Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 10
A fuga, o bilhete sem desculpas


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Já faz um tempo, não é mesmo?
Como estão seus corações com relação a essa fic?
Vão dar uma nova chance?



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— Ei. Porque está sozinho aqui? – Olhou em volta buscando encontrar alguém que parecesse estar acompanhando o garoto que levantou ao vê-lo se aproximar.

— Eu vim sozinho. – Theo demonstrava estar em uma determinação zangada.

— A sua mãe permitiu? – Suspeitou ainda olhando em volta.

— A mamãe não sabe que estou aqui. – Sentou-se timidamente no banco vazio.

— E porque ela não sabe? – Percebeu que havia ficado nervoso, as mãozinhas entrelaçadas, mexiam-se inquietas. Edward olhou novamente para a mochila em suas costas. – Quer tomar um sorvete ou comer um hambúrguer, se não estiver com pressa? – O garoto ergueu o olhar para ele e com um pequeno gesto disse que sim.

— Um hambúrguer e depois um sorvete. – Disse exigente e arrancou mais um sorriso espontâneo de Edward.

— Ok, vamos comer um hambúrguer e depois tomar uma grande bola de sorvete, talvez duas, estamos precisando. - Ele abriu a porta de carona, esperou que o garoto entrasse. Ajudou-o a retirar a mochila e acomodá-la. – Não acha melhor deixa-la lá atrás?

— Não. – Negou.

— Tudo bem. -  Edward fechou o cinto de segurança em volta dele. Conseguiu sentir bem de longe o perfume de Bella no garoto, não haviam se separado a muito tempo.

Dirigiu sem pressa, sempre olhando de esgueira para a sua improvável carona. Estava cada vez mais curioso sobre aquela aventura que se desenrolava. A mãe desse menino provavelmente estava preocupada.

Encontrou uma dessas grandes lanchonetes que vendiam lanches rápidos e sorvetes. Daquelas que mães odiavam, pois estragavam a dieta dos filhos. Edward esperou que ele escolhesse e fez dois pedidos enquanto isso, enviava uma mensagem para Bella explicando a situação e que o levaria para casa em breve. Sentaram-se um de frente para o outro, quem os visse, pesaria que se trava de pai e filho. Edward recebia uma ligação, era Bella, claro.

— Pode começar sem mim. – Disse ao garoto e levantou-se. Foi até uma das janelas do local, sempre de olho na mesa onde o garoto ficou.

— Ele está bem? Deixe-me falar com ele. – A voz estava abafada e anasalada. Ela havia chorado e muito. – Por favor, deixe-me falar com o meu filho. – Agora ela chorava e não pararia tão cedo. Edward respirou fundo, não gostava de saber que estava naquele estado, tentaria acalmá-la.

— Não sei se seria o melhor. – Disse pensativo.  

— O que?! É o meu filho, quero falar com ele. – A sua indignação foi imediata.

— Ele parece não querer que você saiba onde está. Fique calma, estamos em uma lanchonete nas redondezas, assim que terminarmos o levarei de volta. Provavelmente ele mesmo me pedirá para leva-lo. – Edward ouvia a sua respiração ansiosa. – Respire, Bella. Não seja precipitada, já sabe que estou com ele e o levarei. Chegaremos logo aí. – Edward desligou e caminhou até a mesa. Theo comia o seu lanche com muita atenção.

— Não vai me perguntar o que estou fazendo sozinho na rua?

— Iria me responder? – Theo parou de mastigar pensativo.

— Acho que não. – Edward ergueu as sobrancelhas como se dissesse que era óbvio.

— Posso no entanto, tentar descobrir. De muitas possibilidades, acredito que ficou magoado a ponto de querer sumir. – Foi neste silêncio que teve a certeza que havia acertado em cheio. – Algo com a sua mãe?

— Todo mundo diz que a mamãe é linda e jovem. Você acha isso também? – Edward engasgou.

— Bem...

— Não acha?

— É... bem... ela é. – Pigarreou, assim que imagens detalhadas da Bella lhe vieram a mente.

Uma breve recapitulação de todos os momentos marcantes que passou com ela lhe veio à mente. O dia em que foi atropelado até o mais recente encontro. Bella era sem dúvidas uma mulher bonita.

— A mamãe é jovem e poderia está aproveitando a vida.

— Do que está falando com tanta propriedade? É apenas um garoto de 8 anos.

— Mas sou bem esperto. – Não era a primeira vez que também chegava a essa conclusão.

— E então? Acha que indo embora iria deixa-la tranquila para viver a vida dela?

— É o meu plano. – Theo voltou a comer e Edward fez o mesmo achando que o garoto era bem mais parecido com o garoto que um dia tinha sido. Quis que ele nunca sentisse os mesmos dramas que havia vivido, mas parece que algo assim já havia iniciado. Estava decidido a se tornar um amigo para o garoto.  

— Desculpe garoto, mas o seu plano é completamente falho. Já deu errado, desde o início. Quer saber porque?

— Sim. – Ficou atento, pois não queria falhar. Deveria deixar a vida da mãe livre.

— A sua mãe já está chorando agora e você sabe que quando ela começa a chorar...

— Ela não para. – Completou suspirando mais uma vez.

— Sem saber por onde você anda, ela ficaria desesperada atrás de você. Pararia de comer, de trabalhar. A vida dela ficaria arruinada porque ela só pensaria em te encontrar. Sem trabalhar, ela perderia o emprego, as contas se acumulariam, e, ela poderia perder a casa e nessa altura até a sanidade mental, ou seja, ela ficaria louca. É claro, estou pintando o pior quadro. - Disse quando viu os olhos castanhos, tão idênticos os da mãe, abrirem-se cada vez mais. Edward não poderia pegar leve, sentia que não. O devolveria para a mãe com a certeza de nunca mais ele faria outra dessas. – Sair da vida dela, tão imprudentemente, a arrasaria.

— Pensei que eu fosse os motivos dos problemas dela. Eu já a ouvi dizer para a tia Alice que ouviu isso de alguém. – Engolindo seco, Edward recostou-se na cadeira. – Pensei que saindo da vida dela tudo ficaria bem. A tia Alice, o tio Jasper, cuidariam dela até que parasse de chorar.

— A minha mãe... – Edward sentia-se culpado por ter dito aquilo a Bella naquela época. Estava completamente arrependido olhando para Theo a sua frente. – A minha mãe sempre me disse que um filho nunca é problema. E a Bella, a sua mãe, me disse que você foi o melhor presente que ela recebeu em sua vida. Então, quem somos nós para falarmos o contrário já que nunca poderemos sentir o que elas sentem? Mas acreditamos nelas, não é? – Aquilo estava sendo para ele, um momento de compreensão além do que poderia explicar para aquele garoto de 8 anos diante dele, mesmo que fosse o garoto mais esperto que havia conhecido.

— Sim.

— Então, não pode ir e deixa-la sem o presente mais precioso. Mesmo que ouça o contrário, deve sempre acreditar em sua mãe e fazê-la feliz. – O que ele dizia, era como estar dizendo para si mesmo. Algo nele também estava sendo tocado, para além do sentimento relacionado ao garoto. Se tratava de algo sobre a sua vida com a mãe.

— A mamãe disse que é apenas o chefe dela, acho que ela ainda não sabe que é amigo também. – Edward sorriu desconsertado, mas sentindo o calor no coração.

— O que acha? O hambúrguer está bom?

— Muito.  – Theo pareceu mais relaxado, naquele momento mais parecido com um garoto de sua idade.

Eles terminaram o lanche e o sorvete despreocupados. Edward o chamou para o carro. Já sentados, olhou para o garoto interrogativamente.

— Para onde estava indo mesmo?

— Não sei, estava pensando quando você apareceu.

— E para onde quer que te leve agora? – A pergunta já tinha uma resposta óbvia.

— Pensei que me levaria para a minha casa.

— Estava apenas confirmando se é isso mesmo que quer.

— Não quero me separar da mamãe. – Theo balançou a cabeça.

— É assim que se fala.

Satisfeito por ter podido ajudar o garoto a agir corretamente, levou-o de volta para a mãe. Assim que entraram na rua que daria na casa de Bella Edward olhou de soslaio para ele aliviado.

— Prometa que não fará isso de novo.

— Prometo.

— Isso foi fácil demais. Está mesmo prometendo? – Quis ter certeza.

— Prometo. – Repetiu com confiança.

Como esperado, Bella estava do lado de fora, esperando pelo garoto ao lado da Alice e do Jasper. Ela correu para o carro e abriu a porta do lado do Theo.

— Você está bem? – Bella o tocou por todo o corpo e verificou seu rosto, também olhou para a mochila do garoto em seu colo.

Edward tirou o cinto dos dois. Parecia que ambos estavam prestes a chorar.

— Ele está bem. – Edward respondeu e por isso recebeu o primeiro olhar direto da mãe do garoto, que estava se transformando em um olhar feroz.

— O que deu em você? – Soltou irritada? – Saia desce carro agora. – Afastou-se segurando a mochila dele para que saísse depressa. – Anda, Theo! – Ordenou mais alto. – Theo fez o que foi pedido e Edward também saiu aproximando-se deles.

— Desculpe, mamãe.

— Desculpe, mamãe? – Bella levantou a mão com a mochila mostrando-a para ele. – Uma mochila, você fez uma mala e fugiu. Porque fez isso comigo? Porque quis me deixar?

— Bella é melhor entrarem antes de tudo. – Edward falou baixo, vendo que algumas pessoas pareciam interessadas na cena.

— Não, ele vai me responder agora porque eu só consegui pensar nisso o tempo todo depois que descobri que ele tinha fugido. Porque fez isso comigo?

— Bella, Edward tem razão. Vamos entrar. – Alice pediu muito preocupada.

Bella pegou a mão do garoto e o puxou sem querer saber o que havia em sua frente. Theo quase não conseguia acompanha-la. Os três foram atrás deles angustiados pelo momento.

— Agora me diz! – Bella o empurrou para dentro de casa e jogou a mochila no chão. – Eu sou tão péssima mãe assim para você?

— Não, mãe. Você é a melhor mãe do mundo, você é a mãe maravilhosa do meu coração. – Theo começou a chorar e Bella também.

— Então porquê? Porque quis me deixar?

— Porque eu quero que tenha uma vida melhor e parece que você teria se eu não existisse. Não quero que sofra por ter um filho sem pai. – Theo falava a medida que tentava secar as grossas lágrimas com o dorso das mãos. – Sem mim a sua vida seria mais fácil, é o que dizem, não é?

— Seu bobo, você é uma criança ainda, porque quer ser tão maduro antes do tempo? – A mãe disse entre as lágrimas também. – A minha vida tem sido melhor porque tenho você. Às vezes não é fácil ter um filho sozinha, como também não é fácil ter um filho tendo um pai ao lado. Não quero que tente entender isso agora. Mas eu amo você e é esse amor que me faz seguir em frente, é o meu combustível. Então, se você for, o que será da mamãe?

— Desculpa, mamãe.

— Prometa que não fará isso de novo.

— O Edward já me fez prometer. – Soluçou.

— Prometa para mim.  

— Eu prometo. – Bella o abraçou forte por um longo tempo e depois afastou-se para dar uns tapas em suas costas. – Ai, mãe!

— Vá para o seu quarto! Não pense que ficará assim. Terá um castigo para isso! Vá para o seu quarto!

— Bella, acame-se. – Alice tocou no ombro da amiga e Theo aproveitou para fugir dos tapas e ir para o quarto. Todos ali estavam emocionados, Edward se pegou piscando com os olhos ardendo quando Bella recomeçou a chorar nos braços da Alice.

— Venha, vamos deixar que elas fiquem a sós por um tempo. – Jasper chamou Edward que hesitou em sair e deixá-la quando estava tão frágil a sua frente. – Vamos, ela ficará bem. – Insistiu e então se deixou ser conduzido até a casa a baixo. – Essa foi nova. – Jasper fungou e com um gesto convidou Edward a entrar.

— Com licença. – Falou educado.

— Sente-se um pouco. – Jasper indicou o sofá e entrou em direção a cozinha. Edward ouviu o som da porta de uma geladeira abrir e fechar. – Aqui está. – O seu anfitrião entregava uma garrafa de cerveja já aberta. – Prefere algo diferente? – Perguntou quando o viu imóvel.

— Não, isto será perfeito. – Edward serviu-se do liquido da garrafa imediatamente e Jasper também tomou da sua sentando-se.

— Obrigado por fazer companhia a ele e por trazê-lo sã e salvo. Nós ficamos apavorados quando a Bella veio aqui trazendo o bilhete de despedidas dele.

— Deve ter sido um terror para ela.

— Eu sei que é o superior dela, mas as nossas vidas meio que se entrelaçaram de maneira pessoa. – Jasper tomou mais um gole parecendo muito sério. – Espero que entenda então o que vou lhe dizer. Bella, ela não merece ser destratada, nem tão pouco enganada.

— Eu sei. – Edward não tinha um repertório que valesse a pena ser usado, apenas aceitou a reprimenda, porque sentia que merecia. Tomou o resto da cerveja de uma vez e entregou a garrafa ao Jasper que a deixou em um lado. – Pode entregar isso para a Bella mais tarde? – Era o bilhete que havia tirado do bolso.

— Claro. – Jasper pegou sem perguntas.

Edward estava cabisbaixo, havia acabado de fazer algo positivo, mas presenciar aquela cena onde a Bella mostrava toda a sua vulnerabilidade sem poder fazer nada além de olhar e por ter sido também causador daquilo. O fato era de que também fez parte da grande massa de julgadores que determinavam o tipo de vida de uma mãe solteira.

— Até mais. - Quando saiu, ainda podia ouvir o choro baixo de Bella vindo de cima.

Lentamente, caminhou até o carro. Antes de entrar nele, olhou para o alto, para a casa onde aquela mulher que mexia com seu emotivo morava, assim como o garoto que lhe ensinava mais do que qualquer outro já lhe ensinou.

***

— Você está estranho. – Emmett constatou enquanto tentava se recompor depois de tantos quilômetros pedalando ao lado do amigo. – Quero dizer, mais do que o normal.

— Estou como sempre. – Respondeu ao amigo sem dar muita importância ao comentário. – Por favor, duas. – Pediu a garçom de sempre.

— Está vendo. Não me respondeu como costuma. – Emmett observava o amigo a sua frente que parecia não estar disposto a se abrir. – Rose me falou sobre a fuga do Theo e que você o levou de volta para casa.

Edward pigarreou, aquilo tinha sido no dia anterior e ainda sentia grande desconforto ao lembrar de Bella e Theo chorando por algo que pode ter sido muito culpa dele. Não merecia estar na vida dos dois, mesmo que sentisse vontade de saber mais sobre eles.

— Aconteceu de encontrá-lo na rua. – Tentou minimizar toda a situação.

— Ora, qual é! Você estava atrás das desculpas da Bella. Isso pode muito bem fazê-la aceitar as suas desculpas agora.

— Não sabia que era esse tipo de pessoa que faz esse tipo de troca.

— Bem, não sou, mas deveria estar aliviado por ela agora não o odiar. – Receberam as bebidas satisfeitos por relaxarem ainda mais.

— Não sei se isso fará com que Bella me desculpe. Decidi parar de pensar sobre isso.

— Você está mesmo muito estranho.

E se sentia assim um pouco desmotivado. Muitas coisas vinham a sua mente, a sua vida, cada ponto que achava ser uma dificuldade. Não sabia se Bella tinha lido o bilhete também, não esperava nenhuma resposta, mas não a ter também o incomodava.

Na segunda feira, tentou voltar-se ao que fazia de melhor, organizar-se no trabalho. Todo o problema que lhe vinha, ele abraçava e passou o dia assim, mais do que solicito, mesmo que parecesse impossível deu o seu melhor.

Estava cansado, mas sentia-se um pouco melhor. Caminhou despreocupado até o seu carro. Assim que começou a se aproximar, percebeu uma figura feminina próxima a ele. Imediatamente reconheceu se tratar de Bella. Estava surpreso pela presença dela ali, mas continuou a caminhar até ela.

***

Bella parou de chorar depois de muito tempo. Verificou o filho que estava deitado na cama seguro. Voltou para a sala, para ver Alice entrando em seu quarto e preparando a sua cama para que deitasse.

— Melhor dormir um pouco.

— Talvez eu não consiga. – A sua voz estava terrivelmente anasalada.

— Está tudo bem? – Jasper falou nas suas costas já entrando. – Está tudo bem por aqui? – Perguntou novamente olhando de uma para outra.

— Sim, obrigada, Jas. – Falou Bella.

— Edward foi embora a um tempo... – Começou.

— Eu não o agradeci por ter trazido o Theo. – Bella lembrou-se dele no momento.

— Deixou isso para você. – Jasper estendeu a mão com o papel dobrado como um envelope.

— O que é? – Uma curiosidade a invadiu e pegou-o das mãos do amigo.

“Bella,

Não se preocupe, esta não será mais uma tentativa de pedir desculpas.

Só preciso dizer sinceramente que eu sinto muito.

Todas as vezes que nos encontramos antes,

Todas as vezes em que estive te magoando,

Eu sinto muito, sou um homem lamentável por isso

Eu não entendia o que acontecia, era desconhecido

E como um homem primitivo agi da pior maneira

Por não aceitar o que estava chegando em minha vida

Por lamentar o meu passado, eu temi esse futuro

Estou falando da possibilidade certeira de me apaixonar

Você não tem nada a ver com o passado que tive

No entanto, me trazia-o de volta e isso era, ainda é um pouco, assustador

E agora o que lamento mais do que o meu passado,

É ter agido como agi com você

Eu sinto muito. ”

— Bella? – Alice não gostou nada da palidez da amiga. – Ele disse algo rude? – Bella piscou algumas vezes, relendo rapidamente todo o texto.

— Não... É só...

— Bella?

— Não é um pedido de desculpas. – Bella franziu o cenho pela própria resposta.

— Do que se trata então?

— Edward está lamentando pela forma que vem agindo comigo.

— Menos mal. – Alice pareceu menos preocupada, mas ainda intrigada.

— Vamos, Alie. Bella precisa descansar.

— Vamos, meu amor. – Alice concordou. – Tente dormir. – Disse antes de deixar a amiga.

Bella deitou em sua cama e releu mais uma vez o bilhete antes de guarda-lo. Estava pensando naqueles encontros que a vida tinha proporcionado naqueles últimos meses. Parecia que vivenciava um tipo de reviravolta, agra mesmo não sabia o que pensar sobre Edward Cullen.

Rosie apareceu no dia seguinte enquanto Bella conversava com o filho sobre as decisões que havia tomado em relação ao castigo que ele merecia. Theo ficaria sem internet durante toda a semana e todos os dias as suas atividades domésticas haviam dobrado. Bella fez uma lista de tarefas e grudou na geladeira.

— Espero que entenda o porquê está sendo castigado e não reclame por isso.  – Theo não respondeu, ficou amuado no canto.

— Ele ainda pode receber visitas? – Rose perguntou.

— Sim, pode, sendo você essa visita. – Disse séria.

— Então, o meu irmão que o encontrou? – Bella ficou sem jeito porque até aquele momento não havia agradecido, estava sem saber como fazer aquilo.

— Sim.

— Isso me lembra o Edward mais novo. Ele era tipo um justiceiro. – Bella duvidou daquela visão do irmão que a Rose tinha. – É sério. Qualquer dia, eu conto.

— Ele me levou para comer hambúrguer e sorvete. – Theo disse a Rose.

— Além de fugir se entupiu de besteiras. Eu posso com isso? – Ainda estava totalmente descrente. – Quero que você pegue seus livros e cadernos e vá estudar. O seu dia, menino, será assim. – Bella não iria relaxar. Tinha levado um baita susto e faria o filho se ocupar para parar de pensar besteiras.

— Eu te ajudo, Theo.

— Sério? – Já parecia animado por ter a presença da Rose.

— Sim, vamos lá no seu quarto pegar o material. – Bella sorriu para os dois empolgados.

Por várias vezes durante o dia, pensou em enviar uma mensagem para Edward, já que não sabia o que dizer em uma ligação. O que aconteceu foi que não fez nem uma coisa e nem outra e estava se sentindo culpada por agir daquela maneira. O fato era que, Edward tinha sido uma das pessoas que falou o tipo de coisa que fez o filho sair de casa, e também, havia passado aqueles meses tratando-a como um babaca. Porém, algo que não era demonstrado facilmente em sua personalidade, não quando se referia a ela, estava ali impresso naquele papel.

Foi por isso que no dia seguinte, decidida, esperou por ele próximo ao seu carro. Bella estava tentando parecer natural ali parada no estacionamento VIP, mas toda vez que alguém passava sentia uma estranheza mesmo que ninguém desconfiasse. Foi com alívio que o viu vindo, queria falar com ele a sós.

— Oi. – Era surpresa que via em seu rosto. Edward parecia sem jeito vendo-a ali.

— Podemos conversar em algum lugar? – A resposta se perdeu, pois não havia saído palavra algum dos lábios dele. – Ah, deve ter outros planos. – Bella pensou que ele estava sem saber como recusar.

— O meu plano era ir para casa, mas posso mudá-lo. – Conseguiu dizer.

— Certo. – Bella segurou a bolsa de lado com as duas mãos, estava se esforçando.

— Entre, por favor. – Edward destravou o carro e eles entraram. – Para onde quer ir?

Pareceu como um casal saindo para um encontro, por isso Bella sacodiu a cabeça afastando tais pensamentos.

— Vamos para alguma praça, onde podemos caminhar ou sentar. – Foi o que pensou.

— Tudo bem.

— Não muito perto daqui. – Apressou-se para completar.

— Tudo bem. – Repetiu.

E cada vez mais parecia um encontro amoroso. Bella estava terrivelmente incomodada com aquilo, mas precisava de um tempo com ele para conversarem. Edward começou a dirigir já sabendo para onde a levaria, seria um lugar bonito, não muito perto dali. Imaginou que levaria um outro fora, ainda mais poderoso do que qualquer outro que ela vinha dando, pois tinha dito no bilhete que com certeza ela leu que estava apaixonado.

Mesmo assim, não parou de ficar animado com o fato de estar com ela, fora do ambiente de trabalho e que poderiam passar alguns momentos em um lugar bonito. Gravaria aquilo em sua memória como um dia importante.

Bella olhou através da janela com grande interrogação mais um parque passar. Era o segundo, e aquele não fica próximo das imediações da universidade. Estava perfeito para dois adultos terem uma conversa sem serem interrompidos ou flagrados por alunos e outros funcionários.

— Ali não estaria bom? – Arriscou perguntar.

— Não. – Edward balançou a cabeça negativamente.

— Só precisamos de um lugar para conversar.

— Eu sei, eu sei. – Disse tranquilamente. – Mais alguns minutos e chegaremos. – Garantiu.

Novamente ficaram em silencio, ouvindo apenas os instrumentos e a voz da cantora que saia dos autofalantes do rádio do carro. Bella queria permanecer segura e tranquila, então prestou atenção na letra da música. A voz rouca da cantora falava sobre como a pessoa que ela gostava parecia enviada do céu, mas que de alguma forma inventava o medo dentro dela.

Foi rápido, mas percebeu o movimento da cabeça de Edward em sua direção. Ele recolheu assim que Bella percebeu. Talvez, aquela não tivesse sido uma boa ideia. Bella aconchegou-se mais perto da porta, longe de Edward como quisesse se afastar o máximo. A cantora continuou falando como o passado se tonava um crime em sua mente e em como aquela pessoa havia mudado o seu coração. Novamente ele a olhava, agora não tinha sido rápido. E a voz dizia que em qualquer lugar que o ser amado fosse, todas as estradas ainda o levariam de volta para perto dele. Os dois trocaram mais um olhar.

— É uma ótima música. – Edward cortou o silêncio enquanto ela preferiu continuar calada.

— É, não sei... – Bella tombeou na resposta.

— Como pode não saber? Tem belo arranjo musical e uma letra maravilhosa, além da voz da cantora. – Tentou fazê-la relaxar, mas não adiantou.

— Sim, é uma boa música. – Admitiu contrariada. – Para onde estamos indo? – Quis saber mais uma vez.

— Estamos chegando. – Edward a tranquilizou e pouco tempo depois estacionava em um parque localizado as margens de um dos rios que cortava a cidade. Bella o conhecia bem, já havia levado o Theo aquele lugar, além de já ter ido ali com o pai do menino.

Era uma parte muito bonita da cidade, o rio por si só dava um toque todo especial. A área arborizada em volta era como estar em um jardim encantado. Em volta havia de tudo que um parque como aquele deveria ter, brinquedos, área de esportes e exercícios, ciclo faixas, bancos, pequenas barracas de lanches. O que não faltava também eram crianças com seus pais, pessoas se exercitando e casais de namorados.

— Ficaremos aqui? – Perguntou ao notar os casais apaixonados.

— Parece perfeito para uma conversa. – Bella imaginou para que tipo de conversa ele estaria pensando.  

Eles saíram e começaram a caminhar entre a paisagem. O ar estava fresco e Bella começou a relaxar, talvez, aquela não teria sido uma má ideia. Levantou mais um pouco a cabeça, pois lhe era agradável aquele vento frio no rosto. Edward caminhava ao seu lado admirando cada movimento e expressão em seu rosto. Seu coração palpitou algumas vezes.

— Eu realmente estou me apaixonando. – Edward pensou alto, alto o bastante para ela ouvir e parar em resposta.


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