Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 4
Tentativa de carona, vivendo o caos


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Vi que tem muita gente chateada com o Edward e não é para menos.
Será que nesse capítulo ele será menos idiota?



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— Não leve a sério o que ele acabou de dizer. Desculpe por ter ouvido tudo isso. Ele é um pouco intenso de mais... – Tentava amenizar a situação.

— É por isso que passa quando está com ele? – Bella balançou a cabeça, não queria ser indelicada com a Rose. – Esqueça o que eu disse.

— Edward é uma boa pessoa, Bella. Ele só está sofrendo.

— E você também. – Ficou tocada pelo amor que via como a Rose tratava o dito irmão, enquanto ele era daquele jeito.

— A mamãe diz que é a forma dele lidar. Ela tenta... Não é algo para falar aqui nem agora. – Rose se calou quando alunos passaram por elas.

— Não, não é.

— Ele não a odeia.

— Não pode saber, ele que está sentindo, mas o que vi nos olhos dele... Era como um fogo. – Bella cerrou os lábios e fez uma careta reprovando-se. – Não deveria estar falando essas coisas. Vá para a biblioteca, nos falamos depois.

Bella entrou depois de um breve até logo. Tinha ficado abalada, sentia a força que Edward desprendia para afastá-la. O que ele sentia era mesmo intenso e não se preocupava em esconder. Esperava que aquilo não abalasse a sua amizade com a Rose e muito menos o seu trabalho.

No entanto, o dia foi mais lento e pegou-se distraída em vários momentos. Não teve um bom desempenho naquele dia. Para piorar, as demandas foram maiores naquele dia e de repente uma tempestade caiu na cidade. Bella preocupou-se com Theo, mas o garoto já estava em casa com os tios.

O clima estava bastante complicado ocasionando muitas quedas de energia. O sistema ficou lento, prejudicando tudo. Parecia que o que vinha dentro dela estava reverberando fora, em toda a cidade. Claro, era não tinha esse poder de modificar o clima, queria apenas ter o poder de se teletransportar até em casa e ficar abraçadinha com o filho.

Como tudo estava um caos, tinha ficado até mais tarde. Estava escuro e chovia muito. Estava sem sombrinha e olhava do lobby do prédio para a água forte que descia dos céus. Ventava também o que piorava o frio. Encolheu-se um pouco, esfregando os braços fortemente com as mãos para aquecê-los.

Um carro parou em sua frente, a janela desceu devagar revelando a pessoa que dirigia. Edward Cullen olhava para ela parecendo considerar algo. Bella imaginou o que mais ele poderia dizer naquele dia. Talvez não tivesse sido o bastante e ele quisesse que se afastasse de sua irmã.

— Entre, te dou uma carona. – Nem ele mesmo acreditava no que dizia, mas aquilo fazia parte do seu arrependimento por ter dito que a odiava mais cedo. No decorrer do dia, reviveu aquele momento inúmeras vezes, sentindo um gosto amargo na boca. Bella não se moveu, pareceu até mesmo não ter ouvido. – Bella, entre. – Bella? Como ele...Ah, claro, Rose e Emm a chamavam dessa maneira.

— Eu agradeço, mas não é necessário. – Edward fechou a janela e ela pensou que tivesse se livrado daquele incomodo. Pelo menos ele parecia humano, era óbvio que se sentiu culpado e estava tentando, mesmo que de maneira rasa compensar o que havia feito.

Para a sua surpresa, o viu sair com um guarda-chuva e caminhar em sua direção. Ficou de frente para ela, olhando-a nos olhos. Edward lambeu os lábios com a ponta da língua. Parecia ter saído de uma cena de filme, o herói, prestes a salvar a donzela, um herói sexy. Mas ele não era um herói, nem ela alguém que precisasse de alguém para salvá-la.

— Vamos, posso te levar, pelo menos para algum lugar onde possa pegar algum transporte.

— Eu posso resolver isso. – Bella afastou-se dele. Não queria continuar aquela conversa.

— Bella, espere. – Pediu e a seguiu. – Eu sei que pode resolver, mas o que estou querendo... É que... – Edward estava atrapalhado, era um novo lado dele que ainda não tinha visto - Não deveria ter dito aquilo mais cedo.

— Ah, não, foi um pouco indelicado, mas é o que sente.

— Não é bem assim. – Tentou encontrar palavras que explicassem, sem explicar totalmente. – Estava apenas irritado.

— Parece que é o seu estado natural.

— Sim, vem sendo mesmo. – Admitiu.

— Só por curiosidade, esse sentimento é porque te acertei com o carro?

— Não, não é. Não deveria descontar em você, é que algumas coisas continuam me irritando.

— A minha existência é uma delas. Não posso pedir desculpas por isso, mas posso tentar ficar longe de suas vistas o máximo possível. – Usou exatamente as palavras dele. Ele se pegou admirando o bico que surgiu na pequena boca. – Ficará complicado para mim se continuar na minha frente. – Completou ao perceber que ele a encarava ainda.

— Eu não a conheço o suficiente para odiá-la.

— Exatamente. – Disse como se ele enfim enxergasse o óbvio.

— Deixe-me leva-la. – Porque estava insistindo?

— Senhor Edward, eu aceito as suas desculpas e recuso a carona, pois não é necessário. – Bella pegou o celular. – Estou pedindo pelo aplicativo e logo alguém aparecerá.

— Tudo bem. – Talvez seja melhor assim, não queria estreitar laços. Se bem que uma carona não faria isso acontecer, estava exagerando. Resignado, pegou o seu pulso e pôs o guarda-chuva em sua mão, fechando-a. Voltou correndo para o carro e deu partida.

Bella não havia resistido ou dito nada porque era algo que nem em seus maiores devaneios iria imaginar acontecer. Edward Cullen lhe dando o próprio guarda-chuva, era uma das coisas mais sem propósitos que tinha visto.

Foi em casa, depois de pôr o Theo para dormir que verificou as mensagens no celular. Rose estava falando com ela, perguntava se estava tudo bem. Claro que Bella respondeu que sim, que já havia esquecido, mas na verdade, talvez se ressentisse um pouco.

“Ele não a odeia. Você pode ter visto isso nos olhos dele, mas eu vejo que ele só está muito irritado porque se sente interessado.”

“Interessado?” – Bella não entendia aquilo. Interessado porquê?

“Não sei bem, mas disse a ele que encontrei alguém no banheiro muito gentil e falei um pouco sobre você. Meu irmão perguntou se estava com a meia calça rasgada.”

“Isso foi porque ele esbarrou em mim e rasgou a minha naquele dia.” – Era sempre sobre como ela o desagradava.

“Isso explica sim, mas toda vez que falamos sobre você, ele presta muita atenção.”

“Rose, ele só me vê como uma pessoa que deve evitar. Desde o dia em que o ‘atropelei’. O carro encostou nele porque me distraí, desde então ele age assim. Antes de sair, ele me pediu desculpas. Pelo menos foi algo perto disso.”

“Isso aconteceu? Vocês tem bastante história.” – Bella riu quando leu “bastante”. Não era nada demais. Só encontros infortúnios. “Eu disse que ele não é uma má pessoa.”

“Você que não é.”

“Você me anima sempre.”

“Amigos são para isso.”

Rose enviou um emoji com lágrimas nos olhos.

“Boa noite, Bella.”

“Boa noite, Rose.”

Não pareciam ser irmão, tão diferentes que eram. Mas sabia que aquele tipo de coisa poderia acontecer. Filhos criados pelas mesmas pessoas podem diferir muito na personalidade. É que para Bella, era uma diferença enorme. Nos próximos dias havia tomado coragem e deixado o guarda-chuva de Edward com a sua gentil secretária, que graças aos Céus não lhe fez perguntas. Edward recebeu-o também sem dizer nada e isso por assim.

Bella estava seguindo para o segundo mês de trabalho e já estava muito mais envolvida e com melhor desenvoltura. Alguns alunos a reconheciam pelos corredores no mínimo, a cumprimentava. Estava animada aquele dia porque Alice tinha lhe dito que a sua menstruação estava atrasada alguns dias. Poderia ser que daquela vez fosse a vez certa para acontecer. O seu casal de amigos poderiam se tornar pais.

Estava caminhando com alguns documentos em mãos. Um grupo de alunos a cercou para cumprimenta-la. Quando se viu liberta daquelas pessoas, percebeu que Edward vinha em sua direção. Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Pensou seriamente depois da última conversa que tiveram que se esconderia para que ele não a visse caso pudesse, mas não tinha feito nada para que merecesse se esconder. Mesmo a odiando ele poderia suportar alguns segundo passando no mesmo ambiente, ele nem precisava olhar para ela se não quisesse, não se importava.

Bella focou no ponto além dele e passou por ele como se fosse um fantasma. Tinha sido a técnica que vinha usando. Edward deu mais três passos depois que passou por ela e parou, virando-se para olhá-la. Aquilo o incomodava cada vez mais.

Havia tido tempo agora de pensar bastante sobre tudo o que aconteceu e viu o quanto levou ao extremo. Claro que não existia aquilo de pra de mãe e claro que havia sido coincidências, essas que são bastante loucas, mas possíveis.

Tudo bem, que mesmo dizendo que não, se deixou influenciar pela mãe e encontrar com Bella, sendo a sua história de vida tão parecida com a de Esme, assim como também a sua maneira de agir em muitos momentos, o fez ficar alerta todo o tempo e na defensiva ostensiva. Tinha agido como um louco com Bella naquele dia. Vê-la cada vez mais próxima remexeu algo dentro dele que achava apavorante.

Ela não era uma ameaça, a sua maneira de agir dizia isso. O problema era olhar para ela e ver desnudado todo o seu passado. Era como ter um filme ambulante ao alcance, passeando por aí com uma blusa de botões vermelha e preta, uma saia colada e meias pretas. Bella agora parecia mais à vontade ao caminhar com os sapatos pretos de salto alto. Estava elegante quando passou por ele.

Não deveria ter dado tanta atenção assim a ela. Agiu por impulso, apenas para se proteger, mas agora estava arrependido. No entanto, pelo menos afastou-se dele. Não achava que Bella voltaria a falar com ele primeiro.

— Senhor Edward Cullen. – Alguém o cumprimentou. Não tinha percebido que permaneceu parado desde o momento que Bella passou por ele.

— Olá, Senhorita Bonnie.

— Teremos uma reunião agora, gostaria de participar?

— O que tem na ATA?

— Desempenho de funcionários e setores. Ranking dos alunos também e possíveis estratégias...

— Você disse desempenho de funcionários? Para onde devemos ir? – Ela sorriu divertida.

— Quinto andar, sala de reuniões número 2. Será muito bom ter o Diretor Geral participando, a minha chefe já está lá.

— Então vamos encontrá-la. – Disse já a seguindo.

Edward estava interessado no desempenho de Bella. Ela parecia bastante inteligente e descobriu que era eficiente e proativa.

— Estou esperando que ela complete os 3 meses de experiência e leva-la para o centro do Setor de Relacionamento com os Alunos. Ela já tem fãs entre eles.

— É tão simpática assim? – Edward perguntou.

— E realmente se esforça em ajuda-los. Então eles gostam bastante. – Respondeu a Chefe imediata de Bella, Elena. – Edward perdeu o foco e divagou sobre Bella. – Alguma objeção? Edward? – Elena percebeu a perca de foco.

— Nenhuma.

Edward participou ativamente do resto da reunião até o final. Depois voltou para a sua sala, pensando sobre o seu impulso de participar para saber sobre Bella.

— Aconteceu alguma coisa? – Sarah a sua secretária, já uma senhora pestes a se aposentar o interpelou.

— Não foi nada.

— Parece que foi, sua expressão é de preocupação.

— Estou preocupado. Daqui a algum tempo não terei mais você. Como poderia levar o trabalho com tão admirável nível de perfeição sem a minha dupla? – Sara riu gostosamente.

— Você é irresistível quando decide agir tão legal. Deveria ser assim mais vezes. Sempre ouço reclamações.

— Isso não me importa.

— Deveria um pouco. – Edward de ombros.

— Tenho certeza de que você pode lidar com isso mais um tempinho.

— Claro que sim.

***

Era um sábado de madrugada quando acordou com o celular tocando. O susto que levou foi enorme e atendeu com o coração na mão, pois viu de quem se tratava e o horário.

— Alô. – Do outro lado apenas choro e soluço. – Rose? – Bella sentou querendo despertar completamente. – Mais choro. – Rose o que aconteceu? – Bella ouviu barulhos ao fundo, parecia que ela estava na rua ainda as 2 da manhã. – Rose, onde você está?

— É um bar. – Ela fungou. – Bella soube aí que ela estava bêbada.

— Ok, Rose. Me diga o nome dele e onde fica. – Bella recitou várias vezes o endereço e vestiu qualquer coisa que viu. Pensou em pedir as chaves do carro de Jasper, mas não queria alarmá-los, ainda mais porque Alice suspeitava que estava grávida.

Escreveu um bilhete para o filho caso se demorasse, o que não pretendia de maneira alguma. Bella chamou um carro para leva-la até o endereço e pediu para que ele esperasse. Entrou no bar e encontrou a amiga com a maquiagem borrada, chorando sozinha em uma mesa.

Bella pagou as bebidas e rebocou a amiga até o carro, voltaram para casa. Rose estava sonolenta e não disse muita coisa. Bella também não conseguia entende-la bem. Subir com ela pelas escadas do prédio que foi difícil, já que a loira era alta.

Estava exausta então apenas a deitou no sofá, tirou seus sapatos e a cobriu. Quando amanhecesse conversaria com ela. Vasculhou em sua bolsa o celular, mas não conseguiu desbloquear para avisar a algum familiar seu. Pegou-o mesmo assim e o levou para o seu quarto, se ouvisse tocar atenderia e falaria com quem quer que fosse. Isso aconteceu alguns minutos depois, mas quando aconteceu pensou por algum momento que não atenderia. Bufou soltando todo o ar, não seria muito responsável e inteligente então pigarreou e tentou soar o mais impessoal possível.

— Olá. Aqui é a Bella amiga da Rose. – Silêncio longo e para ela, tenso.

— É o Edward, Bella. – Ele resolveu responder. Edward estava tenso, depois do dia da forte chuva, sentia que havia perdido. Era um sentimento engraçado já que sabia não estar em nenhum tipo de disputa. – A minha mãe e o Emmett não estão conseguindo falar com a Rose. Pode me dizer o que está acontecendo?

— A Rose bebeu um pouco e acabou pegando no sono aqui em casa. – Tentou amenizou as coisas, não queria mentir, mas também não podia evitar falar um pouco a verdade.

— Ela bebeu? – Edward parecia não ter gostado de ouvir aquilo. – Vocês duas beberam a ponto de pegarem no sono e não verem o telefone tocar por horas?

— Eu não disse que bebi. – Estava testando a história porque tinha percebido algo estranho e e Bella quase caiu. – Eu só não vi o telefone tocar.

— Não deveria, pode ser perigoso beber assim om um filho em casa.

— Como sabe... – Bella revirou os olhos. A resposta sempre será que os seus novos amigos eram próximos a ele.  – Você já sabe que ela está segura, amanhã peço que ligue para você.

— Não, diga para ligar a minha mãe.

— Faço isso.  – Garantiu.

— Bella, talvez seja melhor você não se envolver com os problemas da Rose. – Era uma maneira muito fria de falar sobre a irmã.

— Eu sei que ela é a sua irmã, mas não estou me metendo na vida dela.

— Não foi isso o que eu disse. – Edward pareceu zangado. – Disse para não se envolver nos problemas dela.

— A decisão é minha. – Edward soltou um riso baixo.

— Sempre. E a responsabilidade a partir daí também será sua. Rose é adulta e deve agir como uma.

— Até adultos precisam de um direcionamento às vezes. Talvez apenas alguém para escutá-los.

— Existem profissionais para isso e com certeza você não faz parte deste meio.

— Tem certeza de que não é ódio mesmo o que sente? Não por mim, mas por todos. A Rose é uma garota difícil de odiar e você parece...

— Eu não a odeio. – Edward cortou já com uma voz alterada.

— Só a mim?

— Eu já disse que também não a odeio. Você que parece ter desenvolvido esse sentimento, depois... depois...

— Depois do dia em que declarou que me odeia. – Nem ela mesma entendia porque dava voltas naquele assunto.

— E por isso finge que não me vê todas as vezes que passa por mim nos corredores.

— Não posso ficar invisível para que não me veja e nem escolheria isso para te livrar de me ver, mas posso fazer isso, fingir que não te vi, assim não precisa me encarar também. – Porque, porque aquilo o deixava nervoso.

— Bella, sou o Diretor Geral, não esqueça disso.

— Não esqueço. – Engoliu em seco vendo que sim, às vezes esquecia da hierarquia na empresa. Porém, aquilo tinha se tornado pessoal desde o início.

— Então pelo menos precisa me cumprimentar, porque sou o seu superior. – Bella engoliu em seco. Não podia sair daquele emprego no momento, então teve que fazer descer goela abaixo o seu descontentamento.

— Eu entendo isso. Serei educada com o meu Diretor Geral. Senhor Edward Cullen, agora que avisei o que tinha que avisar, boa noite. – Ele ainda encarou o celular nas mãos, incrédulo por ela ter desligado em sua cara.

Agora ela poderia dormir pelo menos mais algumas horas antes de levantar para levar o filho ao futebol. Seria bom se tivesse conseguido relaxar imediatamente, mas ainda ficou virando na cama por muito tempo. Assim que abriu os olhos, pôde notar que não tinha sido o suficiente. Estava até um pouco dolorida e seus olhos teimavam em se manter abertos.

Foi até a sala verificar como a Rose estava, parecia para ela que a garota não havia se mexido durante aquelas horas. Esperava que quando ela acordasse se sentisse melhor. Seria difícil caso tivesse uma ressaca.

Aproveitou para ir até o quarto do filho e sorriu quando o viu deitado com o corpo espalhado para todos os lado da cama, ressonando tranquilamente. A cama era uma bagunça de corpo e lençol, mas era a visão mais bonita que poderia ter.

Tomou o seu banho para depois acordar o Theo. Assim que ele viu a Rose deitada, olhou com seus redondos e castanhos olhos para Bella. Estava surpreso, mas revelou um sorriso. Theo gostava de ter gente na casa.

— A Rose dormiu aqui?

— Sim. Vamos fazer o possível para não acordá-la. – Ele concordou e arrumaram-se quase sem fazer ruídos.

Bella preparou o café do filho e verificou novamente a situação da Rose, ela parecia bem, mas ainda dormia pesadamente. Resolveu escrever um bilhete avisando que levaria o filho ao futebol e que ficasse a vontade na casa.

Eles saíram a deixaram ali, quando voltaram duas horas depois, Rose estava sentada parecendo sonolenta demais para raciocinar. Foi assim que olhou para os dois, vendo-os, mas não associando e entendendo a situação completamente.

— Ela está acordada, mamãe. – Theo puxou a mão de Bella chamando-lhe a atenção.

— Estou vendo, Theo.

— Você acordou agora? – Theo se aproximou um pouco tímido da Rose.

— Estou acordando. – Rose ainda parecia bastante grogue, mas puxou o garoto para um abraço. Ele não recuou e sim a apertou o mais forte que podia.

— Theo, você está suado. – Bella o repreendeu. 

— Tudo bem? – Rose perguntou com voz rouca para o garoto.

— Tudo bem. Porque não apareceu nunca mais?

— Desculpe, os professores tem nos dado muitos trabalhos. Como eu vim parar aqui mesmo? – Perguntou agora para Bella.

— Filhote, vai tomar um banho.

— Agora? – Aquela cara pedinte não a afetaria.

— Imediatamente. – Respondeu séria. Theo não pôde fazer nada, seguiu desgostoso para o banheiro.

— Você me ligou de madrugada. – Bella sentou-se ao lado dela. – Estava chorando muito e por sorte consegui entender onde estava. Fui te buscar e te trouxe para que passasse a noite, mas você já chegou quase apagada.

— Eu fiz isso. – Rose coçou a cabeça tendo alguns lampejos daquele fato. – Estava bastante sentimental. Desculpe, Bella. Meus pais devem estar... – Lembrou-se dos pais e ficou ansiosa.

— Não se preocupe, o seu irmão ligou. – Bella sentiu a garganta secar, pois tinha sido uma conversa difícil ao telefone e temia que prejudicasse o seu trabalho.

— Ele ligou? – Rose parecia não acreditar.

— Sim, disse que a sua mãe e o Emmett estavam sem conseguir falar com você. Tive que dizer que bebeu e acabou pegando no sono. Fiz mal? – Bella apressou-se a perguntar quando viu a careta dela.

— Fez bem. Pelo menos ele ligou, quer dizer que se preocupa. – Não era bem isso que Bella pensava, ele só tinha ligado por causa da mãe e tudo o que disse sobre não se meter com os problemas da Rose foram a gota d’água. – Você ainda não acredita que ele seja uma boa pessoa. – Foi a vez da Rose ler a expressão de Bella.

— Eu não o conheço, mas você sim.

— Gostaria que você o conhecesse. – Bella negou com as duas mão.

— Nem pensar. Que tal você tomar um banho para comermos alguma coisa? Está com dor de cabeça?

— Um pouco.

— Vamos cuidar disso também. – De maneira automática, tocou na testa da Rose e ela segurou a sua mão.

— Obrigada, Bella.

Rose tomou um banho e vestiu um vestido azul oferecido por Bella. Tomaram café da manhã juntas enquanto Bella deixou Theo fazendo as atividades da escola e bebendo um suco de laranja. Ele parecia bem disposto, pois tinham visita.

— Rose, você está realmente bem? – A tentativa de sorriso foi um fracasso.

— Estou tentando.

— Quer falar sobre o que está acontecendo? – Perguntou Bella.

— Eu quero, faz muito tempo que quero falar, mas não consigo. Com a mamãe não dá, ela ficaria mais triste, nem com o papai. O Emmett, pode me ouvir um pouco, mas ele nunca decide estar comigo por completo.

— Por causa do Edward.

— Sim, por serem amigos. Ele acha que o Edward é contra ficarmos juntos.

— Mesmo que isso seja verdade, se querem ficar juntos mesmo, deveriam ficar.

— Depois que disse que também gostava de mim, não nos encontramos mais. Ele nunca pode, eu sei que ele está ainda esperando a permissão do meu irmão.

— Então ele é um bobo. – Rose sorriu triste. – Porque não toma a inciativa? Porque no lugar de se declarar toda tímida, você expõe o que quer de verdade. Como uma bela mulher que é.  – Rose fechou os olhos sorrindo. - Diga o que quer e se ele não se decidir você não ficará esperando. Se mesmo com esse ultimato ele não se decidir, continue mostrando para ele que você é a primeira opção sim e que ele pode perder isso.

— Parece o mais certo a se fazer.

— Ótimo. Era sobre isso aquele choro de ontem?

— Também. – Rose bebeu um pouco do suco. – Eu sou adotada. Fui adotada pela Esme quando era criança.

— Você não se sente aceita? – Bella não imaginou ter aquele tipo de revelação.

— Meus pais são bons pais. Edward tem uma resistência... – A Rose estava passando pano para o irmão, era óbvio. – É claro que eu sei o quanto o Ed pode ser duro e inflexível, mas só queria poder ter um bom relacionamento com ele. É o que eu gostaria mais do que tudo. – Ela soltou mais um suspiro. – Acho que para os olhos dele sou fraca e ele não gosta disso. Eu sou tão mole quando as pessoas tentam levar vantagens sobre mim ou ficam falando sobre mim...

— Você não tem culpada de nada disso e não precisa se provar a ninguém. Rose, todos temos momentos de fraqueza, mas não é o que nos define.

— Bella... – Rose deixou escapar algumas lágrimas, mas recompôs-se rapidamente. Não queria que o Theo a visse assim. Bella segurou a mão da amiga e não soltou até que estivesse mais calma.

— Não fique assim, Rose. Saiba que pode contar comigo.

— Estou preocupada com a minha família. As minhas notas estavam caindo nos últimos tempos, eu não posso dar mais motivos. Só que ando sem cabeça, mesmo tentando me manter focada. Volta e meia estou um caco.

— Mamãe? – Bella via o filho da outra ponta da sala, olhando para as duas assustado. Ele estava curioso, mas preocupado.

— Não é nada, meu amor. Pode ir para o seu quarto brincar um pouco? – Sem replicar, Theo levantou ainda sem tirar os olhos das duas e foi para o quarto.

— Desculpe. – Rose pediu novamente.

— Não precisa se desculpar. Acho que precisa se animar.

— É verdade. – Concordou.

— Rose precisa tomar uma decisão. Precisa querer sair realmente desse estado. – Rose estava pensativa. – Reflita um pouco e veja o que pode ser feito. Eu estarei aqui, sempre.

***

— Bella, consegui remanejar a minha grade. – Edward ouviu um garoto chamando-a assim que ela saiu da sala em que trabalhava.

— Mesmo, eu disse que seria possível.

— Mas você me ajudou, não saberia o que fazer. – O jovem garoto estava falando de maneira carinhosa para Bella que carregava um sorriso enorme.

— Não foi nada demais.

— Obrigadão. Olha só, quando eu precisar de alguma coisa, posso procurar por você diretamente? – Ele estava flertando com ela?

— Claro, mas eu garanto que qualquer um dos meus colegas de trabalho poderiam te ajudar.

— Prefiro você. – Tirou do bolso o que parecia ser um chocolate. – Aqui.

— Não, não precisa.

— Insisto. Por favor aceite ou partirá o meu coração. – Ela não via que ele estava mesmo flertando?

— Tudo bem. Mas não precisa me dar nada mais. Ok?

— Tudo bem.

— Até logo. – Ela se despediu, mas o garoto ainda ficou olhando para ela, mesmo quando ela parou perto dele e de maneira respeitosa acenou com a cabeça. – Senhor Edward Cullen. – Ela estava exagerando de propósito?

“A Rose voltou diferente depois de estar na casa da Bella. Edward, não são apenas palavras, eu consigo sentir que ela tomou algum tipo de decisão e quer que eu também decida.”

“É justo.” – Respondeu achando que era realmente, mesmo não acreditando muito que a Rose pudesse estar sendo tão decidida. “Mas porque isso está te preocupando tanto a ponto de vir me ver no trabalho, Emm?”

“Eu te falei antes, preciso que me diga se está tudo bem começar a namorar a sua irmã.” – Edward estalou a língua desgostoso.

“Quem precisa decidir namorar ou não a Rose é você. Eu só não quero que se por algum motivo isso começar a dor de cabeça, não me envolvam. Não quero mais um tópico para ser tratado.”

“É por isso que fico puto com você! Toda vez é isso, você diz que não, mas esfrega na minha cara essas coisas. É como estar dizendo para eu me afastar. Diz isso quando repete sempre para não me envolver com universitárias. ”

“Eu que deveria ficar puto com você. Cresça e tome a atitude que quiser!”

“Você é um idiota mesmo.”

Encarava alguém que estava causando todo o tipo de mudança em sua vida e nas pessoas a sua volta. Era o caos. Poderia ter sido um feitiço mesmo?

— Olá, Senhorita Bella Swan. – Bella recomeçou a caminhar. – Por favor, me acompanhe até a minha sala por um momento. – Ela parou de vez e percebeu o quanto havia ficado tensa. Bella estava com o corpo ereto e parecia não respirar. Nada nela se movia.


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