Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 2
Segundos encontros, algumas coincidências


Notas iniciais do capítulo

Vocês conheceram um pouco dos personagem e da história.
Neste capítulo vamos avançar um pouco mais.
Espero pelo comentário de vocês.



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Desviou o olhar novamente para a peça arruinada. Parte da pele estava a amostra, ela também não conseguia parar de olhar aquele desastre. Edward pegou a sua pasta no chão, desconcertado por causa da situação.

— Isso não pode estar acontecendo. – Balbuciou para si mesma.

— Eu sinto muito. – Começou a se desculpar, mas quando a viu erguer o olhar para ele novamente com certa irritação, sua atitude mudou em um piscar de olhos. – Estava saindo do carro, não havia como ver alguém atrás de mim, por certo, deveria desviar.

— Está me culpando por você esbarrar em mim?

— Como eu poderia vê-la? – Bella notou a mudança de atitude nele depois que a encarou. Agora ele havia se tornado um leão raivoso.

— Talvez olhar para os dois lados antes de sair. – O seu rosto estava corando, mas ela respirou fundo.

— Você poderia também ter me visto. – Bella calou-se diante daquela pessoa que se revelava inacreditável. – Não vamos perder tempo com isso. Vamos trocar nossos números, assim posso te enviar o valor da peça depois. – Bella olhou bem para ele retirando o celular do bolso e desbloqueando a tela como se não a houvesse ofendido mais uma vez.

— Deixa pra lá, eu sujei a sua calça da última vez. Vamos dizer que estamos quites.

— De maneira alguma. – Edward ergueu um pouco a mão para que ela esperasse já que estava pronta para sair. – Como isso pode nos deixar quites? A calça ficará nova depois de lavada, já a sua não terá como.

— Eu bati o carro em você, teve danos piores. Então, adeus. – Bella entendeu que aquela era uma pessoa que deveria ficar longe. Rabugento, intransigente e egocêntrico.

— Espere. – Pediu segurando-a pelo pulso. Surpresa, ela o afastou bruscamente. – Desculpe, eu não quis assustá-la. Só que não dará certo assim. – Bella tentou arrumar o uniforme e verificou os cabelos presos. – Você trabalha aqui? Eu nunca a vi antes.

— Eu não sei se trabalharei se continuar me prendendo para que eu me apresente no meu primeiro dia.

— Ah, é o seu primeiro dia.  Isso é muita coincidência. – Falou pensativo. – Já que seremos colegas...

— Seremos? – Edward não pode evitar sentir-se um pouco ofendido pela surpresa negativa no tom de sua voz.

— Podemos resolver isso amigavelmente?

— Para mim já está resolvido. Tenha um bom dia. – E antes que ele pudesse detê-la, Bella apenas apressou-se a entrar.

Dirigiu-se para a sala do RH, pois tinha sido lá que haviam marcado com ela. Um pouco receosa por causa da situação da sua roupa aproximou-se da secretária da sala e identificou-se.

— Ah, eu lembro de você. Que bom que ficou, foi a primeira a chegar. Eu sou a Bonnie. Seja bem-vinda. – Parabenizou-a.

— Fico agradecida. – Bella gaguejou um pouco, não sabia como entrar no assunto, mas deveria, para o bem do seu primeiro dia de trabalho. – Eu tive um pequeno acidente do lado de fora... – Mostrou a perna com a meia rasgada.

— Nossa, está arruinada. Tudo bem, eu tenho uma extra aqui. Vou dá-la a você.

— Sério?! – Animou-se com a sorte boa que parecia ter. – Fico agradecida, estava muito preocupada.

— Aceite como presente de boas-vindas. – Pegou de sua bolsa um pacote fechado com meias novas.

— São novas.

— É um presente. – Deu de ombros.

— Não esquecerei a gentileza, Bonnie.

— Vá até o banheiro do lado direito e troque-se.

— Certo. – Bella correu até o banheiro e se trocou. Aproveitou para ver como estava a sua aparência e lhe pareceu tudo bem apesar do susto. Colegas de trabalho? Esperava que ele não fosse do mesmo setor que ela.

Quando saiu mais duas mulheres estavam presentes, elas se cumprimentaram. Bella agradeceu mais uma vez pela meia e sentou-se junto as outras. Esperaram por mais alguns minutos quando mais um homem jovem entrou e falou com elas.

— Agora a nova equipe está completa. Eu acompanharei vocês, mostrarei primeiro as instalações da universidade e explicarei um pouco cada setor. Depois iremos para a sala de treinamentos. Tudo bem?

— Sim. – Responderam em uníssono.

Bella acompanhava atenta o grupo e estava quase que bebendo das palavras de Bonnie enquanto ela discorria sobre a estrutura organizacional da empresa. Foi um percurso que demandou um certo tempo, seus pés começavam a reclamar dos saltos altos. Na sala de treinamentos, viu uma equipe que parecia preparar os equipamentos para a ocasião.

O treinamento para a nova equipe que ficaria responsável pelo recrutamento de novos alunos, bem como matrícula e rematrícula foi intenso. Antes de ir embora, Bella passou em um dos banheiros, assim que estava saindo uma garota entrou apressadamente e trancou-se em um dos boxes. Bella deu de ombros, mas parou ao ouvir os soluços intensos.

Longos minutos passaram, mas não conseguiu sair e deixa-la naquele estado. Quando saiu do boxe e viu que alguém estava ali, tentou esconder o rosto, abaixando-o e deixando que os longos cabelos louros o cobrissem.

— Eu sinto muito, mas não pude deixa-la aqui sem saber que está bem. – A garota, que parecia ter a mesma idade que ela, olhou-a em dúvida.

— Como?  - Disse com voz anasalada e correu para uma das pias para lavar o rosto.

Bella pegou papel toalha e ofereceu para ela. A garota continuou com ar de suspeita.

— Sinto muito. – Repetiu. – Não queria ser intrometida. Só não ficaria tranquila sem saber se está bem.

— Estou bem sim. Obrigada pela atenção. – Pegou o papel toalha das mãos que a ofereciam e enxugou-se.

— Aqui. – Bella vasculhou a bolsa, retirou o que parecia uma meia calça idêntica à que usava para dar caminho ao que realmente queria pegar. Era um dos doces que Alice tinha feito no dia anterior e havia lhe dado. – Pelo menos vai tirar o gosto das lágrimas. – Sorriu carinhosa para a garota a sua frente.

— Obrigada. – Respondeu também sorrindo, ela segurou o doce. Bella pensou que ela ficava muito linda sorrindo. – Você trabalha aqui. – Indicou com gesto de cabeça o uniforme.

— Comecei hoje.

— Meu nome é Rosalie. Estou no meu último ano. E no meu limite também, por isso você presenciou essa cena.

— Ah... – Bella imaginou que esse tipo de coisa poderia ser possível sim entre os estudantes universitários. – Sou a Isabella.

— Vamos nos encontrar a partir de agora, não é mesmo?

— Não tenho certeza já que ficarei no setor de matrículas. – Bella não sabia se a veria novamente.

— Eu sei onde fica. Posso passar lá para te dar um oi e retribuir a gentileza.

— Que isso, não precisar retribuir nada.

— Claro que sim. – Rosalie apertou as mãos de Bella com um sorriso discreto. – Até mais.

— Até mais.

Cansada, caminhou até o ponto de ônibus mais próximo para seguir para a sua casa. Uma hora depois estaria chegando, com os pés machucados sem poder relaxar de todo, pois o seu filho de 8 anos pulava em cima dela para que o abraçasse e beijasse.

— Como foi o seu primeiro dia?

— Podemos conversar deitados no sofá? – Pediu exausta.

— Como foi? – Repetiu quando já estava deitados, ele se esmagava para ficar de frente para ela.

— Foi um dia para conhecer a empresa e alguns colegas de trabalho. – Não sabia porque tinha dito aquilo e lembrado do homem leão que estava sempre pronto para abocanhá-la. – E também treinamento. Amanhã é que realmente começarei no setor.

— Você gostou?

— Sim. Inicialmente sim.

— Não ficou com medo e com vergonha? É assim nos primeiros de aula.

— Pode dar um pouco de medo, mas é só por causa do desconhecido. Não precisamos ceder e fugir quando nada realmente está nos ameaçando. – Acariciou o rosto do esperto filho. Ele teve mesmo que parecer tanto com o pai, principalmente os cabelos e o queixo?

— Porque está me olhando assim de novo? – Realmente muito esperto. Esperto demais para o próprio bem.

— Não é nada, só senti saudades. Você se comportou bem?

— Sim.

— Fez o dever de casa?

— Sim.

— Depois do banho irei ver.

— Tá mãe. – O menino revirou os olhos.

— Não faça essa cara para mim. – Bella o encheu de beijos e eles gargalhavam enquanto brincavam.

Depois do jantar, Bella foi até a casa de Alice para ver o Jasper. Eles estavam sentado assistindo ao jornal. Bella viu que ao lado haviam caixas de doces e salgados para a entrega do dia seguinte.

— Como você está?

— Não foi nada demais. – Jasper tentou parecer despreocupado.

— Ele só repete isso para todo mundo. Dois dedos quebrados não é “nada demais” como ele diz.

— Sente dor? – Bella perguntou.

— Um pouco. O remédio faz o trabalho dele. E então, como foi lá no primeiro dia.

— Foi um dia de treinamento intenso, mas bem legal. Gostei do ambiente e das pessoas. – Disse, mas novamente seu pensamento voltou ao leão. – Mas o cara que atropelei, ele esbarrou em mim logo que cheguei.

— Isso é muita coincidência para ser verdade. – Alice estava com aquele ar novamente. – Temos aí uma mensagem do universo?

— De que tipo? Fique longe de ruivos altos?

— Ou... Cai nos braços do ruivo alto. – Bella balançou a cabeça sem acreditar na piada.

— Ele não é agradável. Parece não me suportar, não dei uma boa impressão. Eu o atropelei da primeira vez. E agora mesmo que tenha sido ele o maior causador do desastre...

— Desastre? – Alice não gostou da escolha da palavra.

— Pior do que ele ter esbarrado em mim, rasgado a minha meia calça inteira e me culpado por isso, foi saber que somos colegas de trabalho. Embora ele tenha um cargo mais alto, julgando pelas roupas que vestia. – Estava pensando alto no final das contas. – É tudo coisa da minha cabeça. Ele deve ser indiferente a mim e os encontros só mesmo coincidências.

— Dizem que se tiverem um terceiro encontro por coincidência significa que é destino.

— Você é cheia de sabedoria popular, não é mesmo? – Alice riu divertida. – Como farão as entregas amanhã?

— Estávamos justamente pensando sobre isso.

— Acho que podemos chamar um colega que trabalha com transporte e pagá-lo para fazer as entregas.

O interfone soou interrompendo-os e Alice foi atender.

— O Emmett está subindo.

Alice abriu a porta para o grande urso entrar, ele trazia uma cesta de frutas. Pareciam deliciosas, eram mesmo muito bonitas e frescas.

— Boa noite, passei rapidamente apenas para entregar isso e ver se precisam de algo.

— Entre um pouco. – Alice o convidou. – Está é a minha amiga, Bella.

— Olá, Bella. Muito prazer. – Estendeu-lhe a grande mão.

— Muito prazer, Emmett. – Bella apertou a mão na dele, notando a diferença de tamanho. Também notou que outra vez estava vestida com um vestido simples e estampado e seus chinelos de dedos enquanto ele estava com uma calça jeans, sapatos e blusa sociais.

— Ei, Emmett, pare de se sentir tão culpado. – Jasper falou do sofá.

— E aí, Jasper. – Ele entrou quando o Jasper pediu com a mão para que fosse até ele. Alice levou as frutas para a cozinha e Bella foi atrás.

— Estou me dando conta de que existem pessoas muito azedas no mundo, como o leão ruivo, mas existem pessoas muito doces como o Emmett, a Bonnie que é do setor de Rh, além da estudante que encontrei no banheiro. – Disse baixinho para que os dois homens não a escutassem.

— Se o achou tão doce assim, porque não investe nele? – Alice também abaixou o seu tom de voz e adicionou uma pitada de malícia.

— Alice, uma pessoa não pode ser tratada como uma ação na bolsa de valores para que eu invista nela.

— Como não? Já deu uma boa olhada nele? Talvez prefira o leão.

— Me ouviu dizer que ele é um idiota?

— Está dizendo isso agora. – Alice piscou e a chamou para que voltassem a sala.

***

Edward volta e meia estava a recordar da conversa que teve com a mãe e de suas palavras que agora pareciam ameaçadoras. Esme queria que ele encontrasse alguém parecida com ela para que o ensinasse o que quer que ela ache que deveria aprender. E logo em seguida, aquela garota o atropela. Olhou para ela e para forma como falava e só conseguia pensar na mãe.

Este segundo encontro, só o fez temer mais e deixa-lo ainda mais irritado com a mãe e com a garota de olhos avelã. Porque ele teimava em recordar tão vividamente dos olhos daquela mulher?

No horário de almoço, resolveu ir até o shopping e depois de almoçar em um restaurante, percorreu lojas. Discretamente adentrava as sessões onde haviam meias calças e as analisava como podia sem levantar suspeitas. Decidiu sair, quando uma vendedora pareceu nota-lo. Caminhou mais um pouco, porém, se estava decido a recompensá-la depois de ter feito a sua peça de roupa ficar naquele estado, então teria que voltar e comprar. Não havia nenhuma amiga próxima que pudesse fazer aquilo por ele, então novamente se viu no mesmo corredor de antes da loja.

A mesma pessoa veio até ele. Edward olhou para os lados, havia uma garota escolhendo algumas. Ela sorriu para ele de maneira divertida e ele virou desconcertado para a vendedora que estava mais próxima dele.

— Olá. – Disse para ela.

— Posso ajudá-lo?

— Sim, eu preciso comprar uma dessas para uma pessoa.

Depois disso, seguiu-se uma conversa que para ele foi vergonhosa. Mesmo com a boa vontade da moça em explicar os tipos e para que ocasião poderiam ser usadas, ele ficou confuso e então pediu uma de cada, assim não teria erro.

Voltou para o trabalho, seguindo com a sacola de meias calças até o departamento de RH. Bonnie estava lá e o recepcionou com um sorriso.

— Como vai Bonnie?

— Estou bem e o senhor?

— Muito bem, obrigado. – Edward coçou a cabeça, deveria ser discreto naquele momento. – Soube que um pessoal novo começou hoje.

— Ah, deve estar se referindo ao novo pessoal do setor de matrícula. – Ele mordeu o lábio e balançou a cabeça afirmativamente. Então ela era do setor de matrícula. – Sim, eles começaram hoje. Deseja alguma informação? – Edward olhou bem para os olhos de Bonnie e estreitou o olhar enquanto pensava. Seus lábios gesticularam por um tempo e Bonnie começou a rir. – Desculpe. É que fez uma cara engraçada. – Forçou-se a ficar séria.

— Devo ter parecido um idiota.

— Não, nada disso. – Bonnie achou que ele ficou fofo.

— Posso saber onde eles estão agora?

— Os deixei almoçando, mas voltarão para a sala de treinamentos logo.

— Obrigado. – Edward agradeceu e saiu para encontrá-la.

— Edward! – Não. Edward parou para cumprimentar o seu colega. – Estive em sua sala agora. Gostaria muito de conversar com você.

— É um assunto sério? 

— Bastante. Deveríamos ver isso.

— Tudo bem, vamos a minha sala. – Edward se perdeu no trabalho mais uma vez e quando enfim estava livre, procurou por ela na sala de treinamentos e não a encontrou.

Perto de lá encontrou com a Rose que caminhava cabisbaixa abraçada a livros na altura do peito. Ela parou quando o viu, surpresa e reconhecimento estavam estampados no rosto dela. Como sempre, era muito transparente.  

— Oi, Ed. – Rose se aproximou, mesmo alta para os padrões femininos, conseguia ser menor do que ele por muito.

— Oi, Rose.

— Acabei agora e estou indo para casa. Você também está indo?

— Sim. – Rose não se importava para as pequenas respostas, já achava muito bom que ele apenas a respondesse.

— Pode me dar uma carona para qualquer lugar mais adiante? – Ele sentiu seu maxilar ranger.

— Porque vive andando de carona quando tirou a carteira e já tem o próprio carro? – Rose sentiu-se encolher. Agora era uma garotinha diante daquele homem. – Espero mesmo que só esteja pegando carona com o Emmett, a mamãe... – Ele se calou quando um grupo de alunos passou por eles conversando. “Eles são mesmo irmãos, então?” “Ela é adotada.” Edward ouviu aquilo nitidamente e sabia que a Rose também poderia ter ouvido. Viu quando ela encolheu-se ainda mais e abaixou a cabeça. – Rose. – Chamou-a impaciente. Ela voltou a lhe dar atenção. Edward ficou irritado pela vulnerabilidade da Rose. – Acorde. Pare de se encolher assim, isso é irritante. Você escolheu estar nesta família e ser reconhecida assim, então pare de se encolher. Soube que as suas notas estão caindo, justo no último ano. É porque não está conseguindo segurar a barra. Não pode ser a filha adotiva dos Cullen e estudar ao mesmo tempo?

— Eu... – Ela choraria e não queria vê-la chorar.

— Vá ao banheiro e recomponha-se. Sabe onde o meu carro fica estacionado, estarei esperando por você lá. – Ele pegou os livros de suas mãos e a deixou tristonha para trás.

Rose encontrou com a Bella no banheiro e sentiu-se melhor com a gentileza que lhe endereçou. Quando entrou no carro, parecia mais animada o que fez Edward estranhar. Talvez ela enfim estivesse acordando. Rose abriu um bombom que parecia delicado.

— Quer?

— Não, obrigado. – Começou a dirigir e ouviu o gemer de aprovação da Rose ao lado.

— Isso é muito gostoso. Será que ela mesma que faz? – Perguntou-se. – Encontrei com uma nova funcionária quando fui ao banheiro. Ela disse que começou hoje. – Estava desenvolvendo algum tipo de doença, só podia, pois ao ouvi-la dizer aquilo quis saber se poderia ter sido a mesma a quem procurava. – Parece ser uma pessoa muito atenciosa. Pensando bem, a maneira dela me lembrou a mamãe agora. – Rose ouviu o som do sopro que Edward liberava pesadamente pela boca, como se estivesse incomodado.

— Só falta você me dizer agora que ela usava meia calça rasgada.

— Meia calça rasgada? – Rose tentou lembrar-se desse detalhe. – Não, mas ela retirou meias parecidas com as que usava de dentro da bolsa. – O irmão sorriu ao seu lado parecendo meio sombrio. – Você a conhece?

— Não exatamente. Nos esbarramos e... Como é o nome dela? – Rose estranhava aquele interesse repentino e o fato de Edward saber algo sobre as meias daquela mulher.

— Isabella. – A reação dele não tinha sido nada demais, apenas um balançar afirmativo com a cabeça, mas mesmo assim, Rose sentia que algo existia ali.

Edward a deixou perto de casa e se aborreceu novamente quando ouviu o seu pediu para que entrasse um pouco. As duas não cansavam nunca de pedir aquele tipo de coisa sabendo que ele não estaria disposto nunca.

Resolveu aceitar o convite do amigo e encontra-lo para um percurso de bike. Talvez estivesse precisando extravasar as energias e relaxar.  Encontrou-se com Emmett no lugar recorrente, uma praça que ficava entre os bairros que moravam. Dali determinaram o caminho que traçariam e com ânimo e apenas algumas trocas de frases para levantar a moral uma do outro, eles terminaram.

Sentaram-se em um bar, pediram uma cerveja com as suas bikes próximas. Era refrescante, estavam apreciando o momento. As ruas estavam começando a ficar vazias e teriam que pedalar ainda para casa, era como gostavam de fazer.

— Fui à casa do Jasper hoje à noite. Ele e a esposa estão bem. – Essa era a questão para que ele precisasse de um longo percurso de bike tão de repente.

— Você parece muito culpado. Entendo que queira ver como eles estão, mas não exagere. - Aconselhou.

— A questão é que eu me sinto muito culpado sim. Além do mais, Jasper é motorista e também faz entrega dos doces e salgados que a esposa faz. O trabalho de ambos está sendo prejudicado por causa do que eu fiz.  

— O que está pensando em fazer?

— Não sei. Estive conversando com os dois e a amiga deles, Bella, Isabella. – Edward virou a cabeça lentamente para o amigo.

— Esse nome é tão popular assim? – Queria evitar a palavra coincidência.

— Não sei. Tem encontrado muitas mulheres com esse nome?

— Não, deixa pra lá. Continue. – Pediu.

— Ela é bem legal, uma amiga que você gostaria de ter por perto. Como ela começou a trabalhar hoje em uma nova empresa não pôde ajuda-los, mas conseguiu reagendar para mais cedo as entregas que são caminho do trabalho dela. Alice quis evitar isso, imaginando que ela poderia ficar cansada... Assim, resolvi ajuda-los no horário de almoço também. – Emmett pareceu pensar em algo especifico. – Sabe, Bella, é uma mulher bem bonita e parece gentil e carinhosa.

— Para. – Edward levantou sentindo calafrios pelo corpo. - Isso está ficando ridículo.

— Desculpe, o que? – Emmett não percebia o que tinha feito.

— Não é você. Essa mulher, essa Isabella que começou a trabalhar hoje na Eckhart, ela me atropelou e agora vem encontrando com todos que eu conheço. Você e a Rose já a conheceram. E sempre esbarro nela, isso logo depois da minha mãe ter ido lá em casa e rogado uma praga para mim. Ela me disse que desejava que eu encontrasse alguém muito parecido com ela que me fizesse tremer, e que eu aprendesse o que não aprendi com ela.

— Que te fizesse tremer? Você está tremendo agora. – Emmett tomou mais um gole achando aquilo, principalmente a reação do amigo interessante.

— Será que é a mesma pessoa, a que você encontrou hoje?

 - Mesmo que seja, essas coisas podem acontecer sem que tenha ligação com o que a sua mãe tenha lhe dito. Nem parece a mesma pessoa agora.

— Realmente, por um momento a minha mãe me afetou.

— É o que as mães fazem. – Emmett concordou.

— Não vou mais gastar energia pensando que posso estar mesmo sendo impulsionado para essa mulher que me dá nos nervos apenas em olhar. Ignoraria o fato de ter esbarrado nela por duas vezes. Não valia a pena.

Edward fez exatamente o que se propôs, entreteve-se com seu trabalho e até desistiu de entregar as meias para Isabella, pelo contrário, evitava passar até mesmo próximo do setor em que trabalhava. Teve um final de semana palestrando em um workshop e ficou exausto no domingo por isso dormiu cedo.

Teve um pesadelo, não lembrava bem, apenas sabia que era sobre a sua família. Até o seu pai estava presente naquele sonho, então, não fazia questão de saber nada sobre ele. Mesmo exausto não conseguiu voltar a dormir, então resolveu caminhar, ainda não era tão tarde. Sabia que já estava longe de casa, mas continuou caminhando. Percebeu que do outro lado da rua, uma pessoa caminhava de cabeça baixa assim como ele e começou a prestar atenção, na maneira desatenta que seguia.

Para seu espanto, deu-se conta de que se tratava de Isabella. Estava sozinha e parecia muito pensativa naquele momento. Com as mãos nos bolsos, dava passos curtos e desengonçados. Bella ergueu a cabeça e fez um movimento para tirar os cabelos do rosto, foi quando o notou também. Ela parou de andar e Edward também.

Imediatamente ela pensou que aquele estaria sendo a terceira vez que se encontravam por coincidência. Alice tinha dito que se isso acontecesse era destino. Mas o que mesmo isso significava? Um leão estava olhando para ela do outro lado da rua, era um lindo leão, mas representava perigo e tristeza.

Edward pensava ainda que Bella possuía olhos incríveis e também com tudo o que a mãe havia lhe dito significava perigo e tristeza. Porque não conseguia tirar os olhos dela naquele momento? Ela acenou timidamente, erguendo a mão apenas o suficiente para que ele entendesse. Edward já havia decidido, não seria influenciado. Deu as costas para ela e voltou para casa, deixando-a sozinha a acenar.


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