Acordo no dia seguinte e com menos dificuldade vou andando pela casa. Vou adiantando as coisas mesmo tendo servas para isso. A mãe e o pai saíram não sei porquê, mas imagino, já que meu pai não foi trabalhar.

Minha alma está aflita, desesperada... Estou sendo sufocada pelos meus sentimentos. Por isso preciso ocupar minha mente com alguma atividade.

Laila apesar de chateada comigo me ajuda a cuidar de Shelly, que passou mal da barriguinha ontem, enquanto as servas fazem a comida e cuidam da casa.

Passo o dia apreensiva, pois tenho certeza que essa saída deles é determinante para o meu futuro.

O dia passa, e eles chegam a tarde. 

— Emilly! – me chama o meu pai da sala de janta. – sente-se aqui na mesa conosco.

Aí meu Deus. Pelo tom de voz do meu pai, já estou vendo no que deu. Cada passo que dou até eles é com muito medo. Quando chego ao cômodo minha mãe está de cabeça baixa, e meu pai está muito sério. Me sento junto a eles na mesa.

— Falei ontem que em respeito à você eu iria atrás do príncipe Dilan. Pois fomos hoje. - diz ele.

Aí meu DEUS. Meu coração começa a acelerar.

Então faço uma pergunta que eu sinceramente tenho medo da resposta:

— e o que ele disse, meu pai? Irá renunciar para se casar comigo? – pergunto entre os dentes.

Meu pai abaixa a cabeça. Ele não quer me dar a notícia.

— Ele não falou nada. – Diz a mãe sem levantar o olhar para mim. – o questionamos na frente da rainha, e ele não falou nada, ficou estatelado, disse que ia pensar e saiu de perto.

O que?

Por que?

Meu coração parece parar de bater. Como assim ele disse isso aos meus pais?

— como é que é?  Ele disse que ia pensar? – digo com a mão no peito, e sentindo os olhos se encherem de lágrimas. – sério, meu pai??

— Sim. Eu disse a ele que ele tem até amanhã. Passado disso, eu arrumo um noivo para você. - diz ele com um tom triste ao me ver chorar. - Hoje mesmo recebemos uma proposta de noivado, e gostamos da proposta. O rapaz tem um perfil que achamos que você vai se agradar, mas vamos pensar já que é uma situação complicada. Tens também outras propostas que recebemos no seu aniversário, vamos ver quem ainda são os interessados.

Meu coração dói, e eu não consigo parar de chorar. Eu odeio bancar a frágil,  mas num momento como esse, e depois de ter se passado 3 anos ele ainda vai pensar se quer casar comigo? 

— filha, queremos o seu bem. – Diz minha mãe.  

— Tudo bem mãe, eu sei disso... – digo enxugando as lágrimas que não cessam.  – Eu preciso ficar sozinha agora.

Digo me levantando e vou correndo para o meu quarto, sem me importar com a dor que ainda sinto no pé. Parece que toda a atmosfera ficou pesada e quer me esmagar no chão.  Eu me jogo na cama aos prantos, e Laila se escandaliza porque nunca me viu assim antes. 

Ela chega perto e me abraça.

— Ele disse que ia pensar... No momento em que foi confrontado pelo pai disse que ia pensar! eu não acredito nisso Laila... – digo a abraçando firme, como se fosse para dividir a dor que sinto com ela. - o papai deu até amanhã para ele pensar, mas se ele não se decidiu na hora, não vai se decidir depois!

— Mas Emilly, ele pode vir amanhã, ele só deve estar desorientado. - diz ela tentando me acalmar.

— Ele não vai vir, mana. Eu sinto isso. - digo me afastando do abraço. Enxugo as lágrimas. - Ele tem uma sede muito grande pelo trono, sempre almejou isso e não vai renunciar agora que é sucessor, a mãe e irmão dele me afirmaram isso. Essa é a realidade que eu nunca quis aceitar. – digo me acalmando. – Mas vamos ver. Se ele não aparecer amanhã,  ele me perdeu.
 

(...)

Acordo cedo, ele tem até hoje para estar aqui. Se ele vier ele vai ouvir muito, vou brigar com ele sim, mas vou continuar com ele. Tenho dentro de mim uma certa esperança de que ele apareça... Nossos momentos juntos foram muito significativos para ele ignorar.

Mas...

Também sei que ele almeja demais o trono. Sempre percebi isso. Por isso nunca questionei sobre quando ele iria renunciar,  pois sabia da resposta.

As horas foram passando, e passando... E nada de Dilan.

Ele me prometeu tantas coisas... Ficou 7 meses tentando me conquistar depois do baile em que nos conhecemos. Eu já era apaixonada por ele, mas sabia exatamente disso, que para ele cumprir todas as promessas ele teria que abandonar o trono. E o meu medo não me deixou aceitar ser sua logo, pois eu tinha medo de entregar o meu coração e depois ele cair fora, por não querer renunciar o trono. Só que a bobinha aqui acabou acreditando em suas promessas, e aceitou namorar com ele.

(...)

Anoiteceu. Meu pai passou o dia em casa esperando por Dilan, e a janta foi a janta mais tenebrosa que já tivemos desde a morte do meu avó. Até meus irmãos menores estão calados na mesa em respeito a minha dor. 

Saio da mesa sabendo da resposta com clareza: ele não veio porque prefere o trono. 

Vou para o meu quarto e Laila vem comigo. Decido que não vou mais derramar uma lágrima por Dilan. Estou me sentindo um lixo, mas não vou deixar ninguém saber disso.

— Laila. – digo já deitada chamando a minha irmã que está na cama ao lado. 

— Oi Emilly. 

— você verá: eu não sei o que me aguarda, mas pode ter certeza que eu serei muito feliz.

Digo mais para mim mesma do que para ela.

— será Emilly. Você merece.

Respiro fundo e fecho os olhos. Não sei como será daqui pra frente, mas Dilan vai se arrepender do que fez.