Celine a trois escrita por lljj


Capítulo 10
Dix




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Os dias seguintes voltaram ao seu estupor de atividade. A única diferença era que, agora, a agitação também se estendeu aos sentimentos de Celine.

Ela beijou Pardo!

Talvez tivesse sido apenas uma coisa do momento. Estava triste, ele a consolou e o beijou aconteceu. Depois, ambos ficaram tão sem graça um com o outro que o melhor mesmo era fingir que nada ocorreu. O problema era que ela não conseguia esquecer.

Pardo beijava muito bem.

O universo devia saber que Celine precisava de distração. Por isso, numa bela noite, ela chegou em casa para descobrir que sua geladeira não estava refrigerando. Era de segunda mão, mas o vendedor jurou que estava em perfeitas condições.

A comida estragada afirmou o contrário.

Celine buscou técnicos para avaliar o defeito. Os valores cobrados por eles a fizeram chorar baixinho contra o travesseiro. Quando ela se resignou a abrir aquele rombo nas contas, Polar se ofereceu para investigar o problema.

Foi assim que a cozinha dela se transformou numa oficina de concerto. Ferramentas estavam espalhadas pelo chão, assim como o motor da geladeira. Polar parecia empenhado em desmontar cada peça até encontrar a defeituosa. Celine tentou ajudá-lo, mas acabou enxotada com um:

— Polar trabalha sozinho.

Permaneceu na sala, aguardando boas notícias. Pelo que sabia, Polar era um grande entusiasta da robótica. Mexer com máquinas e essas coisas eram seu hobby. Se isso ajudaria a causa dela, bem...

A verdade era que Celine não o conhecia o bastante. O jeito caladão e introvertido eram uma barreira a envolvê-lo. Por mais que ela quisesse se conectar, não conseguia alcançá-lo. Uma pena, porque... havia algo magnético em Polar.

Sempre que pensava nele, Celine via o cara dos seus sonhos. Alto, forte, bonito como uma paisagem de inverno. Cozinheiro de mão cheia, educado e prestativo. E, Deus, também falava um francês perfeito! A entonação grave pronunciando as sílabas como uma prece. Ela ouviu uma única vez, por aquela chamada de vídeo, e ainda se arrepiava ao lembrar.

Controlar suas ações era fácil, porém as fantasias poluíram sua mente. Demorou alguns segundos até perceber que Polar a chamou.

— A geladeira está funcionando — disse ele e, realmente, um vapor frio escapuliu pela porta aberta.

— Obrigada, você é incrível! — comemorou, aliviada. — Prometo pagar assim que der, tá bom?

— Polar recusa pagamentos — afirmou, recolhendo suas ferramentas.

— Não, não. Preciso compensar o seu trabalho.

— Não foi trabalho. Geladeiras são especialidade de Polar.

— Mesmo assim, eu...

— Polar não se importa em ajudar Celine — interrompeu ele, e colocou-se de pé. Olhou para longe dela, as bochechas rosadas. — Polar... gosta de Celine.

Silêncio assentou entre eles. Celine temeu que as batidas desgovernadas do seu coração ressoassem pela cozinha. O que aquilo significava?

Quando ele pousou os olhos sobre ela, Celine perdeu o fôlego. Algo indescritível brilhou ali, e assim como ocorrera com Pardo, ela compreendeu.

— Eu... também gosto de você.

O rubor se aprofundou na pele dele.

— Polar precisa ir embora. Agora. Até mais.

Sem hesitar, ele partiu, deixando-a duas vezes mais confusa com seus sentimentos.


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Notas finais do capítulo

É oficial: eu não vou trabalhar o tema do desafio na história. O fetiche em construção, de Celine pela língua francesa, não tem espaço para brilhar diante de todo o enredo que quero construir. Pretendo me manter no limite de dez mil palavras e concluir a fanfic até o dia 30, mas não sinto que estou participando do desafio agora...



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