Estavam atrasados. De nada adiantou sair de casa com duas horas de antecedência. Primeiro, nenhum motorista de aplicativo ficou disponível para atendê-los. Tiveram que apelar para o transporte público e acabaram presos num ônibus lotado em meio ao trânsito caótico da ponte Oakland Bay. Por dois míseros minutos perderam o metrô expresso. Passaram meia hora xingando e bufando na estação até que outro trem surgisse. Na metade do percurso, Celine avisou que já havia desembarcado. Agora, os três seguiam a toda velocidade pelo saguão do aeroporto. Panda sabia que a correria e os gritos chamavam a atenção das pessoas ao redor, mas não conseguia se importar.

Seu encontro perfeito estava indo por água abaixo.

As flores que comprara para ela se despetalaram ainda na viagem de ônibus. Restaram apenas os cabinhos nus, que ele descartou na primeira lixeira em que esbarrou. Devia ter seguido o exemplo de Pardo e feito um cartaz escrito bem-vinda.

Ah, mas não serviria de nada já que Celine chegou ali bem antes deles.

Polar talvez fosse o mais esperto. Gastou a manhã inteira na cozinha preparando um lanche para dar a Celine. O voo dela durou seis horas, provavelmente estaria cansada e com fome. Fora que garotas adoravam ganhar comida grátis.

Puxa, porque Panda não pensou nisso antes?

Não que aquilo fosse uma competição. Celine deixou claro que só os queria como amigos, mas, bem, Panda despertou o interesse dela uma vez, e não foi apenas por amizade. Celine foi o seu par no site de relacionamentos. Foi com ele que desejou conversar, conhecer e, quem sabe, até namorar. Hoje poderia ser o início de uma linda história de amor.

E ele estava atrasado. Droga!

— Ali, a plataforma trinta e dois — apontou Pardo.

Entraram trotando no local de desembarque. Muitas pessoas se encontravam nos assentos de espera, porém nenhuma delas era Celine.

— Será que ela foi embora? — questionou Panda, e o horror o atingiu. Celine devia estar decepcionada, eles falharam em ajudá-la. Talvez nem quisesse mais vê-los. A história de amor estava arruinada!

Antes que se desesperasse de vez, uma notificação apitou em seu celular.

Estou na entrada do aeroporto

Parei para almoçar num desses restaurantes

Vocês já chegaram?

Maravilha, ainda tinha uma chance. E o lanche de Polar acabara de se tornar irrelevante. Perfeito! Deu a notícia aos irmãos e voltaram pelo mesmo trajeto. Pardo riu do desencontro, Polar suspirou ao guardar o embrulho no fundo da mochila, Panda se preocupou em ajeitar os cabelos.

Enfim, iria encontrá-la.

Nas fotos e chamadas de vídeo, Celine sempre estivera muito bonita. Um rosto de boneca de porcelana, lábios carnudos e rosados, olhos cor de chocolate ao leite e um cabelo estiloso, cortado na altura das orelhas delicadas. Ah, se ela fosse tão bonita assim pessoalmente...

— Manos — chamou Pardo —, aquela é a Celine? — Metros a frente, uma jovem encontrava-se sentada sobre uma mala. — É ela mesmo! Ei, Celine!

Ao vê-los, a jovem se pôs de pé e acenou.

O coração de Panda palpitou.

Ao vivo, era ainda mais bonita.