Tome Tenência, Rapaz escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 7
Que Mico!




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— Tia, você me deixa ir ao baile esse sábado?

Ao olhar contrafeito de tia Rita, Caíque acrescentou prontamente:

— Eu tenho feito o serviço direitinho, e nunca mais cheguei fora de hora...

A tia pensou mais um instante, e sua expressão se desanuviou.

— Está bem. Aqui não tem tanta coisa ruim como lá na cidade. Mas tome tento, hein, menino!

Caíque sorriu vitorioso. Com verdadeiro prazer trocou as roupas de trabalho, ainda cheirando a vaca, pela roupa de sair que a tia lhe disponibilizou. Caminhou pela estradinha assobiando enquanto via o sol se por. Não contara para a tia que já tinha uma companhia para o baile: Neusinha, uma das meninas que estava morando na casa de tia Judite. Ela tinha um jeito bem safado, e fora ela quem fizera o convite, dando a entender que estava interessada nele. E tampouco contara à tia Rita que o baile onde tencionavam ir não era o que ela estava pensando. Enfim as coisas começavam a ficar divertidas ali!

Na cozinha da pensão, Neusinha recebeu-o com um sorriso malicioso, que Caíque prontamente interpretou: não deveria contar a ninguém aonde estavam indo. Ao sair, notou um olhar meio torto da prima Márcia, mas não deu importância. Na rua, Neusinha já começou com umas conversas safadas, querendo saber coisas dele. Caíque respondia com prazer enquanto seus olhos percorriam o corpo roliço da morena jambo, como ela era gostosa!

Passaram reto pela porta do clube, tendo o cuidado de fazer menção de quem quer entrar, afinal podia haver alguém olhando, mas dobraram a esquina escura e rumaram para outro clube que havia aberto recentemente em um rancho um pouco fora da cidade, onde se tocava funk. De longe Caíque já podia ouvir o batidão.

Caíque nunca tinha ido a um baile funk e achava aquilo coisa de gente da periferia, mas estava achando muito bom. As coisas da cidade já estavam chegando na roça, lá onde a mãe achava que ele estava a salvo das más companhias... Neusinha dançava com desenvoltura, sacudindo os quadris e descendo até o chão, e Caíque esforçou-se para fazer o mesmo. Tomaram uns tragos de cerveja, e voltaram à dança. Caíque notou que algumas pessoas ali estavam se drogando, realmente as coisas ruins da cidade já estavam chegando na roça. Deu uns amassos em Neusinha, e colou as mãos no traseiro dela enquanto ela rebolava os quadris, fazendo o quadradinho. Viu que já havia uns casais chegando às vias de fato nos cantos escuros, quem sabe se com mais uma rodada de cerveja ele conseguia faturar Neusinha.

Mas ao retornar do quiosque de bebidas, o que ele viu foi Neusinha dançando e se esfregando com outro rapaz. Surpreso, ficou andando de um lado para o outro, querendo descobrir o que fizera de errado. Mas não demorou, e Neusinha já estava se esfregando com um terceiro garoto. Na verdade, todos ali estavam fazendo o mesmo. Caíque tentou disfarçar a decepção, mas já estava querendo ir embora. Deu a desculpa que tia Rita havia lhe dado um horário para voltar, e percorreu de volta a estradinha agora escura, sentindo-se um perfeito otário.

No meio da semana, passando novamente na pensão de tia Judite, Caíque viu Neusinha totalmente normal, ocupada com os cochichos de sempre com Ju e Karol. Estariam rindo dele? Não, Caíque pensou, aquelas três estavam sempre assim mesmo. Procurou também agir normal para disfarçar a decepção, mas a prima Márcia era perspicaz.

— Não te falei que elas eram regateiras?

Caíque fez ar de pouco caso, mas percebeu que não enganava a prima.


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