Então conheci você escrita por Evangeline White


Capítulo 3
James e a Dança


Notas iniciais do capítulo

E o terceiro acabou de sair! James, finalmente chegou sua vez. ♥

A música que inspirou o capítulo se chama Lost Boy, da Ruth B. Eu recomendo muito que ouçam depois ou vejam a letra porque ela é muito linda. ♥

Aproveitem~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784647/chapter/3

O sol começava a descer preguiçosamente quando os convidados foram para o imenso salão, e o céu alaranjado invadiu a festa pelas telhas transparentes, contrastando com os tons pasteis da decoração. Sirius e Remus já haviam recebido e cumprimentado todos os convidados, e agora aproveitavam o tempo enquanto os aperitivos eram servidos.

A agitação na festa era gostosa, como se todos tivessem concordado em manter o a paz para agradar aos noivos. Mesmo Harry e seu namorado, Draco Malfoy, não discutiam como era costume. James acompanhou o filho tentar arrastar Malfoy pela mão quando uma música mais animada iniciou, e começou a rebolar ao redor dele até a vergonha alheia vencer e Draco aceitar uma dança decente.

Se Harry tivesse virado para Draco quando pegou sua mão, teria visto o sorriso que o garoto abriu ao deixar ser guiado.

— Acho que nosso filho não é tão idêntico a você como dizem, senhor Potter.

Lily parou ao lado de James, divertindo-se com o casal jovem que dividia a pista junto de outros convidados.

— Eu ainda alimento a teoria de que Harry está guardando os passos de dançarino para brilhar no palco na hora certa, como minha musa Alex Owens.

— Eu duvido muito que nosso filho seja igual a moça daquele filme brega.

James soltou um grito ofendido, e Lily e esforçou para não rir.

— Flashdance é uma obra prima.

— Tenho certeza de que teria gostado mais se tivéssemos assistido ao invés de transar.

Dessa vez, ele deu de ombros, e num movimento rápido, tomou Lily pela mão e a girou no próprio eixo, a prendendo com firmeza pela cintura.

— O que eu posso fazer, senhora Potter? Polainas sempre me deixam excitado.

— Tudo te deixa excitado, pervertido. — Lily sorriu, subindo a mão livre pelo ombro do marido.

— Não é verdade. Só as coisas que imagino em você.

Antes que James pudesse dar mais do que dois beijos no pescoço de Lily, um grunhido veio atrás dele. Quando se virou, a primeira coisa que viu foi o cabelo laranja e cheio, e depois a expressão de Ron tentando não mostrar desgosto.

— Podem dar licença? Nosso lugar é aí.

Ron se esforçou em soar educado, embora as orelhas vermelhas tivessem entregado a vergonha da escolha de palavras. Atrás dele, Viktor passou a mão pelos ombros do namorado e sorriu para os adultos.

— A festa está bonita, fiquei feliz pelo convite. Ron, pode dar a volta para se sentar.

— Ah não — Lily se adiantou ao se separar de James e puxá-lo de perto da cadeira de Ron. — Nós que estamos no caminho. Os dois estão lindos, aliás.

Ron sorriu para Lily, e James bagunçou o cabelo laranja do garoto antes de deixar o casal passar com pratos pesados de comida. O buffet principal já estava aberto há bons minutos, mesmo assim algumas pessoas continuavam a atacar as deliciosas variações escolhidas pelo casal.

Na pista, Draco reclamou de um giro exagerado de Harry, e acabou nos braços de Andromeda. A tia, é claro, fez questão de puxar o sobrinho loiro para dançar, que se viu incapaz de negar – ela pelo menos não pisava em seu pé a cada respirada. Os olhos de Harry cruzaram então com os da mãe, que acenou.

— Vou socorrer nosso menino antes que outra vítima se machuque.

Lily se afastou e James ficou no lugar até ver Lily pegar os braços de Harry e começarem uma dança própria deles. De sorriso orgulhoso, James continuou o passeio pelos convidados. Estava fazendo a volta no salão desde o começo da festa; queria garantir que tudo estaria perfeito aos amigos, do jeito que mereciam. James se considerava o maior torcedor do casal, por ter acompanhado de perto os foras de Remus e os exageros de Sirius, até finalmente aceitarem que eram perfeitos um para o outro.

Bem, Sirius já aceitava isso, mas Remus ainda precisava admitir em voz alta. Quando a primeira aliança apareceu no dedo deles, James faltou desmaiar de emoção.

Por isso, queria garantir que aquele dia fosse o marco mais importante na vida do casal, e quando ouviu a voz de Peter gaguejando, girou os pés para lá de imediato.

— Onde elas podem estar?! Flores não somem assim!

— Eu... eu não sei...

Minerva faltou bater em Peter do tanto que chacoalhava os braços, e James riu, chegando com toda a boa elegância até a antiga professora.

— Não respirei errado até o momento, professora. O que pode lhe afligir mais do que minhas brilhantes ideias?

Minerva se virou para James, e seus lábios desapareceram do tanto que os apertava. Mesmo que a idade tivesse chegado, continuava tão elegante quanto James se lembrava.

— As flores, James Potter! Os vasos de flores estão vazios, e eu tenho certeza de ter contado todos devidamente bem.

Atrás dela, três imensos vasos estavam apenas com terra. Posicionavam-se em lugares tão discretos que mesmo James não teria notado, mas como sempre, nada passava despercebido pelo olhar afiado de Minerva McGonagall.

Peter engoliu em seco, e bastou uma troca de olhares para James entender de onde Peter tirou as flores para o belo arco do casamento. O esforço para não rir foi surreal, e Minerva pareceu reparar, pois seus olhos afiados correram de James para Peter e se voltaram para o antigo líder dos Marotos.

— James Potter, se você fez alguma coisa... é o casamento dos seus amigos...!

Mas ele ergueu as mãos em sinal de paz, com um dar de ombros natural.

— Eu juro solenemente que não sei de nada. Mas acredito ter ouvido os latidos de Pads II mais cedo. Você sabe, ele adora mastigar flores. Quem estava cuidando dele mesmo? Charlie, o menino dos Weasley?

Aquilo pareceu bastar para Minerva, que se afastou balançando o vestido verde escuro. Peter soltou o ar, e James riu.

— Obrigado, Prongs. Eu não queria levar uma bronca a essa altura da minha vida.

— Depois da brilhante ideia que você teve, era o mínimo que eu podia fazer. Pegar as flores do salão! Genial, Worm. Genial.

Peter sorriu, e James notou como parecia orgulhoso pelo elogio. Bem, ele deveria ficar mesmo. Sempre ressaltou a genialidade de Peter, e vê-lo deixar aquela casca de insegurança de lado era de se comemorar.

— Isso fez o Moony feliz. — Peter virou o rosto para os recém-casados com um suspiro amoroso. — E se fez ele feliz, então vale o desafio.

— Mesmo se o desafio for a bronca da Minerva?

Peter estremeceu, e James gargalhou.

De repente, a música baixou, e as pessoas se afastaram da pista quando o casal se levantou.

— Agora — a voz suave e chorosa de Molly veio do microfone no palco — os noivos farão sua primeira dança.

Era o momento. James respirou fundo e acenou para Peter lhe seguir. A rodinha de pessoas se fechou para que todos conseguissem assistir à dança, e James se colocou ao lado da esposa e do filho. Sua mão subiu para o cabelo de Harry, e depois fez o mesmo com Draco, que quase rosnou para o sogro. James apenas alargou o sorriso.

— Onde estão seus lenços, James? — Lily provocou a medida que Sirius segurava a cintura de Remus. — Ou os pompons brilhantes? O que vier primeiro.

James, no entanto, apenas manteve o sorriso largo no rosto, o que pareceu preocupar Lilian.

— Guarde isso para o final, boneca. Deixe os pombinhos se divertirem.

E eles se divertiram de fato. James não desviou seus olhos em nenhum momento do casal que ia e vinha numa valsa bonita. Havia uma mistura de clássico com passos originais, e James se deleitou imaginando como foram as aulas de dança daqueles dois. As brigas no começo para decidirem a música; a escolha do professor que aguentaria as piadinhas sexuais de Sirius e o humor depreciativo de Remus; a felicidade de conseguirem repetir os primeiros passos sem erros.

Sirius era um ótimo dançarino, e Remus aprendia rápido. James ainda se lembrava de vê-lo treinando na cozinha, enquanto cantarolava, e de Sirius aparecer ao seu lado com um olhar tão apaixonado que James ficou surpreso de Sirius não se casar naquele segundo. Sempre ouvia dos amigos e mesmo dos outros que era o elo entre os três e que graças a ele, fizera Sirius e Remus se conhecerem. Mas James sabia muito bem que o mérito era dos amigos por fazê-lo dar o melhor de si por eles. Porque James não se via sem aqueles garotos nunca mais. Era imaturo e dependente, de uma forma surpreendente saudável.

Se James pudesse escolher um único orgulho de sua vida, diria sem pensar duas vezes ter sido fundar Os Marotos. Pois foi graças a eles que se aproximou de Lily; foi graças ao apoio dos amigos que acreditou que seria um ótimo pai e, sobretudo, foi por querer ver os amigos tão bem que James deixou suas inseguranças de lado.

E Deus sabe como James temia o mundo. Temia não ser bom o suficiente ou forte o suficiente. Temia não honrar o nome de seus falecidos pais ou conseguir realizar suas próprias conquistas. Seus amigos eram mais do que um grupo especial – eles eram a prova de que James Potter podia ser o que quisesse ser, pois sempre teria o amor e o apoio daquelas pessoas especiais.

E ganhar o coração de Lily Evans só fez com que James percebesse estar indo para o caminho certo.

Quando Remus girou Sirius, abraçou a esposa e a beijou na bochecha.

— Eles estão lindos — ela sussurrou, de olhos molhados. — Seus pais estariam orgulhosos.

James concordava. Lyall e Hope Lupin eram pessoas maravilhosas que estariam em lágrimas agora, enquanto seus pais provavelmente estariam assoviando e gritando em empolgação. Afinal, seus pais eram os pais de Sirius também, pois simplesmente resolvera deletar aquelas pessoas abusivas cujo anos e anos dedicaram a machucar Sirius.

Foi com esse pensamento que James se endireitou quando a música deles terminaram, e Remus abraçou Sirius com força. Fez um aceno para Peter, que correu para o microfone antes que os noivos deixassem a pista.

— Os noivos agora terão mais uma dança especial — Peter sorriu largamente, e Minerva saiu do meio da multidão, se aproximando de braços estendidos para Remus. — É hora da dança com seus pais.

Remus aceitou Minerva prontamente. Não era segredo para ninguém que a mulher praticamente assumiu Remus desde a morte de seus pais, e como o garoto se sentiu acolhido por ela em pouco mais de um mês. Minerva era amiga de Hope há anos, e ver o filho dos Lupin crescer e vencer seus medos era o mundo para a mulher.

— Eles estariam muito felizes agora — Minerva sorriu para Remus, que retribuiu com igual carinho.

— Eu sei. E estariam igualmente alegres de ver o trabalho incrível que você fez.

Minerva balançou a cabeça e resmungou alguma coisa que foi cortada pelo riso baixo e o leve corar. Sirius, ainda confuso com a dança repentina, pretendia dar espaço aos dois quando sua mão foi erguida. O arfar surpreso veio ao virar o rosto; não viu a face dos pais biológicos – para seu alívio – e sim o rosto sorridente de James. O que não ajudou em nada a passar a surpresa.

— Ah Prongs, eu sei que sou irresistível, mas o momento de declamar seu amor por mim foi umas horas atrás quando o padre disse “se alguém tem algo contra...”. Mesmo assim aprecio seu vício. É difícil esquecer Sirius Black depois que ele deita em sua cama.

James riu e girou com Sirius pela pista. A música começou a tocar, e Sirius sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando a letra tão conhecida por ele se fez presente no salão; James sempre soube exatamente onde tocar.

— Todo casamento tem a dança com os pais, e como os nossos estão olhando por nós do céu, eu resolvi que seu momento não poderia passar em branco. Afinal, não é todo dia que um irmão vê o outro se casar, certo?

As palavras da música correram por eles, mas a voz da cantora parecia distante; o que Sirius se lembrava era de Euphemia, tarde da noite, abraçando a ambos na cama de James e repetindo aquelas palavras.

Eu prometo que você nunca estará sozinho.

Os olhos cinzas de Sirius brilharam, e algumas lágrimas ameaçaram manchar o rosto bonito outra vez. Assim como aos dezesseis anos. Assim como na noite que Sirius apareceu na sua porta, em lágrimas, dizendo que fugira de casa.

James lembrava como seus pais acolheram Sirius de imediato, do chocolate quente que Fleamont preparou para eles, e do abraço caloroso de sua mãe. Lembrava-se de como Sirius deitou em seu peito e os dois ficaram na cama de James, abraçados e acolhidos pelo cobertor quentinho.

A Terra do Nunca é o lar de meninos perdidos como eu.

— Ela sempre cantou bem — Sirius comentou de repente, como se pudesse ler a mente de James. — Ela era incrível.

James concordou, feliz. Não duvidava que Sirius conseguisse ler de fato seus sentimentos. Porque era Sirius, afinal. Porque era seu melhor amigo, e partilhavam do mesmo amor incondicional por Euphemia e Fleamont Potter.

— Eu prometi para eles e para você que estaria ao seu lado a todo momento, não é? Eu sempre cumpro minhas palavras. Nem que pra isso eu tenha de secar essas suas lágrimas adoráveis.

Sirius não era um homem orgulhoso com os amigos, e não seria naquele momento que começaria a ser. Sua boca se comprimiu e um riso emocionado partiu de si, deixando que James o guiasse com leveza de um lado para o outro. Entre a plateia emocionada, Lily abraçou os ombros de Harry e deitou a cabeça no ombro do filho.

— Era por isso que ele estava tão calmo... James Potter, sempre tão convencido — Lily murmurou de bom humor.

Remus e Minerva valsavam num momento apenas deles, assim como James e Sirius. Era como se não existisse nada além dos quatro naquele palco para Sirius, e James partilhava do mesmo sentimento caloroso.

— Você significou muito para eles, Sirius — James voltou a falar. — Você deu aos meus pais anos brilhantes e animados, e preencheu minha vida de uma forma que eu não sei explicar. Sempre será meu melhor amigo, e eu sempre vou amar você acima de qualquer coisa. Você sempre vai ser um Potter para mim, e nada poderia mudar isso. Você é o irmão que eu sempre quis.

Sirius sorriu para Prongs, e se pretendia devolver o discurso, quebrou as expectativas de James ao escolher agir primeiro. E agiu de forma a deixar James sem palavras, deitando a cabeça no ombro do amigo e respirando fundo.

— Eu sabia — Sirius alargou o sorriso ao fechar os olhos e se acomodar mais — que não me arrependeria de ter você como amigo. E eles estariam orgulhosos de nós dois, porque somos a melhor criação desse mundo. E nos casamos com dois verdadeiros anjos.

James concordou, apertando mais Sirius em seus braços. Durante um tempo, James ouviu perguntas e comentários sobre sua relação com Sirius; coisas como “tem certeza de que é só amizade?” ou “ele realmente gosta de você” era recorrente entre os dois, que apenas respondiam com abraços indecentes e piadas sexuais. Porque se havia uma coisa que James tinha certeza, era do seu amor incondicional por Sirius Black – como o irmão que pediu de natal por quase dez anos em cartinhas para o Papai Noel.

Terra do Nunca eu te amo tanto, você agora é meu lar, meu doce lar.

A música se seguiu lenta e gostosa, e Sirius e James não trocaram mais palavras. Não precisavam. Não quando uma simples troca de olhares bastava para entenderem o que pensavam, o que queriam, o que sentiam. James e Sirius eram os melhores amigos, os melhores irmãos, e ninguém jamais teria força para separar a linha de aço criada entre os dois. Eram os reis do mundo e abraçavam a todos com toda a vida; eram partes de um todo lindo e tocante.

Mesmo quando a música acabou e os aplausos vieram, mesmo quando James tomou Lily e Harry nos braços e os convidados agitados se juntaram na pista, mesmo quando a hora de cortar o bolo chegou e tentaram sujar o rosto de Remus, Sirius e James estavam lá, lado a lado, guardando as costas um do outro. Os anos passariam, e seu elo permaneceria o mesmo.

— Estão prontos? — Sirius perguntou quando Peter se colocou ao lado de Remus. James se jogou em seu ombro, animado. — No três. Um, dois...

A rolha do champanhe estourou, e todos aplaudiram. James acompanhou Sirius beijar Remus de forma apaixonada, e enquanto o casal enchia as primeiras taças, teve a certeza de que aquele casamento seria o mais feliz que o mundo já viu, porque Sirius Black era o homem mais amoroso que James Potter teve a honra de conhecer, e ressaltaria aquilo dia após dia, pois sabia que sua amizade seria eterna.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo será o último, da pessoa mais perfeita desse grupinho de seres perfeitos. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Então conheci você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.