Girassol escrita por they call me hell


Capítulo 1
Casamento


Notas iniciais do capítulo

Olá! Passei muito tempo sem escrever e resolvi retomar essa paixão, então não pude evitar voltar para essa que sempre foi a minha história preferida. Resolvi excluir os capítulos para repostá-los com cenas novas, além dos novos capítulos que virão. Espero que gostem.



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— 1 —

 

Choro abertamente. Um gemido agudo é sufocado na minha garganta, mas o soluço que ele produz parece quase o uivo de um cão. Alterno entre fungar, soluçar e respirar vez ou outra. As lágrimas ensopam minhas bochechas e sei que, à essa altura, elas já devem estar avermelhadas. Sou um completo desastre.

 

Então olho para frente e escuto alguém dizer:

 

— Eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

 

Assisto o beijo mais apaixonado que já vi em minha vida. Ele me lembra das muitas cenas românticas que já assisti em filmes, ainda que o romance não seja nem de longe o meu gênero favorito, e não consigo evitar as lembranças em minha mente. Me sinto feliz por ter tido a oportunidade de presenciar uma história assim na vida real e, de certa forma, me sinto mais confortável com o papel de expectadora do que com o de protagonista.

 

Harry não foi a primeira escolha em minha mente para uma amizade quando ainda éramos crianças em Hogwarts. Na primeira vez em que vi ele e Ron de perto eles me fizeram chorar, mas lutar contra um trasgo quando se têm apenas onze anos é algo que aparentemente pode unir pessoas muito melhor do que gostar das mesmas músicas. Já Ginevra foi um porto seguro no meio da tempestade. Quando eu me sentia solitária ou desconfortável por ser uma nascida-trouxa aprendendo sobre o mundo bruxo, ela estava lá para me explicar o que fosse preciso e me lembrar de que havia alguém por mim incondicionalmente. Ver os dois finalmente unindo suas vidas após tantos anos de altos e baixos é como receber um final feliz em longo livro. Reconfortante, eu diria.

 

Depois do longo beijo e de muitos aplausos, Ginevra joga o buquê de girassóis para um grupo de garotas eufóricas. Sem condições de participar dessa luta de punhos, assisto Luna Lovegood agarrar as flores em pleno voo e saltar feliz, olhando para o namorado sentado na mesa. Ele dá um sorriso torto e por sorte não faz qualquer piada boba sobre querer fugir dela após isso, caso contrário eu teria que azará-lo. Satisfeita, Gina se volta para o agora marido, Harry, com um sorriso. Ele coloca suavemente sua mão ao redor da parte posterior do pescoço dela e a segura mais perto. Eles sorriem, lábios nos lábios, e eu sorrio também.

 

É tudo tão lindo, então eu volto a chorar. Muriel, a tia-bisavó de Gina que está sentada ao meu lado, me olha com a maior expressão de desgosto que é possível se fazer com um rosto rechonchudo e centenário. Ela me olha com uma mescla de preocupação e medo, e eu me lembro de quando Gina e eu conversamos há muitos anos sobre como ela podia ainda estar viva. Parecia um fantasma que não percebeu que já estava morto e continuava a andar por aí entre os vivos.

 

Trato de falar através da minha trabalhosa respiração e soluços, olhando-a de canto, mas é difícil.

 

— É simplesmente lindo. Tão lindo. E feliz.

 

Soluço de novo, dessa vez mais forte. Me afundo na cadeira de uma maneira totalmente imprópria pra uma dama, mas não ligo pra isso e deixo escapar um lamento baixo.

 

— Por Merlin, você está péssima.

 

O rímel molhado faz com que meus cílios grudem. Quando me dou conta de que a pessoa que disse isso é Gina, levanto meu rosto para ela e curvo os lábios em uma tentativa de sorriso.

 

— Você está tão bonita — digo enquanto tento enxugar as lágrimas. — Maravilhosa. Eu estou tão feliz por vocês.

 

Ginevra me entende. Ela sabe que naquele momento eu estou completamente emocional porque Harry foi o meu melhor amigo desde a infância, assim como ela. Houve um tempo em que não imaginava que os dois acabariam se casando, mas em algum momento isso se tornou óbvio e agora era real. Ela parecia pensar o mesmo, deixando seus lábios estremecerem e seus olhos se encherem de água também.

 

— Obrigada, Hermione.

 

Uma primeira lágrima cai e, antes de me dar conta, estamos abraçadas e chorando de tal forma que formamos um dueto, soando como um par de chimpanzés.

 

Caso você não saiba, eu sou péssima com casamentos. É a mesma coisa toda vez: me dou um sermão, como se isso de alguma forma fosse conter as lágrimas e, no geral, antes que cortem o bolo já estou com maquiagem por todo o rosto e os olhos inchados.

 

Hoje, porém, está sendo pior. Hoje é o dia especial da minha melhor amiga, da minha irmãzinha. Toda a família Weasley está reunida e eu posso chutar que esse é o casamento com mais padrinhos da história. Dois deles são Gui e Fleur que casaram há alguns anos. São um casal belíssimo e, de certa forma, eu sinto que já os conheço minha vida toda. Eles são a minha família e nem todas as famílias são de sangue. Algumas são unidas por amor e boas lembranças.

 

Agora, Percy e Audrey nem sempre gostaram um do outro. Eles eram um desses casais que ninguém jamais diria que seria um casal, pois nada parecia combinar entre os dois. De fato, eles se desapreciavam mutuamente. Em algum momento que nunca saberemos dizer quando ou como foi, passaram a sentir uma atração, talvez porque já estivessem cansados de brigar o tempo todo, e por mais que tivessem lutado contra ela durante muito tempo... Tornou-se inevitável. Quando finalmente se juntaram, foi como um choque explosivo. Literalmente. Não foi bonito. Não da típica forma romântica que idealizamos, isso é certo. Lutaram até que não puderam mais. Conhece o ditado que diz que há uma linha tênue entre o amor e o ódio? Bem, eles cortaram essa linha e as emoções se tornaram uma só. E aqui estão, juntos. Isso torna Ginevra a terceira dos irmãos a se casar, dando um grande baile em seus quatro irmãos mais velhos e, aparentemente, para sempre solteirões.

 

Alguém puxa meus braços para longe de Gina e me leva sutilmente para longe. Dou uma olhada através de um dos meus olhos inchados para encontrar Molly que me acalma esfregando minhas costas com doçura. Ela procura não fazer contato visual comigo, sabendo que só pioraria as coisas, e juntas deixamos o jardim e adentramos a Toca.

 

— Oh, minha querida... — ela suspira, me sentando em uma das cadeiras da cozinha enquanto a festa começa lá fora, no vasto quintal. — Tome, vamos dar um jeito nisso.

 

Ela me dá uma porção de lenços de papel e me ajuda a limpar o rosto borrado.

 

— Eu pareço ter sido picada por abelhas, não é?

 

Ambas rimos e ela concorda, meio sem jeito. Não a culpo por isso de forma alguma.

 

Molly some por um instante, me deixando sozinha e isso me faz questionar como serão as coisas por ali a partir de agora. Quando ela volta, não ouso perguntar. Sei que sentirá falta da sua caçula pelos corredores, agora que Gina terá sua própria casa com Harry. Ao invés disso, procuro me ajeitar na cadeira e vejo que ela trouxe consigo minha bolsa de maquiagem que ficara guardada no armário do banheiro. Ao invés de utilizar sua varinha, ela começa a me maquiar à forma antiga, talvez para dar tempo suficiente para eu me acalmar.

 

Molly é ótima com essas coisas, ainda que ela mesma raramente utilize qualquer coisa no rosto. Segundo Gina ela havia sido uma jovem linda e muito vaidosa, mas hoje em dia apenas usufruía de seu talento com maquiagem em ocasiões especiais como essa.

 

— Agora que Gina se casou, o amor está no ar... você com certeza encontrará alguém também.

 

Com os olhos fechados, não coloco muita fé nas palavras dela.

 

— Eu acho que ainda não. Também não tenho feito muito esforço, você sabe.

 

Molly ri pelo nariz, sabendo que é verdade. Não sou lá o tipo de pessoa que sai muito de casa e não creio que alguém baterá na minha porta qualquer dia desses. Ela permanece em silêncio por um momento, mas posso sentir que quer dizer algo.

 

— Não espere muito tempo — ela para de me maquiar e, em resposta, abro os olhos para vê-la. Está com uma expressão doce, mas ainda assim séria. — Não quero que se arrependa no futuro por ter adiado sua felicidade, Hermione.

 

Eu entendo o que ela quer dizer, mas isso não muda o modo como as coisas são.

 

— É um pouco difícil ter encontros nesse momento, sabe? Finalmente estou começando a colher os frutos de ter me formado e acho que vou conseguir uma promoção em alguns meses. Eu preciso me concentrar na minha carreira. A ideia de ter um namorado nesse momento já me deixa exausta.

 

Seus dedos agarram meu queixo, elevando meu rosto para fitá-la à mesma altura.

 

— Desculpas.

 

Não entendo e ela vê isso em meu rosto.

 

— Está arranjando desculpas — sua risada preenche o cômodo e ela volta a aplicar um tom rosado em minhas bochechas. — O que acontece se encontrar a pessoa adequada e dar as costas, decidir apenas pela sua carreira? Quando chegar o momento de desfrutar a vida de forma mais lenta, verá que essa pessoa não te esperou. E nem deveria esperar, porque você foi egoísta. Você se ressentirá, querida. Não é impossível equilibrar as coisas.

 

Ela pega a minha mão e respira fundo.

 

— Eu disse isso à Ginevra um dia, da mesma forma que estou dizendo a você agora. A vida adulta pode ser assustadora e cansativa às vezes, e ter alguém ao nosso lado pode tornar o peso mais leve — suas sobrancelhas ruivas se ergueram para mim. — Isso pareceu acordá-la para a realidade. Harry não iria esperar que ela vencesse todo um circuito de quadribol para finalmente dar atenção a ele.

 

Minha maquiagem está pronta. Sei disso pela forma como Molly me confere antes de me puxar pela mão para levantar. Ela me abraça e me sinto muito melhor.

 

— Pense nisso, menina.

 

Eu a abraço também, grata por ter Molly em minha vida.

 

— Eu prometo pensar.

 

Nos afastamos devagar e ela guarda os pincéis de volta em seu lugar.

 

— Agora vá dançar um pouco, converse com as pessoas — ela move os ombros, enfatizando o que diz. — Existe uma porção de Johnnys por aí.

 

Uma gargalhada divertida escapa pelos meus lábios. Me lembro do dia em que trouxe alguns filmes trouxas para assistirmos enquanto os garotos acompanhavam Arthur em sua primeira vez no cinema trouxa, onde assistiram algum filme genérico de ação que não nos interessara. Na Toca eu apresentara Johnny Depp à Molly através de Cry Baby e, desde então, os garotos bonitos, ardentes, passaram a ser chamados de Johnnys. De fato, eu ainda tenho um pôster do Johnny Depp colado no meu velho guarda-roupas. Eu te amo Johnny, eles nunca serão como você.

 

— Não há nada de mal em um pouco de flerte aqui ou ali.

 

Eu balanço minha cabeça em negação, rindo, mas sei que ela tem razão. Reviro meus olhos mentalmente para mim mesma. Aqui estou, chorando e fazendo manha, quando poderia estar dançando com um Johnny. Onde estão minhas prioridades?

 

Deixo Molly guardar minha maquiagem no banheiro outra vez e saio da cozinha com pressa. Logo que me bate o ar fresco, fecho os olhos e respiro. Quando os abro novamente, sorrio. Está tudo incrível. Gina não quisera nada muito complicado, indo pela ideia de que "menos é mais". Sempre um triunfo, se me perguntar. Ela apenas quisera alguns detalhes em amarelo, e petiscos ao invés de um jantar pesado. O clima estava quente, perfeito.

 

O jardim da Toca fora escolhido como local da celebração tanto pelo seu tamanho que comportaria tantos convidados quanto pelo valor sentimental em si. Haviam flores em todo o lugar e pequenas luzes iluminando as mesas com toalhas brancas e amarelas, onde os convidados conversavam. Também havia um grande espaço onde as pessoas dançavam e um bar servindo drinks maravilhosos.

 

Vejo tudo ao meu redor com atenção dobrada, como se quisesse gravar cada detalhe na memória. À minha esquerda, Fleur com sua grande barriga de grávida segura a mão do marido. Um garçom passa por eles e os olhos de Fleur seguem a bandeja de comida. Gui, sendo Gui, segue o olhar dela até o garçom e escapa entre os convidados. Alguns segundos depois, ele volta com a bandeja inteira de tortinhas de abóbora, sorrindo para a esposa. Fleur olha a bandeja rindo, se senta em uma cadeira próxima e a coloca sobre a mesa. Ela olha para Gui e vejo seus lábios formando as palavras "te amo". Ele não responde com a voz, mas se abaixa para beijar-lhe a testa. Dói meu coração ver coisa tão bela. Espero ter um amor como esse algum dia. Não aceito menos do que isso.

 

Os noivos param ao lado de Fleur e Gui. Gina dá um grande copo de suco de maçã para a cunhada antes de se agachar diante da proeminente melancia que é a barriga dela nesse momento. Ninguém sabe ainda qual o sexo do bebê, então os palpites estão à toda.

 

Assisto tudo, encostada no batente da porta, até perceber que o grupo está sendo seguido de perto por um Johnny. Ele está definitivamente um Johnny com seu conjunto elegante de festa, calça preta e camisa cor de vinho, os primeiros botões abertos por conta do calor e as mangas dobradas até os cotovelos. Fred Weasley - sei que é ele porque tem os cabelos um pouco mais longos, ao contrário de George que os deixa um pouco mais curtos - desliza sorrateiramente por trás de Gina, sorrindo com a expressão mais travessa e perigosa que pode ter em seu rosto. Prevejo o desastre. Sem aviso prévio, ele levanta a irmã da sua posição, segurando-a pelas axilas. Não posso evitar rir, já que Gina se contorce de cócegas e reclama pelo susto, enquanto Harry permanece parado como um pamonha. Fred não se importa com os resmungos dela. Ele envolve Gina em um abraço e salpica suas bochechas com beijos, começando a balançar os pés no ritmo da música. Menos mal humorada, Gina diz algo que não consigo compreender enquanto dança com ele.

 

Por um momento, estou com ciúmes. Não de Fred, não o vejo dessa forma, mas da família incrível que eles são. Convivo com ela desde criança e por mais que Molly e Arthur sempre tivessem me tratado tal qual a seus filhos, parte de mim desejava ser parte dela de verdade, ainda que eu também amasse e admirasse muito os meus pais. Infelizmente, as situações extraordinárias da minha própria vida - como a bruxaria e a guerra - haviam me tirado muito tempo com meus pais e eles, é claro, não puderam me dar valiosas lições que tive que aprender da forma mais difícil. Gostaria de ter tido uma adolescência normal, mas não ficaria me martirizando por isso.

 

Ali assistindo os Weasley, me sinto como a garota estranha olhando o grupo popular da escola. Então, procuro desviar o olhar para um Johnny que me agrade e vejo que há três ou quatro caras muito agradáveis entre os convidados. Eu poderia dar uma chance, quem sabe. Por mais que um relacionamento não fosse minha prioridade no momento, mas sim meu início de carreira, Molly estava certa em dizer que eu não precisava necessariamente fugir por completo disso. O equilíbrio era possível.

 

A verdade é que houve um tempo em que todos achavam que eu e Ron acabaríamos juntos, mas eu nunca acreditei nisso. Apesar do beijo desajeitado que ele me deu uma vez e da minha tentativa de gostar dele após isso, éramos próximos demais, amigos demais. Eu olhava para ele e via um irmão, assim como Harry. Ron era um ser assexuado na minha cabeça. Lembrar da vez em que ele vomitou lesmas ou de como sua profundidade emocional era tão rasa quanto a de uma colher de chá apenas tornavam esse pensamento mais forte. Nunca teríamos dado certo juntos. Ron era o tipo de rapaz que precisava de uma mãe e ainda que eu pudesse ser uma, ajeitando cada mínimo pedaço da sua vida desleixada, me sentiria cansada disso muito rápido, já que nem a própria Molly conseguira colocá-lo nos eixos.

 

Ainda assim, Arthur costumava brincar vez ou outra que um dia tanto Harry quanto eu faríamos parte de vez da sua família. "É o destino, vocês vão ver", dizia ele. Confesso que eu também acreditava um pouco nisso. Seria o final perfeito para uma história, não seria? Então, a partir daí, comecei a analisar os outros irmãos de Gina com novos olhos. Charlie vivia longe demais, era apaixonado demais pelos seus dragões e, bem, era o que eu menos conhecia de todos. E era muito mais velho, certamente. Percy era sem graça demais, tão sem graça que eu nem conseguia tecer qualquer outro comentário à respeito, já que ele apenas falava sobre seu trabalho no Ministério. O tempo todo. George dava em cima de garotas demais. E Fred... bem, Fred era quase tão Johnny quanto o próprio Johnny.

 

Eu não tinha muita paciência para toda a burocracia de conhecer pessoas novas - principalmente quando parecia que a maioria delas já sabia de toda a minha história de vida ou, pelo menos, achava que sabia e criava a partir disso sua versão idealizada de Hermione Granger -, então se eu tivesse que escolher entre alguém que já conhecesse - o que, definitivamente me pouparia um grande trabalho, diga-se de passagem - esse alguém provavelmente seria Fred Weasley. É verdade que não éramos muito próximos durante a adolescência, mas Voldemort não me deixara ter muito tempo livre para fazer o mesmo que meus colegas, de qualquer forma. Porém, a vida adulta acabara nos tornando algo próximo de bons amigos. Sendo seus dois irmãos caçulas os meus melhores amigos, junto de Harry, acabávamos nos vendo com frequência em almoços, jantares e ocasiões especiais. E agora que eu não tinha mais a constante preocupação de uma guerra nas costas, posso olhá-lo melhor e devo dizer que ele consegue marcar pontuação em quase todas as categorias. Os anos haviam feito bem à ele e ainda que mantivesse sua essência travessa e por vezes um tanto quanto inconsequente, Fred se tornara maduro e confiante. E eu jamais diria à ele, mas seus projetos de logros envolviam um grande conhecimento de feitiços, digno de elogio.

 

Eu passo os seguintes minutos olhando Fred deixar Gina e conversar um pouco com o grupo antes de ir até George apenas para cutucá-lo nas costelas, fazendo-o passar vergonha na frente de Angelina, colega da irmã no time de quadribol das Harpias. George está flertando com ela de um jeito tão óbvio que ou ela se diverte com isso ou gosta muito de alimentar o próprio ego. Talvez ela esteja afim dele também, quem sabe? Na realidade, eu não gosto muito dos homens que flertam, mas eu até aprecio os flertes bem humorados.

 

Vejo Molly saindo pela porta lateral com seu novo penteado e vestido de festa, e ela caminha até seus filhos gêmeos. Se me ver isolada em um canto puxará minha orelha, então essa é a minha oportunidade.

 

Enquanto eu me aproximo, Molly é conduzida para um giro completo por Fred que parece elogiar como ela está linda com seu vestido lilás. Arthur se junta à eles, boquiaberto com a esposa. Cada passo que eu dou faz meu estômago ir de um lado para o outro em antecipação. Alguns passos antes de chegar até eles, limpo minha garganta e Molly abre um grande sorriso ao perceber que estou próxima. Depois da conversa na cozinha, talvez não tenha sido a melhor decisão ir ali agora. Eu queria tentar algo com Fred? Bem, talvez sim, mas do meu próprio jeito.

 

— Eu acho que Molly merece uma dança depois de toda essa produção, não é? — pisco para o Sr. Weasley que entende minha dica e concorda animado, puxando a esposa para perto da banda que toca longe de nós.

 

Somos só eu, Fred, George e Angelina. De repente, as coisas ficam um pouco desconfortáveis. Ela nunca foi uma má pessoa comigo, longe disso, mas seus olhos por algum motivo sempre me dão a sensação de que está observando e julgando as pessoas em silêncio, e isso me faz achar que ela se considera superior de alguma forma, talvez por ser um pouco mais velha do que eu e meus amigos mais próximos, já tendo uma carreira consolidada. Para o azar dela, Gina é uma jogadora muito mais habilidosa e provavelmente irá para a seleção de quadribol muito antes de Angelina sonhar com isso. Ok, eu não devia estar criando uma rivalidade nada amistosa na minha cabeça, então sorrio.

 

— Ei, alguma recomendação de drink?

 

Digo para os três, sabendo que são bons cachaceiros desde o final do último ano em Hogwarts.

 

— Esqueça os drinks, peça um uísque de fogo sem gelo — Fred é quem responde, colocando ambas as mãos nos bolsos da calça. — Se George tivesse ido comigo buscar um quando o chamei teria sido útil, mas ele parece muito ocupado.

 

Angelina ergueu uma das sobrancelhas para George que pareceu de repente ter tomado consciência de todas as questões sobre o universo, olhando para o irmão como quem descobrira a roda.

 

— Fred! — ele gritou, colocando suas mãos nos ombros do gêmeo e chacoalhando-o. — Eu não acredito que você realmente fez isso!

 

O primeiro balançou a cabeça em afirmação, tendo um sorriso sutil no rosto que provavelmente queria dizer algo como "não acredito que você duvidou de mim". Era claro que eles precisavam dar o seu toque na festa de casamento da caçula. Já se tornara quase uma tradição.

 

— Senhoritas, com licença — tirando as mãos do bolso, Fred começou a puxar George consigo para longe. — Eu sugiro que fiquem longe do bolo.

 

Meus lábios se entreabriram em um grande "o" assim que busquei o bolo com meus olhos e o vi há alguns metros com uma sorridente Ginevra diante dele. Harry estava ao lado dela e pareciam se preparar para cortar o primeiro pedaço. Os convidados já começavam a se aglomerar ao redor e Angelina, seguindo o conselho, caminhava para ainda mais longe.

 

Quando Ginevra e Harry seguraram a espátula de bolo ao mesmo tempo e pousaram para uma foto, não acreditei no que vi. O grande bolo de quatro andares explodiu em centenas de pedaços, deixando Gina cheia de glacê amarelo. Ela olhou para Harry acreditando menos ainda e todos pudemos ouvir o momento em que ela gritou:

 

— FREEEEEEEEEEEEEEED!

 

Eu pisquei algumas vezes incrédula. Acabar com o bolo de casamento de Gina exigia uma coragem enorme e os gêmeos agora estariam diante de sua fúria por um longo tempo. Sendo a caçula e a única garota entre os irmãos, ela havia aprendido muito rápido como revidar e era bem criativa nesses momentos.

 

Olhando ao redor não consegui ver Fred ou George em lugar algum e me permiti rir baixinho da forma mais discreta possível enquanto Molly auxiliava Gina. Felizmente havia mais bolo no interior da Toca, já que tanta gente exigia uma quantidade exorbitante de comida. Winky e seus amigos elfos estavam ajudando a servir os convidados como parte do serviço que eu fizera questão de contratar meses atrás para esse dia, caso contrário Molly não aproveitaria nada, alimentando pessoas como ela gostava de fazer. E eram muitas pessoas. Os colegas de Harry e Arthur no Ministério, as colegas de quadribol de Gina e todos os nossos colegas de Hogwarts estavam presentes.

 

Era hora de beber um uísque de fogo e colocar a conversa em dia, afinal. Conversei com uma porção de pessoas durante o resto da noite, bebendo algumas doses e dançando com Gina e Molly na pista de dança.

 

No final da festa estava exausta e carregava minhas sandálias nas mãos, rindo como se não houvesse amanhã.

 

Aquele havia sido um grande dia.


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Notas finais do capítulo

A partir daqui haverão alterações em alguns capítulos, então mesmo que você já tenha lido anteriormente, irá se surpreender. Espero que tenha gostado!



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