A Vida e as Mentiras de Zaniah Black escrita por Bells


Capítulo 10
O Movimento


Notas iniciais do capítulo

Era pra eu postar esse capítulo só dia 04, mas o site não está permitindo, então desejo (de novo) um feliz e próspero ano novo para todos!
Gente, capítulo importantíssimo para o futuro da história!



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Zaniah amaldiçoou-se. Era final de novembro e estavam abarrotados de trabalhos para serem entregues. Passou a noite fazendo dois pergaminhos de noventa centímetros para Herbologia: O Uso das Mandrágoras nas Poções de Cura. Não havia conseguido dormir nada. Então, quando se dirigiu para a primeira aula do dia, Feitiços, agradeceu por ser aula prática. No entanto, na segunda, História da Magia, sua necessidade de descanso falou mais alto e a garota não se recordava de nenhuma palavra que havia sido proferida pelo professor fantasma. Dormiu os dois períodos inteiros. A única coisa que a fez sentir-se melhor, foi ver que todos seus companheiros de classe também apresentavam caras de quem havia recém acordado quando a aula acabou.

Agora, sem trabalhos para terminar, poderia ir para seu dormitório dormir. No entanto, fora condecorada por alguma razão: Zaniah não poderia perder o conteúdo de uma aula.

Chegou no Salão Comunal da Sonserina após a aula de poções junto a Bartô, Juliet e Darwin. O Burke e o Crouch logo se jogaram contra duas poltronas que havia na frente da lareira, fazia frio agora, afinal, e começaram a conversar.

Juliet, quem havia virado a noite consigo, a acompanhou até o dormitório.

— Eu estou exausta. – Juliet disse, jogando-se na cama.

— Eu também. – Zaniah falou enquanto largava os matérias no seu baú e pegava apenas alguns pergaminhos e o livro de História da Magia.

— O que você está fazendo? – Juliet perguntou, erguendo o tronco para visualizar a amiga saindo do quarto.

— Eu preciso ir para a biblioteca estudar o conteúdo que o Binns passou hoje, já que eu dormi na aula dele.

Juliet gritou, atirando-se de volta à cama.

— Zaniah, a sua dedicação tóxica me irrita.

A Black deu uma risada.

— Até depois, Jubi.

Zaniah chegou na biblioteca com velocidade, o caminho era tão conhecido por si que ela poderia fazer de olhos fechados.

Rapidamente se adiantou para uma mesa mais ao fundo da biblioteca, onde teria menos barulho dos outros estudantes. Abriu o livro na página 78, onde, na semana anterior, havia marcado como conteúdo da próxima aula – que no caso havia sido a qual Zaniah dormiu. – e começou a encarar as páginas carregadas de letras.

A Santa Inquisição (nome trouxa)

Zaniah achou um absurdo um livro de História da Magia nomear um período histórico da mesma forma que os trouxas. No entanto, ignorou isso e se pôs a ler o que dizia.

“A Inquisição foi um grupo organizado pela Igreja Católica durante o século XII, o qual tinha como objetivo o combate às práticas hereges e das chamadas bruxarias”.

Zaniah pode recordar-se sobre a cartilha de n° 20 de sua coleção de Sapos de Chocolate.

“Wendelin, a Esquisita se deixou apanhar 47 vezes pela Inquisição só para ser queimada, escapando todas às vezes do fogo com um Feitiço Para Congelar Chamas.”

Coincidentemente, Zaniah rapidamente chegou a uma lista com nomes de bruxos que foram detidos durante a Santa Inquisição, ou Caça às Bruxas.

Lia nomes, reconhecendo hora ou outra como nomes famosos no seu mundo, mas algo tomou a atenção de Zaniah.

A cada 20 nomes de bruxos capturados, 19 eram de mulheres, no entanto, e Zaniah sempre soube, àquela época as mulheres mal saíam de suas casas, diferente dos homens que expunham sua magia sempre que possível.

Automaticamente, lembrou da mãe. Uma mulher cheia de poder, tanto mágico quanto social por nascer no berço Black, que se submeteu a um casamento onde ela era totalmente controlada pelo marido. Lembrou, igualmente, da prima mais velha, Bellatrix, uma bruxa que sempre se destacou entre todos os outros, com prestígio e excentricidade, mas, agora que tem o casamento marcado, todos a enxergam apenas como a noiva de Rodolphus.

Não era sobre magia. Era sobre mulheres.

Afinal, se elas se mantinham reclusas em suas moradas, como seriam expostas? Capturadas?

A traição por alguém da própria família. Um homem, provavelmente. Pai, irmão, marido, filho. Algum que não suportaria ver uma mulher detendo tanto poder. Assim, queimaram, crucificaram, torturaram, mataram.

Zaniah sentia seu coração acelerar quando virou a página mais uma vez e encontrou duas frases anotadas ao topo da folha, por alguém que, com certeza, teve a mesma percepção que ela.

“O mundo nunca gostou de mulheres que voam. Sejam elas bruxas, sejam elas livres.”

“O feminismo nos garante uma existência um pouco mais digna perante o passado.”

Feminismo.

Zaniah se interessou pela palavra no mesmo momento. Levantou-se, deixando seu material na mesa, e foi atrás de um dicionário.

Dicionário de Azarações, Criaturas, Feitiços, Plantas, Poções. Até que o achou. Dicionário de Termos Históricos.

Abriu rapidamente onde se encontrava a letra F e correu os olhos procurando a palavra indicada. Encostou-se na prateleira da biblioteca ao encontrar o verbete.

Feminismo – Do francês, Féminisme, Doutrina cujos preceitos indicam e defendem a igualdade de direitos entre mulheres e homens.

Movimento que combate a desigualdade de direitos entre mulheres e homens.

[Por Extensão] Ideologia que defende a igualdade, em todos os aspectos (social, político, econômico), entre homens e mulheres.

Aquela que adere ao movimento: feminista.”

Respirou fundo.

Talvez não soubesse o nome correto ao termo, talvez nunca tivesse descoberto que o movimento sequer existia. Mas de uma coisa tinha certeza, se não nascera feminista, com o tempo havia se tornado.

Guardou o dicionário no mesmo local onde pegou e correu até a mesa da bibliotecária.

— Eu preciso de um livro que fale sobre o feminismo. – Disse sem cumprimento algum. Estava eufórica demais para isso.

A mulher apenas a olhou por cima de seus óculos quadrados e suspirou fundo, provavelmente reclamando da falta da educação dos jovens atuais. Depois disso, levantou-se e, sem falar nada, apenas seguiu em direção a uma prateleira, com Zaniah em seu encalço.

A mulher entregou três obras a Zaniah.

O Mito da Beleza, A História da Magia Feminina e A Mística Feminina.

Os olhos de Zaniah brilharam perante todo possível conhecimento a adquirir. Agradeceu a mulher a sua frente e levou os três livros junto a mesa em que estudava.

Com um pergaminho, fez um breve resumo sobre o assunto. Continha local do acontecimento, período histórico, motivações e alguns nomes que Zaniah achou interessante e importante citar. Resolveu não se estender muito no assunto, afinal estava ansiosa para iniciar a leitura que lhe fora dada.

Juntou seus materiais e anotou na ficha da bibliotecária os livros que estava pegando.

Correu de volta ao Salão Comunal da Sonserina, podendo visualizar Andrômeda e Rigel conversando na frente da lareira. Cada dia que passava eles pareciam mais próximos. Viu Régulos e Antony jogando xadrez bruxo em duas poltronas, enquanto Rabastan lia no sofá ao lado, espiando o jogo dos amigos de vez em quando. Zaniah gostou do clima quente que a lareira trazia para a sala comum, então resolveu largar todo seu material no seu dormitório, onde pode ver que Juliet dormia tranquilamente, para ficar apenas com o seu livro no Salão Comunal. Por ser leiga no assunto, achou que seria melhor começar sendo contextualizada, então resolveu iniciar sua leitura por A História da Magia Feminina, de Margarett Winchester.

Voltou ao local onde seus amigos estavam, sentando-se no sofá ao lado de Rabastan que a olhou de maneira saudosa, e se pôs a ler com vigor cada palavra escrita.

Zaniah não sabia o quanto aqueles novos livros mudariam sua maneira de pensar e, por consequência, sua vida.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Lembrem de comentar, eu fico beeeem feliz ♥
PS: Os títulos são adaptações de obras reais!



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