The Phantom Agony escrita por Yuma Ashihara


Capítulo 3
Os irmãos Kim




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Eu não sei quem é o autor dessa frase, mas definitivamente me lembrarei de parabeniza-lo por isso quando me livrar de meu martírio de pós-morte. Quando as coisas começam a dar certo na sua vida, significa que algo muito ruim está por vir.

Eu só não podia imaginar que aquilo poderia atingir o meu emocional tão profundamente.

A forte euforia e emoção que senti quando finalmente percebi que poderia deixar aquela casa deu lugar a um sentimento de desesperança e tristeza novamente quando poucos minutos depois, enquanto caminhava pelo quarteirão com Taehyung naquele dia, senti aquele maldito incômodo na altura do estômago novamente e então meu corpo foi puxado com violência para dentro de casa mais uma vez. O choque das minhas costas contra a parede sendo infinitamente mais intenso que o das tentativas anteriores e a dor que se apossou do meu corpo naquele momento beirando o insuportável. O grunhido alto que saiu de meus lábios foi tão medonho que me assustou, e tenho certeza de que se fosse um ser humano, estaria com alguns ossos quebrados naquele momento.

Arrastei-me pelo chão com o corpo trêmulo procurando o mínimo de apoio possível para tentar me levantar, até que um par de sapatos entrou no meu campo de visão. Ao erguer os olhos pude ver Namjoon com o cenho franzido para mim, aparentemente tão confuso quanto eu estava naquele momento.

Estávamos a nos encarar de forma tão intensa que sequer percebi a presença de Taehyung, que havia entrado em casa esbaforido por conta do meu sumiço repentino. No entanto, eu apenas sorri de canto em uma risada gutural que saiu bem do fundo da minha garganta. Eu era um tolo por acreditar que aquilo pudesse dar certo de alguma forma, como se um simples humano pudesse ter o poder de mudar as condições sobrenaturais na qual eu me encontrava.

Encostei a testa sobre o chão, mordendo o lábio inferior enquanto sentia o maldito nó na garganta e as lágrimas se acumularem no canto dos olhos. Senti o toque frio de Taehyung sobre os meus cabelos loiros, logo em seguida seus braços em volta do meu corpo para me ajudar a me levantar. A dor que eu sentia naquele momento era intensa, mas sequer chegava aos pés da minha dor emocional e da intensidade da decepção que tinha naquele momento.

Quando finalmente consegui ficar em pé de forma apropriada, percebi que Namjoon ainda estava ali, encarando-me com os olhos rasgados arregalados e... Preocupados? Não sei se estava lendo as suas emoções da maneira correta, mas depois de tudo o que aconteceu até aquele presente momento, eu já não tinha mais dúvidas de que ele de fato conseguia nos ver, de alguma forma.

E foi exatamente com esse pensamento que eu trinquei os dentes, franzindo o cenho enquanto o fitava nos olhos.

— Se você ousar me ignorar depois do que fez hoje, eu juro que volto a te assombrar até quando estiver cagando. – Disse entre os dentes e até mesmo estranhei a minha voz ter saído mais grave que o habitual. Talvez por conta da dor que estava sentindo.

Namjoon parecia estar tenso, pois vi seus ombros caírem naquele momento, cansados, ao mesmo passo em que fechou os olhos e levou as duas mãos ao rosto em formato de coração, esfregando-as ali com força e intensidade. Taehyung e eu continuamos a observá-lo em silêncio, e eu não fazia ideia do que aconteceria a seguir.

— Desculpe... Eu não queria te fazer sentir dor, eu só... Queria ajudar. – A voz grossa de Namjoon finalmente ressoou pelo local, e ao voltar os olhos para Taehyung pude contemplar sua face de completa incredulidade. O rapaz que me carregava estava com a boca aberta e olhos arregalados, e muito provavelmente eu estava com uma expressão tão surpresa quanto à dele.

Observamos em silêncio Namjoon girar os calcanhares e se lançar contra o sofá, suspirando pesadamente em um cansaço quase palpável. Ao mesmo tempo um turbilhão de pensamentos se passava pela minha cabeça, assim como milhares de perguntas começavam a se formar. Estava tentando encontrar as palavras certas para me referir à Namjoon naquele momento, mas fui bruscamente interrompido por um Taehyung que de repente estava com o corpo tremendo, os olhos, antes incrédulos, carregando um misto de cansaço e fúria sem precedentes enquanto encarava Kim Namjoon.

— Eu sabia! – Exclamou, afastando-se de mim de forma brusca para se aproximar de Namjoon, que estava com a cabeça abaixada naquele momento. – Eu sabia desde o princípio que você podia nos ver! Eu não estava louco, você me viu naquele dia! Você me viu... Você viu o que estava com o Hoseok e não fez nada para me ajudar!

Desespero e raiva. Essas eram as duas palavras que conseguiam descrever perfeitamente o estado de Kim Taehyung naquele momento, e eu definitivamente estava em completo espanto com o estado em que ele se encontrava. Seu corpo tremia violentamente e os dedos agora puxavam os fios de cabelo na medida em que caminhava de um lado para o outro, os olhos perdidos. Eu sequer podia imaginar o que poderia estar se passando na cabeça dele naquele momento.

De repente Taehyung parou, voltando os olhos para Namjoon mais uma vez, que continuava com a cabeça abaixada.

— É divertido? É divertido nos ver nesse estado, você gosta disso? – Taehyung perguntou, as lágrimas escorrendo pelos olhos delineados que ardiam em uma fúria quase palpável. – Eu já entendi tudo... Você é do tipo que nos dá esperança apenas para se divertir vendo como nos humilhamos para você, implorando por ajuda, apenas para aumentar a nossa dor... Olha o que você fez com o Yoongi! – Ele apontou para mim, e estava gritando tanto que até mesmo engoli em seco. – Você acha justo dar esperanças para ele e depois deixa-lo nesse estado?! – Namjoon não respondeu, mas eu consegui perceber que ele estava com o corpo trêmulo. – Responde!

— Eu... Eu nunca quis isso... – Sua voz saiu baixa, como se estivesse fazendo um esforço descomunal para falar. – Eu só posso pedir desculpas se você interpretou dessa forma. Mas eu nunca quis isso, eu não pedi para ser assim! – Namjoon ergueu os olhos naquele momento, e então eu vi que ele também estava chorando. – Eu só queria viver como um ser humano normal! Eu nunca quis ver espíritos, eu nunca quis que eles se comunicassem comigo e me seguissem por onde quer que eu fosse!

— E você pensou que ignorar fosse a melhor solução? – Eu me pronunciei finalmente, atraindo a atenção dos dois para mim. Estava apoiado na parede com uma das mãos, aproximando-me do sofá em passos lentos. – Se tem uma única coisa que eu aprendi na porcaria de vida que eu tive... É que fugir dos problemas nunca é uma boa ideia.

— Você é um covarde, Kim Namjoon. – A voz de Taehyung soou raivosa. – A sua covardia é tamanha que afeta as pessoas que só querem a sua ajuda! Eu só queria a sua ajuda! – Taehyung segurou com firmeza sobre as roupas brancas que usava, balançando ali freneticamente. – Essas roupas brancas não são por acaso! E eu sei que você sabe o que isso significa!

Namjoon se calou, encarando Taehyung com os olhos arregalados. Eu em seu lugar também não saberia o que responder para alguém naquele estado.

No entanto, jamais poderia imaginar que Taehyung seria capaz de fazer aquilo com alguém. Na verdade eu sequer imaginava que era possível.

Antes que eu ou Namjoon pudéssemos processar o que estava acontecendo, Taehyung se lançou contra o corpo do outro em um ato de fúria, entrando dentro do corpo de um Namjoon que no mesmo instante revirou os olhos e se levantou, o corpo se contorcendo enquanto grunhidos estranhos escapavam da sua garganta.

Já havia ouvido relatos de pessoas que eram possuídas por espíritos quando estava vivo, mas eu nunca de fato acreditei até aquele presente momento onde, com os meus próprios olhos, via Kim Taehyung aos poucos tomar conta do corpo de Kim Namjoon. Mas pela forma como o corpo do outro se retorcia, ambos pareciam estar travando uma verdadeira batalha pelo controle naquele momento.

Eu não sabia o que fazer e meu corpo ainda doía infernalmente enquanto via Namjoon começar a chorar em um desespero que parecia não caber dentro do seu peito, suas mãos grandes puxavam os cabelos pretos enquanto os grunhidos animalescos continuavam a sair de sua garganta. Era agonizante presenciar aquilo.

E eu precisava fazer alguma coisa.

Foi então que, ignorando completamente a dor, eu me aproximei de Namjoon da melhor forma que podia. Eu não sabia o que fazer, era uma situação completamente diferente da que eu havia presenciado nas noites em que afastava as criaturas distorcidas de Namjoon. Taehyung estava dentro dele e eu não tinha como simplesmente segurá-lo e puxá-lo.

A menos que eu também entrasse.

Não fazia a menor ideia de como havia chegado naquela conclusão, e também não entendia como aquilo poderia funcionar. Mas, de fato, nada naquela vida após a morte fazia sentido para mim. Dei alguns passos para trás apenas para tomar distância suficiente para que pudesse correr, e em seguida me impulsionei em direção ao corpo de Namjoon, os braços esticados à frente do meu corpo.

Em um segundo eu me vi atravessando o corpo possuído de Namjoon e naquele mesmo momento eu senti algo sólido, e então fechei os braços. No outro segundo eu me vi saindo do corpo de Namjoon, apertando Kim Taehyung com meus braços, empurrando-o para fora.

Caímos no chão os três, Namjoon pela fraqueza repentina que sentiu, Taehyung e eu pela forma brusca com que eu tinha o tirado do corpo do outro. Havia caído por cima do meu amigo, que empurrou levemente o meu corpo para o lado, levantando-se ofegante apenas o suficiente para olhar para Namjoon, que tapava a boca com uma das mãos sem conseguir conter as lágrimas que escorriam de seus olhos.

— Agora você sabe... – Taehyung murmurou ofegante, provavelmente possuir um corpo demandava muita energia. – Agora você sabe o que eu sinto...

— Taehyung... Eu sinto muito... – Namjoon disse com a voz embargada pelo choro incessante, soluçando vez ou outra.

Eu não sabia o que pensar, mas doía ver o estado em que Namjoon se encontrava naquele momento, lembrando-me perfeitamente o estado em que Taehyung estava quando nos reencontramos pela primeira vez. O rapaz soluçava e esfregava os cabelos pretos em um desespero tão grande que poderia facilmente enlouquecer.

Levantei e Taehyung levantou logo em seguida, e nós trocamos olhares por alguns minutos em silêncio, e em seguida o vi ir, cambaleante, na direção da porta de saída, atravessando-a sem nem pensar duas vezes. Foi apenas ali que eu resolvi me voltar para Namjoon novamente e, rastejando, aproximei-me. Tinha milhares de perguntas para fazer à ele agora que finalmente havia assumido que conseguia me ver e ouvir, mas sabia perfeitamente que aquele não era o melhor momento.

Em outras palavras eu precisava acalmar Namjoon em primeiro lugar. E eu não fazia ideia do que poderia fazer para alcançar tal proeza quando não era capaz de cuidar de mim mesmo, mas ainda assim eu chamei por Namjoon algumas vezes enquanto me colocava deitado ao seu lado no chão, até que ele finalmente voltou os olhos escuros para mim, perdidos, doloridos.

Precisei morder o lábio inferior com aquela cena. Eu não sabia o que Taehyung havia feito, mas definitivamente havia sido algo muito ruim.

— Eu... Sou uma pessoa ruim? – Ele perguntou com a voz grave. – Eu sou uma pessoa ruim por não querer me envolver?

O que responder naquele momento? Eu não era a melhor pessoa para falar alguma coisa sobre aquilo, afinal, eu mesmo, infinitas vezes, corri dos meus próprios problemas e preferi não me envolver em determinadas situações. Com um suspiro pesado, voltei os olhos para os marejados de Namjoon.

— Não, você não é. Você só... É um ser humano. – Respondi simplista, vendo-o piscar algumas vezes.

Percebi que ele queria falar alguma coisa, porém foi interrompido por algumas batidas na porta. Namjoon olhou para lá confuso e sem entender muito, mas ainda assim se levantou do chão trêmulo, e o que ele viu assim que abriu a porta o chocou tanto quanto me chocou também.

Ali, parado na frente da porta e com os olhos levemente marejados também, um homem de cabelos pretos e ombros largos estava parado encarando assustado um Namjoon que estava com o rosto levemente inchado de tanto chorar. Aquele homem de lábios volumosos, rosto fino e feições delicadas que eu conhecia muito bem.

Kim Seokjin.

Ele era, sem sombra de dúvidas, a última pessoa que eu esperava ver naquela casa depois de tudo o que aconteceu. Os dois estavam parados, encarando-se em silêncio.

— Jin? – Namjoon disse em um sussurro, e o outro Kim fungou.

— Joonie... O que houve?

Naquele momento acabei presenciando uma cena que jamais imaginei que fosse presenciar. Kim Namjoon se jogou necessitado nos braços de Kim Seokjin em um abraço desesperado, e mais do que depressa caiu aos prantos novamente. O outro que ainda estava em pé na porta o abraçou com força enquanto apoiava o mais alto e andava com cuidado para dentro de casa, fechando a porta e sentando os dois sobre o sofá. Namjoon chorava, fungava e acabava se engasgando às vezes tamanha era a intensidade do seu pranto, enquanto era amparado por um Seokjin que o recebia em seu colo, acariciando os cabelos pretos de Namjoon enquanto tentava acalmá-lo. Estranhamente Seokjin começou uma canção de ninar que pareceu ajudar Namjoon a voltar para o seu juízo perfeito, aos poucos cessando o choro.

Trocaram olhares por longos momentos, Namjoon acariciando carinhosamente o rosto de Seokjin que fechou os olhos enquanto visivelmente segurava o choro que queria deixar sair. Naquele momento Namjoon voltou os olhos para mim, suplicantes, e eu entendi o que ele queria naquele momento. Atravessei a parede mais do que depressa, saindo daquele cômodo, mas fiquei perto o suficiente para que pudesse ouvir o que quer que os dois estivessem conversando. Naquele momento pensava em todas as possibilidades possíveis que explicasse a ligação que Namjoon e Seokjin pudessem ter, e a vaga lembrança de Seokjin me falando sobre um homem que ele gostava acabou voltando na minha mente naquele momento.

Se aquele homem era Namjoon, eu iria descobrir.

Fiquei escondido do outro lado da parede apenas ouvindo o que os dois conversavam. Seokjin questionava Namjoon sobre o porquê de estar naquele estado e, por mais que ele não quisesse falar, ninguém era páreo para a teimosia de Kim Seokjin que eu conhecia muito bem. Não demorou muito tempo para que ele vencesse Namjoon pelo cansaço.

Eu menti para você, hyung.

Aquela pequena frase bagunçou todos os meus pensamentos. A voz de Namjoon saiu extremamente arrastada.

— Eu disse que não estava mais vendo espíritos, mas isso é mentira. Eu os vejo o tempo inteiro... E eu não aguento mais isso... Eu não quero mais viver assim hyung...

Eu não tinha mais um coração, mas consegui sentir um forte aperto no peito com aquelas palavras, e pelo silêncio que reinou na sala, provavelmente Seokjin se sentia da mesma forma.

— Namjoon-ie. Olhe para mim. – Ouvi a voz firme de Seokjin, e naquele momento a minha curiosidade falou mais alto, então atravessei apenas a minha cabeça pela parede em tempo suficiente de ver os dois unirem a testa uma na outra, ambos com lágrimas secas nos olhos. – Nós estamos juntos nisso... Você é a minha força e eu sou a sua, lembra? Somos só nós dois, meu dongsaeng.— Vi Namjoon sorrir com aquilo. – Mamãe e papai não estão mais aqui, mas eu estou aqui por você, irmãozinho. Você sabe que pode contar comigo para tudo!

Irmãos. Eles são irmãos. Eu não sei dizer ao certo o porquê de ter me sentido aliviado de repente em descobrir aquilo.

Resolvi me esconder novamente apenas para o caso de Namjoon olhar para trás de repente, mas continuei perto o suficiente para ouvir o que eles conversavam. Basicamente Seokjin havia criado coragem para visitar o irmão naquela casa pela primeira vez, pois para si era difícil entrar novamente naquela casa sabendo o que havia acontecido comigo. Eu me sentia mal por Seokjin ainda se sentir culpado pelo acidente que eu mesmo provoquei após uma crise, principalmente por não conseguir fazer absolutamente nada a respeito.

Eu gostaria de poder aliviar a sua dor de alguma forma, assim como gostaria de ser capaz de ajudar Taehyung com Hoseok.

— Hyung... Aquele seu amigo que morava aqui antes, Yoongi... Como ele era?

Eu definitivamente não esperava por aquela pergunta de Namjoon. Aquilo me deixou muito nervoso, primeiramente porque eu tinha certeza absoluta de que Namjoon não sabia que eu e o Yoongi que era o melhor amigo de Seokjin eram a mesma pessoa. E em segundo lugar, porque temia qual seria a reação dele quando descobrisse que o motivo da depressão do irmão o estava assombrando há tanto tempo dentro daquela casa. Temia porque era muita coisa para que ele processasse sozinho, e para mim também.

— Vocês não chegaram a se conhecer, não é? Yoongi... Era uma pessoa excepcional, por mais que ele não acreditasse nisso. Éramos inseparáveis, e ele sempre se preocupava com os outros em primeiro lugar e sempre brigávamos por causa disso.

Acabei sorrindo com aquelas palavras. Realmente a nossa amizade se resumia a discussões desse nível.

— Yoongi teve uma vida difícil, Joonie. E apesar de não parecer, ele nunca conseguiu encontrar a felicidade. A vida dele só foi piorando conforme o tempo ia passando, e por mais que eu estivesse ao seu lado para ajudar no que fosse preciso, não era capaz de mudar as suas perspectivas de vida... Eu... Falhei com ele, falhei muito...

Seokjin estava chorando. Eu reconheceria a sua voz embargada de qualquer lugar. Naquele momento eu voltei para a sala e em passos lentos me aproximei, sentando-me ao seu lado enquanto ele estava agora abraçado à Namjoon, que me encarava com o cenho franzido.

— Você teria gostado dele, Namjoon... Ele era bem exótico, do tipo que você gosta. Os cabelos descoloridos, os olhos pequenos e a cara inchada de quem dormiu demais.

Acabei rindo de novo daquele comentário e ouvi Namjoon rir nasalmente também.

Fiquei ao lado dos dois o tempo inteiro enquanto continuavam a conversa, Seokjin desculpando-se repetidas vezes com o irmão por não ter conseguido ter coragem para visita-lo antes, frisando o quão difícil era para si estar dentro daquela casa novamente. Era compreensível pelas lembranças que provavelmente vinham à tona em sua mente, afinal também estava estranhando aquela situação de certa forma. Era estranho ver Seokjin no mesmo ambiente que eu depois de tanto tempo, o que apenas me fazia lembrar das vezes em que saíamos do restaurante depois da meia-noite e passávamos em alguma loja de conveniência para comprarmos cerveja e passarmos as noites de sexta juntos, bebendo e assistindo a algum filme aleatório.

Eram bons tempos, de fato. E apenas agora eu conseguia perceber o quanto Seokjin gostava de mim, assim como eu também gostava dele. Porém, saber disso não me fazia mais feliz, muito pelo contrário, apenas fazia com que uma forte angústia continuasse a crescer dentro do meu peito junto com a culpa. Eu deveria ter sido um amigo melhor.

Mal percebemos quanto tempo havia se passado de fato, a atmosfera tensa de antes ficando mais leve na medida em que os irmãos conversavam e se distraíam. Era bonito de se ver como os dois eram tão próximos. Não demorou muito para que Seokjin se despedisse e deixasse aquela casa com a promessa de que faria um esforço para voltar ali mais vezes, e então deixou um Namjoon sorridente para trás.

Sorriso este que morreu no instante em que Namjoon se virou para mim novamente, e ficamos daquele jeito em silêncio por longos e desconfortáveis minutos. Não fazia ideia do que estava se passando na cabeça dele, mas uma coisa era certa: Precisávamos conversar.

Vi Namjoon suspirar e gesticular para mim, e então o segui até o quarto dele, subindo as escadas lentamente e logo atrás do mesmo. Observei em pé ele se sentar na cama e esfregar o rosto com as mãos grandes, bufando cansado, em seguida deixando o corpo cair sobre o colchão. Por mais que eu soubesse que precisávamos conversar, não fazia ideia do que perguntar primeiro. Tinha muitas dúvidas, porém, a que mais me intrigava no momento era o motivo por trás de Namjoon simplesmente ignorar completamente a presença de qualquer espírito que se aproxime dele, seja ele pacífico como Taehyung e eu, ou agressivo, como as criaturas retorcidas que passei a expulsar da casa nos últimos dias.

— Eu vou começar... Pode perguntar o que quiser, eu irei te responder.

Fui surpreendido pela iniciativa dele, que ainda estava com os olhos fechados deitado na cama. Com a abertura acabei me aproximando dele e então me sentei no chão ao lado da cama, abraçando meus joelhos enquanto tentava organizar meus pensamentos para formular algo com algum nexo. Era mais do que óbvio que Kim Namjoon não era um ser humano normal, afinal, seres humanos não veem e falam com pessoas que já morreram.

— O que você é?

Meus olhos o encararam com firmeza na medida em que ele suspirava profundamente.

— Médium. Ou algo parecido com isso. – Ele estalou os dentes, sentando-se na cama e retribuindo o olhar que eu lançava a ele. – A pessoa que é capaz de se comunicar com espíritos é chamada de médium.

Àquela altura eu já não me surpreendia com nada mais. Na verdade até me surpreendia com o quão aberta a minha mente estava após tudo o que aconteceu nos últimos anos. Naquele momento, Kim Namjoon começou a se abrir comigo.

Kim Namjoon era o filho mais novo da família Kim, dois anos mais novo que Kim Seokjin. Seu pai trabalhava viajando por todo o país, o que resultava em mudanças constantes com a família para distritos diferentes. Seokjin nasceu quando estavam em Gwacheon e, dois anos mais tarde, Namjoon nasceu quando estavam em Ilsan. Poucas semanas após o nascimento de Namjoon a família se mudou novamente, dessa vez para Daegu, onde se estabeleceu por mais tempo.

Namjoon sempre teve contato com o sobrenatural desde pequeno, segundo relatos de seus pais de seu hyung, era pego falando sozinho e brincando sozinho. Quando era questionado, brigava com seus parentes que não conseguiam enxergar a entidade que brincava com ele. Tal situação se repetiu por tanto tempo e com tanta frequência que Namjoon começou a frequentar clínicas psiquiátricas antes mesmo de começar os estudos, obrigando o pai a deixar o emprego para se estabelecerem permanentemente em Daegu enquanto cuidavam do tratamento do filho.

Na medida em que os anos passaram, o caso de Namjoon apenas se agravou, principalmente quando começou a estudar em um colégio um pouco longe de casa. Namjoon enxergava coisas que nenhuma outra criança era capaz de enxergar, desde espíritos humanoides como eu e Taehyung até criaturas desformes que lhe davam pesadelos constantes. Sempre que saía de casa evitava olhar para os lados, o medo era tamanho que mal saía do lado de Seokjin quando estavam na escola, e chorava apavorado todos os dias sempre que precisavam ir para as suas respectivas salas.

O medo não era sem motivos. Em seu ambiente escolar era obrigado a ficar em uma sala com os outros colegas de turma, cada um sendo acompanhado por uma pessoa de branco que mais ninguém conseguia ver, além de si próprio. Mais tarde acabou descobrindo que aquelas pessoas de branco se tratavam de “anjos da guarda” ou “guardiões espirituais”. Porém o problema começava quando o que acompanhava os seus colegas, às vezes até mesmo os professores, não eram essas pessoas vestidas de branco, mas sim as criaturas disformes que tanto o assustavam.

Namjoon sequer conseguia se lembrar da quantidade de vezes em que, apavorado, saiu correndo gritando da sala de aula ou começou a lançar objetos na direção da entidade que apenas ele era capaz de ver. E tais episódios eram tão frequentes que seus pais se viram obrigados a trocar os irmãos de escola quando Namjoon foi expulso quando tinha apenas cinco anos de idade.

Após aqueles incidentes a família Kim passou a procurar por outras opções para ajudarem Namjoon. Passaram a recorrer a fé e frequentaram diversas igrejas e centros religiosos de vários gêneros até finalmente encontrarem um centro espírita em uma das zonas mais isoladas de Daegu. A família sequer precisou explicar o que acontecia, pois no momento em que entraram todas as atenções foram voltadas para um Kim Namjoon que estava completamente apavorado, reclamando da quantidade absurda de pessoas que havia dentro daquela casa que servia como centro espírita. Todavia, seus pais e seu irmão mais velho eram capazes de ver apenas cinco pessoas, estas que se aproximaram e acolheram a família.

Aquela foi a primeira vez que a família Kim ouviu falar sobre mediunidade e então passaram a se interessar mais pelo assunto. Por mais inacreditável que pudesse ser, aquela era a explicação mais plausível que haviam ouvido desde que Namjoon começou a ter os surtos de medo em público. Foi naquele dia que a família descobriu que o filho mais novo possuía habilidades impressionantes, e que era raro verem uma pessoa com habilidades mediúnicas tão sensíveis como as de Namjoon. Era uma habilidade que deveria ser trabalhada e, com o mentor certo, o mais novo conseguiria facilmente interpretar o que cada entidade que se aproximava dele queria, e saberia exatamente o que fazer para ajuda-la.

No entanto, todos foram surpreendidos pelo posicionamento agressivo de Namjoon a tudo aquilo, e de fato parecia ser a primeira vez que as pessoas daquele centro espírita se deparavam com aquela situação. Kim Namjoon passou a negar as próprias habilidades, não queria passar o resto da vida sendo obrigado a ver aquelas figuras horríveis e, principalmente, viver constantemente com o medo de que elas pudessem lhe fazer mal.

Desta forma a família deixou o centro espírita, sob o aviso de que ignorar as habilidades de Namjoon poderiam trazer consequências muito ruins no futuro.

Não entenderam aquilo em um primeiro momento, e com o tempo até mesmo se esqueceram daquelas palavras por conta da preocupação que tinham com Namjoon. Os surtos de medo que o rapaz tinha apenas aumentavam na medida em que o rapaz crescia, assim como a revolta com a situação. Por que via aquelas coisas? Por que eles o seguiam? Por que não podia viver em paz pelo menos por um dia da sua vida? Aquelas eram as perguntas que o torturavam todos os dias sempre que tentava dormir com a presença de um espírito diferente que o havia seguido da rua até em casa.

Quando completou o ensino básico os pais o mudaram de escola novamente. Era a primeira vez que estudava em uma escola diferente de Seokjin e, para um garoto em sua pré-adolescência na casa dos seus nove anos e que passou a infância sendo aterrorizado por espíritos seria um desafio em tanto. Namjoon estava um pouco cansado das mudanças repentinas, desta forma prometendo a si mesmo que iria se controlar ao máximo dentro do ambiente escolar para que não trouxesse mais problemas para os seus pais, deixando para desabar todos os seus temores sozinho no quarto quando chegava da escola, apenas para ser amparado por um Seokjin em seus onze anos, que passou a dormir com Namjoon para que o mais novo se sentisse mais seguro à noite.

Passou aquele primeiro ano daquele jeito, além de fugir das outras crianças que insistiam em perturbá-lo por conta da sua aparência. Kim Namjoon era uma criança acima do peso e que de certa forma fugia dos padrões das crianças que normalmente frequentavam aquela escola, o que o fazia ser motivo de piada entre os colegas. Porém, apesar de incômodo, aquele era de fato o último de seus problemas e preocupações.

Foi no final daquele ano que Kim Namjoon sentiu algo diferente em suas habilidades. Era o último dia de aula e apenas foi para a escola para pegar o resultado das últimas provas. Com o resultado em mãos, estava sentado no banco próximo à entrada da escola esperando pelos pais ou pelo irmão mais velho quando ouviu um sussurro próximo do ouvido.

— Coisas ruins acontecem no pátio.

Namjoon não entendeu aquilo e apenas olhou em volta, constatando que estava sozinho. A voz voltou a incomodá-lo e por mais que tentasse tapar os ouvidos não conseguia deixar de ouvir. Por fim e derrotado pelo cansaço, resolveu ir até o pátio e o que ele viu me deixou completamente sem chão.

Eu não podia imaginar que a criança que havia avisado aos monitores sobre a minha agressão era Kim Namjoon, nem em meus sonhos mais profundos eu cogitaria aquilo e, se não fosse pela riqueza de detalhes em suas palavras eu certamente duvidaria daquela história. Namjoon chegou ao pátio no exato momento em que fui imobilizado e que as agressões começaram, e mais do que depressa correu dali para avisar algum adulto sobre o que acontecia.

Demorei alguns segundos para voltar ao meu juízo perfeito, e se ainda estivesse vivo provavelmente estaria tendo uma forte vertigem e a minha pressão estaria caindo.

Depois daquele dia Namjoon passou a ouvir os espíritos com maior frequência, que entravam em contato pedindo as mais diversas ajudas que eram impossíveis para uma criança realizar. As criaturas disformes também começaram a aparecer mais vezes, porém estas não falavam, apenas se aproximavam de Namjoon, atacavam, faziam gestos para assustá-lo ou simplesmente ficavam em cima de seu corpo resmungando coisas completamente sem nexo na medida em que sentia que perdia a energia aos poucos. Eu entendi exatamente o que ele quis dizer com aquilo, pois já havia visto criaturas daquele tipo dentro de casa acompanhando-o outras vezes.

Aquilo obviamente resultava em crises de medo noturnas que acordavam tanto os pais quanto Seokjin, que por mais que não estivesse passando pelo mesmo que o irmão mais novo estava começando a se sentir afetado pela situação, o que resultou em algumas visitas ao psicólogo também.

Os irmãos cresceram juntos daquela maneira, procurando apoiar um ao outro por conta daquela situação estranha que viviam há tantos anos. Mas, apesar de tudo, Seokjin ainda se dedicava aos estudos e ao sonho de se tornar um cozinheiro um dia. Ao se formar no ensino básico, seu plano era ingressar em uma grande faculdade de gastronomia em Seoul e era para isso que havia estudado tanto por tantos anos. Namjoon sempre apoiou o irmão quanto à esse sonho e, quando Seokjin finalmente se formou na escola, a família Kim resolveu fazer uma viagem para comemorar.

Eles apenas não esperavam que um acidente de carro fosse acontecer no caminho para Gwacheon, a cidade natal de Seokjin.

Assim que entraram no carro Namjoon perdeu a cor no rosto ao ver que havia uma mulher de branco ali, mais especificamente ao lado do seu pai. Não trocaram palavras, mas a mulher não saiu dali em nenhum momento, o que de certa forma levantou as suspeitas de Namjoon, que agora era um adolescente e que já conseguia tirar as suas próprias conclusões sobre a situação. Estava com um mau pressentimento, este que se concretizou momentos depois.

A única coisa que Namjoon se lembrava daquele dia era do forte baque que sentiu e de Seokjin ter agarrado o seu corpo. O carro da família Kim capotou cinco vezes antes de parar de cabeça para baixo na avenida que levava à Gwacheon.

Milagrosamente os irmãos não tiveram ferimentos graves, apenas alguns arranhões superficiais. Conseguiram se desfazer do cinto de segurança e sair do carro quando sentiram o forte cheiro de gasolina que tinha começado a vazar. Seokjin ainda tentou socorrer os pais, apenas depois de um bom tempo percebendo que estavam mortos.

Em meio às lágrimas e o desespero, Namjoon ouviu vozes familiares e então olhou em volta. Não via ninguém, mas conseguiu ouvir perfeitamente a voz de sua mãe.

Saiam daí!

Mesmo com dificuldade Namjoon conseguiu puxar Seokjin para longe do carro e foram obrigados a pular para fora da avenida quando ouviram um som alto de explosão. Os irmãos ficaram abraçados um ao outro até o socorro chegar.

A partir daquele dia os irmãos passaram a viver sozinhos e o dinheiro que os pais estavam guardando foi o suficiente para que ambos pudessem se mudar para Seoul. Seokjin abandonou o sonho de estudar gastronomia para trabalhar em uma cafeteria perto do pequeno apartamento que dividiam, afinal, como irmão mais velho precisava cuidar de Namjoon e garantir que o mais novo terminasse os estudos como se devia.

Foi durante esse período que conheceram um rapaz que havia saído de Gwangju para estudar medicina veterinária em Seoul, e eu mais do que depressa assumi que fosse Jung Hoseok, o namorado de Taehyung, principalmente depois de ouvir que o mesmo trabalhava em uma loja de roupas e havia acabado de se mudar para uma república. Hoseok ia até a cafeteria onde Seokjin trabalhava todas as tardes e então acabaram desenvolvendo uma grande amizade, que foi crucial para que Seokjin mudasse de ideia e voltasse a sonhar em se tornar um cozinheiro.

As coisas ficaram mais fáceis quando Namjoon finalmente se formou na escola e começou a trabalhar, permitindo assim que o irmão pudesse seguir o seu sonho. O Kim mais novo ainda era atormentado pela incessante visita dos espíritos, principalmente quando estava sozinho em casa. Porém, acabou aprendendo a conter os surtos de medo com o tempo para não preocupar Seokjin além do necessário, apesar de conversar com o irmão vez ou outra quando sentia que estava sufocado demais.

Seokjin havia entrado na mesma faculdade que Hoseok, cada um com o seu curso, o que acabou aproximando ainda mais os dois. Não demorou muito para que o mais velho confidenciasse o que sentia por Hoseok à Namjoon, que sempre motivou Seokjin a se declarar, porém o rapaz nunca teve coragem de fazer isso.

Passaram os próximos anos daquela forma até a formatura de Seokjin, que resolveu abrir o seu próprio negócio no centro de Seoul. Era um local pequeno, porém muito bem localizado e que com certeza traria o lucro necessário para que o Kim mais velho expandisse seus negócios. Não demorou para o restaurante começar a criar certa popularidade e Seokjin estava sentindo a necessidade de ter um ajudante, e Namjoon não conseguiria ajuda-lo por conta do trabalho. E foi em um final de tarde, quando Seokjin juntou o lixo do dia para jogar fora nos fundos que encontrou um rapaz magricela revirando a sua lixeira.

E eu me lembro exatamente desse dia, pois esse rapaz magricela era eu mesmo.

Não percebi que acabei sorrindo pelas palavras de um Namjoon que me encarava curioso. Naquele dia Seokjin e eu conversamos muito, e foi quando ele finalmente decidiu que me empregaria. E desse dia em diante nos tornamos grandes amigos.

Pela ótica de Namjoon a história não parecia ser diferente. Seokjin falava sobre mim o tempo inteiro quando estavam juntos em casa, o que passou a ser um momento raro por conta da grande carga de trabalho de Namjoon, que resolveu focar no trabalho para se esquecer um pouco dos problemas que sua mediunidade traziam. E era justamente por isso que nunca chegou a me conhecer ou a conhecer Hoseok, por mais que frequentássemos o seu apartamento pequeno de vez em quando.

As coisas pareciam seguir o seu curso e entrar em seus eixos aos poucos, por mais que Seokjin ainda se preocupasse excessivamente com a condição de Namjoon e com o fato de pegar o rapaz chorando sozinho de noite vez ou outra, podia dizer que as coisas estavam caminhando para uma pequena temporada de paz.

Isso até o dia do meu acidente com o carro de Seokjin. Os irmãos Kim estavam juntos quando receberam a notícia do acidente que ocasionou a minha morte, o que fez com que Seokjin entrasse em um desespero e alimentasse uma culpa sem precedentes por ter me emprestado o carro naquele dia. Na mesma semana Jung Hoseok foi ao restaurante de Seokjin e apresentou Kim Taehyung, o idol que havia acabado de debutar e que era o seu atual namorado.

Aquelas duas notícias fizeram Seokjin entrar em uma profunda depressão, e havia dias em que sequer conseguia ir trabalhar. Foi naquele momento que Namjoon decidiu que não era justo fazer seu irmão mais velho continuar se preocupando consigo e com a sua condição, então resolveu fazer o possível para ignorar toda e qualquer manifestação espiritual que aparecesse em sua frente, por mais assustadora que fosse.

Tal atitude pareceu ser o suficiente para que Seokjin pudesse ter uma melhora significativa. Namjoon fez de tudo para que o irmão mais velho voltasse a sua rotina no restaurante, e aos poucos percebeu que a convivência de Seokjin, Hoseok e Taehyung estava melhorando com o passar do tempo. Na verdade o interesse do Kim mais velho no mais novo ídolo sul-coreano apenas crescia com o passar dos dias, e Namjoon começou a pensar se o irmão estava deixando de se interessar por Hoseok e gostando de Taehyung.

Porém, sequer tiveram tempo de pensarem nisso, pois dentro de poucos meses a notícia do suicídio de Kim Taehyung veio à tona, o que pegou os dois completamente desprevenidos. O quadro depressivo de Seokjin voltou a se agravar e a preocupação que passou a ter com Hoseok não estava ajudando, principalmente por visitar o amigo frequentemente e não ser capaz de fazer nada além de assisti-lo definhar dia após dia.

Mais do que nunca Namjoon precisava se manter são pelo bem estar do irmão, e mais do que nunca precisava fingir que tudo estava bem e que não estava mais vendo aqueles espíritos. Porém, temia que não conseguisse suportar a máscara por muito tempo, tendo finalmente a ideia de se mudar do apartamento que dividiam há tanto tempo. E quando descobriu que a minha casa estava finalmente à venda e percebeu que a distância até a casa de Seokjin era curta, pensou que seria uma boa ideia investir em morar sozinho.

E foi quando finalmente nos encontramos.

Aquela era, definitivamente, uma das histórias mais extraordinárias que já tinha ouvido em toda a minha existência. A eterna negação de Namjoon para com suas habilidades me pegou desprevenido, principalmente por não fazer ideia de que a mediunidade de Namjoon era tão complexa àquele ponto.

E de certa forma aquela história plantou uma curiosidade dentro de mim, principalmente com o fato da vida de todas aquelas pessoas estarem, de alguma forma, se entrelaçando com a minha ou se conectando em meio à toda essa teia de desgraças. Naquele momento eu voltei meus olhos para os marejados de Kim Namjoon, e então me levantei do chão apenas para me sentar ao seu lado. Ouvi o seu suspiro pesado, e em seguida ele jogou os cabelos pretos para trás brevemente.

Continuei a encará-lo por alguns minutos, ainda em silêncio. O que tudo aquilo significava? Será que poderia haver algum tipo de conexão sobrenatural entre todos nós e era por isso que eu estava preso dentro daquela casa? Será que Namjoon, de alguma forma, era uma peça para me ajudar a entender o que estava acontecendo?

Eu queria acreditar naquilo, com todas as minhas forças. Principalmente depois de saber que havia sido o próprio Kim Namjoon quem me salvou quando ainda era pequeno, mesmo sem entender direito na época, e que ele era o irmão de Kim Seokjin, o meu melhor amigo. Além disso, de alguma forma, Namjoon também tinha ligação com Taehyung, por meio de Seokjin.

Aquilo não podia ser uma simples coincidência.


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