Celine a trois escrita por lljj


Capítulo 11
Onze




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Panda parou diante das portas espelhadas do prédio comercial. Aproveitou o reflexo para dar uma última ajeitada nos cabelos e entrou no edifício. A recepcionista o recebeu com um sorriso e indicou os elevadores. As pernas dele bambearam ao subir. Puxou uma longa respiração. Se permanecesse tranquilo, tudo daria certo.

Assim que as portas do elevador se abriram, avistou Celine no corredor.

— Panda! — exclamou ela, a expressão alegre. — Muito obrigada por ter vindo!

Uma risadinha envergonhada transbordou através dele. Adeus tranquilidade.

Celine o conduziu para o interior de uma das salas. Um ambiente amplo, com paredes brancas e móveis multicoloridos. Ao fundo, numa escrivaninha verde-limão, um homem se encontrava diante do computador.

— Aquele é o Abel, meu chefe — apresentou Celine. — Abel, esse é o Panda, o rapaz que te falei.

Abel se pôs de pé para cumprimentá-lo, os olhos esperançosos.

— Você realmente entende de animes? — perguntou.

Panda titubeou antes de responder.

— É, eu meio que curto...

— Você assiste muitos daqueles animes de romance, não é? — indagou Celine.

Panda se empertigou.

— Também assisto alguns de luta — garantiu. O fato dos animes de romance serem visualmente mais bonitos não era culpa dele.

— Nós estamos com um problema, Panda — disse Abel. — Temos uma festa surpresa para organizar em duas semanas, o tema será animes shocho.

Shoujo — corrigiu Celine.

O homem suspirou.

— Como pode ver, eu não sei de nada desse assunto. Celine não está muito melhor, por isso precisamos de alguém para dar uma luz nesse projeto.

— E esse alguém é você — disse Celine, sorrindo.

Panda sentiu o peso da responsabilidade. Não pela festa em si, mas porque Celine contava com ele. Seria uma espécie de herói para ela, que ficaria tão impressionada com seus conhecimentos otaku que o chamaria para sair. A sós!

— E aí, você pode ajudar? — questionou Abel.

— Hã? Quer dizer, sim! Com certeza. O que vocês precisam?

 

Duas horas depois, Panda saiu pelas mesmas portas espelhadas do edifício. Ao seu lado, Celine exibiu orgulho.

— Você foi fantástico. Será o consultor de animes oficial da Sweet daqui pra frente.

Ele sentiu o rosto aquecer.

— Não foi nada demais... Ou foi, sei lá. Até que mandei bem, né?

— Arrasou — afirmou ela. — Que tal um almoço chinês para comemorar? Por minha conta.

Panda tropeçou nos próprios pés. Ouviu direito?

— Só eu e você?

— Claro, ou você tem mais alguém em mente?

— Não! Não, não tenho. Vamos nós dois mesmo. Celine e Panda. Você e eu.

Ela gargalhou e o guiou pelas ruas. Aquilo era sério. Almoçariam juntos! Podia considerar um encontro?

Bem, o restaurante chinês disse que não. Em pleno horário de pico, era o cenário mais anti-romântico do mundo. Uma barulheira subia das mesas lotadas. A única disponível ficava perto da porta da cozinha, de onde os garçons saíam e entravam sem parar.

— Adoro esse lugar — contou Celine.

Panda sustentou um sorriso de concordância, mas o abre e fecha da porta da cozinha lhe deu nos nervos. Pelo menos o atendimento era rápido. Assim que sentaram, um garçom veio anotar seus pedidos. Quando voltaram a ficar a sós, Panda soube exatamente sobre o que conversar.

— Seu trabalho é complicado, Celine — comentou. — Deve ser difícil organizar várias festas diferentes ao mesmo tempo.

— Eu gosto das exigências, então não sou de reclamar. Fora que é maravilhoso ver o resultado de tanto planejamento. Aliás, se você quiser pode comparecer na festa shoujo como parte da equipe organizadora.

— Sério?

— Sim. Eu estarei lá para acompanhar tudo, você pode ser meu auxiliar durante a noite.

— Eu ai adorar! — animou-se.

O garçom que os atendeu se aproximou com seus pratos. Ambos pediram lamen. O dele, vegetariano; o dela, com salmão. Salmão era a comida preferida de Pardo e, ao pensar no irmão, Panda lembrou de uma coisa:

— Na sexta vamos maratonar uma série nova que o Pardo encontrou. Ele me pediu para convidar você pra assistir. Não entendi porque ele não convidou diretamente, mas... — deu de ombros. — Você pode ir?

Celine congelou com os hashis a centímetros da boca.

— Sexta? Acho que não vai dar, não. Tem um noivado marcado pra sábado de manhã e... vou precisar dormir cedo.

Algo no sorriso dela soou escancaradamente falso.

De repente, Panda se deu conta que a atitude do irmão mais velho não foi a única estranhice dos últimos dias. Tanto Pardo quanto Polar andavam meio pensativos pelos cantos. A própria Celine não estava tão acessível quanto antes. Prova disso era que há quase uma semana os quatro não saíam para alguma atividade juntos, o que já tinha virado uma rotina.

Incomodado, ele perguntou:

— Meus irmãos fizeram alguma coisa que te chateou?

— O que? Não! Panda, ah... — ela cobriu o rosto com uma das mãos. — Eles não fizeram nada. O problema sou eu...

— O que aconteceu?

Celine brincou com um fio de macarrão.

— Promete que só fica entre nós dois?

— Prometo.

Ela respirou fundo, em seguida, murmurou:

— Acho que me apaixonei pelos seus irmãos.

Um zumbido estalou nos ouvidos de Panda. O restaurante a sua volta entrou em câmera lenta. A princípio, as palavras de Celine não fizeram sentido. Eram apenas uma cacofonia disforme que retumbou pelas paredes do cérebro dele. Quando as sílabas se agruparam e a compreensão o atingiu, quase caiu da cadeira.

Me apaixonei pelos SEUS irmãos.

Em choque, Panda foi incapaz de dizer qualquer coisa.

Celine afundou em sua cadeira, o rosto desolado.

— Eu sei. Também não acredito que isso aconteceu comigo. Sempre fui tão focada. Quando Pardo me beijou achei que...

— O Pardo te beijou?!

Ela voltou a cobrir o rosto.

— Sim. Depois o Polar disse que gostava de mim. Eu fiquei confusa, porque senti a mesma coisa que senti com Pardo. Não quero magoar nenhum deles, Panda. Me afastei pra tentar controlar isso.

Panda estava incrédulo. Primeiro, um beijo e uma declaração aconteceram sem que soubesse. Segundo, como Celine podia se apaixonar por duas pessoas? Se isso era possível, por que ele ficou de fora?! Ela foi o seu par no site de namoro!

Seus irmãos roubaram sua futura namorada embaixo do seu nariz.


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Notas finais do capítulo

É, o Panda sobrou no churrasco...



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