltrona da biblioteca quando entrou com algum receio, aproximando-se.

“Mãe?”

“O que foi, Regulus?”

Ela não se virou para olhá-lo e não sabia se isso ajudava ou não. Engolindo a seco, parou ao lado da poltrona, respirando fundo e a fitando.

“Eu queria saber se poderia ganhar uma vassoura nova…” Pediu baixinho.

“Pra quê? Já não tem uma?”

Só então Walburga o mirou, erguendo os olhos do livro com as sobrancelhas franzidas. Regulus mordeu a parte interna da boca nervosamente, não queria dizer que a dele havia perdido algumas lascas no último Natal durante a briga com Sirius. 

“Por favor, mãe. Ela… está velha. E eu queria tentar entrar pro time de quadribol…”

“Não. Vai te distrair dos estudos.”

A resposta foi categórica e Regulus entendia que o assunto logo seria encerrado, então precisou insistir.

“Prometo que não!” A insistência atraiu o olhar confuso de Walburga, não acostumada a ter o filho mais novo discutindo com suas decisões. Viu Regulus apertar um envelope de estender em sua direção e Walburga não precisou olhar duas vezes para saber que era dinheiro que Alphard andava dando para os filhos de presente, ele sempre o fazia nos Natais e aniversários, mesmo quando já havia proibido. “Eu juntei… pra ajudar. Eu juro que minhas notas não vão cair.”

Walburga fechou os olhos junto ao livro, levando as pontas dos dedos até a têmpora, massageando-a de modo reflexivo. Soltou o ar pesadamente e afastou levemente com a mão o envelope estendido.

“Guarde isso, Regulus. Eu posso muito bem dar uma vassoura pro meu filho.” Ela resmungou, os olhos voltando a mirá-lo seriamente. “Mas se suas notas caírem, eu mesma quebro ela na sua cabeça. Entendeu?”

Regulus estremeceu com a ameaça, mas concordou com a cabeça. Walburga iria pedir a ajuda de Alphard para comprar a vassoura, a qual lhe foi dada no dia anterior ao retorno a Hogwarts. Dessa vez não se controlou e abraçou tanto a mãe quanto o tio, mesmo com os resmungos de Walburga que dizia que aquele era seu presente de Natal e de aniversário adiantado e que ele não se atrevesse a pedir outra coisa.

Ao contrário do ano anterior, não estava apreensivo e ficou satisfeito quando finalmente conseguiu uma cabine e nem achou ruim quando Barty praticamente pulou em cima de si, visivelmente empolgado para a volta às aulas.

“Reg! Quanto tempo! Eu achei que ia morrer naquela casa, credo. Senti sua falta!”

Sorrindo sem graça, deixou-se abraçar por alguns poucos momentos até empurrá-lo levemente pelos ombros.

“Também senti a sua, Barty…” Murmurou, a voz era neutra, mas não estava mentindo nem sendo só educado, embora aquelas demonstrações de afeto fossem um pouco excessivas para seu gosto. Então percebeu uma marca no antebraço do rapaz e franziu o cenho. “O que aconteceu com seu braço?”

Foi muito mais efetivo do que se tivesse o empurrado. Ele se afastou de súbito, puxando a manga que havia saído do lugar, a língua saltando brevemente e umedecendo os lábios.

“Não foi nada. Como foi de férias?”

Soube de imediato que ele estava escondendo algo, mas antes que entrasse no assunto, Lucinda abriu a porta da cabine e se juntou a eles, sorridente.

“Próximos como sempre, eu vejo! Oi, meninos.”

Eles a cumprimentaram de volta e Regulus decidiu deixar o assunto de lado, ao menos por enquanto. Bartemius podia até não parecer, mas era uma pessoa fechada e tentar insistir em saber o que houve com Lucinda por perto só o faria ficar mais arredio. Por outro lado, talvez não devesse forçar de todo jeito, afinal era parecido nesse quesito, mas era inevitável se sentir preocupado com o amigo. Se ele estava com problemas, gostaria de ajudar.

“Reg,” chamou Lucinda, “você vai tentar a seletiva pro time de quadribol?”

A garota juntava as mãos, as pressionando em um gesto nervoso.

“Acho que sim. E você?”

“Se você vai, acho que vou tentar também…” Murmurou, pensativa. “Digo, não só por isso. Quando fiquei em Hogwarts, acabei falando um pouco com a Vanity… ela disse que eu deveria tentar. Que vamos perdemos bons jogadores esse ano. E outros nem tanto.”

Regulus pensou sobre Evan criticando o apanhador da Sonserina e que a vaga agora estava livre e concordou com a cabeça.

“Você voa bem. Eu acho que vale tentar.” Lucinda lhe sorriu agradecida, embora não parecesse muito confiante. Voltou-se a Barty, não teve aulas de voo com a Lufa-Lufa, então não sabia sobre as habilidades dele. Mas sabia que ele gostava de quadribol. “E você, Barty? Vai tentar?”

“Nah… eu não.” A voz dele soava preguiçosa.

“Por quê? Você parece forte, aposto que seria um bom batedor!” A garota argumentou.

“Prefiro assistir do que jogar!”

Apesar da indignação de Lucinda, no fim ninguém contestou a resolução de Barty, entendendo o ponto após a explicação. Ele achava o esporte divertido, mas jogar não lhe dava o mesmo prazer, ao menos quando envolvia a cobrança de campeonatos e jogos entre as casas.

“Mas vou torcer por vocês também! E assistir aos jogos. Contem comigo!”

“Mas e a Lufa-Lufa?” Perguntou, as sobrancelhas arqueadas.

“Ah… Eles sempre perdem mesmo. Não faz diferença.”

O jeito descrente acompanhado de um dar de ombros sincero de Barty fez com que os dois rissem, embora a risada de Regulus fosse mais discreta, balançando a cabeça sem acreditar no que o amigo tinha coragem de falar em voz alta. Ele era engraçado. Mais de uma vez havia perguntado o motivo dele andar consigo no tempo livre ao invés dos amigos lufanos e Barty apenas dizia que preferia assim - e que poderia vê-los a qualquer momento, tanto nas aulas quanto no salão comunal da casa. Regulus acabava por não render o assunto, parte por se sentir lisonjeado e em parte por temer que ele mudasse de ideia. Não tinha tantos amigos próximos, além de Bartemius, apenas Lucinda, embora conversasse com outros que entraram no mesmo ano, como Rabastan e Wilkes nas aulas que dividiam.

Dessa vez, foram até Hogwarts junto com os alunos mais velhos, em carruagens puxadas por testrálios. Barty contou uma curiosidade que os animais só poderiam ser vistos por quem já havia presenciado a morte e os dois acharam a informação interessante, mas Lucinda desejou que não conseguisse vê-los tão cedo na vida.

Regulus lembrou-se de que ela era mestiça. Durante as férias, houve um caso de uma família de um nascido-trouxa assassinada, mesmo sendo bruxo. Provavelmente ela temia por um dos pais e acabou ficando em silêncio, preferindo imaginar que a família dela estava do lado certo daquela guerra, assim ninguém teria de morrer.

Depois de duas semanas de aula, os testes e treinos de quadribol teriam início. Regulus se sentia nervoso, estava prestando duas vezes mais atenção nas aulas devido à exigência da mãe, mesmo com as provas longe, e às vezes se juntava com Lucinda e um acalmava ao outro em relação ao teste. Ela parecia ávida para agradar Vanity e Regulus sequer podia julgar, pois parte de si queria também provar-se a Evan, que agora estava no sexto ano e parecia mais confiante do que nunca.

No dia do teste, Lucinda disse que estava nervosa demais para comer e saiu mais cedo da mesa de café da manhã. Regulus também não estava com muita fome, porém se forçou a comer ao menos um pouco antes de se levantar. Buscou a vassoura e seguiu na direção do campo. Era um pouco assustador andar sozinho, sentia-se intimidado por puro nervosismo mediante a situação, então caminhava respirando fundo e tentando se concentrar, ignorando inclusive Mulciber e Avery que estavam parados no corredor que levava às masmorras da Sonserina. Passou reto, embora cautelosamente se mantivesse atento, porém bastou que desse as costas para ouvir  a voz de Mulciber:

Accio vassoura.”

Regulus ainda tentou a segurar, mas a vassoura saiu voando de suas mãos direto para as mãos de Avery, que a segurou com um sorriso idiota no rosto. Virou-se de súbito, irritado, vendo os garotos rindo.

“Que vassoura bonita, Black. Mamãe quem te deu?”

Regulus estendeu a mão, a expressão fechada.

“Devolve.”

“Mas só queremos ver! Somos amigos ou não?”

Pacientemente, Regulus fechou os olhos por um instante e mastigou a parte interna da boca.

“Como disse. Devolve.”

“Talvez eu devesse dar uma voltinha nela. É o modelo mais novo, né? Estou louco pra experimentar.”

Silenciosamente, Regulus deixou que a varinha escorregasse para a mão. O maior problema da dupla era Mulciber, já sabia de antemão: Avery era basicamente um covarde que andava com ele por benefício próprio, embora agisse mais como um capacho do que tudo. Não sabia direito qual era a dele, mas em um movimento rápido, a ergueu:

Expelliarmus!”

A varinha de Mulciber voou longe, mas Regulus não teve tempo de aproveitar a expressão de surpresa e confusão do garoto mais velho, que não sabia o que havia lhe atingido. Empurrou Avery com toda força que tinha e pegou de volta a vassoura, afastando-se com a varinha em punho. Não sabia exatamente se conseguiria ganhar em um dois contra um com dois alunos mais velhos, mas o olhar fulminante compensava. Mulciber, percebendo o que havia acontecido, apertou os dentes com irritação.

“Você vai se arrepender disso, Black.”

Ameaçou, a voz perigosamente baixa, mas Regulus não deu atenção. Esperou que eles se virassem e sumissem após recolherem a varinha de Mulciber e disparou pelo corredor, sabendo que se fosse pego poderia perder alguns pontos para a Sonserina, mas era melhor do que chegar atrasado no teste para o time de quadribol.

Por sorte, nenhum monitor ou professor o pegou correndo nos corredores e logo alcançou o campo, arfando quando parou ao lado de Lucinda, que lhe deu um sorriso nervoso.

“Não começou ainda.”

Ela o tranquilizou e Regulus se endireitou, aproveitando os minutos para se recompor enquantos alguns outros estudantes chegavam para o teste. Vanity e Rosier chegaram sobrevoando o campo e pararam em frente a eles. Vanity poderia ser mais nova, mas tinha uma presença tão imponente quanto a do rapaz, os cabelos escuros presos com uma fita rosa, que esvoaçava quando ela voava, dando perfeita visão de seu olhar firme. Ela nem se dignou a olhar duas vezes para um aluno que chegava atrasado, mandando-o embora sem deixar que fizesse o teste, afinal precisavam de disciplina ali e Regulus agradeceu mentalmente por ter conseguido chegar a tempo.

Lucinda foi muito bem no teste. Regulus nunca soube quão boa era sua pontaria e ficou feliz de não ser de outra casa e tinha certeza de que ela conseguiria a posição de artilheira. Ninguém ali se comparava a ela. Esperou pacientemente pelo teste de apanhador, controlando a ansiedade gerada pela espera. Tinha mais dois almejando pela posição, então precisava ser melhor que ambos.

Vencer do menino foi fácil. Ele era lento, e Regulus (não que gostasse de admitir, afinal estava em fase de crescimento) era pequeno e rápido. Demorou um pouco, mas logo se acostumou a encontrar o brilho do pomo pelo campo e o capturou. Vanity nem quis olhar para ele três vezes, pois ele também foi derrotado facilmente pela garota do terceiro ano que tentava a vaga e foi dispensado. Os dois agora disputariam a posição, Vanity observava com atenção os dois voando e Regulus chegou a ouvir Lucinda torcendo por ele, porém se concentrava, buscando o pomo de ouro com os olhos uma vez lá no alto. A adversária foi mais rápida, visualizou a bola atrás dele e disparou em sua direção, porém Regulus teve o reflexo de logo ir atrás e logo pareava com a vassoura dela, afinal tinha o último modelo do mercado, cortesia e escolha de tio Alphard, então ela respondia bem aos movimentos e a aceleração era de primeira.

Sua sorte foi quando o pomo se embrenhou pelas madeiras da arquibancada, o que fez a aluna, Simmons, achava ser o nome dela, se deter por um segundo, e por nesse momento que tomou a vantagem, abaixando-se e passando no espaço entre as tábuas. Quase escorregou quando arrancou o pano pendurado na lateral da arquibancada, precisando puxá-lo da frente do rosto e o atirando para trás, o tecido esvoaçando na direção de Simmons que vinha voando atrás e desviou antes que fosse atingida. Utilizou a chance e a distração dela e impulsionou o corpo na direção do pomo, conseguindo agarrá-lo antes que fugisse. Desequilibrou-se ao soltar ambas as mãos para prendê-lo, porém conseguiu se firmar com as pernas e voltou ao chão, com o pomo erguido em uma das mãos, sem conseguir deixar de sorrir.

“Eu sabia que conseguiria! Parabéns, Reg!” Lucinda se adiantou, o abraçando.

Quando Simmons aterrissou, jogou a vassoura no chão com irritação, e Vanity se aproximou do grupo.

“Acho que temos as posições decididas. Black, você vai ser nosso apanhador. Talkalot, artilheira. Simmons, quero que jogue de artilheira também. Sei que não é a posição que queria, mas vai ser uma boa adição ao time.”

Simmons se acalmou com a decisão, corando e concordando com a decisão de Vanity. Ela fez mais alguns anúncios e os instruiu sobre os treinos antes de dispensar a nova equipe. Evan, com o típico sorriso brilhante e cheio de confiança, se aproximou em passos rápidos enquanto Regulus e Lucinda andavam para fora do campo.

“E aí, Regulus. Talkalot. Parabéns por terem entrado no time!” Cumprimentou, passando um dos braços pelos ombros de Regulus. “Estou ansioso para trabalhar com você, Talkalot. E Regulus, sempre soube que conseguiria!”

“O-obrigada…” Lucinda parecia nervosa com a ideia de Rosier falando casualmente com ambos e olhou para Regulus, que sorria altivo.

“Mesmo?”

“Sim. Digo, você é… compacto. Com certeza seria… aerodinâmico! E como você entrou na arquibancada? Foi incrível!”

Regulus arqueou uma das sobrancelhas, displicente, embora sentisse o rosto quente, sem saber se estava sendo elogiado ou não.

“Obrigado… eu acho.”

A partir disso, Evan sempre lhe cumprimentava. Falavam sobre os treinos, quadribol de forma geral, uma vez até conseguiu dar uma dica em Poções ao rapaz mais velho e às vezes ele perguntava de Bellatrix, mas Regulus não sabia muito sobre a prima além de que ela era o orgulho e esperança da família e que ela tinha uma posição alta entre os seguidores do Lorde das Trevas.

Esse provavelmente era o assunto favorito de Evan. Regulus achava bonito como os olhos dele brilhavam ao falar dos ideais de Voldemort e sentia inveja de quão apaixonado pela causa Evan era: mal podia esperar para lutar ao lado dele e, dizia, vários outros alunos também, havia inclusive um grupo ao qual pertencia e cada vez ganhavam mais adeptos. Torceu o nariz ao ouvir que Mulciber e Avery estavam nele, mas nunca o interrompia. Evan queria se formar logo para juntar-se à guerra e servir, pois Voldemort libertaria os bruxos da clandestinidade e faria o mundo respeitá-los, estavam vivendo uma época de mudança e ele queria fazer parte disso.

Regulus não sabia ao certo o que pensar sobre. Sua família toda dava suporte ao Lorde das Trevas, então era só algo natural em sua vida. Não tinha a mesma paixão de Evan, cujo sentimento parecia fazê-lo brilhar ainda mais, mas na realidade não sabia se tinha algo assim em sua vida, o que quer que fosse. Quando comentou com ele, ele apenas lhe disse que era novo demais e quando estivesse na idade certa, também se sentiria feliz em honrar a família e o nome de Lorde Voldemort. Acabou não se expressando além, embora odiasse ser tratado como criança, e se perguntou se era só pela idade. Quando perguntou a Lucinda, ela apenas deu de ombros e dizia que queria se focar no quadribol e nos estudos, e quando perguntou a Barty, ele franziu o cenho.

“Não sei. Mas se ele vai expor bruxos ruins, é bom, não é?”

Teve impressão de ver uma sombra nos olhos geralmente brilhantes do amigo e automaticamente concordou.

Costumavam fazer dupla na aula de Transfiguração. Às vezes, a professora McGonagall passava alguma tarefa e precisavam transfigurar o objeto e o outro tentar fazê-lo voltar ao normal e ficava dando voltas pela sala para auxiliar os alunos. Regulus havia acabado de transfigurar uma pena em uma caneta e Barty deveria transformá-la de volta quando a bruxa parou ao lado da mesa deles e falou em voz baixa.

“Sr. Crouch Jr., preciso que acompanhe o sr. Filch até a sala do diretor.”

Se entreolharam confusos e viram que o novo zelador da escola estava discretamente aguardando na porta, e Regulus quis perguntar o que o amigo tinha feito, mas ele se levantou dizendo que já voltava, sem saber também o motivo de Dumbledore estar o chamando.

Barty não era o aluno mais aplicado do mundo, às vezes dormia na sala, mas conseguia manter as notas altas ainda assim e Regulus não sabia o que ele poderia ter feito de errado? Mordeu o lábio inferior ao se lembrar do livro na biblioteca e se perguntou se alguém teria descoberto… Se sim, não faria sentido ser só Bartemius, afinal a ideia e o motivo haviam sido de Regulus. Sendo que ainda não teve nem coragem de ler o livro, teve medo de abri-lo em casa (era um livro trouxa! E se sua mãe visse?) e no fim ficou no fundo do armário misturado às roupas, bem escondido até o momento de voltar para Hogwarts, quando o colocou no fundo da mala para não arriscar que ele fosse achado. Como ficou sem dupla, a professora McGonagall ficou junto a ele, porém mesmo assim (ou talvez especialmente por isso) achou difícil se concentrar. Se esforçou, bem suficiente para evitar uma bronca pois, se ela percebeu que estava com a mente longe, nada falou.

A cada minuto, a preocupação crescia. O que teria acontecido com Barty?


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Notas finais do capítulo

Início do segundo ano de Regulus em Hogwarts! Nosso nenê está crescendo *snif* É mais um capítulo de contextualização, novos acontecimentos... enfim! Espero que tenham gostado!
Confesso que estou levemente preocupada, pois meus capítulos prontos estão acabando... e a autora aqui tem um leve problema chamado: escrever quadribol. er
Mas vou me esforçar para manter a frequência de atualizações! Me mandem energias;;
Beijos! ♥



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