Celine a trois escrita por lljj


Capítulo 15
Quinze




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De um cantinho perto da porta, Panda assistiu o pandemônio que a cozinha virou. Os cozinheiros, auxiliares e até alguns garçons ofereceram soluções para o desastre que o bolo de aniversário se transformou. As vozes acaloradas eram um grande contraste para a frieza de Celine. Ela manteve a compostura enquanto encarava o bolo como se a resposta para o problema fosse saltar dos destroços de glacê e chocolate.

— Podemos partir os pedaços, envolver em papel-alumínio e colocar em pilhas na mesa — sugeriu um dos cozinheiros.

— Ficaria horroroso — comentou uma garçonete.

— Também demoraria demais — afirmou Celine, encarando o relógio novamente. — Tem alguma forma de remendar as rachaduras?

— Que tal usar morangos e chantili para disfarçar? — indagou a garçonete.

— O aniversariante detesta morango — informou Celine. Puxou uma respiração pesada e esfregou os olhos com os dedos. — Vamos lá, gente! Temos que fazer essa catástrofe parecer algo intencional.

O objetivo era complicado. Um bolo torto, cheio de rachaduras, massa esfarelada e figuras manchadas pelo recheio estava longe de parecer uma obra calculadamente trabalhada. Era só uma bagunça mesmo.

Um dos cozinheiros retirou as figuras das entranhas do chocolate revirado. Vários personagens do anime estavam ali, entre eles a protagonista, uma bruxa com longíssimos cabelos azulados, e seu par romântico, o cavaleiro de armadura dourada. Panda gostava daquele anime por conta dos elementos fantásticos — e do romance proibido. O casal só ficava junto no finalzinho, após uma luta sangrenta pelo direito de se amar. Era tão...

— Ah, é isso! — exclamou ele. Puxou o celular do bolso e se pôs a teclar. — Celine, tenho uma ideia!

— Você ainda está aqui? — questionou ela, olhando-o pela primeira vez desde que entraram na cozinha.

— Não briga comigo — pediu, e apontou para a tela do celular. — Olha, no episódio 68 tem uma batalha entre bruxas e cavaleiros pela posse da terra sagrada. É quando o casal se declara e decide não lutar um contra o outro.

— E daí?

— Essa é uma das cenas mais emocionantes da história — explicou. — Eles estão no meio do campo de batalha, numa devastação sem fim. Na hora que deviam se atacar, os dois hesitam. Então o cavaleiro abandona sua espada, se coloca de joelhos e pede para a bruxa acabar com o impasse. Aos prantos, ela recusa e o abraça. Enfim eles admitem o amor que sentem. Qualquer fã do anime conhece essa cena!

Celine considerou por alguns instantes.

— Você acha que dá pra reproduzir isso no bolo?

Ele encolheu os ombros.

— O cenário de campo de batalha já está pronto — disse.

Como de outras vezes, o hesitar de Celine durou pouco. Seu olhar se tornou firme ao acenar positivamente.

— Pessoal, por favor, sigam as instruções desse cara — o indicou com o polegar. Em seguida, conferiu o relógio. — Preciso ver como estão as coisas lá fora. Panda, estou contando com você.

O coração dele inflou com a declaração, porém, dessa vez, não sentiu a necessidade esmagadora de impressioná-la. Queria apenas ajudar alguém que aprendeu a admirar.

— Não vou te decepcionar — prometeu. — Não outra vez.


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