Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 9
Um interesse, mãe de um garoto


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Como foi a entrada para o novo ano?
Espero que estejam todos bem e animados e que este capítulo os anime ainda mais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784656/chapter/9

Era isso, o que ele com toda a sua força insistia em esconder por debaixo de toda aquela ira. Era o que tanto tentava não enxergar, não perceber e nem sentir. Era o que tanto o irritava ainda mais. No momento em que verbalizou, se tornou real.

Estava ansioso, mais do que isso. Agora sentia uma certa euforia. Um alívio também, embora parecesse que estava aceitando uma nova loucura em sua vida. Estar interessado nela, por tudo o que ela representava, era de fato a maior loucura.

Mas, ele havia verbalizado. Disse em alto e bom som, tão perto dela quanto foi possível. Tocava seus braços e roçou os dedos por sua pele naquele lugar. Era macia, o cheiro, o mesmo que sentiu quando trombou nela e rasgou a sua meia-calça. Combinava com ela, com os seus olhos avelã e a maneira que olhava, mesmo agora, com olhos arregalados.

Aquele cheiro combinava com seu nariz empinado, combinava com seus lábios agora entreabertos. Sua expressão confusa e doce ao mesmo tempo. Bella era doce e gentil e vê-la tão chateada a ponto de ser rude com ele o incomodou demais.

Edward piscou assustado com o som do riso tão inesperado. Algo que começou um pouco inseguro se tornou um som continuo e fervoroso. Assim como ela chorava, parecia que ria, como se não houvesse fim. Não soube o que fazer, pressionou os seus braços e a trouxe ainda mais para si. Seus corpos ficaram muito próximos e Bella assustada o empurrou com força.

Edward deu um paço cambaleante para trás. Ergueu os braços rendendo-se a vontade dela. Claro, pela estava confusa e agiria de maneira confusa. Mas ele estava ali para esclarecer as coisas. Foi ela quem olhou em volta, passou a mão pelo seu novo uniforme, muito menos rigoroso do que o primeiro. Ainda usava meias, mas parecia mais executiva agora.

— Qualquer que seja o seu jogo, eu não estou afim de jogar.

— Desculpe? – Foi a vez dele ficar confuso.

— O que eu fiz para você me odiar tanto?

— Eu disse que estou interessado em você. Eu não a odeio. – Explicou-se.

— Porque outra razão a não ser brincar comigo diria isso?

— Pela razão explicita no que eu disse. – Tentou soar o mais claro possível. – Eu não entendo ainda direito, mas estou sempre pensando em você. Explica pelo menos o porquê de não conseguir manter distância ou ignorar você. Também pode explicar porque me afeta tanto.

— Eu vou fingir que não escutei nada disso. Não precisa tentar se desculpar tão pouco.

— Você me pediu a verdade. Agora recusa-se a aceitar. – Edward foi abaixando a voz diante dos alunos que passavam. Sorridentes, os alunos cumprimentaram os dois e seguiram.

— Essa verdade é absurda.

— Porque? – Perguntou voltando a se aproximar dela.

— Porque? Desde que nos conhecemos, tem sido intragável.

— Eu sinto muito. – Bella sorriu para a resposta dele.

— Vamos esquecer isso. – Voltou-se ao seu caminho.

Olhando-a se afastar, percebeu o quanto seria difícil mudar o que havia criado para si. Ser rejeitado por Bella, tinha sido o resultado da sua escolha em como trata-la. Apavorou-se tanto com o fato de se envolver com alguém profundamente que a afastou de diversas formas. Agora que não conseguia mais evitar, não conseguia a aproximação que desejava.

Passaram-se alguns dias, até que enfim conseguiu vê-la de perto no trabalho. Por sorte, sim, agora chamava aquilo de sorte, encontrou-a nos corredores conversando com a Rose. Bella também o viu imediatamente, mas continuou a conversa como se não o tivesse visto. Nada nela indicava alguma reação emocional ao vê-lo. Mesmo depois do que tinha dito dias atrás.

— Oi, Ed!

— Oi, Rose. – O sorriso em resposta no rosto da irmã se alargou quando ele parou e cumprimentou-a. – Tudo bem, Bella? – Devagar virou-se para a pequena mulher ao lado da irmã. Talvez, o seu interesse diminuísse pela rejeição, ele ficaria aliviado e com certeza, ela também.

— Tudo bem, Senhor Edward Cullen. – Aquela formalidade foi como um soco no estômago. Não, o interesse não havia diminuído com a rejeição. E a distância que ela infligia agora o incomodava muito.

— Está indo para o Auditório 01? – Tentou soar despreocupado com a forma que ela o tratava. Alguns colegas de trabalho passavam por eles e iam em direção ao Auditório.

— Sim.

— Vamos juntos. – Não foi à toa que Rose reagiu daquela forma. A loira o encarava insistentemente como se algum tipo de alienígena estivesse em sua frente. Isso porque soou pessoal demais, íntimo, até mesmo como um pedido.

— Eu... – Bella estava vermelha, porque também percebeu a conotação por baixo daquelas palavras. – Vou em seguida. – Edward olhou para o relógio em seu pulso.

— Faltam apenas 5 minutos até o início.

— Podemos conversar depois. – Rose tocou o braço de Bella e sorriu. – Até mais. – Edward viu todas as vezes que Rose virou para trás antes de sumir de vista. Bella também estava parada olhando, até que seguiu sem dizer nada.

— Como está o Theo? – Teve que dar três grandes passos para alcança-la.

— Muito bem. Obrigada por perguntar.

— Ele é um garoto incrível.  – Elogiou lembrando-se de como era fácil conversar com o menino.

— Sim ele é. Por isso mesmo não merece que se envolva em relacionamentos egoístas.

— Está se referindo a mim? – Edward parou e segurou a sua mão sem se importar com as pessoas passando. Bella logo se afastou parecendo muito irritada com a invasão. – Não seria egoísta com um menino de 8 anos. Acha que posso usá-lo para me aproximar de você?

— Acabei de pensar sobre isso. – Confessou para que ele se afastasse.

— Você está realmente chateada, não é?

— Só sou uma mãe preocupada com o filho. – Bella tentou conter-se, mas parecia prestes a xingá-lo. – Eu sou mãe de um garoto de 8 anos. – Repetiu para que entendesse e novamente, se afastasse. – Sou tudo o que não quer então, por favor, não brinque comigo nem com o meu filho.

— Eu jamais...

— Edward! – Estava prestes a jurar que não era a sua intenção quando foi interrompido. Bella aproveitou a oportunidade para escapar de sua presença.

Claro, depois daquilo ele foi engolido por todos que estariam presentes naquele encontro semestral. Era uma grande reunião onde um resumo detalhado do que ocorreu durante os últimos meses era exposto para todos os setores. Também eram revelados novos projetos. O Reitor tomava à frente da reunião, mas vez ou outra Edward era solicitado a falar assim como outros.

Naquele dia, quando estava diante da plateia que estava já acostumado, buscou por um único rosto e por alguns segundos ficou sem fala. Sabia bem que ela estava tendo uma visão completa dele, mas ele não a encontrava diante de tantos rostos.

— Desculpem, fiquei sem fala diante de uma plateia tão incrível. – Ele sorriu voltando a si.

— Você que é incrível. – Uma voz feminina foi ouvida e uma explosão de risos tomou conta do ambiente.

— Obrigado, mas falo seriamente quando afirmo que a plateia é incrível. Esse semestre como já foi dito, alcançamos todas as nossas metas propostas. – Aplausos foram ouvidos e exclamações positivas. Edward esperou que o silêncio retornasse. – Claramente, todos os setores vestiram a camisa da empresa. Esse retorno positivo é resultado do esforço de cada um. Esperamos contar com vocês no próximo semestre.

Edward foi novamente aplaudido. O reitor tomou a voz novamente e anunciou o que a maioria esperava, uma comemoração fora da empresa dali a alguns dias. Com clima de comemoração aquele encontro foi finalizado. Na saída, ainda procurou por Bella enquanto as pessoas falavam com ele. Não demorou muito para Sarah lembra-lo dos afazeres que restavam naquele dia. Frustrado deixou o lugar ao lado da secretária.

***

— Theo, está enrolando já faz meia hora. – Bella disse séria sentada a sua frente. Na mesa estavam o caderno, livros e lápis de várias cores.

— Estou cansado. – Choramingou. Estava sendo um daqueles dias em que o filho empacava. Sim, deveria estar cansado, mas precisava terminar.

— A essa altura já teria terminado e estaria descansando. A mamãe trará leite com biscoitos depois.

— Quero agora. – Pediu.

— É apenas uma questão. – Ele choramingou mais uma vez. – Termine. – Exigiu ainda mais séria.

Relutante, Theo continuou a responder à questão e a finalizou. Empurrou com má vontade o caderno para a mãe verificar. Com alívio, Bella certificou-se de estar tudo correto.

— Está ótimo. Muito bem. – Elogiou.

Theo debruçou-se sobre a mesa, esparramando os cachos. Bella levantou e preparou o lanche para ele. Imediatamente sorriu ao ser servido.

— O que aconteceu hoje para estar assim tão desanimado em fazer as coisas? – Perguntou atenciosa.

— Estou de mau-humor. Meu mau humor está 100%. – Disse fazendo uma careta parando um pouco de mastigar. Bella tentou não rir da fisionomia e da maneira dele se expressar naquele momento.

— 100% é bastante coisa. Qual o motivo?

— Os garotos da escola ficam falando coisas idiotas. – Disse zangado.

— Que tipo de coisas? – Theo balançou a cabeça e voltou a comer. – Que tipo de coisas, Theo? – Ele não queria dizer.

— Já não me lembro mais.

— E porque está chateado? – Bella não caia naquela.

— Não sei, não lembro. – Ele agia assim quando não queria falar.

— Sabe que pode me contar qualquer coisa. Se os garotos da escola ou qualquer um outro chatearem você, pode me contar. Se mesmo assim achar que não pode me contar, conte para a sua Tia Alice ou para o Jasper. Só não guarde sozinho. – Seus olhos piscaram emocionada porque não era a primeira vez que seu filho não queria lhe contar o que estava passando. Ela sabia que se tratava do encontro dos pais que teria dali a alguns dias. Os alunos deveriam estar falando sobre os pais, Theo, era filho de mãe solteira e nunca tinha visto o pai.

— Não chora, mamãe. – Pediu se aproximando dela e a abraçando.

— Não vou chorar. – Engoliu as lágrimas. – Prometa que contará a alguém o que estiver passando.

— Mamãe, eu te amo. – Beijou várias vezes o rosto da mãe.

— Eu te amo mais.

Bella esperou o filho dormir e foi para o seu próprio quarto. Ainda estava preocupada com o filho. Quando decidiu ser mãe solteira, sabia dos riscos, sabia o que passaria e possivelmente o que o filho passaria. Mesmo assim, saber antecipadamente não é o mesmo que viver de fato. Era devastador para ela ver o filho sofrer. Não tinha outra escolha, ela já havia levado aquilo muito longe, porém quando ele crescesse mais um pouco, responderia as suas perguntas.

No dia seguinte, levou o filho até o futebol e quando voltou encontrou a Rose na casa da Alice. Estava provando algo que parecia delicioso. Theo seguiu o cheiro e foi por causa dele que bateu na porta da amiga.

— Tem um faminto aqui. – Bella falou entrando na casa. – Oi, Rose! – A abraçou.

— Oi!

— Rose! – Theo também a abraçou.

— Como foi no futebol?

— Divertido, mas não marquei nenhum gol.

— Nem sempre se marca, mas o importante é dar o seu melhor e se divertir.  – Bella deu tapinhas em suas costas reconfortantes.

— Chegaram na hora certa. – Alice os chamou com as mãos. – Receita nova. Provem.

— Uma delícia. – Bella achou muito saboroso aquele muffin. – Gostou, Theo?

— Gostei.

— Vamos subir, precisa de um banho urgente. – Disse ao filho.

— Não pode ser depois? – Ele tinha que tentar.

— De jeito nenhum. Vamos agora, mocinho.

Bella abriu novamente a porta e Theo começou a subir, mas parou quando ouviu a Alice chamar a sua mãe.

— Sim?

— Decidiu mesmo não ir à festa da empresa hoje?

— Achei melhor não. Não sei seria interessante levar o Theo. – Respondeu.

— Eu disse que podia ficar com ele.

— Você já me ajuda a semana inteira e tem seu trabalho. Também tenho que dar atenção a ele.

— Acho que precisa relaxar mais. Você já dá toda a atenção ao Theo. Sabe que eu penso que deveria encontrar alguém. Pode ser bom ter uma outra pessoa para ajudá-la e sabe.... Amá-la.

— Por favor, Alice! – Bella riu recusando a sugestão, porém a sua mente voltou-se para Edward de repente.

— Você é jovem e linda. Sempre tem alguém de olho em você, mas prefere ignorar.

— Não tenho espaço em minha vida para isso.

— Como não?

— Sou uma mãe.

— Mães também precisam viver um romance. – Theo voltou a andar quando ouviu os passos da mãe.

Bella tinha sorrido tristemente e seguido para a sua casa. Seu filho estava na porta alheio e pensou que provavelmente não teria ouvido a conversa já que falaram tão baixo.

— Lave direito atrás das orelhas. – Bella parou diante do boxe aberto onde o filho tomava banho.

— Já lavei. – Retrucou parecendo aborrecido.

 – Seria bom lavar um pouco mais. – Sabia que ele sempre deixava passar.

— Mamãe, eu já disse que já lavei. – Aquela era a voz zangada dele.

— Está de mau-humor de novo? Parecia alegre antes. – Franziu o cenho tentando entender onde ocorreu a mudança de humor do filho. Ele andava tão susceptível a mudanças de humor. Já estaria entrando na adolescência? Não, era muito jovem. – Theo? – Bella reuniu toda a sua atenção nele.

— Adultos precisam namorar? – Certo, engoliu em seco. Aquilo respondia a sua pergunta sobre em que momento o humor do filho teria mudado. Diferente do que pensou no momento, ele ouviu a conversa com a Alice.

— Não necessariamente. – Bella desligou o chuveiro e agachou-se em sua frente. – Está preocupado da mamãe namorar?

— A senhora e o papai namoraram, não foi? – Porque sentia como se as paredes estivessem se fechando?

— Sim. E tive você.

— As pessoas namoram porque gostam uma da outra?

— Sim, meu filho. – Theo ouviu a resposta da mãe e ficou pensativo. – O que está pensando? – Pegou a toalha ao lado e começou a enxuga-lo.

— Não sei se quero que goste de alguém e não sei se quero que tenha outro filho. – A sinceridade dele a atingiu. Bella sentiu o sangue fugir de suas veias.

— Tudo bem. – Tentou soar tranquila. – Não precisa se preocupar com isso porque a mamãe não está namorando.

— Mas a tia Alie disse que as mães também precisam de romance. Romance é namorar, não é?

— Ás vezes sim. – Bella o tirou de dentro do boxe para terminar de enxuga-lo. - Não pense sobre isso. Não há motivos.

Bella agradeceu a presença da Rose para distrair o filho. A linda loira parecia mais feliz naqueles últimos dias. O namoro com o Emmett realmente engatou e eles eram lindos juntos. O grandão era atencioso e a fazia bem. As notas do final do semestre dela voltaram a melhorar. O único assunto que ainda a afetava negativamente era sobre o Edward. O que esperar dele a não ser desgosto quando se tratava de família?

***

Assim que parou de escrever o artigo, sua mente voltou-se a Bella. Tinha total consciência dos motivos para que ela o rejeitasse tão destemidamente. Porém, considerar que estaria usando o garoto para uma aproximação tinha sido cruel.

Ainda assim, ela tinha razão. Até dias atrás ele a tratava mal para que se afastasse. Parecia que o jogo tinha virado, pois ela estava determinada a afastá-lo. Considerando tudo até aquele momento, tinha se comportado como um babaca.

Quando a encontrou no outro dia, não conseguiu deixar claro que não faria nada para magoar o Theo. Também não conseguiu pedir desculpas novamente. Bella o atingia repetidas vezes, deixava-o fora de si. Como explicar isso para ela sem que interrompesse?

Seus dedos tamborilavam na escrivaninha. Percebeu que ao lado estava algumas folhas em branco. Instintivamente as pegou. De repente, a ideia tomou mais forma e tomando um pouco de coragem começou a escrever algumas palavras de desculpas.

No final, escreveu o seu nome e a data. Dobrou o papel perfeitamente bem e escreveu “Para Bella Swan” do lado de fora da dobradura. Entregaria naquele dia durante a festa. Tentaria se aproximar e com sorte ela aceitaria receber aquilo.

Com ansiedade esperou até o horário e foi um dos primeiros a chegar no lugar reservado para a festa. Era uma simples decoração, mas estava tudo bonito e agradável. Edward tentou socializar o máximo possível. Começou a aceitar que ela não iria chegar quando a maioria dos seus colegas estavam bêbados.

Elena se aproximou do grupo que estava conversando. Primeiro pareceu apenas que estava alegre e queria conversar, mas quando como se não fosse nada, ela tocou em seu peito para lhe falar o quanto o admirava, teve que admitir que ela queria algo mais.

— Eu agradeço os elogios, mas não passa despercebido a sua competência também. – Talvez sendo educado ela entenderia. – A sua equipe está indo muito bem. – Tentou aos poucos saber o que queria.

— Sim, talvez a melhor equipe que tive. Bella foi uma das melhores aquisições. Ela é bem proativa e eficiente.

— Eu não a vi ainda.

— Ela não vem. – Edward não ouviu mais nada do que Elena dizia depois daquilo. Estava contando com a presença dela ali.

— Desculpe, eu tenho que ir agora. – Cortou o que quer que ela dizia. Elena pareceu lívida, sua boca abriu de decepção.

— Mas já?

— Estou um pouco cansado, trabalhei em um artigo o dia todo. – Não era mentira. Estava cansado, mas não estaria tanto a ponto de ir embora se Bella estivesse ali. – Espero que continue se divertindo. – Assim ele deixou claro que achava que ela ficaria mesmo quando ele fosse embora. Ou seja, nada de ir atrás dele.

— Obrigada. – Estava ainda mais decepcionada.

Edward se despediu dos outros e foi embora. Em casa, tirou o papel dobrado do seu bolso e jogou na cama desabando ao lado. Não entendia o que estava sentindo. Frustração? Gostaria de saber os motivos de não ter ido. O que estaria fazendo naquele momento?

“Só sou uma mãe preocupada com o filho. ” Teria sido por isso? Ela não foi por causa do garoto?  Queria acreditar nisso e não no fato do motivo ter sido ele, para evita-lo. “Eu sou mãe de um garoto de 8 anos. ” Ela tinha dito aquilo como se fosse tudo o que a definia. Edward conseguia cada dia mais ver partes dela que iam além de ser a mãe de um agaroto de 8 anos. “Sou tudo o que não quer então, por favor, não brinque comigo nem com o meu filho. ” Como lamentava seus muitos discursos sobre não se envolver com mulheres que já tinham filhos. O que Bella deveria sentir sobre aquilo? O que a sua mãe sentiu?

Naquele momento não iria hesitar, não iria subjugar a sua vontade de ligar. Tinha conseguido o número dela a alguns dias, mas não ousou discar até aquele momento. Sentiu o coração bater um pouco mais alto, aquilo poderia estar passando de um simples interesse. Estava crescendo dentro dele e tomando conta.

— Alô? – A voz parecia incerta já que não sabia de quem era o número.

— Oi, Bella. É o Edward. – Disse esperando talvez que ela desligasse em sua cara.

— Oi. – Pareceu ainda mais incerta.

— Consegui o seu número com o Emm. – Revelou antes que perguntasse.

— Entendi. – Mas não gostou, foi o que percebeu. – Algum problema?

— Fui a festa e não a vi. – Estava explicito que a esperava. Bella ficou muda por alguns instantes.

— Escolhi ficar em casa com o meu filho.

— Claro. Pensei nisso, mas não nego que cheguei a pensar também que não foi para me evitar. – Pelo silencio de Bella talvez tenha sido também outro motivo. – Pode ter sido um pouco também, não é?

— Está tarde...

— É, está. – Suspirou magoado, não queria, mas estava se sentindo assim. – Eu vou tentar parar de te procurar assim. Eu não consegui evitar ficar curioso. Desculpe por isso, não voltará a acontecer. – Desligou se sentindo mais idiota ainda. – Merda! – Deveria arrepender-se de ligar, mas arrependeu-se de ser tão fraco e não saber a coisa certa a dizer.

Na segunda, estava indo em direção ao elevador. Bella entrou em seguida, estavam os dois sozinhos naquele espaço minúsculo. Conseguia sentir o perfume dela, mas concentrou-se em ignorar. Desde o telefonema, resolveu parar com as abordagens de fato, já que não sabia o que fazer.

— Bom dia. – Bella lhe cumprimentou e ele apenas acenou levemente em sua direção voltando a apertar o botão do andar de sua sala. Quase sentiu a pele dela roçar em sua roupa quando esticou-se para fazer o mesmo.

Ereto, continuou tentando evitar todas as sensações que sentia em seu corpo quando estava perto dela daquela maneira. De soslaio, ela lhe enviou alguns olhares.

— O que está olhando?

— Desculpe. – Ela pulou de surpresa.

— Não se posso perguntar sobre o garoto, considerando que fui acusado de tentar usá-lo. – Não evitou a transparência da mágoa em sua fala.

— É claro que pode. E não o acusei.

— Pensou sobre o que é a mesma coisa.

— Assim como pensou várias coisas sobre mim.

— E da mesma forma como você, estava errado. – Aquilo a calou e ele suspirou.

— Está zangado comigo? – Bella virou-se para ele apontando para si mesma.

— Estou zangado comigo porque não sei o que fazer com você.

— Não precisa fazer nada comigo.

— Eu odeio que ponha limites. Está me fazendo ficar irritado.

— Talvez você tenha problemas. – Jogou em sua cara.

— Ah eu os tenho sim. Mas só quero resolver um deles agora: a distância que pôs entre nós dois depois de como um babaca, assim como disse, ter causado isso.

— Mesmo que não tivesse agido como um babaca, ainda haveria essa distância. Parece que o que quer eu não posso lhe oferecer.

— Porque é mãe de um garoto de 8 anos? – O elevador abriu.

— Com licença.

 Bella saiu do elevador tremula. Aquela discussão a afetou, parecia que foi influenciada por toda a emoção que o corpo de Edward emanava. Conseguiu sentir tudo e seu coração disparou quando ele lhe disse tudo aquilo.

***

— Você anda estranha. – Alice disse a Bella. – Parece que algo anda acontecendo.

— O Theo andou preocupado sobre eu ter um namorado. Ele disse que não quer. – Bella aproveitou que o filho estava jogando com o tio e aproveitou o momento para desabafar. Estavam as duas sozinhas na casa dela e ele não voltaria tão cedo.

— É compreensível já que foi apenas os dois durante esse tempo todo.

— É claro e é claro que o tranquilizei sobre isso.

— Como o tranquilizou? – A sua amiga já desconfiava do que tinha acontecido.

— Eu disse para ele não se preocupar porque não há motivos. – Alice revirou os olhos.

— Tudo bem que você não está envolvida, mas estará.

— Não estarei. – Revidou imediatamente.

— Como pode ter certeza?

— Porque escolhi viver apenas para o meu filho.

— Você é tão madura, mas quanto a isso está tão enganada e não consegue ver. Não pode se autoflagelar assim.

— Não estou me autoflagelando. – Negou. – Existem pessoas que escolhem não se relacionar, eu sou uma delas.

— Isso porque está magoada ainda?

— Não estou magoada, só quero evitar esse tipo de preocupação ao meu filho. – Estava na defensiva.

— Theo é inteligente, assim que explicasse para ele que amar alguém além dele não diminuiria o que sente por ele nem o que viveram ou o que viverão.

— Pode ser que ele não aceite mesmo.

— Você só pode saber se tentar.

— E se a outra parte não quiser? Quando eu me envolver e ele não conseguir segurar a onda comigo? Não será apenas eu, foi como aquela pessoa disse. – Alice sabia que estava se referindo ao Edward. – Se a outra pessoa também achasse que os motivos do meu problema é o meu filho e então tudo desmoronasse.

— Por isso que precisa achar alguém legal que entenda a sua vida e que ajude a aproveitá-la de outras maneiras. Não se prenda a ser apenas a mãe do Theo. Você faz mais do que suficiente, você é ótima. Você entende?

— Eu não sei. – Soltou angustiada. – Tem uma pessoa que está mostrando interesse em mim.

— Então é isso também? Quem é?

— Alguém improvável. Eu nem sei se acredito nisso.

— Eu quero saber de tudo. – Alice sorriu de orelha a orelha mostrando o quanto gostava da notícia.

***

Tinha colocado o papel dobrado novamente em seu bolso e estava determinado a ir até a casa dela entregar. Não faria mais nada além daquilo, não demonstraria o seu interesse, apenas queria que ela o desculpasse por tudo, seria o suficiente.

Já próximo do bairro em que Bella morava, Edward viu uma figura conhecida sentado sozinho em um ponto de ônibus. Tinha acabado de escurecer e era final de semana. O garoto não poderia ter saído sozinho sem que a mãe tivesse permitido. Também não via ninguém que pudesse estar com ele ao redor. O que teria acontecido para que Theo estivesse ali?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trilhando o Próprio Caminho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.