Será que ela vai gostar dos presentes?

Charlie perguntou pela segunda vez enquanto eu arrumava a bandeja com o café da manhã para ele, conhecia Bela como ninguém por isso sabia que o dia de seu aniversário não era um dia tão importante para ela.

— Está ótimo pai!

Charlie fez uma expressão de medo, mas logo levantou a bandeja, organizei dentro as pequenas caixinhas com os presentes, um dele, o maior de Reneé e o menor era meu, eu havia comprado um pingente com um morcego nele, era uma provocação para o seu namorado Edward carinhosamente apelidado por mim de morcego, a razão era o fato dele ser um vampiro.

Após ver Charlie sair da cozinha dei um pequeno sorriso e peguei minha mochila, sai pela porta em direção a minha caminhonete e logo segui para escola.

Como todos os dias dos últimos meses Riley me esperava no estacionamento, dei um largo sorriso ao sair do estacionamento e ele me abraçou tirando meus pés do chão dando um pequeno rodopio comigo em seus braços.

— Como foi seu final de semana?

— Foi legal e o seu? Perguntei enquanto era colocada no chão.

— Entediante! Ele suspirou – Mas eu tenho algo importante para te dizer.

Olhei para Riley e notei uma mudança em sua expressão, como se ele procurasse as palavras certas para o que precisava me dizer – Fala! Sussurrei diminuindo meus passos e ficando parada ao lado dele.

— Lembra que falei sobre a bolsa em Seattle?

— Sim, aquela que é muito importante para você! Respondi.

— Recebi uma carta ontem, eu consegui.

Dei um largo sorriso ao ouvir sua noticia e pulei em seu pescoço lhe dando um forte abraço – Parabéns! Repeti em meio a nossa pequena risada.

Riley afastou nossos corpos e olhou em meus olhos por alguns segundos – Mas! Ele engasgou e em seguida acariciou meu rosto – Eu preciso transferir para lá o quanto antes.

— Isso significa que...

— Estou me mudando!

Meu sorriso se desfez e concordei com a cabeça – Eu compreendo!

— Nessie, eu adoro você, podemos nos ver nos finais de semana, eu posso vir para Forks e você para Seattle afinal de contas não é tão longe assim.

— Eu sei que não é! Respondi um pouco melancólica – Mas vou sentir saudade de ver você todos os dias!

Riley deu um lago sorriso e apertou meu queixo, em seguida sua mão buscou a minha –Que tal passarmos o dia juntos?

— Eu aceito! Respondi selando seus lábios e mudamos a direção de volta ao estacionamento, eu não me importava em matar um dia de aula já que a partir daquele momento passaria muitos dias longe dele.

Meu dia com Riley foi especial, almoçamos juntos e passeamos por Port Angeles, quando retornamos para Forks já estava anoitecendo, ao estacionar o carro em frente à casa de Charlie ele me deu um beijo o mais longo que ele já havia me dado, senti em meu coração que aquilo era uma despedida, mas decidi não encher minha cabeça com medos desnecessários.

— Eu te ligo! Ele sussurrou ao afastar nossos lábios.

— Se cuida! Sussurrei o abraçando forte e saindo do carro.

Ao entrar em casa ouvi o barulho de um jogo que estava sendo transmitido; assim que eu entrei eu pude ouvir os anúncios das jogadas em meio aos gritos da torcida.

— Nessie!

— Oi Pai! Respondi enquanto aparecia no corredor.

— Onde estava?  Charlie se espreguiçou no sofá com seus pés descalços

Em um dos braços, o que ainda sobrava do seu cabelo marrom cacheado estava grudado em um dos lados.

— Port Angeles, com Riley, me desculpe!

— Tudo bem, apenas me avise da próxima vez, eu estava preocupado com você!

Eu subi correndo para o banheiro, onde eu mantinha o meu pijama para noites como essa. Eu entrei na camiseta que combinava com o shortinho de algodão e em seguida   lavei meu rosto com uma mão, escovei os dentes, e então fui para o meu quarto.

Tive vontade de chorar ao pensar que na manhã seguinte não veria Riley, eu não o amava como amava Jacob, mas ele havia se tornado alguém muito importante.

Foi com os pensamentos divididos entre Jacob e Riley que eu adormeci, e quando acordei já era manhã.

Eu dispensei o café da manhã, querendo sair de casa o mais rápido possível. Não me encontrava com ânimo de enfrentar meu pai e ter que passar uns minutos fingindo estar feliz, sentia que estava a ponto de chorar a cada vez que deveria

Sorrir, talvez passar um tempo sozinha não fosse algo ruim, eu precisava por meus sentimentos em ordem e descobrir quem eu realmente amava, Riley ou Jacob?

Fiz um esforço para me distrair enquanto dirigia para a escola, eu não podia sentir nada além de desespero quando entrei no familiar estacionamento que se estendia por detrás do colégio secundário de Forks, Riley não estava esperando por mim, igual a qualquer outro dia.

— Ficar sozinha! Sussurrei e caminhei em direção ao refeitório, era estranho fazer isso sozinha.

O dia foi estranho demais, mas decidi me manter concentrada nas aulas, durante o almoço tive a companhia de Josh e Emma, eles me falaram sobre a nova casa de Riley em Seattle onde ele moraria sozinho, e quando nos despedimos Emma me passou o endereço falando que eu precisava caso decidisse visita-lo.

Eu não teria aula a tarde e ficar em casa me deixaria mais melancólica, lembrei do convite feito por Jacob a uns dias atrás quando nos encontramos, mas tinha um detalhe, eu não sabia onde era a casa dele, mas eu conhecia alguém que sabia, dei um sorriso pegando o celular e liguei para Charlie.

— Alô, Chefe Swan, por favor – Falei a pessoa que atendeu – Aqui é a Nessie! Completei.

— Olá Nessie! - o encarregado Steve disse amavelmente- Eu vou chamá-lo.

Eu esperei por alguns segundos até que finalmente ele atendeu.

— Aconteceu alguma coisa Nessie?-  Charlie perguntou ao atender o telefone.

— Eu não posso ligar sem que haja uma emergência?

Ele ficou quieto por um minuto - Você nunca fez isso antes. Há

Alguma emergência?

— Não. Eu só queria saber a direção da casa dos Black - eu não tenho

Certeza se lembro o caminho, preciso falar com o Jacob.

Após Charlie me dar o endereço desliguei o celular e suspirei, eu havia prometido não correr mais atrás de Jacob mas sempre que eu o via as borboletas em meu estomago despertavam fazendo com que meu coração batesse muito mais forte, não havia como fugir do que eu sentia.

A casa dos Black era vagamente familiar, uma pequena casa de madeira com janelas apertadas, a pintura fraca desgastada a deixava parecida com um celeiro. A cabeça de Jacob apareceu na janela antes mesmo que eu pudesse sair da caminhonete. Sem dúvida o barulho familiar do motor o havia avisado da minha chegada. Ele me encontrou a meio caminho da casa.

— Nessie!

Seu sorriso grande e excitado cresceu no seu rosto, seus dentes brilhantes formavam um vívido contraste com a cor ruiva escura da sua pele. Eu nunca tinha visto o cabelo dele fora do rabo de cavalo antes. Parecia que uma cortina de cetim estava cobrindo os dois lados do rosto largo dele.

Nos últimos oito meses Jacob havia mudado seu comportamento comigo, sempre que nos encontrávamos ele conversava, ele também havia mudando aparentemente, ele tinha traços mais adultos e sólidos o que havia o deixado muito mais bonito.

— Oi Jake! Falei sentindo as borboletas em meu estomago dançarem novamente. Ele parou a alguns metros de mim, e eu encarei ele surpresa, inclinando minha cabeça para trás apesar da chuva estar molhando meu rosto - Você cresceu de novo!

— Um e oitenta e sete! Ele anunciou satisfeito.

— Será que isso vai parar? Balancei minha cabaça sem acreditar - Você está enorme"

—  Entra! Você está ficando toda molhada – Ele falou enquanto me guiava até a entrada da casa - Ei, pai - ele chamou enquanto se curvava para passar pela porta da frente - Olha que veio nos visitar!

Billy estava na pequena sala quadrada, um livro nas mãos, ao me ver colocou o livro no colo e se empurrou para a frente- Se não é a linda Renesmee! Demos um aperto de mão e a minha mão ficou perdida na mão grande dele.

— Está tudo bem com Charlie?

— Sim, tudo perfeitamente bem, eu só vim ver o Jake! Falei sentindo que minhas bochechas coraram.

— Jake deu um sorriso gentil – Fico feliz que tenha aceitado meu convite.

— Sermos mais próximos! Sussurrei.

Jacob me convidou para conhecer a garagem dele, me despedi de Billy e saímos juntos, um monte de árvores grossas e moitas escondiam a sua garagem que não era mais do que dois abrigos pré-formados que foram colocados no seu interior com as paredes viradas para fora. Embaixo desse abrigo, em cima de blocos, estava o que pareciam com um carro completo.

Foi a primeira vez em que fiquei tanto tempo com ele, durante o resto da tarde conversamos sobre muitas coisas, filmes, musica, carros, planos para o futuro, as borboletas se multiplicavam em meu estomago a cada olhar lançado por ele para mim, mas o momento era interrompido pela chamada de Billy, Charlie havia ligado, Bela estava desaparecida.

Quando cheguei em casa Charlie me deu um abraço enquanto eu observava a grande movimentação da frente da casa – Graças a Deus está aqui! Charlie sussurrou beijando minha testa, podia ver seu semblante de preocupação, preocupação essa que acabou assim que Bela chegou desacordada nos braços de um dos garotos da reserva.

— Bela! Charlie falou com um tom alto de voz a pegando dos braços do garoto, olhei para Jacob e ele correu para o lado de Charlie, e ambos entraram na casa.

Era incrível como a simples presença de Bela deixava Jacob completamente cego, eu não tinha como lutar contra isso, mas eu amava Jacob eu precisava lutar.