Girassol escrita por they call me hell


Capítulo 9
Tentativas


Notas iniciais do capítulo

Aconteceram alguns problemas nos últimos dias, mas consegui postar hoje. :)



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— 9 —

 

Estou novamente na câmara que separa o corredor do Departamento de Mistérios do hall interno. Ainda estou suando frio. É o meu segundo encontro com Calliope e eu nunca ouvi antes sobre qualquer processo seletivo que durasse mais do que um dia dentro do Ministério, ainda que tampouco tenha ouvido qualquer coisa sobre alguém ser entrevistado para tornar-se um Inominável, o que não dizia muito.

Ela me espera no escritório e brinca com um lembrol entre os dedos que tem uma fumaça avermelhada em seu interior, mas que se dissipa assim que ela me vê. Isso me intriga, mas não ouso dizer. Estou ali para dar respostas, não para obtê-las. Porém, não posso negar que tratei de dificultar um pouco as coisas praticando oclumência durante a noite, já que não conseguirá pregar os olhos. Tratei de deixar o jogo mais justo. Sem pistas para mim, sem pistas para ela.

— Sente-se, Granger. É sempre bom confirmar sua determinação, a maioria já teria desistido.

— Você não desistiu no meio do caminho — brinco.

Ela sorri para mim, o maior sorriso que já me deu até agora.

— Quando retornei a segunda vez foi para receber minha mesa.

Não posso dizer se isso é verdade ou não, mas certamente me atinge em cheio.

— Eu sei que você consegue, Granger. Também teria passado de primeira se não estivesse tão focada em apresentar um discurso ganhador de prêmios.

O que ela quer de mim? Entrevistas de emprego são sobre apresentações e o poder de aconvencer. Eu sou ótima com ambos, sei disso. Já apresentei meus maiores feitos, minhas melhores ideias, meus anseios e os meus medos. Estou começando a achar que esse não é o meu lugar. Algo finalmente derrotou a corajosa Hermione.

— Vamos lá, o que você tem para mim hoje?

Resolvo caminhar pela mão oposta hoje e fazer o que nunca fiz, tampouco ouvi sobre alguém ter feito.

— Perguntas.

— Claro, vá em frente.

Pergunto a Calliope sobre o departamento. Ela me diz que esse é o mais antigo de todos, mais antigo do que o próprio Ministério. O registro mais antigo de suas atividades é de 1672, quando comprovou-se através de estudos que a magia é inata. Se nasce bruxo, não se pode tornar um. O único assunto com o qual o departamento não está autorizado a se envolver, segundo ela, é a viagem no tempo. Depois de um acidente que desregulou os dias e mudou o presente de forma drástica, tornou-se impensável viajar para o passado ou para o futuro.

Eu sei de todas essas informações, mas finjo estar muito interessada. Ela me pega desprevenida.

— Mas você já sabe de tudo isso, por que me pergunta?

E, mais uma vez, eu me sinto perdida. A enrolo com outras perguntas enquanto estudo o escritório ao meu redor, mas ela me responde de forma vaga, visto que não pode me oferecer muito sem que eu tenha sido aprovada. Depois de uma longa conversa, ela sugere que eu volte na manhã seguinte e saio, mais uma vez me sentindo insuficiente.

 

No final do dia, me encontro com Gina na sua casa, onde ela prepara salada de macarrão. Harry está tomando banho e eu nem mesmo pisei na minha casa ainda. Decidi que preciso falar com alguém sobre o que está acontecendo ou ficarei louca.

— Então essa Calliope está te testando de todas essas formas e você não sabe o que ela quer — Ginevra diz, pensando o melhor que pode. — Por Merlin, pergunte a ela o que você precisa fazer para ter o cargo. Não vejo nada mais que você não tenha tentado.

— Eu não acho que ela me daria a resposta assim tão fácil.

Gina termina sua salada, colocando-a sobre a mesa.

— Eu não sei o que te dizer, Hermione. Sinceramente.

É horrível dizer, mas eu não esperava exatamente que Gina fosse ter a resposta. Não a subestimo, mas... estamos falando de algo que foge de qualquer expectativa ou experiência comum.

— Se nada do que você diz parece ter efeito e nada do que pergunta ajuda em algo, talvez o objetivo seja outro — Harry diz, surgindo pelo corredor com uma toalha a secar os cabelos.

— O que quer dizer com isso?

A pergunta de Gina também é a minha pergunta.

— Talvez seja um teste, não uma entrevista. E talvez para passar você não precise dizer algo específico,, mas sim fazer alguma coisa. Só não sei o que pode ser.

Me pego pensando nisso e vejo que há uma grande possibilidade de ele estar certo. Sou tão acostumada com a ideia de ter que me provar e de usar as melhores palavras que sei para isso que não havia considerado a hipótese. Se Calliope realmente sabe o suficiente sobre mim, acertou em cheio na sua proposta.

— Lembra de todos os testes pelos quais passamos? Aquele no primeiro ano, por exemplo. Ou quando ligou os pontos para descobrir sobre o basilisco e sobre Lupin ser um lobisomem.

Sim, sei onde você quer chegar. Você está me iluminando. Estou quase lá.

— Eu acho que já sei a resposta — falo triunfante.

 

Em casa, estou jogada na cama apenas com uma grande camiseta e roupa de baixo, o mais confortável possível. Ainda estou pensando no que Harry disse. Espero que a resposta que encontrei seja a correta e estou ansiosa para testá-la.

Minha campainha toca. Ainda são sete da noite, consideravelmente cedo, mas não esperava visitas. Me levanto com a certeza de que trata-se de Gina e abro a porta. É Fred que está ali.

— Uou. Esperava te ver assim apenas depois do nosso casamento, mas não estou reclamando.

Extremamente envergonhada, o deixo entrar e corro até o quarto para vestir calças. Quando retorno, ele está sentado no meu sofá e tem algumas cervejas.

— Gina disse que você desistiu do jantar porque precisava pensar — diz ele, jogando uma cerveja para mim. — E eu achei que talvez você precisasse relaxar um pouco. Você pensa demais, Mione.

Ele está certo e eu acho ótimo me sentar no sofá com companhia para variar. Assim, tomamos uma porção de cervejas até que eu comece a perder a conta.

— As coisas no Ministério estão me deixando louca.

— Harry me contou, mas não pense nisso agora. Apenas beba e dê algumas risadas.

Ele não precisa me pedir, é extremamente fácil fazer isso na sua companhia.

Conversamos um pouco sobre a loja e digo como fiquei encantada com o seu interior. Ele me repreende por nunca ter entrado nela antes, principalmente quando seus irmãos vão lá o tempo todo, e me desculpo por isso.

— Nós nunca imaginamos que seria o sucesso que é — ele me diz, bebericando sua cerveja. — Foi um risco grande, mas fico feliz que decidimos fazer isso. Não é como se eu conseguisse me imaginar fazendo outra coisa.

— Definitivamente não consigo te imaginar no Ministério ou no Gringotts — dou uma risada, ainda que saiba que essas não são as únicas opções.

— Vê? — ele ri junto. — Mas eu definitivamente ficaria muito bem com aquele jaleco do Saint Mungus.

Faço uma careta.

— Você está muito melhor assim, confie em mim.

— Mamãe disse que encontrou o Malfoy lá. No Saint Mungus — Fred me olha como se estivéssemos falando sobre a existência de alienígenas. — Dá para acreditar?

— É uma boa redenção, no final de tudo.

Eu nunca gostei de Draco Malfoy. Seu nariz empinado, suas vestes engomadas e os amigos que mais pareciam capangas ao seu lado me davam nojo. Ainda assim, hoje em dia eu conseguia entender perfeitamente porque ele era assim. Gostaria de dizer que sinto muito. Que sei que ele também foi uma vítima, ainda que ao seu próprio modo. Porém, nunca mais o vira.

— É, talvez seja mesmo.

Ficamos em silêncio por um momento.

— Lembra quando você acertou um soco no nariz dele?

Solto uma gargalhada. Sim, me lembro disso.

— Vocês atormentaram ele por uma semana inteira.

— Quem diria que Hermione tem um gancho desses, hein George? — ele diz, repetindo exatamente a mesma coisa que dizia toda vez que o via pelos corredores naquele ano.

Minha barriga dói de rir.

— Mas a melhor de todas foi quando vocês tentaram enganar o Cálice.

— Pareceu uma boa ideia na época, precisava tentar — ele dá de ombros. — Quantas pessoas podem dizer que tentaram?

— Não muitas, eu espero.

Ele concorda comigo, jogando a cabeça para trás. Ela apoia no sofá e deixa os seus cabelos bagunçados. O olho estudando cada mínimo detalhe. As sardas no seu nariz e a cor dos seus olhos me lembram seus irmãos, mas ele tem uma espécie de aura própria. Ele sempre parece um pouco corado também. Acho isso adorável.

— Hermione?

— Sim?

Ele respira fundo.

— Você às vezes também acha um saco toda essa coisa de ser um adulto?

Concordo com um aceno, então me lembro de que ele não pode vê-lo, pois está encarando o meu teto com muita atenção.

— A maior parte do tempo, ainda que eu não tenha tido uma adolescência lá muito convencional.

Ele se endireita no seu lugar, me encarando.

— Tenho começado a me preocupar com mamãe e papai. Estamos todos ocupados o tempo todo — ele suspira. — Se Ron se mudar de lá, penso em, talvez, voltar para casa. Seria bom para mim também.

— Acho que estamos todos um pouco sozinhos, de uma forma ou de outra.

Ele suspira outra vez, seu rosto agora muito mais sério.

— Do jeito que as coisas estão indo, não duvido que George começará a falar sobre casamento algum dia desses. Achei que as coisas seriam diferentes. Que faríamos coisas para a loja durante anos, dividindo nosso apartamento e enchendo nossos sobrinhos de presentes antes de nós mesmos pensarmos em ter nossas famílias — ele termina a sua cerveja, pegando outra logo em seguida. — George está virando um chato.

— Ele se apaixonou e você também vai se apaixonar uma hora. Acontece. Nem por isso vocês precisam deixar de tocar a loja juntos.

— Eu sei. É só que... nunca houve nada nos afastando antes. E nada mais importante do que os logros, definitivamente.

Eu entendo o que ele quer dizer.

— Eu, Hermione Granger — começo a dizer, apontando um dedo para ele. — Te receito uma namorada para curar dor de cotovelo.

Ele está profundamente ofendido, eu posso ver.

— A senhorita não sabe o que está dizendo, doutora. Está louca.

Ergo ambas as sobrancelhas para ele.

— Eu estou certa. Você só precisa ocupar essa cabeça da mesma forma que seus irmãos estão fazendo e assim vai parar de enchê-los.

— Ouch! — ele grita, fingindo um ferimento no peito.

Dou risada do seu drama. Posso estar exagerando, visto que não tenho irmãos para entender o que ele está passando, mas é o melhor que posso fazer. Não quero entrar em uma conversa séria e melancólica com Fred, uma brincadeira como essa faz mais o tipo dele.

— Eu não tenho muita certeza sobre isso. Sua teoria parece falha.

Eu o olho atentamente. Não sei por que, mas decido que ao invés de ficar debatendo o assunto, posso simplesmente comprovar a tese.

E assim eu beijo Fred Weasley pela primeira vez.

Não é um beijo urgente, tampouco apaixonado. É um beijo curioso de quem quer conhecer a textura dos lábios e descobrir se o estômago se encherá de borboletas. Quero saber se o beijo de Fred me fará querer rir de alegria ou se será como o de Ron que me deixou com um estranho nó na garganta.

De início ele não corresponde, talvez sem entender o que está acontecendo, e meus lábios apenas pousam sobre os seus. São quentes e parecem encaixar perfeitamente nos meus, ainda assim. Quando me retribui, sinto uma pressão leve que faz minha boca formigar. Ela se abre, deixando que as línguas se enrosquem e ele leva seus dedos até os meus cabelos bagunçados. É diferente. Definitivamente diferente. Porém, me afasto logo.

— Acho que provei meu ponto — digo mais para mim mesma, meus olhos castanhos muito abertos, muito atentos aos seus assim tão perto.

Penso que ele talvez vá me beijar de novo, pois deixa de me olhar nos olhos para observar minha boca. Seus lábios ainda estão entreabertos, ele parece estar processando o ocorrido.

Então ele volta a se encostar no sofá, rindo. Um riso muito mais leve.

— Sim, você provou seu ponto.

Você nem sabe o quanto, Fred Weasley.

Apesar de um beijo como esse, repentino, ter o poder de causar catástrofes, não estraga nosso momento. Voltamos a beber como se não fosse estranho eu tê-lo beijado. Será que não foi? Como se estivesse destinado a acontecer uma hora ou coisa do tipo.

Ele me olha como se soubesse o que estou pensando.

— Quando nos casarmos, isso vai acontecer o tempo todo. Sou um bom beijador.

Eu rolo os olhos para ele, rindo.

— Não tive tempo de atestar esse tipo de coisa.

— Podemos nos beijar de novo. Leve o tempo que precisar.

Eu não esperava por um convite como esse, mas agora que ele veio, sinto que estou no controle da situação. E estando no controle, não quero fazê-lo. Eu queria provar um ponto e o provei. Seu beijo não fez borboletas voarem loucamente pelo cômodo e nem poderia: eu não sou apaixonada por Fred. Não foi um beijo de amor consumado. Ele também não é apaixonado por mim e é aí que a magia reside. A partir desse ponto, gostando dele e de suas qualidades, eu posso escolher me apaixonar ou não. Depende apenas de mim.

— Um dia talvez.

Ele me faz um bico, falsamente decepcionado.

— No nosso casamento. Tudo bem, posso esperar.

— A paciência é uma virtude.

Então deixamos isso para lá. Ele pega outras duas cervejas na minha geladeira e entrega uma delas para mim. Voltamos a conversar normalmente e eu fico mais tranquila. Felizmente, Fred é um cara legal e pouco apegado às coisas, de forma que não interpreta erroneamente o que aconteceu e não transforma isso em algo que não existe. O clima continua tranquilo entre nós.

— Como estão as coisas na loja? — questiono, realmente interessada.

— Uma loucura. Conversei com George hoje e decidimos começar a procurar por alguém para nos ajudar, mas para isso precisamos conseguir entrevistar alguém. Foi por isso que falei com Gina, ela vai nos dar uma força durante a sua folga de final de ano.

— Isso é ótimo — digo, bebendo outro gole. — O movimento deve ser maior agora com a aproximação de dezembro.

Ele murmura em concordância, tomando sua cerveja.

— Você vai para a Toca no natal ou vai ficar com seus pais esse ano?

Não havia pensado sobre isso ainda. Eu costumava passar a véspera com os Weasley e o natal com meus pais, que preferiam um almoço do que uma ceia.

— Meus pais não possuem amigos próximos, apenas colegas de trabalho. Não consigo deixá-los sozinhos.

— Os meus também não. Mamãe raramente deixa a casa e quando o faz é apenas para comprar algo para ela, e papai agora está focado em um projeto maluco no Ministério. Gostaria que eles aproveitassem um pouco mais a vida, já que sempre comentam sobre amigos da época de Hogwarts que nunca mais viram.

Isso me dá uma ideia.

— Talvez eu possa levar meus pais para a Toca, seria bom para os quatro. Porém, não imagino que eles concordariam com facilidade, já que atravessar uma lareira é bastante estranho para eles.

Fred ri, imaginando o que quero dizer.

— Talvez meu pai consiga uma chave de portal, mas não sei se isso melhora muito as coisas.

Combinamos que eu falarei com meus pais e ele com os seus, como se estivéssemos de volta à adolescência e quiséssemos ir para uma festa que não nos deixariam ir. Fico animada e agradeço Fred pela visita que evita que fique pensando demais nas coisas e passe outra noite em claro. Ele diz que está à disposição e que sou como sua segunda caçula, ficando feliz em ajudar. Além do mais, George o está irritando com todo o papo sobre Angelina.

Nossa amizade surgira após Hogwarts e parecia estreitar cada vez mais. Nesse momento, podia considerar Fred tão próximo quanto Ron e isso era bom, já que seu jeito divertido me fazia deixar de ser tão dura com a vida.

Nos despedimos pouco depois e o acompanho até o portão, o vendo seguir pela rua até a loja. O assistindo ir, acabo vendo meu vizinho de relance que entra em sua casa e o cumprimento com um aceno.

 

* * *

 

Ginevra fica louca quando a chamo pelo espelho no final da noite e conto que beijei seu irmão. Por mais que eu explique todos os detalhes e pensamentos sobre isso, ela só consegue focar no ponto em que nossos lábios se tocaram. Eu poderia não ter contado, seria muito mais fácil, mas sinto que devo isso a ela de alguma forma. Ela sempre me contou sobre todos os rapazes que se envolvia de qualquer forma.

— Repita comigo: Hermione não está apaixonada por Fred. Ela apenas o beijou para ver como seria.

Ela rola os olhos para mim.

— Eu sei disso, mas, por favor, vamos focar no fato de que a partir de isso já é um milagre, vindo de você?

— Certo, mas não quero me apaixonar agora. Tenho coisas a fazer antes, você sabe disso.

Ela come um biscoito e apenas me olha. Sei que está me julgando.

— Fred se encaixa na categoria de bom partido, eu sei. Não precisa me convencer disso. E eu o beijei, achei bom — meus ombros sobem por um instante ao dizer. — Mas não é só isso. Um relacionamento precisa ser construído aos poucos ou as pessoas dizem coisas bonitas no calor do momento, mas quando tudo esfria, descobrem que não era bem assim que se sentiam.

— Eu sei. Definitivamente namorar com Harry não é o mesmo que ter me casado com ele, as coisas são diferentes. Existe um dia-a-dia no meio disso agora e nós estamos ali, sempre. Não posso escolher vê-lo apenas quando estamos nos nossos melhores dias e nem sempre estamos fazendo coisas incríveis. Às vezes há apenas o sofá e um sentimento profundo de tédio — ela confessa, dando ainda mais razão para o que eu penso. — Ainda assim, não é algo ruim. A beleza do amor está em se sentir confortável com alguém até mesmo quando se está em silêncio, sem fazer nada. Me sinto grata por ter Harry na minha vida mesmo quando estamos em dias ruins.

— É isso. Isso precisa ser construído e leva tempo, você sabe.
Gina concorda com um aceno, comendo outro biscoito.

 

* * *

 

George tem o queixo no chão. Talvez precise se abaixar para recolhê-lo e isso me faz rir. Nós sempre fomos muito abertos um com o outro e nunca escondemos nada nem quando tentávamos, pois é completamente impossível. Conhecemos cada mínima ruga de preocupação, medo ou ansiedade no rosto um do outro. Então, contei a ele sobre Hermione ter me beijado, é claro. Ele parece completamente incrédulo.

— Você não está falando sério, ela nunca faria isso — me diz, tomando seu chá. É puro, sem açúcar, e isso faz meu estômago revirar um pouco.

Apoio meus cotovelos nos braços da poltrona e uno aos mãos abaixo do queixo, um pouco pensativo.

— Pois acredite, ela o fez. Não acho que tenha significado muito, ainda assim. Apenas estávamos conversando sobre coisas da vida adulta, sabe? Eu disse que me preocupava com você um dia se casar e as coisas na loja se tornarem diferentes, então ela disse que eu precisava de uma namorada para me distrair também.

George ergue uma das sobrancelhas para mim.

— Supondo que isso seja real e você não esteja louco, o eu acho que está, então ela te disse que você precisava de uma namorada e depois te beijou. Isso me parece uma dica, parceiro.

Eu não pensei isso quando ela o disse. Pareceu natural e despreocupado. Porém, agora que George diz isso, parece que eu é que perdi algo.

— Depois que eu disse que sua teoria parecia falha e ela me beijou, me disse que tinha comprovado seu ponto.

Ele ergue um pouco mais a sobrancelha.

— Isso é legal, porém, lembre-se de que ela é a melhor amiga de Ron e Gina, é zona proibida. Se vocês se envolverem de qualquer forma e der errado, o que é sempre uma opção, você vai arranjar encrenca com nossos irmãos e acabar com muitos eventos familiares em que estará presente.

Faço uma careta. Também não havia pensado nisso.

— É, você tem razão. Não posso arriscar isso.

Ao contrário do que espero que faça, ele continua:

— Talvez você possa deixar as coisas fluírem normalmente, sem expectativas, e se no futuro ela der sinais mais sérios e seguros, diminuindo o risco, o jogo muda.

Ele vê estampado na minha cara que estou pensando sobre.

— Ora, vamos lá! Ela já te deu algumas as dicas, não decepcione.
— Não estou — balanço a cabeça, rindo. Não é como se eu estvesse apaixonado por ela. — Eu já a ouvi dizer inúmeras vezes que enquanto não tiver resolvido as coisas no Ministério e se sentir satisfeita, estável, não se envolverá com ninguém. Até lá, estamos seguros.

— Na pior das hipóteses vocês vão se divertir juntos bebendo algumas cervejas e isso pode convencê-la com o tempo. Quando chegar a hora, vai perceber que ficar esperando o momento perfeito é besteira.

— É uma boa ideia.

— E se isso nao acontecer, saia com outra garota. Simples.

Olho para George e respiro fundo. Vou fazer isso e manter as coisas como estão. Continuo intrigado com a razão pela qual ela fez isso, visto que não condiz com a sua personalidade, mas também não acredito que signifique qualquer coisa e deixo para lá.

Brindamos, eu com chá e ele com café. Termino minha xícara e vou dormir, sabendo que o dia seguinte virá e nada disso terá importância.


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Notas finais do capítulo

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