Das alcunhas fantasmagóricas escrita por Josefine Algor


Capítulo 3
Terceira alcunha - Alexander




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Agosto, 2016.

O evitei por muito tempo. Na verdade eu ainda continuo evitando-o. Mas não consigo mais ignorá-lo por tanto tempo, Alexander.

Eu sei, há muito não te escrevo. A verdade é que sinto que nunca escrevi-lhe nada. Isso é verdade, Alexander?

Alexander, você me acha uma impostora, não é?

É terrível ter essa sensação inquisitora dentro de mim. É penoso te machucar, Alexander.

A música não se modernizou. Não houve avanços na métrica. Tempos fortes ou tempos fracos, a lei é a mesma, inclusive e principalmente para nós que estamos fora dos espectros. Não existe nada entre luzes e sombras, e nada além delas.

É cruel, porém eles sempre tendem a negar as suas próprias essências, e as alheias.

Sei como tem passado, Alexander.

Nas ruas você anda com medo, nos transportes públicos que você detesta, você sempre está atento, você não entra nas lojas, no seu quarto você está cabisbaixo e com o mesmo medo, nos verões riem de você, no inverno te abrigo, nos damos as mãos e deixamos de lado a sua inexistência e a minha resistência, e você sempre permanece no anonimato secular.

É de lei que o que eu quero deveria ser só seu. Mas Alexander, o que é mais disfuncional: as leis ou eu?

Me perdoe a preferência inicial, Alexander. Não vi que àquela pergunta talvez se encaixe melhor em você do que em Silvia.

Onde você falhou, Alexander?

Eu sei, eu sei, eu sei. Em você, eu sinto o quão dura essa pergunta é. No entanto não é como perguntar a mim onde eu errei. Não se trata mais de não saber. Saber, talvez eu saiba.

Eu não entendo.

Eu não entendo porque nós fomos capazes de sermos amigos e nos acolhermos apenas naquela água.

E não, não diga que era a água que nos ligava com o mundo. O que nos interliga com o mundo são fios escassos. A água foi a nossa única amiga em todo esse tempo.

Vai demorar nos entendermos de novo, Alexander. Há várias razões, mas nunca haverá uma boa razão para a falta de ação.

Eu não entendo porque o meu inverno é esvoaçante, sem qualquer gênero.


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