Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 7
Sua moral ou o seu dever? Você decide…




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Capítulo 5

Sua moral ou o seu dever? Você decide…

 

Pàjara, Ilhas Canárias

28 de fevereiro de 2015

 

— Papai… 

— Oi, Ana, pode falar… 

— Papai, você já tá voltando pra casa?

— Tô sim. Tô aqui em Pájara e acabei de pegar a balsa. Em uma hora, tô em casa… 

— Tá bom papai… — disse Ana. Do outro lado da linha, Lorenzo conseguia escutar a filha chorando. Seu coração deu um salto no peito a ponto de explodir. 

— Tá tudo bem aí, filha? O Sérgio tá bem? A Mamãe tá bem? 

— Sim, papai, não se preocupa, volta logo, tá? Te amo, papai… 

— Ana, passa pra sua mãe! 

— Ela não pode falar agora… Tchau, papai, a gente te ama! Mamãe sente muito orgulho de você! 

— Ana? Ana?

O telefone desligou. 

— Droga! — Lorenzo teve vontade que quebrar o celular na mão. Estava voltando do trabalho de médico na ilha vizinha a sua quando o telefone tocou. O jovem de 29 anos, cabelos castanhos claros e barba por fazer não sabia como agir. Passou as mãos no cabelo e saiu do carro, percorrendo todo aquele campo da balsa. Como faltava ainda uma hora para chegarem em Las Palmas, alguns motoristas estavam fora de seus veículos, conversando e olhando o mar. O jovem médico não tinha tempo. Correu até a beirada da balsa e buscou um canto silencioso sem ninguém para incomodar. Um dos marinheiros da balsa reparou a tensão dele e perguntou:

— Hey, onde você está indo? 

— Resolver um assunto importante. Se eu não voltar em uma hora, peço que estacione meu carro, o SEAT Córdoba preto na rua perto do porto, ok? — disse Lorenzo, colocando a chave do carro nas mãos do marinheiro e umas duas notas de 100 euros.

— Espere! — O Marinheiro chamou o homem e Lorenzo pulou no mar. Alguns motoristas ao redor olharam com estranheza e espanto o gesto dele. — Onde será que ele foi? — indagou-se o funcionário.

 

II

 

— Aparezca, Dragón! — disse Lorenzo, enquanto pulava da balsa. Seu corpo foi envolvido pela armadura completa de Interventor das Canárias. Levantou a mão para o alto e um martelo voou até sua mão. As asas transparentes vermelhas surgiram em suas costas e ele voou com muita velocidade até Las Palmas.

 

III

 

— Ana! Sérgio! Rosa! 

Lorenzo pousou na frente da casa e saltou o portão. Correu para dentro da residência, arrombando a porta da entrada e se deparou com uma cena na sala de jantar que o fez perder as forças. Sua mulher Rosa estava amarrada em uma cadeira. Seus filhos, Sérgio e Ana, que nem cinco anos direito tinham, estavam presos por correntes nas paredes. Sentado na mesa, um homem de armadura vermelha e capa como ele comia um pedaço de queijo. Não dava para ver o rosto dele, mas uma abertura no capacete permitia ver apenas a boca enrugada e envelhecida.  

— Eu não sabia que sua mulher fazia queijos tão bons com esse clima quente daqui. Pensava que só na Catalunha que a gente fazia uns queijos assim… Aliás, sua mulher é catalã, não é? 

— Miserável! — Lorenzo deu uma machadada na mesa e destruiu a mobília. Tentou dar outra e mais outro golpe no homem, mas ele desviava. 

— Cuidado, hein? Você pode machucar a sua família…

Lorenzo sentiu tanta raiva de si mesmo que jogou o martelo na parede, abrindo um rombo enorme. 

— O que você quer? — perguntou ele. 

— Você sabia dos esquemas, cara. Você traiu a gente quando resolveu defender “seu rei”. Agora, eu vou precisar de você… 

Lorenzo sentiu tanta raiva de si mesmo que não sabia se chamava o martelo de volta para sua mão ou dava um soco de imediato na cara dele. Olhou para a mulher e os filhos amarrados e disse na cara dele:

— Eu seria metade do pai de família que eu sou se eu aceitasse sua proposta! Eu sabia dos seus esquemas, sim! Mas eu caí fora quando vi o tamanho da porcaria que ia dar! 

— Não tem essa coisa de cair fora do esquema! Ou você tá dentro ou você tá dentro! Você só sai morto do esquema!

— Eu me recuso a morrer! — disse Lorenzo. Ele esticou a mão e agarrarou o martelo no ar novamente. O interventor da Catalunha apenas estalou os dedos e as cordas afrouxaram mais ainda seus filhos e sua mulher.

— Você não entendeu o que eu estou dizendo… A qualquer instante, eu posso fazer eles virarem um monte de carne bem na frente dos seus olhos… Mas isso é você quem vai escolher… Vai trocar sua mulher, que lhe faz companhia todos os dias por um homem barbudo e cabeludo que fica coçando os ovos em Madrid? Vai trocar mesmo seus dois filhos, Sérgio e Ana, vai deixar de criar eles e ver eles crescendo por conta de uma fidelidade à um rei que mal te conhece? É sério isso? 

Lorenzo tremeu tanto que todo mundo pensou que ele passaria mal. A mulher e as crianças, com as bocas atadas, mal conseguiam falar, mas tentavam, olhando para o Interventor com os olhos mais suplicantes do mundo. O Interventor da Catalunha andou na direção dele e lhe fez uma última pergunta:       

— Sua moral ou seu dever? Você decide… — O comandante da Ordem estalou os dedos e as crianças começaram a gritar com a dor que sentia.

— Para! Droga! — Lorenzo jogou o martelo no chão e se ajoelhou, tão impotente quanto nunca. O homem de armadura vermelha tocou na cabeleira castanha dele como se ele fosse um animal de estimação.

— Bom garoto… Sabia que ia tomar a decisão certa. — O comandante andou até a porta e desapareceu numa nuvem de poeira vermelha. As cordas que prendiam a mulher e os filhos se soltaram e os três correram para abraçar o homem. Lorenzo chorava, pior do que quando entrou naquela casa. 

— Rosa… Eu tô ferrado! Eu tô ferrado! 

— Não tá não! Não tá não! Você tem sua esposa aqui do seu lado! Vamos enfrentar tudo e todos como uma família, Lorenzo! — disse Rosa, beijando os cabelos do jovem médico, trêmula. Ela apertou a cabeça do marido contra seu peito com tanta força que era capaz de grudá-la consigo. 

 

Continua… 


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