Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 56
Eu ainda nem falei a minha opinião pra ela (Parte I)




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Capítulo 54

Eu ainda nem falei a minha opinião pra ela! (Parte I)

 

Bilbao, Euskadi, Espanha

27 de julho de 2016

 

I

 

Fazia um dia de sol escaldante na, geralmente, fria cidade de Bilbao. Sakura caminhava nas ruas do distrito comercial de Indautxu, ao lado de Naoko, Rika e seu filho Chitatsu.

— Me fala, Chitatsu, qual das duas tias que você tem que te deu os presentes mais legais, fala?

— Tia Naoko, a senhora me deu muitos livros legais de números! Mas a tia Rika me ensinou a cozinhar! — disse o rapazinho.

— Tá vendo, Naoko! Não dá pra comer livro! Comida dá! Só ele vir aqui no mercado com uns trocados que dá pra ele fazer um jantar maravilhoso! — respondeu Rika.  

— Falou a professora de economia doméstica! — disse Naoko. Todo mundo riu, menos Sakura. — Não é, Sakura? Sakura? 

— Oi, Oi gente! Tava distraída, né? — respondeu a médica.

— É melhor a gente mudar de rua… Foi aqui, né, Sakura, que teve toda aquela briga sua com a Gotzone? — perguntou Rika. 

— Pois é… — respondeu Sakura, vagarosamente. 

— O que tá acontecendo com você, hein? Fala pra gente… — perguntou Naoko. 

— Desde que a gente saiu de casa, você tá assim… Eu também tô achando estranho… — disse Rika. 

— Deve ser aqueles treinamentos doidos que ela tá fazendo! Cruzes! — disse Naoko. 

— A gente tinha que falar com a Tomoyo sobre isso! — disse Rika, preocupada.

— Não é nada não! Não é nada com os treinamentos! Eu só tô um pouquinho distraída hoje e vocês já ‘tão criando caso. Que é isso, meninas! Vamos nos divertir, vai? — disse Sakura. — Eu tenho o direito de ficar meio avoada, não tenho? Fora que eu tô no fim daqueles dias, sentindo cólicas e sabe como é… Eu posso querer voltar pra casa a qualquer momento, não posso? Vocês fiquem com o Chi, pode ser? 

Naoko e Rika se olharam surpresas. 

 

II

 

Era tarde. Os raios de sol alaranjados do sol incidiam no rosto melancólico de Sakura. Ela estava sozinha no apartamento. Naoko e Rika ficaram com Chitatsu e só voltariam depois das sete. 

Sentada na mesa, ela apertou uma colher na sua mão esquerda e a aura arco-íris apareceu em volta do corpo dela. Depois de tantos dias e horas repetindo a mesma coisa, aquilo se tornou fácil para ela. Passou-se alguns segundos e aquela colher começou a se deformar e perder sua forma original. Sakura abriu os olhos e viu que havia criado um pequeno bonequinho de Tomoyo. A cardcaptor ficou com tanta raiva de si mesma que jogou aquele objeto para longe. 

— Droga de Tomoyo! E daí que você vai se casar? Eu deveria estar feliz com isso, não deveria? — perguntou-se a Cardcaptor, irritada. — Mas eu não tô! Que droga! — disse Sakura. Ela levantou-se da cadeira e chutou o objeto que havia criado. Depois, agachou-se e encostou as costas na parede, abraçando os joelhos. Ela levantou os olhos e deu de cara com um retrato dela, do pai, Touya e da mãe feito há muito tempo. — Queria que meu pai tivesse aqui… Ele ia saber o que me dizer… — disse Sakura, com uma lágrima escorrendo na bochecha. 

De repente, o telefone toca em cima da mesa. Era uma mensagem de Sonomi, perguntando se Kero já havia retornado de sua visita à Ami Mizuno. 

— O Kero e suas amizades… — Sakura sorriu. — Pelo menos, ele arranja gente da laia dele pra não ficar tão trancado dentro de casa… Xô responder… — Enquanto respondia, recebia outra mensagem, dessa vez, de Tomoyo pelo whatsapp. Sentiu um choque no coração quando leu:

“Não se esqueça, Sakura! Sete horas é a hora do exercício! Pare tudo por meia horinha e foque-se! Sem distrações!”

“Eu já tô fazendo aqueles exercícios chatos que teu amigo me passou!”

“Calma, Sakura! Só um lembrete! Por que tá irritada desse jeito?”

 

— Puxa vida, até por mensagem ela me conhece! comentou Sakura, com o rosto vermelho de vergonha, como se estivesse nua, sem segredos diante dela.

 

“Por que você fica me lembrando disso direto?” 

“Oras, eu me preocupo com você. Você nunca reclamou disso. O que está acontecendo?”

“Nada não! Vai dormir, Tomoyo!”

“Outra hora, eu falo com você. Estou vendo que você não está legal…”

 

Sakura voltou a colocar o celular na mesa e voltou a olhar o bonequinho de alumínio que havia criado com a força do pensamento e a energia mágica de seu coração. Pegou o objeto com força e lançou-o pela janela.

— Mas que droga, Tomoyo! Só fica me deixando com dúvidas! Por que você não se casou antes, hein? Seria tão mais certo… — disse Sakura, terminando de olhar o pôr do sol na varanda. Lá em baixo, uma pessoa gritou contra ela.

— Emakumea! Areta gauza honekin, leihoatik botatzen dituzun! (hey, mulher! Atenção com essas coisa que você joga pela janela!). — disse um vizinho. Sakura arregalou os olhos.

— Sentitzen! Sentitzen! (desculpa, desculpa) — gritou Sakura. — Maldita Tomoyo! Foi tudo culpa sua! Olha o que me faz fazer. 

— É aquela velha história de que a culpa é minha e eu boto em quem eu quiser… — disse Kero, flutuando na varanda. Sakura tomou um susto maior ainda.

— Kero-chan! Você chega assim de supetão, é? Nem bate na porta! — gritou a cardcaptor. 

 

III 

 

Universidade de Deusto

28 de julho de 2016

 

Era manhã. As árvores dos jardins da Universidade de Deusto orvalhavam, mas logo o calor do verão secaria aquelas gotas.

Sentada em uma das cadeiras de pedra do jardim, Sakura se lembrava da noite anterior. Ligou para a professora e pediu para ter um encontro com ela no refeitório da faculdade o mais rapidamente possível. Estava ansiosa, olhando para o celular a todo instante, vendo a hora. Quando deu oito e meia, a professora apareceu. 

— Egun On (bom dia), Professora Begoña… 

— Egun On, Sakura, como vai? — disse a mestra, cumprimentando com um beijo no rosto a sua aluna. — Fiquei preocupada com o seu telefonema. Vai me dizer que… Já tá ansiosa pra voltar das férias, é? — perguntou a professora, num tom de brincadeira para aliviar a tensão.  

— Bem, professora, o problema é esse aqui! — disse Sakura, mostrando uma mensagem recente que recebeu de Tomoyo. 

— Sim, o que é que tem? Não é a sua amiga Tomoyo? Por que o choque? — perguntou Begoña.

— Ela vive me perseguindo! Ela tá me perseguindo desde que eu tinha nove anos! — disse Sakura. Ela fazia uma cara tão engraçada que era difícil não rir.

— Te perseguindo desde os nove anos, é? Sakura, quantos anos você tem hoje? 

— 27… 

— E você se deixou perseguir por 18 anos por essa menina?

— Teve uns anos que a gente ficou sem se falar… 

— Eu acho que ela tá te perseguindo de outro jeito… — disse a professora, olhando para Sakura como se ela fosse uma adolescente. Ela pegou as mãos da Cardcaptor e apertou-as bem firme entre as suas, acariciando o rosto dela como uma mãe.

— O que tá acontecendo? Pode falar, fiz uma pós em psicologia, sabia?

— Professora… Eu tenho 27 anos… Eu não tinha que ter esse tipo de dúvida comigo… Eu me relacionei com um homem por 14 anos… Eu tive um filho com ele. Eu tô colocando em dúvida tudo o que eu sou até agora… 

— Em dúvida o que você é?

— Sim… Eu sempre me via como heterossexual e… Eu não queria mudar isso, entende, professora?

— Perfeitamente… Me diz uma coisa, Sakura, e apenas uma coisa: você já beijou uma menina alguma vez na sua vida? 

Sakura fez um silêncio sepulcral.

— Você já teve curiosidade de saber como funciona o outro lado? Como deve ser se relacionar com uma mulher? Não estou querendo que você seja lésbica, nem estou te convencendo disso. Eu estou te propondo se autoconhecer… Você vai ver que a resposta pra essas perguntas está no fundo do seu coração… 

A Cardcaptor hesitou, mas falou:

— Professora… Eu tinha 13 anos. Eu não sei o que deu em mim, não sei se foi pena, não sei se foi dó… mas… Eu beijei de livre e espontânea vontade a Tomoyo quando ela se mudou pra Espanha. Ela tinha me roubado um beijo antes, sabia? Eu achei tão bom, aquela excitação crescendo dentro da gente… Ela foi tão carinhosa que nunca mais encontrei lábios como aqueles… Nunca mais… 

— É normal a sua reação. O beijo de uma menina não é o mesmo que de um rapaz, depende de muita coisa, se a pessoa já gosta da gente ou está afobada também conta como o beijo vai ser… 

— Sei… 

— Já teve vontade de ir mais longe que isso? — perguntou a professora Begoña, com uma seriedade profissional. 

— Sim. Tive sim. Esse que é o problema! Agora que eu tô solteira de novo, tenho medo desse sentimento voltando com tudo… — Sakura tomou uma pausa para respirar e depois continuou — A gente é amiga, sabe? Ela tá num rolo com um cara mais velho agora, nada sério, sabe? O cara tem até filha e ela tá muito apegada com ela. O cara até propôs se casar com ela! Ela que não quer… 

— Estou vendo… 

— É difícil, professora, é difícil eu assumir que quero saber até onde eu sou capaz de ir com esse meu desejo e… É difícil eu me relacionar de novo, ainda mais quando a pessoa que eu sinto mais desejo no momento é minha amiga. Tenho medo de perder a amizade dela e acabar nem saindo no final com uma companheira e amiga ao mesmo tempo, entende?

— Perfeitamente, Sakura, perfeitamente. Olha, eu tenho três filhos, dois do meu primeiro casamento e outro do meu marido atual. Felizmente, eu tenho uma boa relação de amizade com meu ex-marido e o meu marido atual era meu colega médico. Eu nunca imaginei me casar com ele, mas a vida foi mostrando um caminho novo pra nós dois. Hoje estamos juntos, como um casal, apoiando um ao outro. Acho que foi fácil o fato de a gente ser amigos. Quando a gente se conhece, fica tudo mais fácil.

Sakura e Begoña sorriram juntas, concordando.

— Não digo que esse possa ser seu caso, os dois são casos diferentes e meu marido não estava "enrolado". Mas eu consigo perceber que a Tomoyo tem um grande carinho, uma grande estima por você. Como você me falou que foi ela quem começou, pode até ser que ela ainda sinta desejo por você… Mas isso você só vai saber se conversar com ela…

— Professora, eu sei que a senhora vai me bater, mas fui eu quem deu o fora primeiro nela. Ela sempre me amou, mas fui eu quem não quis nada. Na época, eu tava num "rolo" com meu ex, antes de ele virar meu marido, é claro.

— Tá vendo? Então você deve ter alguma chance, Sakura! Você não disse que isso foi há 14 anos atrás? Pode ser que hoje às coisas tenham mudado… Acho que se você estalar os dedos pra ela, ela vem e para de ficar enrolando se vez! — disse Begona, gargalhando.

— 'Fessora, a senhora está me empurrando pra uma relação lésbica mesmo? Tá tão na cara assim que eu sou lésbica, mesmo eu falando que fui hétero por 14 anos?

— Sakura, o que eu quero é a sua felicidade, sua paz mental. Se você quiser continuar se relacionando com um homem, que seja um homem! Eu fui feliz com dois, mas tive minha fase de beijar uma menina ou outra na adolescência pra me conhecer. É isso que eu quero pra você.

— Até você, 'fessora?

— Sim. Eu percebo que você não desenvolveu bem essa etapa, já foi namorando com seu ex logo de cara com dúvidas no coração. Acho que é por isso que não deu certo… 

— É, eu também acho…

— O mais importante é que você mostre pra Tomoyo esse seu lado que você manteve preso dentro de você por tanto tempo e que agora está dando chance de florescer. Não digo que você deva se declarar pra ela ou coisa do tipo, nem sair pegando meninas por aí. Quero que você se conheça melhor, conversando com ela, já que ela já se conhece como lésbica há tempos, pelo que vejo. Como vocês são amigas, peço que jogue limpo com ela e fale os seus sentimentos sinceros. Você vai perceber que vai ganhar uma amiga em dobro com isso, está bem? — disse a professora, tocando maternalmente nas mãos dela.

— Está bem. — disse Sakura, sorrindo um sorriso caloroso que não sorria faz tempo.

  

IV

 

Barcelona, Catalunya, Espanha

28 de julho de 2016

 

Já era fim de tarde e o Sol começava a se pôr. 

As ondas do mar iam e vinham na praia de La Barceloneta por causa da ressaca. Olhando para o desconhecido, Sakura conversava com Sonomi em uma lanchonete à beira-mar.

— Que bom que vocês conseguiram vir, Sakura! A Tomoyo vai adorar! Deixa só ela saber! Tá acontecendo tanta coisa boa essa semana! — disse Sonomi, animada com a visita de Naoko, Rika e Chitatsu na Catalunya.

— A Espanha é um ovo… Esse negócio de AVE torna tudo mais prático! — disse Sakura, tomando uma gole de ratafia como se fosse água.

— Hey, Sakura, cuidado! Ratafia é doce, mas não é água não! — advertiu Sonomi. — Fora que você não é tão forte pra bebida, Sakura! Você vai ficar imitando um gato que nem da outra vez!  

— Sonomi-san, obrigado por me ajudar, mas… Eu aprendi a beber txakoli nos meus anos de faculdade aqui… 

— Mas só foi um ano! 

— Agora pega todas as sextas-feiras do ano e multiplica pelas semanas desde que eu cheguei até agora. Dá um número e tanto… — disse Sakura, entornando outro copo da bebida. 

— Sakura… Eu não estou te reconhecendo… 

— Nem eu estou me reconhecendo… Nem eu reconheci a Tomoyo depois de todos esses anos… Só a senhora ficou a mesma! 

— Sakura… 

— Nem sei se ela fala japonês com a senhora quando vocês estão em casa ou vai de catalão mesmo… 

— A nossa língua materna a gente nunca esquece… 

— Me diz, Sonomi-san, do que ela tava fugindo? De mim?

Sonomi não soube o que explicar. 

— Sakura, a Tomoyo nunca teve nenhum drama mais sério na vida dela. Tudo bem que a vida em Barcelona no começo foi difícil pra nós duas, mas você foi o único drama dela com essa coisa de Cartas Clow… — disse Sonomi, olhando profundamente nos olhos de Sakura. — Fora toda essa história com a Ordem do Dragão… 

— E o Felipe? Sonomi-san, com todo respeito… Ele tem quase a sua idade! O que a Tomoyo foi inventar com um cara desses? Ainda por cima, Rei da Espanha! Pode isso? — disse Sakura, já alterada pelo efeito do álcool.

— Sakura, minha filha, fala baixo! 

Sakura começou a dar risada de Sonomi. 

— Tudo bem, mesmo assim, eu acho estranho isso pra quem se diz lésbica! 

— Sakura, é aí que você erra. A Tomoyo nunca se declarou lésbica formalmente, mas a vida fez ela assim… 

— Fez ela assim?

— Ela perdeu a virgindade dela quando tinha só catorze anos. Você não sabe como eu fiquei chocada com isso… — disse Sonomi. Sakura arregalou os olhos.

— Com um rapaz? 

— Com uma menina que ela mal conheceu e acabou “ficando”. Ela nunca mais viu a menina, nem nunca soube quem ela era. Depois disso, eu contei as meninas que a Tomoyo trouxe pra casa com os dedos: Mariana, Juliana, Marieta, Julieta, Aline, Yasmin, Jaqueline, Andreia, Niceia, Yara, Jussara, Cláudia, Amanda… Negras, brancas, loiras, ruivas… Pavio curto, quietinhas, delicadas, caladas, tagarelas… A Tomoyo experimentou de tudo na vida… 

— A senhora decorou o nome de todas? 

— Eu sou mãe, Sakura. Como eu não vou me preocupar? A Tomoyo virou outra pessoa quando pisou em Barcelona. Antes dela te ver de novo em Tomoeda há nove anos, eu perguntei pra ela quando ela ia parar com isso… Ela me disse que até esquecer tudo, até amadurecer de verdade e não ser mais uma esquisita que fazia fantasias e filmagens para o nada… Depois que ela te encontrou, ela terminou com a Amanda e começou um rolo mais sério com a Laura, que você conheceu naquele dia… 

— Como a Tomoyo é cara de pau! Ia se casar nunca desse jeito! — disse Sakura, bebendo direto do gargalo.       

— Terminar e começar pra Tomoyo era rotina. Trair e ser traída também, afinal, todo mundo era jovem nessa história. Por um lado, eu ficava preocupada com esse estilo de vida, mas pelo outro, eu via que a minha filha começava a entender de relacionamento melhor que eu mesma. Eu sempre ficava com o coração na mão por conta dessas experiências dela! Falava direto: Tomoyo, você vai pegar uma DST! 

Sakura e Sonomi gargalhavam. 

— Pois é, Sakura. Essa é a história da minha filha. Não sei se ela quis dar um passo a mais com o Felipe, descobrir um outro lado dela… 

“Outro lado”, pensou Sakura, lembrando-se das palavras da professora Begoña. 

— … Mas uma coisa é certa: ela sempre fugia de algo mais sério, sempre com a mesma desculpa: eu não tô preparada! Eu não tô preparada! Eu achei que ela tinha se aquietado com a Laura, mas eu me enganei. A Tomoyo sempre foi covarde pra esse tipo de coisa, eu nunca entendi o porquê, até que a ficha caiu um dia. Eu falei pra ela que ela nunca ia encontrar uma pessoa ideal se ela continuasse tendo na cabeça essa ideia de encontrar uma pessoa parecida com o primeiro amor dela. Tomoyo nunca foi de levantar a voz pra mim, mas quando eu disse isso, eu vi um lado da minha filha que eu desconhecia até então… Foi aí que a ficha caiu… 

— A ficha caiu? 

— Sim, por que eu falei pra ela que ela nunca vai encontrar uma pessoa…  Como você, Sakura. Não tente me esconder isso… Eu sei de tudo, sou mãe dela.

Sakura já estava com a cara vermelha de tanto que bebeu. Seu rosto virou um morango quando se lembrou  daquilo.  

— Como eu?

— É claro que sim! Pensa que eu não sei da história do beijo de vocês? Demorou pra entender, demorou pra ela falar, mas descobri que o primeiro amor da vida dela foi você. Sabe o que ela me disse? Que tinha aprendido que é impossível encontrar um par perfeito, é impossível encontrar alguém que caiba totalmente nos sonhos da gente. O máximo que a gente consegue é chegar perto disso. De certa forma, o Felipe realiza o sonho dela de ser mãe, de viver no limite com essa dupla identidade dele e também: dar a estabilidade emocional que ela precisa. O Felipe é velho, sim, mas já amou muito na vida, já se apaixonou e não deu certo. Se casou obrigado e não foi feliz. Quando se conheceram, um meio que completou o outro, sabe? — disse Sonomi, sorrindo.

Sakura tentou beber mais da garrafa de ratafia, mas já tinha esvaziado tudo. Ficou olhando para a mesa sorrindo de incredulidade e frustração.

— Sakura, agora já chega! Vamos pra casa, você tem que descansar! O Chi não pode te ver desse jeito! Ainda bem que a Naoko e a Rika foram passear com ele! — disse Sonomi, se levantando da mesa.

— Sonomi-san… Quem é a pessoa que cabe nos seus sonhos? — perguntou Sakura.

— Tem uma pessoa que eu amei demais, eu nunca amei ninguém como ela na minha vida, nem vou amar. Sempre tive o maior ciúmes dela, mas tiraram ela de mim… Mas isso é história pra outro dia. — disse Sonomi, ajudando Sakura, tonta por conta da ratafia.

— Você tinha ciúmes da minha mãe, né, Sonomi-san? Você não gostou quando meu pai se casou com ela, né? Com certeza, a pessoa que você amou muito deve ser tão boa quanto ela! — disse Sakura, abraçando a executiva. Sonomi abraçou-a de volta, dando um cheiro e um beijo no cabelo dela.

 

Continua… 


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