Durante algumas horas Sam e os outros até tentaram me convencer, mas foi em vão, mesmo que Bela não me importasse tanto tinha algo que estava me incomodando, e eu só saberia o que era se fosse tirar minhas dúvidas pessoalmente.

Eu estava na estrada novamente, diminuí para quase 40, fazendo as curvas mais cuidadosamente que o necessário. Eu sabia que eles me ouviriam chegar, com ou sem moto, então, sem surpresas. Não havia como desviar a atenção.

A estrada abriu uma clareira, e o cheiro me atingiu como uma tomatada na cara, eu não tinha certeza do que esperar, mas não havia sinais de vida pela grande cripta branca. Claro que eles sabiam que eu estava ali. Eu desliguei a moto e ouvi o silêncio, mas ver a caminhonete de Nessie estacionada me deixou tenso.

Nessie estava lá.

Respirei fundo – Talvez ela tivesse uma explicação- então subi as escadas da frente com um passo só.

A porta se abriu antes mesmo que eu a tocasse Carlisle apareceu - Oi, Jacob, como vai você?

— Eu ouvi que Bella voltou para casa viva – Respondi.

— Er, Jacob, não é realmente uma boa hora -  O doutor murmurou, parecia desconfortável, também, mas não do jeito que eu esperava que ele estivesse- Poderia ser outra hora?

E então, eu ouvi a voz de Bella, quebrada e fraca.

— Entre, por favor, Jacob.

A voz dela não estava como eu esperava. Eu tentava me lembrar da voz dos vampiros mais jovens contra quem lutamos na primavera passada, mas tudo o que eu registrei foram grunhidos.

Talvez os recém-nascidos não tivessem a profundidade, a melodia dos mais velhos, também. Talvez todos os novos vampiros fossem roucos.

— Com licença- Eu disse para o doutor enquanto entrava.

Passei lentamente pelo corredor e segui até o quarto, ao me aproximar da porta senti o perfume de Nessie, virei meu rosto para o lado e a vi encostada.

— Ness...

— Oi! Ela respondeu.

— Rose! Está tudo bem!

Meu olhar se voltou para Bela.

Havia profundos círculos roxos abaixo de seus olhos, que se destacavam pelo seu rosto fundo. Ela teria emagrecido? Sua pele parecia mais esticada, como se seus ossos fossem rasgá-la, a maior parte do cabelo dela estava presa em um nó, mas algumas mechas escorriam pela sua testa e pescoço, para o resplendoroso suor que cobria sua pele. Havia um quê de fragilidade em seus pulsos e dedos que era assustador.

A sanguessuga loira estava ao lado dela, atrapalhando a minha visão, ficando de um estranho jeito protetor.

— Bella, o que há de errado?" Eu sussurrei.

— Eu estou feliz que você tenha vindo me ver hoje, Jacob.

Voltei novamente meu olhar para Nessie que tentava sair a francesa.

— Você fica! Falei um pouco mais alto.

Ela parou e olhou para mim.

— Me ajude a levantar, Rose?

— Não Bela, melhor você não levantar! Nessie falou correndo para o lado dela.

Então o cobertor que a cobria caiu.

Eu fiquei aterrorizado.

O corpo de Bella estava inchado, seu tronco estava de um estranho jeito, parecendo um balão. Estava marcando a blusa cinza que ela vestia, que era grande demais para os seus ombros e braços. O restante dela parecia mais magro, como se um grande volume tivesse sido sugado do restante do corpo. Levou um tempo até que eu percebe-se qual parte estava deformada - eu não entendi até que ela colocou as mãos ternamente sobre o seu estômago inchado, uma em cima e uma embaixo. Como se ela estivesse aninhando aquilo.

Havia um monstro dentro dela, ele havia a matado.

—Lá fora, Jacob! Edward Falou alto.

— Droga! Nessie reclamou e eu a olhei fixamente, ela levantou se aproximando de mim.

— Vamos! Respondi.

— Não- Bella disse, e ela se moveu, desequilibrando-se e caindo nos braços de Edward.

— Eu só preciso falar com ele, Bella – Edward a acalmou.

— Comportem-se -  ela insistiu- E então, voltem.

Eu sai do quarto e olhei para Nessie, não acreditava que ela estava escondendo aquilo de mim, que estava participando disso.

— Jake...

— Depois nós conversamos Nessie.

Nos afastamos um pouco da casa.

— Eu não estou pronto para que você me mate, vai ter que ser um pouco paciente.

— Paciência é a minha especialidade – Respondi.

Ele continuou andando, por mais alguns metros para longe da casa, comigo bem nos calcanhares dele. Eu estava todo quente, meus dedos queimando. No ponto, prontos e esperando.

— Ness, volte! Pedi a ela, não sabia o que aconteceria, eu morreria se ela se machucasse.

— E deixar você fazer besteira, nem pensar!

Teimosa.

Edward riu – Você disse que ia soltar a carrocinha em mim, mudou de ideia?

— Aquilo a está matando, não é? Ela está morrendo- Perguntei.

Nessie afirmou coma cabeça.

— Minha culpa - Edward sussurrou.

— Então por que Carlisle não fez alguma coisa? Ele é médico, não? Tire isso dela.

— Eu tentei! Edward falou - Renesmee também tentou.

— Você já parou para pensar que ela é tão forte quanto qualquer outra garota de 50 quilos? Quão estúpidos são vocês vampiros? Segurem-na e nocauteiem-na com remédios-

— Você não está falando sério! Nessie me interrompeu.

— Eu estou, e você escondendo isso de mim, achei que não houvesse segredos entre nós dois! Falei com um tom mais alto.

Ela baixou a cabeça.

Droga, tudo que não queria era perder a cabeça, não com ela, meu coração apertou.

— Eu quis fazer isso- Ele suspirou- Carlisle teria feito.

— Pelo amor! Passei as mãos em meu rosto - Nessie...

— Você a conhece, Jacob. Ela não vai me ouvir, porque ela acha que eu a estou subestimando. Ela acha que é forte o suficiente para isso, minha esperança é que ela ouça vocês dois – Edward falou.

— Eu tentei! Nessie sussurrou de cabeça baixa– Mas ela jogou na minha cara que minha mãe me jogou no lixo.

Isso sim me aborreceu, Bela sendo Bela, sempre falando coisas sem se preocupar em magoar as pessoas.

— Eu não tenho pensando em mais nada, a não ser maneiras de salvá-la desde que eu percebi o que ela estava planejando. Pelo que ela pretendia morrer. Mas eu não sabia como falar com você, minha esperança era Renesmee, é difícil deixá-la, mesmo que por alguns minutos. A condição dela... muda muito rápido. Essa coisa... está crescendo. Depressa. Eu não posso ficar longe dela agora.

Eu em calei, eu estava mais preocupado em não brigar com Renesmee, por mais egoísta que isso pudesse parecer.

— O que é aquilo? Perguntei.

— Um bebe? Nessie sussurrou.

Eu respirei fundo, Nessie estava sendo inocente.

— Me ajude a acabar com isso- Edward sussurrou-  Me ajude a impedir que isso aconteça.

— Se ela quer um filho, é isso que ela vai ter- Respondi, Bela havia feito a sua escolha, tinha que arcar com as consequências.

— Isso vai matá-la! Edward falou.

— Espera! Você está pedindo que o Jacob? Você não pode estar falando sério! Nessie se colocou entre nós dois.

— Você não vai precisar implorar muito- Respondi

— O que? Nessie me empurrou, mas me mantive calmo.

— Calma Renesmee!

Você não vai machucar um bebê, se Edward quer isso ele que suje as mãos dele, você me entendeu?

— Não é nada disso Ness- Respondi.

— Eu apenas estou sugerindo um trato com o Jacob- Edward explicou – Vamos fazer o que ela quer que seja feito, no momento em que o coração da Bella parar de bater, eu vou implorar para que Jacob me mate.

Puxei Nessie e a prendi com um dos meus braços – Você não vai precisar implorar muito.

— Eu estou contando com isso- Edward respondeu e estendeu a mão para mim, eu apertei a mão dele.

— Temos um trato.

O sanguessuga se afastou nos deixando a sós, eu olhei para Nessie um pouco desapontado, mas não estava com raiva, não havia como ficar com raiva dela.

—Eu ia, eu não sabia como, eu soube ontem.

— Por isso não quis passar o dia comigo? Porque viria para cá?

Ela afirmou com a cabeça.

Ness, desde quando começou a me esconder as coisas e mentir para mim?

— Jake, eu ia falar eu...

— Eu preciso digerir isso, você sabe que teremos grandes problemas não sabe?

— Sim eu sei.

Apesar de estar um pouco decepcionado eu a amava, eu a conhecia, sabia que ela não faria nada de má fé, com certeza queria proteger Bela e por isso não me contou.

— Quero que vá para casa, tenho muitas coisas para resolver, lá você estará segura- Falei beijando sua testa.

Ela concordou com a cabeça e senti um pouco de tristeza em seus olhos, logo ela entrou na caminhonete e fez o que eu pedi.

Eu suspirei, a noite falaria com ela.

Por um segundo, eu compreendi, não sei se conseguiria viver caso algo de ruim acontecesse com Renesmee, por um segundo eu compreendi o sofrimento e a agonia dos olhos de Edward.

Ele levantou a mão como se fosse secar o suor de sua testa, mas seus dedos passaram pelo seu rosto como se fossem rasgar sua pele de granizo. Os seus olhos negros queimaram em suas órbitas, fora de foco, ou vendo coisas que não estavam ali. A boca dele abriu como se ele fosse gritar, mas nada saiu.

Era como encarar um homem que seria queimado vivo.

— Aquilo a está matando, não é? Ela está morrendo

— Minha culpa- Edward sussurrou, e seus joelhos cederam. Ele se ajoelhou na minha frente, vulnerável, o alvo mais fácil que eu poderia imaginar.

Mas eu parecia frio como a neve, não havia fogo em mim, eu estava indiferente, e ele sabia disso, não era à toa que Nessie estava aqui.

Edward não respondeu ou comentou os meus pensamentos enquanto guiava o caminho de volta para casa. Eu imaginei o lugar que ele escolheu parar.

— Eu preciso pensar!

— Eu sei disso! Ele respondeu – Renesmee vai perdoar você.

— Não preciso que leia a mente dela eu sei disso.

Eu tinha algumas coisas para resolver e a principal dela era fazer as pazes com Nessie, dias difíceis viriam e ela precisava de mim, imediatamente eu retornei ao quarto, a vampira loira tentou me impedir, mas Bela pediu para que ela nos deixasse a sós.

Eu sentei ao seu lado e esfreguei minha mão nas mãos dela.

— Obrigada, Jake. Isso é bom – Ela sorriu- Eu sei que não sou sua prioridade.

— Eu não vou mentir, Bells, realmente não é, mas, você está horrível.

— Eu sei - Ela suspirou- Eu pareço assustadora.

— Coisa do brejo assustadora - Eu concordei.

—Ela riu - É tão bom tê-lo aqui. É bom sorrir. Eu não sei quanto mais de drama eu posso aguenta.

Eu ri baixinho em seguida levantei – Eu preciso ir.

— Será que é pedir demais que fique mais um pouco, só uma hora!

Eu fiquei pensativo mas vê-la naquele estado acabou me quebrando, eu concordei e conversamos por duas horas até que ela adormeceu.

Eu sai do quarto e ao passar pela sala Carlisle aparecia com uma maleta nas mãos – Que bom que ainda não foi! Ele falou de forma calma, porém um pouco preocupado.

—Aconteceu alguma coisa? Perguntei.

— Charlie me ligou, Renesmee está tendo uma crise nervosa.

Por alguns segundos perdi meu chão, quando voltei estava na minha moto dirigindo feito um louco para a casa de Charlie.