A ilusão do natal escrita por Kori Hime


Capítulo 1
A ilusão do natal


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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O natal de 1990 foi o mais próximo de um natal de verdade que Sarah Connor proporcionou para John. Naquele ano, Sarah havia conhecido um analista de sistemas e se aproximado dele com o pretexto romântico para não levantar suspeitas. Contudo, ela estava mesmo interessada em aprender outras coisas ao qual ele trabalhava após o expediente em uma companhia multimilionária.

David era especialista em segurança digital, fazia a segurança de diversos bancos, evitando fraudes. E ele era tão bom no que fazia que ninguém sabia de sua segunda vida como hacker.

No dia vinte e quatro de dezembro, Sarah estava na cidade na companhia de seu filho John. Naquele ano, eles não se mudaram com a mesma frequência que os outros anos, por isso John estava há mais tempo do que o normal em uma escola. Não fazia tanto parte de sua educação ficar horas na frente de um livro, ou lendo na biblioteca, a não ser que fossem livros que o ajudasse a ser um futuro líder. Com onze anos nenhum garoto está a fim de ler filósofos ou autores que supostamente ajudariam ele a ser um grande homem no futuro. O que gostava na escola eram as aulas de química, onde sempre colocava em prática tudo o que ele já havia aprendido. E a bomba de fedor foi a mais hilária. Sarah não o castigou por ter criado uma bomba de fedor, mas por ser pego pelo diretor e suspenso em duas semanas.

Por isso ele quase perdeu aquela noite de natal na casa de David. Entretanto, o novo namorado da mãe parecia ter um carinho especial por ele, e assim Sarah achou que seria uma boa estratégia levá-lo consigo.

— Poderíamos fingir que você se importa comigo, e quer que eu me divirta? — John perguntou de forma irônica, mas Sarah não deu ouvidos, apertou a campainha e sorriu amplamente, como há muito não fazia. — Não exagera, parece um robô.

— Não repita isso. — Ela falou séria, mas sua postura mudou novamente quando Davida abriu a porta. Ele usava um suéter vermelho com uma estampa brega de tema natalino. John começou a rir e apontar para ele, mesmo Sarah tentando fazê-lo parar, David moveu a mão e riu junto.

— Minha mãe todo ano me dá um novo suéter para combinar com a decoração da casa. — Ele falou, pedindo para os dois entrarem, pegando o casaco de Sarah e pendurando no cabideiro.

Assim que entraram na casa, o aroma delicioso da comida os bofeteou a face. John abriu a boca e o queixo foi ao chão quando viu a mesa com doces e vários quitutes que poderiam se servir antes do jantar. A bebida também era agradável, assim com o calor de dentro da casa. Os motéis baratos que viviam não possuíam aquecedores, ou eles tinham um fedor de óleo. John ficou a vontade muito rápido e Sarah aceitou beber com David, enquanto a mãe dele contava como era sua receita secreta para o molho especial que acompanharia o peru.

Na mesa, todos deram as mãos para rezar e agradecer as bençãos daquele ano. Sarah sentiu a mão de John apertar a sua e ela o olhou com carinho. O filho tivera um ano difícil, como todos os outros, mas era para seu bem... para o bem da humanidade que John se tornasse alguém capaz de lidar com o que estava por vir.

Eles comeram com conversas animadas e risadas. Por um momento, mãe e filho esqueceram que o mundo lá fora era uma bomba relógio prestes a explodir. Ao abrir os presente embaixo da árvore, John ganhou de David um vídeo game. A expressão no rosto do garoto fez Sarah sentir seu coração apertar. Havia tirado do menino a beleza da vida? Jogando em seus ombros a dureza de um futuro perdido?

— Aqui, esse é seu presente. — David falou, entregando para sara uma caixinha.

— David, eu não trouxe nada para você. — Sarah segurava a pequena caixa, havia um misto de sentimentos preenchendo o seu peito e houve um momento em que ela se agarrou as expectativas daquela caixa possuir um anel, assim como um pedido para que ela ficasse.

Apesar de não amar David, ela gostava dele, era um bom homem. Bonito e inteligente.

— Abra a caixa. — David sussurrou em seu ouvido e acariciou a cintura dela com a mão direita, depositando um beijo em seu rosto.

Sarah abriu a caixa e para sua surpresa havia um chip dentro dela. Não era um anel, não era um pedido de casamento, era um lembrete do porquê ela estava ali naquela noite. O chip continha informações bancárias sigilosas que iriam ajudá-la a conseguir munição, armamento e pessoas qualificadas para sua missão. Destruir todas as empresas que desenvolviam tecnologias robóticas pelo país.

Ela olhou novamente para John, que estava no chão daquela bela sala familiar. O sorriso dele e seus olhos de menino se encontraram com os olhos astutos da mãe. Ele compreendeu que o Natal havia terminado. O primeiro e último natal ao qual ele pode ser nada além do que uma criança.

Assim que se levantou, vestiu seu casaco e agradeceu a senhora Dawson pelo jantar e pelo presente. O vídeo game pairava embaixo do braço de John, quando David passou a mão nos cabelos dele, desejando uma boa viagem.

John olhou para a mãe, que moveu a cabeça mandando-o entrar no carro.

— Obrigada, David. Você foi um bom amigo.

Sarah deixou a casa, ela caminhou atrás de John e o cheiro de comida fresca e bebida quente foi ficando cada vez mais distante dos dois. Eles entraram no carro e ambos olharam para as janelas daquela casa. Era uma construção típica das casas de subúrbio com jardim, algo que Sarah não poderia oferecer para o filho.

Ela entregou a caixa na mão do filho, ele já tinha idade para aprender a ser responsável por algo importante.

— Vamos, vamos para o Novo México. — Sarah aqueceu o carro ao ligar e depois pousou a mão sobre o ombro de John. — Feliz Natal.


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Notas finais do capítulo

Comentem :3



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