Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 3
Praga de mãe, fugindo e odiando


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Estou super animada com o que acharão deste capítulo, então deixa comentários para eu saber. rs



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Bella voltou ao trabalho no dia seguinte depois de ter ajudado nas entregas. E nos dias seguinte a seguiu-se quase no mesmo ritmo. Ela estava exausta e algumas pessoas no trabalho já percebiam. Não podia evitar tentar ajudar os amigos que tanto faziam por ela também. Em cima da hora no domingo e Bella ofereceu-se para ir.

Já havia passado por aquele bairro algumas vezes e estava familiarizada. Estacionou e foi realizar a entrega. Resolveu caminhar um pouco e passear pelo bairro. Precisava de ar fresco e a noite estava agradável. Olhou em volta, era o bairro onde havia atropelado o homem a quem sabia agora chamar-se Edward Cullen.

Não o havia encontrado mais, nem sombra. Não que estivesse esperando que isso acontecesse, mas ele havia dito que eram colegas. Porém, não voltou a esbarrar nele. Viu um comunicado falando sobre a recente promoção dele a Diretor Geral da Universidade. Tão jovem e já estava em um alto cargo. Talvez por isso fosse tão arrogante.

Continuou a sua caminhada distraída, até que percebeu que um outro solitário estava do lado contrário da rua. Era ele, Edward, o leão. Havia parado também assim como ela. Apesar de estar com um ar compenetrado e fechado, era um homem bem atraente. Acenou timidamente, mas foi ignorada sem nenhum pudor. Ele simplesmente a deixou ali sem nenhum gesto de reciprocidade.

Ela voltou para casa, sentido que algo não estava certo naquilo, que não tinha entendido algum aspecto daquilo. Era certo de que ele poderia nutrir certo descontentamento por tê-lo atropelado, mas depois tinha sido ele quem destruiu a sua roupa. Bella não entendia porque a odiava tanto.

— Mãe, você disse que iria ser rápido e demorou muito. – Theo estava ao lado do Jasper assistindo algo.

— Desculpe, mas agora estou aqui. Jasper... – Bella mostrou que guardava a chave do carro no pote de vidro de costume que ficava no rack da sala.

— Bella, muito obrigada. Nos próximos dias resolveremos isso para que não tome o seu tempo.

— Que isso, fui hoje, pois Alice precisava terminar as próximas encomendas e você ainda não pode dirigir. Onde ela está?

— Tomando banho. Só parou agora, mas fará mais uma fornada.

— Está cheirando bem. – Bella notou. – Dê boa noite por mim. Vamos, filhote. – Bella o chamou e esperou que chegassem em seus braços. Foram abraçadinhos para casa.

Preparou o filho para dormir e deitou ao lado dele na cama. Estava acariciando as suas costas, admirando cada detalhe do seu precioso filho. Constatou novamente, o quanto era a réplica do pai. Até mesmo o que acabara de fazer naquele momento para coçar o nariz, mexendo-o de um lado a outro.

— Mamãe, está me olhando daquela forma. – Ela sorriu.

— Você sempre me pega.

— Eu sou bem esperto.

— É verdade. – Concordou. – Theo, vou me empenhar bastante neste trabalho, quero aprender o máximo e poder me candidatar para uma possível melhora de cargo. A mamãe, fará isso por nós.

— Tá bem, mãe. Você vai conseguir outro cargo.

Bella dedicou-se ainda mais do que antes, fazendo o máximo de tarefas possíveis para que ficasse habilidosa. Estava trabalhando com melhor desempenho no sistema e resolvia todos os problemas levados pelos alunos no momento da matrícula.

Alguns perceberam o desempenho dela, buscavam a sua ajuda. A maioria dessas pessoas, deixavam coisas para que ela terminasse, já que parecia fácil para ela e Bella não recusava. A sua chefe imediata, a elogiou na segunda semana de trabalho.

No final da terceira semana, estava um caco. Ajudar os amigos, dedicar-se ao trabalho e cuidar do Theo a noite. Ela não sabia o que era ter uma pausa desde que começou naquele trabalho e sentia um tremor constante no olho esquerdo. Aquilo não parecia bom.

Não podia reclamar do trabalho, gostava de estar envolvida. E sempre recebia a visita da Rose, já a estava chamando assim. Ela era delicada, parecia uma flor, mas sempre voltava a surgir em seu rosto aquele olhar tristonho. Soube que era mais velha apenas dois anos e isso só fez estreitar os laços das duas. Trocaram número e se falavam sempre pelo aplicativo de mensagens.

Rose se tornou uma cliente da Alice, havia encomendado por duas vezes com a amiga e elas também começaram a se falar. Bela achava bom que a Rose conversasse com mais alguém, ela parecia um tanto solitária. Era como se tivesse certo bloqueio que não a permitia desabrochar.

Estava indo para casa certo dia quando a encontrou nos corredores. Sorriam pelo encontro não programado. Não sabia se era certo estreitar laços com os alunos, mas não conseguia evitar.

— Estava mesmo querendo te ver.

— Jura? – Bella ficou curiosa e lhe entregou toda a sua atenção.

— O que fará no sábado? – Bella pensou um pouco e tocou em uma das orelhas descobrindo que o seu sábado estaria um pouco bagunçado.

— Tenho que fazer algumas coisas de casa, levar o meu filho ao futebol...

— Filho?! – Rose havia ficado vermelha com a surpresa. – Bella você tem um filho?

— Sim. – Confirmou também balançando a cabeça.

— Eu deveria imaginar, você parece bem maternal.

— Pareço?

— Com certeza. Desde o nosso encontro no banheiro, foi a impressão que me deu. Posso ter confundido isso até, pois me pareceu que existia muitas coisas em você que lembravam a minha mãe. – Rose olhou para os lados para certificar-se de que ninguém as ouvia. – Mas com você sinto que posso ser mais relaxada.

— Own, Rose. – Bella tocou-lhe o ombro.

— Serei rápida, não quero atrapalhar a sua ida para casa. Podemos nos ver em algum lugar depois que fizer essas atividades?

— Só se for a tarde.

— Tudo bem para mim.

— Terei que levar o meu filho. – Bella avisou.

— Será ótimo. Chama a Alice também.

— Sim, farei isso. – Bella que já não esperava encontra-la, sentiu o coração bater diferente com a surpresa ao vê-lo ai despedindo-se de alguém.

Edward deteve-se quando a viu e Bella percebeu a sua expressão mudava gradativamente ao olhar para as duas a sua frente.

— Perfeito. – Ele disse mostrando com todo o seu ser que achava o contrário disso. Sem expressar mais nada apenas seguiu o seu caminho.

— Eu-eu já vou. – Rose correu em direção a ele.

Bella continuou olhando para os dois quando seguiam juntos. Rose falava algo para ele, Edward ouvia, mas parecia apressado. Claro que a Rose poderia conhece-lo, ele era além de Diretor Geral, um professor. Decidiu não se sentir ofendida com o desagrado dele que lhe era direcionado e seguiu seu caminho para casa.

***

Edward continuava sim, evitando Bella. Apesar de permanecer na sua rotina, apesar de não querer pensar, sua mente sempre o levava de volta ao momento em que a deixava acenando para ele, fingindo não conhece-la.

Tinha certeza do que parecia aos olhos dela, um metido a besta, no mínimo. - Você me odeia tanto assim? – Não era comum que aquele tom de impetuosidade surgisse em sua fala, mas ela precisava saber a verdade.

De certo modo aquilo o pegou de surpresa, mas suas emoções continuavam no mesmo nível de intensidade. Ainda julgava que poderia ter sérios problemas se permitisse que entrasse em sua vida.

Porém, sempre que falava com o Emmett, este lhe dizia sobre o casal Hale e a sua amiga Bella. Em um dia em que saíram para pedalar novamente, exausto, sentaram no mesmo bar. Seu amigo começou a falar da mulher que sempre voltava a sua mente e o intrigava.

— Ela tem 25 anos e já tem um filho de 8! – Emmett disse impressionado. Edward engasgou com a cerveja. Precisou de tapinhas nas costas dadas pelo amigo para que recupera-se o fôlego.

— O que?!

— Sim, eu também tive essa reação. Mesmo nos dias de hoje, em que mãe não tem idade, não é impressionante? Ah, mas a sua mãe também teve você na mesma idade, não foi?

— Quase... – Ficou pensativo. Até mesmo naquilo elas eram parecidas. – Então ela é casada?

— Não, mãe solteira. – O peso do temor de ser sim uma maldição da mãe, retornou com força. – Pelo que parece, o pai não é presente.

— Você parece bem por dentro da vida dela.

— A Alice faz questão disso. Parece que quer bancar a cúpido. – Riu da ideia.

— Está considerando aceitar isso?

— Não sei. – Deu de ombros. – Já que você vive dizendo que não posso me relacionar com universitárias.

— Então vai passar disso para uma mãe solteira? – Porque tinha ficado tão irritado? Pigarreou sob o olhar de pouco caso do Emmett.

— Você é muito preconceituoso.

— Não diga isso. Você que parece cego. Tem que considerar que uma mãe solteira é um combo. Ela, o filho que já pode ser um problema e o pai da criança. – Emmett apenas balançou a cabeça. Não sabia se o amigo havia esquecido de que ele mesmo tinha passado por algo parecido no passado. – Eu não esqueci do que vivi. – Edward garantiu.

— Você lê mentes?

— Posso perceber coisas eu mesmo por ter vivido, posso garantir que um filho dá trabalho. Já crescido então...

Emmett fez questão de mudar de assunto. Era um tema delicado e sabia que não mudaria a forma de pensar do amigo. Também não era a sua intenção, não queria discutir naquele dia.

No final de semana, Esme saiu para encontra-lo em um restaurante. Eles comeram sem terem nenhuma discussão e ela ficou bastante feliz, no entanto, percebia, além do fato dele ter ligado e marcado aquele encontro, que algo se passava.

— Agora que estamos terminando a sobremesa, pode me contar o porquê de ter me chamado. Queria prolongar esse momento, talvez te chamar para uma caminhada, mas estou um pouco ansiosa pensando que meu filho pode estar precisando de algo.

— Não preciso. – Disse ríspido. Não queria ter passado essa impressão de estar precisando de algo da mãe, embora talvez estivesse mesmo.

— Sim, você é sempre muito capaz.

— Mãe, você disse que não era uma maldição, mas uma benção.

— Do que você está falando? – Esme não conseguiu acompanha-lo.

— A última vez em que nos falamos, disse que queria que eu encontrasse alguém parecida com você.

— Ah, lembro disso. Sim, era uma benção, quero que encontre alguém que te ame e te faça amar sem distinção. Que entenda que as escolhas que parecem terríveis para alguns, na verdade não são assim tão terríveis para quem as faz. Que a vida pode ser difícil a partir do que escolhemos, mas que podem trazer boas lições e um crescimento extraordinário. Pode trazer amor. – Esme sentiu-se preenchida desse sentimento pelo filho à medida que falava aquilo.

— Isso é bobagem. Amor? Tudo fez sentido pra você porque tinha amor? – Aquilo era ultrajante para ele.

— Edward a gente viveu o que precisávamos.

— Ah sim, você é mesmo muito depreendida. Esqueci desse detalhe.

— Pare de zombar e me diga porque me chamou aqui para perguntar isso? – Ele ficou em silêncio, mesmo que ela continuasse esperando a resposta, Edward havia cerrado os lábios. – Não me diga que alguém apareceu. – Esme já sorria de orelha a orelha. – Ah, isso é muito bom! Como fiquei tão preocupada achando que precisava de alguém para compartilhar a sua vida.

— Compartilhar? Não sonha, mãe. Não há ninguém e não pretendo que tenha tão cedo.

— Edward, você tem 31 anos e sei que não estamos muito presentes na vida um do outro, mas eu nunca te vi em um relacionamento sério.

— Não começa. Eu só quero saber se é possível que exista mesmo essa coisa de praga de mãe. Eu sou um homem bastante racional, mas...

— Está com medo. – A sua mãe percebeu. – E se está com medo então existe sim alguém. – Esme havia sonhado em ver o filho com alguém e parecia que não demoraria a realizar o sonho. Com toda a certeza era alguém a quem já deveria agradecer por existir, pois já fizer o filho procura-la primeiro.  

— Eu não vou cair nessa, não serei influenciado por você.

— Não quero que seja. Quero que viva bem.

— Eu vivo bem. Muito bem. – Frisou.

— Porque não pode se aproximar de nós?

— Porque faria isso depois de aguentar tanto e esperar tanto para ser independente e sair daquela casa?

— Era tão terrível assim viver conosco? Somos os seu pais. Rose mesmo não sendo do mesmo sangue é a sua irmã. Carlisle ama você.

— Não, não diga isso nem mais uma vez. – Pediu quase explodindo de raiva. Ouvir aquilo feria seus ouvidos.

— Não começamos a nossa família nos padrões, Edward, mas tentamos dar certo agora.

— Vocês me fizeram passar por momentos muito, muito difíceis e eu só queria sumir. Quase destruíram a minha vida!

— Edward! – Esme ralhou baixo com ele. – Pare de pensar assim.

— Me diga como!

— Venha nos ver. – Edward travou o maxilar, ela sempre voltava naquilo. A ideia era horripilante para ele. Tirou algumas notas da carteira e deixou na mesa.

— Isso foi um erro. – Referiu-se ao encontro deles.

Naquela semana evitou até mesmo ler as mensagens da mãe. Não queria saber de nenhum deles. Trancou o seu coração em uma redoma de aço, não se dispôs a sentir. Sentir seria a sua derrota e tinha muito o que fazer em sua vida profissional e prática. Mas sentiu seu sangue ser bombeado mais rapidamente quando a viu conversando com a Rose.

Passou por elas sentindo o olhar das duas. Deteve-se em seguir seu caminho, mas a Rose o seguiu, fazendo as suas perguntas rotineiras para saber como ele estava. Só seu deu conta que ela estava dentro do carro quando deu a partida.

— O que faz aqui? Quer carona de novo?

— Prefiro ir com você.

— Não sou seu motorista. – Rose sentiu o impacto da rispidez.

— Eu sei disso. – Edward pareceu relaxar um pouco ouvindo o tom sincero de sua voz.

— Precisa praticar com o seu carro.

— Sim. – Ele olhou para a irmã. A pesar de tudo, ela parecia um pouco diferente. Era como se estivesse animada.

— Era a mulher que encontrou no banheiro?

— Sim. Ela é a mesma que você havia perguntado, da meia calça? – Edward não disse nada, apenas resolveu leva-la para casa.

***

O sábado chegou, Bella, Theo e Alice seguiram para o shopping. Decidiram apenas bater perna nas lojas, embora era certo não comprarem muito. Bella achava que Rose teria uma atitude diferente do que presenciou, ela era uma garota bastante comedida com relação a compras. Havia imaginado uma pessoa compulsiva.

Ela e Theo andavam de mãos dadas na frente como duas crianças da mesma idade enquanto a Bella e Alice os acompanhavam atrás. Parecia que havia sido um encontro de almas, todos estavam se dando bem. Comeram lanches variados a medida que passavam por algo que lhes chamava a atenção. Logo já era final de tarde e resolveram rachar um carro em um aplicativo de transporte.

Estava se despedindo quando deram com o Emmett na entrada do prédio. As duas que já haviam saído não entenderam direito quando a Rose pediu para que o motorista finalizasse a corrida, pois ela desceria também. Sem ar, ela alcançou as duas e Theo que estavam ao lado do Emmett.

— Oi, Emm. – Disse tímida.

— Rose! – Ele não parava de olhar para cada um ali. – Mas como vocês se conhecem?

— Vocês se conhecem? – Bella perguntou.

— Claro que sim, ele é amigo do meu irmão faz muitos anos.

— Isso é incrível. – Emmett disse tendo uma visão mais ampla do que todos ali, pois só ele sabia que a Bella era a pessoa que havia atropelado o Edward semanas atrás.

— O mundo é pequeno mesmo. – Alice usou a frase clichê. – Vamos subir. Jasper deve estar entediado.

— Eu liguei para ele, vamos assistir ao jogo.

— Mamãe, também quero assistir. – Falou Theo segurando a mão de Bella e tentando rebocá-la até as escadas.

— Espere, assistiremos, não precisa pressa. – Pediu já subindo com o filho animado.

— Não quis assistir com o Edward hoje? – Bella automaticamente virou a cabeça para trás ao ouvir aquele nome. Seria apenas coincidência o irmão da Rose chamar-se Edward.

— Ele não está com um bom humor.

— Entendi. – Rose ganhou novamente o ar tristonho. Bella ocupou-se um instante com o filho que corria para a casa dos amigos e deixou aquilo para lá.

Jasper aquele dia estava bem melhor. Iria para uma consulta no dia seguinte, mas mesmo não tirando o gesso, decidiu que dirigiria assim mesmo. Estava decidido, morria de vontade de voltar a se ocupar. Ele desceu as escadas, Emmett foi atrás perguntando do que ele precisava, pois traria, mas Jasper insistiu em ir.

Os voltaram minutos depois com refrigerante, cervejas e petiscos para acompanhar. Bella teve certeza de que a Rose estava apaixonada por Emmett. Conseguiu pegar várias olhadelas que lançava para o grande urso e os sorrisos bobos que surgiam quando interagiam. Eles combinavam muito, estava pensando isso quando a amiga a cutucou na barriga.

— Suspirando? – Falou baixo para a amiga.

— Eles formam um belo casal.

— Devo concordar. – Alice balançou a cabeça. – Pena, pensei mesmo que pudesse juntar os dois.

— Sim, você estava determinada. Valeu a intenção, mas sabe que não pretendo namorar.

— Não precisa namorar, Bella, mas talvez, um casinho, para relaxar de vez em quando.

— Não acho que seja interessante ter um casinho. – Alice sabia a maneira que a amiga pensava e achava que era perda de tempo.

— Se for por causa do Theo, ele não precisa saber. – Declarou a sua opinião.

— E o que é que o Theo não sabe? – Perguntou para a amiga. – Vamos deixar assim.

Foram horas maravilhosas, onde puderam ter um tempo de distração. Todos ali estavam precisando daquele momento com pessoas especiais. Jasper e Alice, preocupados com as demandas, também tentavam ter um bebe a muitos anos, mas não conseguiam. A expectativa, e as frustrações cansavam o emocional do casal.

Emmett estava apaixonado pela irmã do amigo, mas, sabendo do que ele pensava, tentava se manter distante. Inevitavelmente a vida os uniu novamente e ele pensava se valia apena o esforço de se manter distante de uma garota tão incrível.

Theo, apesar de muito jovem, já começava a entender sobre a situação em que vivia. Antes, perguntava pelo pai porque via todas as crianças a sua volta com mães e pais. Agora ele tenta evitar qualquer assunto referente a isso. Via o esforço da mãe em sair para trabalhar para lhe dar as coisas que tinha. E sabia que quando ela olhava para ele daquela maneira triste, estava pensando no pai dele.

Bella, as vezes se sentia fraca. Achava que se tivesse se esforçado mais, teria conseguido dar muito mais para o Theo. Queria ser mais eficiente, mas estava exausta e para ela aquilo não era uma opção, tinha o filho para cuidar. Longe dos pais, só podia contar com os amigos.

Na segunda feira, Bella encontrou a Rose bem cedinho na entrada da universidade. As duas se abraçaram, já íntimas. Bella notou que ela estava bastante feliz, mas não quis entrar imediatamente naquele assunto que já suspeitava.

— O que faz aqui tão cedo?

— Tenho que fazer um trabalho, venho cedo para a biblioteca. Esse horário é mais tranquilo. – Revelou.

— E então, a volta para casa naquele dia foi tranquila? – Disse sorrindo como uma amiga faz com a outra, cúmplice.

— Ah, Bella... – Suspirou. – Eu finalmente disse para ele que gosto dele.

— Jura? Você gosta dele? Eu nem tinha percebido. – Zombou.

— Ele disse que também gosta de mim. O problema...

— Tem algum?

— Sim. – Fez uma careta. – O meu irmão, amigo do Emm.

— Ele é contra?

— É mais complicado do que isso.

— Como pode ser? A não ser que... O seu irmão gosta do Emmett? – Perguntou sem evitar falar mais alto justamente quando Edward se aproximava e a ouvia dizer aqui. Rose empertigou-se com a presença do irmão ali.

— Oi, Edward. – Rose estava sem graça.

— Rose. – Bella notou que ele a chamou pelo apelido.

— Talvez seja melhor você focar nos estudos e não em ficar de conversa fiada com funcionários. – Ele estava sendo tão ríspido com a Rose quanto era com ela. Bella não gostou nada daquilo.

— Foi culpa minha, eu a parei. – Tomou a culpa para si vendo como Rose estava cabisbaixa.

— E você a forçou?

— Não é proibido alunos conversarem com funcionários.

— Só é interessante como ela vem fazendo isso constantemente. – Edward deu um passo ameaçador em direção as duas e Bella segurou a mão da Rose.

— Bella é a minha amiga.

— Amiga? – Era mesmo a gota que faltava para transbordar o seu mau humor desde que tinha conversado com a mãe. Rose e Emm aproximando-se cada vez mais daquela mulher. – Faça como quiser. – Ele iria deixar as duas, mas Bella tomou a sua frente.

— Porque está sendo tão rude com uma aluna.

— Bella, ele é meu irmão. – Rose disse nas suas costas e Bella notou o ar de vitória que a expressão dele adquiria. A sua mente trabalhava rapidamente, percebendo as várias coincidências entre eles.

— Você que não deveria se meter na vida de uma aluna.

— Você me odeia. – Percebeu que havia falado alto, mas já era tarde. Edward havia ouvido e a encarava com o rosto ficando cada vez mais vermelho.

— Sim, odeio. – Disse com toda a certeza. – Eu a odeio. – Repetiu com convicção. – Odeio até mesmo olhar para você.

Seu corpo inteiro começou a tremer com a revelação. Ouvia a voz fria e cruel se repetir como eco em sua mente, mesmo vendo que os lábios rosados estivessem cerrados. Soltou o ar com uma pequena exclamação aturdida ainda buscando nele, vestígios de que apenas tivesse falando da boca para fora. Porém, Bella mesmo não o conhecendo, achava que não seria alguém que fosse leviano a esse ponto.

Edward moveu o corpo para trás, arrastando os pés. Sentia que estava pisando em areia movediça, estava afundando. Seu peito começou a ter um movimento mais lento com a respiração.

— Então por favor, por favor, fique o mais longe das minhas vistas o quanto for possível. – Seus olhos titubearam um pouco, como se estivesse despertando naquele momento. Uma inquietude lhe subiu no peito então apenas girou os calcanhares e saiu.


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