— Onde ela está?

Eu perguntei aflito a Sue assim que ele abriu a porta, ela direcionou o olhar para a escada, imediatamente eu corri subindo em direção ao seu quarto.

A porta do quarto estava aberta, Charlie estava sentado a cama de frente para ela, o que deveria ser um alivio se tornou uma preocupação ainda maior assim que eu a vi, Nessie parecia em transe, seus dedos brincavam com o anel que eu havia dado a ela, circulando delicadamente o metal em seu dedo enquanto seu olhar se mantinha fixo em seus movimentos.

— Ness – Eu sussurrei.

Charlie me olhou aflito, enquanto eu dava alguns passos em direção a cama ele levantou dando espaço para mim – Ela está assim a alguns minutos – Ele murmurou.

— Ei pequena, fala comigo! Eu sussurrei passando carinhosamente minha mão em algumas mechas de seus longos cabelos.

Seu olhar se voltou para mim.

— Ele vai fazer mal para o Charlie – Ela sussurrou com a voz trêmula, suas mãos começaram a tremer – Você me perdoa não é, eu não posso ficar.

— Ei, ei, calma! A puxei para os meus braços e ela escondeu o rosto em meu peito – Charlie vai ficar bem, todos vamos ficar!

— Mas – Ela me olhou com os olhos cheio de lagrimas – Ele disse Jake! Ela voltou a olhar para o anel e sorriu, depois me olhou – Jake vamos embora!

Eu a abracei forte beijando sua cabeça, Charlie passou as mãos nos cabelos e respirou fundo, nós ouvimos a voz de Carlisle vindo da sala e seus passos pelo corredor e então ele finalmente entrou.

— Olá Charlie! Ele falou em um tom amistoso, Charlie o olhou com um semblante fechado, o chefe estava dividido, de um lado a filha caçula totalmente fora de si e de outro uma filha a qual não tinha notícias a um mês.

Não precisei ler mentes para imaginar o que aquele olhar significou.

— Ela está em crise! Charlie respondeu – Não fala coisa com coisa a quase uma hora, estou preocupado com ela.

Eu tentei me afastar para dar espaço para que Carlisle a examinasse, mas Nessie me segurou pela camisa –Não! Ela falou em um tom mais alto – Não me deixa Jake não me deixa! Ela me segurou forte.

— Está tudo bem, calma! Voltei a abraça-la, Charlie puxou uma cadeira e deixou próxima a cama e o doutor sentou na mesma curvando o corpo na direção de nós dois.

— Renesmee! Carlisle a chamou.

Nessie virou o rosto sem tira-lo de meu peito o olhando – Você vai fazer passar? Ela perguntou com um tom de voz inocente.

Carlisle sorriu.

— Você precisa ficar calma, me deixe ajuda-la, Jacob não vai sair do seu lado – O médico falou estendendo a mão para ela.

Ela afastou o rosto do meu peito e então pousou sua pequena mão sobre a dele, Carlisle sorriu apertando carinhosamente a mão dela.

— Eu não entendo, o que querem de mim?

A pergunta veio em um tom de lucidez, Carlisle usou a mão livre para abrir a maleta retirando algo de dentro e voltou seu olhar para ela – Respire fundo, vou ajudá-la a respirar, você vai fazer o que disser está bem, vai se sentir melhor.

Nessie me olhou novamente e eu afirmei com a cabeça.

Carlisle a ajudou a deitar colocando gentilmente a sua mão sobre o abdômen dela, em seguida pediu para que ela fechasse os olhos e assim ela fez, ele pediu para que ela respirasse profundamente e de forma lenta em seguida pediu um copo de água e a medicou.

Alguns minutos depois ela adormeceu.

Sue ficou com ela em seu quarto e Charlie pediu para que conversássemos na sala, ele tinha uma expressão séria, sentou em sua cadeira de balanço e pediu para que o médico e eu sentássemos, e assim fizemos.

— Ela teve uma crise de ansiedade, por mais que Renesmee seja uma garota forte tudo que tem acontecido está causando um estresse muito alto, eu vou indicar um psicólogo e um psiquiatra, ela precisa disso enquanto isso está apenas no começo – Carlisle explicou.

— O que aconteceu? Porque ela está assim?- Perguntei confuso, nós tínhamos nos desentendido mais cedo, mas não era nada sério, nada que a deixasse nesse estado.

Charlie se esticou pegando algo que estava no sofá ao lado da sua cadeira, uma pasta preta – Olhe você mesmo – Ele falou me entregando.

Eu a peguei curioso e a abri, meus olhos se arregalara- Que diabos é isso?

— O pai biológico tentou chantageá-la, deu um tiro no próprio pé! Carlisle respondeu – Nos últimos dias eu recebi uma ligação de um dos meus superiores, de Seattle, um dos agentes da administração foi afastado, estava repassando informações a terceiros e havia informações minhas no meio – Charlie deu uma pausa- Eu vi um homem tirando fotos quando chegava a delegacia, quando cheguei hoje Renesmee estava com as coisas arrumadas falando que ia embora, eu sou o chefe de polícia sei reconhecer quando alguém está sendo coagido.

Eu respirei fundo – Nessie, fico imaginando o seu desespero.

— Como médico eu aconselho a afasta-la de tudo isso, Jasper comentou comigo que o advogando falou a ele sobre a audiência com o Juiz! Carlisle falou.

— Hoje ela machucou uma garota na escola! Charlie falou levantando.

— Nessie brigou na escola? Perguntei surpreso.

— Ela machucou o pulso de uma menina duas vezes maior que ela com a mão, por acaso vocês dois estão tomando esteroides? Charlie perguntou desconfiado.

Eu olhei para ele confuso.

— Nessie não é disso! A defendi.

— Eu sei! Charlie falou em seguida olhou para Carlisle – E Bela, e Edward, tem notícias?

Carlisle e eu trocamos olhares, estava sendo difícil esconder ela de Charlie, se passasse mais alguns dias eu tinha certeza que ele colocaria o FBI atrás da filha.

— Edward ligou, Bela está doente! Carlisle respondeu- Amanhã ela ligará para você!

— Como assim doente? Charlie perguntou assustado – Só me faltava essa.

— Charlie, Bela vai ligar e explicar a você, espere até amanhã!

Charlie respirou fundo – Se eu não receber essa ligação amanhã vou pôr a polícia nisso!

— Não se preocupe! Ele respondeu em seguida levantou- Preciso ir, caso precisem me liguem!

—Obrigado Carlisle- Charlie estendeu a mão e o médico apertou, eu levantei do sofá e decidi acompanhar Carlisle até a porta.

— Porque prometeu aquilo? Murmurei.

— Bela terá que ligar para ele.

Eu estava preocupado demais com Nessie e tudo que eu conseguia pensar era em uma forma de afasta-la do olhar dos pais biológicos malucos dela.

—Eu preciso ir, boa noite! Carlisle se despediu, eu fechei a porta e voltei para a sala.

— Posso passar a noite aqui? Perguntei a Charlie.

— Eu ia pedir isso, tenho algo a fazer! Ele falou pegando a jaqueta e a pasta preta, também tinha um celular em suas mãos– Cuide dela para mim, eu preciso resolver uma coisa.

—É sobre isso? Perguntei.

Charlie concordou com a cabeça – Vou me certificar que ninguém chantageie a minha filha.

Em seguida ele saiu batendo a porta.