Katherine estava em choque. Como seu amor seria um vampiro? Seus olhos, outrora verdes, brilhavam num tom amarelo, como os de um lobo. Ele sorria para ela, mas não como aquele jovem que havia matado dias antes, ironicamente, mas um sorriso doce, num misto de dor e pena.

— Eu pretendia te contar, um dia. Antes de casarmos, talvez. Mas jamais esperaria que tu odiaria minha espécie. Logo você, que é piedosa, que ajuda a todos. Achei que fosse ajudar os “infectados” como o rei chama, para escaparem da fogueira. Mas não, tu és mais uma dos loucos que nos caçam.

James falou, olhando para ela. Ela ainda estava desestabilizada, sem conseguir falar uma palavra. A garota tremia tentando entender, enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas. Ela não conseguiria matá-lo. Não, não seria possível. James a amava, e ela o amava também. Como fazer algo assim? 

E no tempo em que Katherine levou para tentar entender, o infectado se aproximou velozmente, a levantando do chão pelo pescoço com apenas uma mão. Ela chorava, mas não tentou revidar, afinal, tinha perdido suas forças. 

— Os que vocês chamam de infectados, minha querida, não estão doentes: eles apenas deixaram de ser humanos, e não são inferiores a vocês. Pelo contrário, somos mais fortes, rápidos, e praticamente imortais. Eu não queria ter de fazer isso a ti, meu amor, eu te amo tanto… Mas não me deixa escolha… 

Ele complementou. Nesse momento, Elizabeth, que estava escondida, saiu de seu esconderijo, correndo para longe, provavelmente indo pedir socorro. O movimento brusco da criança atraiu a atenção de James, que, sem querer, arranhou o braço de Kath. Isso a trouxe de volta a realidade, e, chorando, ela disse:

— Como… Como pode? Eu te amei, amei a um monstro? Agora tu vens e me machuca? Eu jamais te mataria, meu amor, poderias fugir… Mas… Vejo que é apenas mais um infectado, sem mente, e que não se importa em ferir os outros!

— Eu realmente te amei, e te amo, Katherine! Tu és a mais bela de todas para mim, mas não posso te deixar viver agora que sabes de mim. — Uma lágrima escorreu de seu olho, uma prova de seus sentimentos. — Mas não consigo, assim como tu diz que não consegues! Não posso tirar tua vida, não de novo!

Alguns nobres vinham vindo. Os dois jovens não poderiam ser vistos, um infectado e uma garota usando calças! Seriam segredos demais a serem revelados. James soltou a garota no chão, que desmaiou. Ele a pegou no colo e partiu de volta para a vila onde ela morava. Ele não poderia deixá-la ali, naquela situação, e também não a mataria.

James a amava tanto… Em todas as encarnações da menina, ele havia se apaixonado. Mas a séculos não a via! Ela havia sumido. Não poderia perdê-la, não agora, com ela ali, deitada e dormindo em seus braços! Ele iria encontrar uma solução, mas deveria deixá-la em segurança em sua casa. Eles saberiam cuidar dela melhor do que um infectado desolado.