Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 8
Sempre devagar, Sakura!




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Capítulo 6

Sempre devagar, Sakura! 

 

I

Toledo, Espanha

15 de março de 2015

 

I

 

— Alto lá! Quem se aproxima? 

— Lorenzo Mata, Interventor da Ordem do Dragão nas Ilhas Canárias. Em nome de sua majestade, o Rei Felipe VII, rei dos Catalães, dos Bascos e dos Galegos, venho representar o comando da Ordem leal à sua majestade nas negociações sobre a segurança de Sakura Kinomoto.

Duas mulheres, com fuzis nas mãos e vestidas com um fardamento branco incomum para um mago, olharam com desconfiança para o homem de armadura vermelha. Elas passaram uma espécie de bastão pelo no corpo dele, como os seguranças passam detector de metal. Verificaram se ele não trazia nenhuma magia de espionagem ou rastreamento na armadura. Não detectaram nada.  

— Alice, comunique com a central se esse tal de “Lorenzo Mata” é um daqueles que lutaram com a gente em Barcelona… 

Uma das mulheres pegou uma pedra esmeralda do bolso do robe e começou a falar numa língua codificada que apenas magos podiam usar. Lorenzo suava. Depois de uns cinco minutos, a confirmação veio.

— Pode passar. Lembramos que todos os seus atos estão sendo vigiados. Nada de usar seus poderes esquisitos dentro da cidade. Entregue sua arma. — disse a mulher. Lorenzo tirou seu martelo da cintura e entregou para ela. — Só depois que a reunião acabar é que você vai ter ele de volta. Acompanhe os guardas. 

Um batalhão de soldados de farda preta cercaram Lorenzo e conduziram o homem pela cidade. Estavam armados até os dentes com fuzis, tal como as guardas no portão. Fuzis e outras armas automáticas eram incomuns para magos e muitos rejeitavam o uso delas, pelo que Lorenzo sabia. Elas eram muito inferiores às armas que os magos costumam usar.

"Devem ter se modernizado… Vai lá entender…", pensou o Interventor.

Passando pela cidade, ele percebeu que aquela não era a cidade de Toledo que todos conheciam. Era a cidade mágica de Toledo, sede da autoridade mágica espanhola. Ela existia paralelamente com a cidade original e apenas pessoas com poderes mágicos podiam ver seus portões e entrar nela. Percorrendo as ruas do lugar, Lorenzo viu veículos voadores, pessoas voando e comércios de rua que vendiam itens mágicos, como poções e armas. As pessoas observaram a escolta de Lorenzo e olharam-no com estranheza. De repente, um dos guardas cobriu a cabeça dele com um capuz negro que impossibilita totalmente a visão, mesmo que usasse magia para desbloquear. 

— Espero que não se incomode. O povo daqui não quer saber nada da Ordem do Dragão. Até é arriscado conduzi-lo por essas ruas. O senhor entende? 

— Sim.. Foram séculos de desconfiança com a gente, não é? nada mais certo, nada mais certo… — disse Lorenzo.

 

II 

 

Quando o capuz foi levantado da cabeça do Interventor, o jovem médico estava em uma sala totalmente branca com tonalidades de cinza. As paredes do lugar eram curvas e havia uma mesa no centro dela unida ao próprio chão. Ao redor do móvel, estava Dom Alfredo Bosch, ministro de assuntos especiais do governo e chefe da autoridade mágica, Tomoyo Daidouji, amiga de Sakura e Yue, anjo prateado e guardião dela. 

— Fui avisado que a senhorita Marcela estaria aqui… — perguntou Lorenzo.

— Marcela está fazendo coisas mais importantes em Barcelona, por isso, achei melhor que ficasse por lá mesmo… Ela não vai tomar parte nessa operação… — respondeu o ministro.

Yue já começou a olhar o Interventor com toda a desconfiança do mundo, estreitando os olhos e cruzando os braços. O anel prateado no dedo dele, de onde saía o arco que usava para atacar, estava brilhando, pronto para ser sacado a qualquer momento. O rosto de Lorenzo suava vendo aquilo. 

— Senhor Alfredo, o senhor não acha meio precipitado chamar alguém da Ordem do Dragão para esse encontro, não? Eu tô falando da segurança da Sakura! — disse Yue. O ministro sorriu para o Interventor.

— Lorenzo… Seja bem vindo. Acho que você entende esse pequeno gesto que eu estou fazendo, não é? Não nos decepcione… 

— Certo, ministro… — disse o rapaz, gaguejando.

— Eu não quero esse cara aqui! — disse Yue, batendo o punho contra a mesa. 

— Acalme-se, Yue! o Lorenzo esteve junto conosco quando a Sakura lutou contra o Interventor da Catalunha há quatro anos. Ele pode ajudar muito a gente. E outra: ele é subordinado direto ao rei Felipe VII. Não tem chance nenhuma de ele fazer mal pra Sakura. Não é, Lorenzo? — disse Tomoyo, tentando acalmar Yue. O anjo prateado de mais de dois metros voltou a sua posição, só que muito contrariado. 

— S… Sim… Minha Rainha… — disse Lorenzo, gaguejando. Dom Alfredo não deixou de reparar e perguntou para o jovem homem:

— Está tudo bem, Lorenzo?

— Sim… Sim, ministro! É que, eu estou em Toledo, dentro do prédio da autoridade mágica da Espanha e… Durante séculos, a magia da Ordem, baseada em sangue, é incompatível com a magia de mana desse lugar. Só isso… — disse Lorenzo, sorrindo um pouco. 

— Entendo, entendo… — Um círculo mágico verde apareceu nas mãos do ministro e um frasco de poção saiu de lá. — Tome, Lorenzo, essa poção é um anulador de aura. Isso acaba com a sua capacidade de conjurar magia, mas acho que é mais que necessário para te fazer perder essa tremedeira toda…

Lorenzo pegou o frasco e bebeu num gole só.

— Podemos começar?

— Sim… 

 

III

 

Osaka, Japão

Mesmo dia.

 

Na varanda do apartamento em Osaka, Sakura olhava a lua no céu com a mão no peito de tão preocupada que estava. Kero aproveitou e se sentou no ombro dela, fazendo companhia para a mestra. 

— Você só tá pensando no goiabinha bichado, né? — disse Kero.

— Para de ser bobo! Eu também penso em você!

— Mas todo mundo gosta do Goiabinha… O que ele tem que eu não tenho? 

— Ele é bonito demais… Parece até um Deus Grego… Pelo menos, era o que eu pensava… 

Kero olhou para Sakura contrariado.

— E também, ele tá longe de mim… Nunca ele foi tão longe e por conta própria… Mas, por outro lado, ele tá com a Tomoyo-chan, o tal de Dom Alfredo, né? Então… Tá tudo bem com ele… — disse Sakura, sorrindo. 

Kero parou de perguntar e só ficou sentindo a brisa da noite ao lado de Sakura.

— Mesmo com toda a segurança do mundo, você não deixa de se preocupar, né? Você tá pensando no seu pai, no Touya, pode acontecer a mesma coisa com o Yue, não pode? 

— Tô pensando sim, Kero-chan! Eu rio com você e tudo o mais, mas… não quero que ninguém que eu ame se afaste de mim! 

— Eu te entendo, Sakura… 

— Mas, ao mesmo tempo, tô vendo que não têm jeito. Eu preciso ter fé que nem a Tomoyo me fala… É justo quando nada tá certo que a gente é meio que obrigado a ter força pra lutar, não é?

— É quando a porcaria tá feita é que a gente tem que meter a mão na massa mesmo. Se lembra quando a gente trocava as fraldas do Chi? — disse Kero, dando uma de sábio. 

— Nem me lembre… Ô menino pra fazer porcaria e não falar nada pra gente! As fraldas dele eram tão cheirosinhas! Ele sempre foi tão calado! Quando eu ia ver, ele já tava todo assado e a fralda tava imunda! Eca! 

— Daí eu te falava: sempre devagar, Sakura! …

Sakura conseguiu sorrir um pouco naquele mar de preocupações.

— Sempre devagar você vai se aproximar do seu pai, do seu mano… — disse Kero. Sakura acariciou a cabeça do guardião com os dedos.

— Um dia, você vai sentir falta disso tudo…

Sakura não gostou de ouvir aquilo e aproveitou para provocar o guardião: 

— E você vai sentir falta do Spinel Sun, não é? Não tem ninguém pra jogar Nintendo online com você mais… — disse Sakura.

— Eu sei… — disse Kero, triste. Dessa vez, Sakura tocou fundo nele. — Mas, eu tenho esperança, sabe? 

Sakura sorriu. Kero continuou:

— Tenho esperança que o Chi vai ficar mais grande e vai jogar comigo… Eu já tô ensinando pra ele as manhas do Mario Kart… 

— Pelo amor! Não brinca com coisa séria! Tô falando da segurança do meu Yukito-san! — disse Sakura, entrando para dentro de casa. Kero a acompanhou. 

 

IV

 

Toledo, Espanha

Mesmo dia. 

 

— Tomoyo, os mapas… — perguntou o ministro. 

— Sim… — A costureira tocou na mesa, aparentemente sem nada, e um mapa foi projetado de lá. — O maior problema com a segurança da Sakura vai ser a travessia pela rodovia do Cantábrico. Leva uma hora, uma hora e meia mais ou menos pra fazer o trajeto entre Bilbao e San Sebastian. É justamente nesse trecho entre Eigobar, Eibar e Amorebieta que são os pontos de risco. Tá cheio de montanhas aqui…  

— Não tem como fazer isso por helicóptero? — perguntou Yue.

— Não. Não dá, eles podem voar. Qualquer batida pode fazer o helicóptero cair… — explicou Tomoyo.

— Se mudarem de ideia, eu posso atirar neles… — disse o guardião, olhando para Lorenzo.

— Bem… Eu tentei um caminho alternativo pelo norte, mas a pista acaba em Bermeo. Tem um penhasco enorme até a próxima cidade, Elanchove. Se eles virem o carro flutuando… — disse o Ministro, sorrindo. 

— Não estamos no Harry Potter, ministro! — disse Tomoyo, sorrindo também.

— Pessoal, o melhor caminho é pela rodovia. Quantos bens não circulam por dia entre Donostia e Bilbo? Qualquer ataque pela autoestrada vai chamar muita atenção… — disse Lorenzo.

O ministro olhou para o mapa, levantando as sobrancelhas. Ele também estava de acordo com o planejado.

— Não vejo outras opções. Ele é atleta e faz muitas viagens. Qualquer caminho alternativo vai fazer a viagem virar uma tortura!

— Mas bem que o senhor podia colocar umas escoltas, né? — perguntou Yue.

— Mais escoltas que o rei de Espanha, isso eu posso garantir!  — disse o ministro, orgulhoso, apertando as próprias mãos. — Bem, estamos de acordo, não é? — Dom Alfredo olhou em volta da mesa e todo mundo fez sim com a cabeça. 

— Tomoyo… Eu tenho algo para você… — Dom Alfredo estendeu a mão e um círculo mágico apareceu. Uma pistola saia aos poucos de lá, vermelha como sangue. — Essa pistola vai te ajudar a manter os Interventores da Ordem longe de você… Acho melhor do que um contato físico com aqueles floretes que a gente usava no passado! Elas recarregam com um cristal que fica bem aqui na coronha da arma. tem várias magias: fogo, terra, gelo… A Marcela vai te explicar tudo mais pra frente…   

— Obrigada, ministro! Uma pena que ela não está aqui! Se não fosse por um carregamento de jóias que ela vai receber hoje… — disse Tomoyo, guardando a arma. — Ainda bem que eu tenho porte de arma, isso ia me causar um problemão… 

— Lorenzo?

— Sim, Ministro.

— Conto com o pessoal da Ordem leal à sua majestade para me ajudar na escolta, tudo bem?

Lorenzo suava frio. Yue ainda estava desconfiado e Tomoyo estava ansiosa, analisando a pistola mágica que havia ganhado. Ele engoliu em seco e respondeu:

— Considere o pedido feito, ministro! — disse o rapaz, apertando a mão de Alfredo. 

 

Continua… 






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