Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 7
Enfrentar o passado, um babaca atacando


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Como foi o seu Natal???
Espero que tenha sido incrível, que tenham estado com seus familiares, amigos, quem amam.
Tinha planejado postar este capítulo ontem, mas as circunstâncias natalinas não permitiram.
Quero oferecer a todos os meus leitores, principalmente aqueles que comentam em todos os capítulos. Mesmo que apenas uma palavra, isso é tão importante!
Vai ser com bastante emoção esse capítulo, não se contenham nos comentários também e escrevam com emoção. rsrsrs



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— Theo! – Com o coração aflito, esperou que seu filho fosse até ela. Se Edward estava mesmo em seu quarto, deveria tê-lo encontrado por lá e temia o tipo de tratamento que lhe dispôs. – Tudo bem? – Perguntou quando ele ficou de pé ao seu lado. Bella o acariciou reconfortando-o antecipadamente.

— Sim, estava brincando. – Nada no rosto do garoto revelava que tivesse passado por algum momento difícil.

Bella olhou para Edward de esguelha e desviou assim que o viu encarando de volta. Tinha feito todo o percurso sentindo que caminhava para um tipo de inferno pessoal, mas assim que pôs os olhos em Bella, sentiu uma inquietação em seu espírito que nada tinha a ver com a sua família. Era como se uma mensagem estivesse sendo emitida, não a entendia e não tinha forças nem tempo para aquilo.

— Eu estou muito feliz que tenha vindo. – Esme emocionada, foi até o filho que ainda estava parado distante deles. De repente, voltou ao seu inferno pessoal. Seu estomago reclamou, estava ficando ansioso e mal-humorado de novo.

Edward permitiu que aquele já conhecido desconforto aumentasse novamente e tomasse conta dele. Já não havia motivos para tentar contê-lo, não tinha nenhum interesse em fazê-lo. Sua mãe o abraçou e imediatamente entregou o presente que mantinha até então.

— Espero que goste. – Sua voz soou muito baixa, revelando o seu estado de espírito.

— Você tem bom gosto, certamente irei gostar. – Esme estava sorridente e Edward percebeu que Rose compartilhava do mesmo humor. Estavam satisfeitas por vê-lo ali. – Venha. – Deixou-se ser levado pela mãe para os outros presentes. Seu maxilar rangeu, a aproximação não lhe causava melhora alguma, pelo contrário.

— Meu neto, você está tão lindo! – A sua avó, Irina, lhe pegou em um abraço apertado cheio de carinho e aromas que só vinham mesmo dela.

Não pôde baixar a guarda e sentir todo o carinho ancestral que vinha dela. A sua ira era maior, estava totalmente tenso no abraço amoroso.

— A senhora que continua deslumbrante. – Pelo menos conseguiu desvelar um elogio sincero.  

— Mal o vemos, queremos que nos visite. Não é pedir muito, é? Deve prometer que irá. – A voz madura e gentil continuou.

— Não o deixe desconfortável. – O seu avô interrompeu quando ela tentava olhar para Edward e arrancar a resposta dele. – Ele é um homem imerso em responsabilidades, não vai querer e nem pode perder o tempo conosco. – Foi a vez de Demetri abraça-lo.

— Ando mesmo muito ocupado. É bom vê-lo. – Disse ao avô.

— Trabalhar é importante, mas precisa arranjar um tempo para as outras coisas que também são importantes. Já chegou na faixa dos 30, tem sua carreira, agora precisa de uma esposa e nos dar bisnetos.

— Mãe, está mesmo presa a essa ideia agora. – Esme lançou um olhar de desculpas para o filho.

— Ele não pode viver sozinho o resto da vida. Tem que aproveitar agora que está bem e é tão saudável.

— Com certeza ele encontrará alguém no tempo certo, mamãe. Porque não servimos o jantar? – Esme desejava que o filho não se irritasse com aquilo e fosse embora.

— Sente-se aqui, Edward. – Rose puxou a cadeira vazia ao seu lado.

— É bom te ver aqui. – Emmett que estava ao lado da namorada dirigiu-se para o amigo com aprovação no semblante.

— Oi, Emm.

E todos os outros sussurram um olá ao mesmo tempo para o novo integrante do pequeno jantar comemorativo. Bella e Alice se entreolharam percebendo o clima mudar drasticamente. Theo tagarelava sobre os brinquedos ao lado da mãe que lançava de vez em quando exclamações positivas.

Edward engoliu em seco e olhou para todos os integrantes daquela mesa. Deparou-se com o olhar do pai sobre si. Carlisle não havia dito nada até o momento. O mundo parou naquele espaço de tempo, as vozes ao redor se tornaram longe até ficarem inaudíveis, os olhares ainda se sustentaram.

Sentindo o sangue gelar, cerrou os punhos sobre suas pernas. Tudo o que ele não queria naquele instante era que o pai tentasse de alguma forma se comunicar. Odiava mais do que tudo a forma que ele agiu depois de tudo. Como se fosse mesmo um pai zeloso, um homem que amava a sua mãe.

Carlisle tirou os olhos do filho que pareceu respirar um pouco melhor depois daquilo, como se tivesse sido libertado por algum tipo de campo magnético. Serviu uma taça de vinho e estendeu a mão em direção a ele, olhando-o novamente.

Daquela vez realmente houve silêncio. Todos ali sabiam que algo importante estava acontecendo. Bella notou o estado de espírito da família e observou calada pai e filho. Edward parecia estranhamente pálido. Seus lábios cerrados eram apenas uma linha fina rosada. Com esforço, o viu aceitar a taça. Algo intenso acontecia entre eles, Bella sentia isso nitidamente.

Carlisle ainda não disse nada, eles não trocaram qualquer palavra e para Bella aquilo também não passou despercebido. Edward carregava muito raiva nele, isso estava claro. Parece que o centro de tudo era a sua família. Algo havia acontecido para que sempre agisse daquele modo.

Edward entornou o líquido sem hesitar. Ninguém parecia respirar, aquilo estava se tornando muito incomodo. Theo arregalou os olhos porque também percebeu aquele ambiente se tornando cada vez mais hostil. Buscou o olhar aquecedor da mãe, Bella pegou as suas mãos e sorriu delicadamente.

— Porque ficaram assim? – A voz baixa do garoto despertou a todos do torpor. – Estão zangados?

Cada um pareceu remexer-se um pouco. Edward pigarreou ainda muito pálido e tenso. Carlisle tossiu baixo tentando não parecer abalado.

— Deixe-me servi-lo, Theo. – Esme disse pegando um prato próximo.

— Posso brincar um pouco mais depois de comer? – Perguntou esperançoso.

— Theo... Já foi o suficiente. – Disse ao filho, sentindo-se um pouco sem jeito por ele estar querendo brincar com os brinquedos antigos do seu chefe.

— Ele pode sim, Bella. – Esme confirmou.

— São brinquedos de outra pessoa. Talvez...

— Pelo amor de Deus, Bella, deixe o garoto brincar. – Edward soltou impaciente deixando todos de boca aberta, não só por se manifestar tão de repente, mas também por trata-la intimamente. – Se precisa de uma permissão, está dada.

— Obrigado, Edward! – Theo estava exultante.

— Theo, senhor. Chame-o de Senhor. – Bella o corrigiu. Edward deixou o som de um riso zombeteiro no ar. Ele tinha conseguido um escape para todas as emoções que estava sentindo desde que entrou naquela casa.

— Lembro-me de você ter tido problemas para usar esse tratamento comigo quando estávamos no trabalho. Estamos fora da universidade e agora quer que o garoto me chame assim? Theo, pode me chamar de Edward.

— Eu não tive problemas. – Retrucou.

— Só não achava que valia a pena.

— Vocês trabalham juntos? – A avó dele não parecia ligar para as alfinetadas que o neto dava a Bella. Queria apenas ficar mais bem informada.

— Sim, mamãe. – Esme respondeu sem deixar de servir a refeição para o Theo e olhar com interesse para os dois. – Por favor, sirvam-se também. – Pediu.

— Ah, então são todos amigos.

— Edward é apenas o chefe da mamãe. – Theo respondeu já comendo o que estava a sua frente.

— Ah, é assim?

Os avós entraram em variadas conversas, o que foi bom para o resto do grupo. Todos tentaram levar as conversas de maneira mais leve, porém, Carlisle e Edward ficaram mais calados. Respondiam quando lhes era solicitada algum tipo de resposta.

Rose trouxe um bolo pequeno, delicadamente decorado com flores em tom pastel. Cantaram o Parabéns, Esme soprou a vela e comeram um bolo doce e saboroso. Edward, beliscou um pouco, como todo o resto. Não estava comendo muito, mas bebia.

— Estou de saída agora. – De repente Edward levantou e disse para todos.

— Mas já? – Esme estava desolada.

— Talvez seja melhor ficar um pouco mais, dormir e depois ir. Você bebeu demais. – Pela primeira vez, Carlisle falou diretamente com o filho.  

— Estou perfeitamente bem. – Ouvir o seu pai sugerindo que ficasse só lhe dava mais vontade de sair.

— Não vai me ensinar a brincar com aqueles brinquedos seus? – Theo perguntou tristonho.

— Edward precisa ir. Eu brinco com você. – E a ouvindo dizer que ele iria sem se importar, o fez ter vontade de ficar.

— Seja sensato e fique. – Carlisle insistiu.

— Ser sensato? – A sua voz era somente desdém.

— Só queremos garantir que não acontecerá nada. Você bebeu algumas boas taças. – Esme tentou contemporizar.

— Não fará mal esperar um pouco, Edward. – Emmett ajudou Esme, notando que a mãe do amigo estava preocupada.

— Não quero.

— Fique mais um pouco. – Seu pai disse mais uma vez.

— Não me diga o que fazer. – Disse seco.

Carlisle limpou os lábios com o guardanapo e levantou tranquilamente. Por um momento pareceu considerar o que falar.

— Venha comigo, vamos conversar.

— Não quero. – Edward repetiu e parecia ser ele o garoto de 8 anos ali. A bebida parecia mesmo tê-lo afetado.

— Aja como alguém da sua idade e venha falar comigo.

Carlisle foi seguido por um Edward bufando sua ira por todos os lados.

— Esme, talvez seja melhor irmos agora.

— Não, Bella. Vamos levar o Theo para brincar um pouco.

— Isso, mamãe! – Bella gostava quando o seu filho parecia ingênuo, com a idade que realmente tinha. Geralmente ele agia como um garoto mais velho, mas parece que diante daqueles brinquedos, nem as questões dos adultos fazia o seu interesse diminuir.

— Só um pouquinho. – Mostrou os dedos no ar enfatizando o “pouquinho” com o gesto.

— Alice e Jasper podem ficar aqui com a gente. Vamos colocar uma musiquinha. – Rose sugeriu.

Bella assentiu e seguiu a Esme com o filho ao lado.

— Edward parece que vai levar um sermão. – Disse de repente Theo.

— Do que está falando, Theo? Que ideia. – Bella ficou sem jeito com o Esme ali.

— Você tem razão, Theo. É mesmo muito esperto. Vamos ver como ele reagirá a esse sermão. – Esme respondeu pensativa. – Podem ficar aqui. – Falou indicando o quarto. Theo não esperou, entrou sem olhar para trás. – Fique à vontade, Bella. Volto já. – Pediu como uma desculpa.

Esme estava indo para a biblioteca onde tinha certeza que os dois estariam. Quis entrar, mas deteve-se diante da porta incerta se deveria interromper os dois.

— Não vai dizer nada? – Edward estava mostrando a sua impaciência depois de ser levado para lá e ainda não ter ouvido nada.

— Até quando agirá assim? Me pergunto se já não foi suficiente. – Carlisle estava com as mãos na cintura olhando para o chão. – Para você parece que não, então como eu posso agir para te ajudar a superar isso? Todos nós queremos que a nossa família esteja bem. Principalmente a sua mãe...

— Claro, a mamãe. Ela fez as suas escolhas e os sacrifícios. Pena que sacrificou mais do que a ela mesma pelo que queria.

— Não pode falar sobre ela dessa maneira tão mordaz. Não sobre ela. – Olhou para o filho de maneira dura. Não admitiria aquilo. – Eu mereço o seu veneno, então desconte em mim o quanto for preciso, mas pare de projetar isso nela e na Rose.

— Eu não vim aqui ouvir seus sermões. Não tem nenhum direito.

— Eu tenho sim, sou o seu pai. – Edward riu, mas seus olhos estavam úmidos com lágrimas de rancor.

— Agora você diz isso tão facilmente.

— Tivemos nosso passado que não foi tão bom assim.

— Não foi tão bom assim. – Repetiu, seus olhos agora mais úmidos e mais vermelhos.

Carlisle também se emocionava. Depois de muito tempo podia estar assim diante do filho e tentava se comunicar.

— Eu errei muito com vocês e depois que ficamos juntos não tentei muito esclarecer as coisas entre nós dois. – Carlisle olhou para o alto, piscando várias vezes, evitando que as emoções falassem mais alto. – Você se calou cada vez mais dentro de casa, só estudava ou estava se ocupando com algo. Eu não conseguia me aproximar e tive medo mesmo. – Suspirou encarando o filho novamente. – De repente estava dizendo que passaria anos fora fazendo faculdade em outra cidade. Por muito custo vinha ver a sua mãe, passava apenas alguns dias. Sentimos que era distância de nós que queria. Então você por milagre voltou para casa, mas para em seguida avisar que estava de mudança. Fui covarde em não tentar mais. Sinto que por isso esse seu rancor tenha aumentado. Temos que encarar o nosso passado, agora pode ser o momento perfeito para isso. Vamos falar sobre ele e superar.

— Acha que falando sobre o que aconteceu pode me fazer superar? Eu tenho mesmo que superar todas as coisas que vocês dois fizeram? – Edward apontou para si mesmo. – Eu era o inocente, a criança e vocês dois, vocês... Vocês me fizeram ser o filho fora do casamento, o fruto de um adultério. Para onde quer que eu fosse, sempre alguém descobria. Se não amava a sua primeira esposa ao menos tomasse cuidado para não ter filhos fora do casamento. – A sua dor era visível agora. – Você escolheu a sua esposa, mas sempre voltava para a mamãe e isso me confundia. Você decidia seguir a sua vida e nos deixava... A mamãe tinha que se virar e trabalhar, mesmo quando você tinha tanto dinheiro.

— Não fale assim, eu não aceitava a ajuda do seu pai. Lamento por isso, por te deixar viver com tão pouco na época, mas o meu orgulho também estava ferido. – Esme entrou num rompante.

— Ótimo, isso ajuda bastante! Como na época ajudou a nós dois! – Cuspiu a sua revolta. – Não dá mais para ficar aqui. – Disse e saiu porta a fora.

Edward pegou o caminho para a saída, atravessou a parte externa da casa até o seu carro e pôs as mãos sobre o capô. Sua respiração estava irregular e sentia-se zonzo e enjoado. Bella corria os olhos por todo o quarto enquanto o filho brincava, aproximou-se da janela e viu quando o seu chefe parava diante do carro. A cena a incomodou, não sabia porque exatamente.

— Filhote, pode esperar pela mamãe um pouco? Eu já volto.

— Sim, mamãe. Não demore. – Bella soltou um beijo para o filho que retribuiu e foi apressadamente encontrar com Edward.

— Você está bem? De lá de cima não parecia muito.

— Eu estou perfeitamente bem. – Bella percebeu a voz rouca e que ele não virou para olhá-la antes de limpar o rosto com as mangas da camisa. Seus olhos estavam vermelhos assim como o nariz. Ainda podia ser vista a umidade neles. O leão estava ferido. – O que está olhando? – A irritação havia voltado com força.

— Precisa que alguém o leve para casa?

— Não se meta na minha vida, Bella.

— Normalmente eu iria deixar que você se dana-se, mas eu vejo que está abalado. Terei paciência e perguntarei mais uma vez: Precisa que alguém o leve para casa? – Repetiu devagar.

— E eu já disse, eu preciso que pare de se meter. De aparecer onde estou, de ficar cada vez mais ciente da minha vida, mas entrelaçada com as pessoas que também tenho laços.

— Basicamente você quer que eu desapareça. Eu pensei que tivesse superado isso.

— Não, eu não superei. Eu tentei não ligar, não dar mais importância a você. Ao fato de me incomodar dessa maneira. – Continuou dando vazão as suas emoções sem ponderar o que realmente estava fazendo.

— Então, me odeia mesmo? – Não pôde deixar de voltar a perguntar.

— Odeio todas as suas escolhas. Eu nunca as faria. – Disse dando de ombros. - Tudo o que fez, foi o contrário do que eu faria, suas decisões nunca as seguiria. Até agora você toma decisões que eu odeio.

Novamente ela se sentia arrasada, destruída e humilhada ao ouvir as suas palavras.

— Mas eu não me arrependo. – Edward pôs as mãos na cintura e sorriu brevemente. Era como se dissesse que ela era louca. – Todas as minhas decisões foram tomadas ouvindo o meu coração. Não deveria ouvir o seu coração de vez em quando, Edward?

— Belo método esse, olha só o que teve que passar e olha só onde está agora. Teve que estar aqui nesta casa com essa família. – Disse com total desdém. – Presenciar esse momento épico.

— Todas as famílias vivem momentos complicados. – Respirou fundo tentando não entrar na vibe dele, não queria ficar emotiva. - Tive experiências difíceis, admito. Mas me trouxeram presentes maravilhosos.

— Presentes? – Repetiu descrente.

— Meu filho. – Ele sorriu novamente balançando a cabeça negativamente. – Meu filho é o maior deles. Meus amigos.

— Abra os olhos, Bella. Caia na real. Ter um filho naquela idade, sem experiência alguma, foi um dos maiores motivos para que passasse por tudo. Seus amigos, podem ser boas pessoas, mas são pessoas sem noção que só lhe trazem mais problemas.

— Você não sabe de nada.

— Sei o suficiente. Se faz de forte, mas você só é uma garota ainda. Quer ser a modelo de pessoa, mas por dentro deve estar em ruínas. – Estalou a língua e desejou ser mais venenoso. – Aposto que age com orgulho, não aceita a ajuda do pai do garoto. Acha que é suficiente para ele, olhe de novo, Bella. Você não é, nunca será. Ele deseja em silêncio o pai. Ele quer ser reconhecido, quer pertencer a uma família como as outras. Não venha aqui me oferecer ajuda, quando entre nós dois, você é quem precisa de mais.

— Você é um babaca. – A voz trêmula indicava o quanto as palavras dele haviam mexido com ela.

— Eu sou. – Disse em um isso nervoso. – Sou ainda mais por ter vindo aqui, por continuar falando e falando com você.

Bella reuniu suas forças e girou em seus calcanhares. Começou a caminhar de volta a casa, mas parou, pois, o pranto que lhe saiu dos pulmões foi forte demais. Ela chorava compulsivamente e daquele momento em diante, não tinha controle das suas lágrimas.

Sentia-se completamente humilhada e indefesa. Não queria seguir, para que o filho e as pessoas na casa não a vissem chorar, também não podia retroceder, pois Edward estava lá. Abaixou-se na grama e continuou a soluçar fortemente.

Edward pareceu menos transtornado quando a viu entrar em prantos. Foi até ela, ajoelhou-se em sua frente e meio sem jeito tentou segurar em seus ombros para lhe confortar, Bella o repeliu com as suas mãos molhadas de lágrimas. Porém, Edward estava aflito, queria que ela parasse de chorar, sentia-se culpado.

— Bella, por favor, pare.

— Não quero que o meu filho me veja chorar. – E então pareceu que piorou, seu choro aumentou.

— Tudo bem, então venha. – Edward a segurou pelos ombros e a levantou. Levou-a até o seu carro, abriu a porta e a fez sentar.

Ele ficou do lado de fora, respeitando o momento dela. A bebida pareceu sumir da sua corrente sanguínea, sua mente estava mais clara e percebeu o que tinha feito. Era tudo a sua culpa.

— Bella... – Edward abriu a porta depois de um tempo, ela ainda chorava muito. – Bella, pare de chorar agora.

— Acha que eu não quero parar? Acha que eu quero chorar na sua frente? Na sua frente? – E novamente uma torrente de lágrimas.

Debruçou-se e pegou alguns lenços dentro do porta luvas, entregou para ela que os pegou prontamente. Ele fechou a porta dela e foi até a porta do motorista, entrou e sentou-se ao seu lado.

— Eu sinto muito. Estava sob emoções fortes e efeito do álcool. Lamento ter sido extremamente intratável.

— Eu não quero que fale, não quero as suas desculpas. Só estou aqui para meu filho não me ver assim. – Recusou as desculpas. 

— Eu não estava falando exatamente de você e seu filho. Eu estava falando de mim. Acho que foi isso. – Bella finalmente parou de chorar ao ouvir aquilo. – Sinto muito ter confundido as coisas, não estava pensando bem. – Não entendia porque se esforçava tanto em se desculpar quando sim, ela o irritava.

— Sobre você? – Enxugou o nariz com o lenço.

— Sim. Não quero falar mais sobre isso. É um assunto... – Ele olhou para os lados perdido.

— Difícil para você?

— Sim. – Suspirou alto. – Eu agi feito um idiota, tenho agido muito assim com você. Tenho que admitir isso agora. Hoje passei dos limites. Eu sinto muito. Supus fatos da sua vida e falei com julgamento. Desde que apareceu você tem mexido com meu humor ainda mais.

— Está me culpando de novo. Eu tenho que entrar. – Bella disse com a sua voz anasalada.

— Está com o rosto extremamente vermelho de chorar. Espere um pouco mais se não quer mesmo que o garoto perceba. – Sugeriu.

— Esperarei lá fora, você pode ir embora.

— Está muito chateada comigo? – Percebeu que ela queria mesmo era sair do seu carro.

— Tenho motivos.

— Você tem. – Concordou e aquilo fez Bella estranhar.

— Está se sentindo bem?

— Não.

— Não vai ter um ataque do miocárdio aqui, não é? – Perguntou preocupada.

— Seria muito triste ter um ataque desses na minha idade.

— Não é tão raro assim.

— Só estou exausto emocionalmente. – Recostou-se.

— Mesmo assim, deveria pensar antes nas palavras ditas para outras pessoas.

— Eu já me desculpei.

— Acha que vou esquecer assim fácil? Foram palavras extremamente rudes. Sei que o Theo sente falta do pai...

— Não volte a chorar. – Pediu vendo como ela voltava a ficar emotiva.

— Então retira o que disse?

— Se isso impedir que volte a chorar. Olha só, eu falei muito sobre mim naquele momento, mas talvez possa levar um pouco para si. – Deu de ombros do jeito costumeiro.

— Você é realmente um babaca. – Bella abriu a porta e voltou para dentro da casa, deixando-o sozinho. Ele não parecia um leão, apenas um babaca.


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