Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 50
Vamos, garoto! Toca essa bola pra frente!




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Capítulo 48

Vamos, garoto! Toca essa bola pra frente!

 

I

 

Sant Joan Despí, Catalunya, Espanha

2 de julho de 2016

 

— Sakura, você não liga de esperar no meu trabalho, não é? Apesar de eu não ter viajado com a equipe, tenho trabalho esse mês. Mamãe também tá trabalhando e vai voltar tarde, lá pras oito horas. — disse Tomoyo, dirigindo seu carro pelas estradas da Catalunya. — Pelo menos, o Kero não ligou e voou direto para casa. 

— Eu não ligo, pelo menos o Chi se distrai um pouco… Devo lembrar que foi sua mamãe, Tomoyo, quem insistiu que eu viesse! Eu falei pra ela que eu vinha depois, mas aí ela queria porque queria que eu viesse mais cedo! Tem como não negar? — disse Sakura.

— A Nakuru não pode vir mesmo, não é?

— Ela acabou de arranjar trabalho em Madrid, agora só ano que vem. Ela só tava esperando validar o diploma dela… Ela falou que se arranjar uma brecha, vem ver a gente… — disse Sakura.   

— Pelo menos, o Chi tem com o que se distrair… — disse Tomoyo, sorrindo de olhos fechados ao olhar o filho de Sakura. Chitatsu lia um livro de matemática chamado “Matemática - Primeiro ano do secundário”. — Sakura, esse livro é pra criança de 12 anos! Como você dá isso para ele? — disse Tomoyo, preocupada. 

— Foi ele quem pediu… Acho melhor você nem atrapalhar ele. — disse Sakura. Tomoyo sorriu.  

No banco de trás, Chitatsu largou o livro de matemática e se levantou do banco assim que viu um escudo nas cores azul e grená da janela do carro.

— Nossa! Aqui é o CT do Barça? — perguntou Chitatsu.

— É sim, Chi! Eu trabalho aqui! — respondeu Tomoyo.

O menino se desgrudou do vidro e cruzou os braços, lembrando-se da visita que fez ao Camp Nou. 

— Eu ainda tô muito triste com a nossa eliminação… — disse o rapaz. 

— Seu pai ganhou a Liga dos Campeões! Você até apareceu no campo com a camisa do Real Madrid! Deixa os caras do Barça saberem disso! — disse Sakura, descontraindo um pouco.

— Conta isso não, mamãe! Fiz isso pra apoiar o papai! — disse Chitatsu, desesperado.

— Agora já é tarde, rapaz! — disse Sakura.

A cancela da portaria abriu e o carro delas andou até o estacionamento do CT, chamado de “Ciutat Esportiva Joan Gamper”.

 

II

 

Nos corredores do centro de treinamento, Sakura caminhava, segurando a maleta de Tomoyo, enquanto a costureira levava Chitatsu no colo. 

— Chi, me diz aqui pra mim: por que você não quer mais jogar bola com seus irmãos? — perguntou Tomoyo.

— Eu estou pensando… — respondeu Chitatsu.

— Pensando o quê?

— Pensando se eu quero jogar futebol… 

— Por quê? 

— Futebol só dá briga, Tomoyo! O Felipe lutou contra três caras! A Sophia bateu num menino e o menino bateu nela de novo. Não gostei disso! Fiquei com raiva! — disse Chitatsu. Tomoyo sorria com a sinceridade dele. 

— Chitatsu, olha o seguinte: A Sophia foi atrás de briga. Ela apanhou porque bateu antes no menino. Esse tipo de coisa a gente tem que evitar a todo custo. 

— Mas e o Felipe? Ele não brigou com ninguém… Os caras tentaram bater nele… 

— O Felipe foi defender a Sophia. Ele é o pai, todo mundo pensou que ele tivesse culpa nisso. Por isso, Chi, você não deve caçar confusão com ninguém, ou sua mamãe e eu aqui vamos ter que brigar por você… 

Chitatsu ficou cabisbaixo, pensando no que Tomoyo acabou de dizer.

— Isso acontece com qualquer coisa que a gente gosta… Quando a gente ama muito uma coisa, a gente não gosta de ver ninguém falando mal dela. Não é só com futebol, é com qualquer coisa… Por isso as pessoas brigam direto… 

— Entendi… É que nem a mamãe e a Gotzone? — perguntou o rapaz. Sakura e Tomoyo ficaram encabuladas. 

— É que nem a mamãe e a Gotzone… — respondeu Tomoyo. Chitatsu pediu pra descer do colo e Tomoyo colocou o rapaz no chão.

— Não gosto de brigar. O Iñaki pegou o controle da minha mão e colocou no jogo da Real… O Iñigo me defendeu… 

— Chi, por isso que, antes de começar uma briga, conversa primeiro, busca entender seu irmão e faça ele te entender. Se não resolver mesmo assim, deixa ele sozinho. Isso vale pra qualquer coisa… 

— Eu sei… A Gotzone me ajudou. Ela falou que eu posso chamar ela se isso acontecer. Ela me deixou ver TV na sala o mês inteirinho de jogo do Barça! Isso é, quando o Barça voltar a jogar lá pra agosto… 

— Que bom que a Gotzone te ajudou! — disse Tomoyo.

— É bom mesmo que ela tenha feito isso! — disse Sakura.

— Ela também é legal, Tomoyo! A gente conversa sobre futebol e ela gosta de falar que o Real é melhor que o Barça. Isso não é verdade! O Barça é mais legal! — disse Chitatsu, sorrindo. Sakura ficou contrariada vendo ele falar que a bruxa do País Basco era legal. — Mas meu pai não gosta muito de falar comigo do Barça… — disse Chitatsu, cabisbaixo. — Por isso, eu não quero mais jogar futebol… 

— Chi… 

 

Tomoyo tentou buscar forças para falar com ele, mas uma visita inesperada apareceu na frente delas.

— Tomoyo! — disse uma mulher de cabelos castanhos curtos, vestindo roupa executiva.

— Montse! 

— Olha só! É a sua nova namorada e você trouxe ela aqui? — perguntou a mulher, olhando para Sakura. Chitatsu ficou olhando aquilo com seus olhos verdes curiosos e Sakura ficou vermelha como morango. 

— Namorada!? —perguntou Sakura.

— Não sabia? A Tomoyo sempre trouxe as namoradas dela aqui antes de terminar! — disse Montse.

— Ah, ela sempre faz isso, é? Bom saber… — disse Sakura, olhando com olhos estreitos para ela. Era Tomoyo quem estava vermelha agora como um pimentão, coçando a cabeça.   

— Oi, pequeno! Fala minha língua? — perguntou a mulher.

— Você é Montsé Bassa, capitã do Barça Femení! Você parou de jogar esse ano, né?

— Nossa, que menino esperto! Deve ser culé de coração! Prazer, sou Montsé. Sou amiga da Tomoyo! Ela foi roupeira da nossa equipe, a gente virou amiga nesse tempo, sabe? — disse a mulher.

 

Enquanto ela conversava com Chitatsu, Sakura chamou Tomoyo de canto. 

— Sabia que eu odeio esse seu ar de sabichona, Tomoyo! Mas, pelo menos, você ajudou meu filho… Eu mesma não teria falado uma coisa dessas pra ele…  

— Acho que é porque eu me dedico mais a pensar, Só isso! Não quero ser melhor que ninguém… Confesso que rezar ajuda também! — disse Tomoyo, gargalhando.

— Mas é bom saber dos seus podres um pouqunho! Você não é tão santinha quanto parece! Um por um, eu vou descobrir!  

— Bastava você ter me perguntado… 

— E você que ia me falar? Você é cheia dos segredos! — disse Sakura. 

 

As duas voltaram a ver Chitatsu e Montsé.

— Amiga, seria pedir muito se você pudesse levar a Sakura e o Chi para dar uma volta pelo CT?

— Que nada! Vai ser um prazer! Tô começando agora essa minha vida fora do futebol, vamos ver como vai ser! Vamos, vamos! — disse Montsé, pegando Chitatsu pela mão. 

 

III 

 

Sakura, Montsé e Chitasu estavam andando agora na beira do gramado do centro de treinamento. Enquanto as duas continuaram, o pequeno parou na frente do campo e ficou olhando os jogadores tocando a bola de um lado para o outro. 

— Tá gostando, Chi? — perguntou Sakura. 

— Sim, mamãe. — disse o pequeno. 

— Oras, justo você que não queria saber mais de futebol? — perguntou Sakura, de um jeito maroto.

— Eu não gosto das brigas… Tô pensando se eu continuo jogando… — respondeu o pequeno. Sakura deu um beijo carinhoso nele. 

— Pensa, tá? Depois você conta pra mãe… Não sai daqui! — disse Sakura. 

— Sim, mamãe… — O pequeno sorriu de ponta a ponta do rosto. — Vamos indo, Montsé! Você precisa continuar a contar essas histórias da Tomoyo…  

 

IV

 

Com o livro de matemática nas mãos, Chitatsu não conseguia se concentrar. Tentava escrever alguma coisa, mas logo os gritos dos jogadores e o som da bola pingando no gramado faziam-no prestar atenção no que estava acontecendo bem diante dos olhos dele.

Ele olhava para o gramado com os olhos vidrados nos jogadores, quase sem piscar. Aquelas cores azul e grená eram tudo para ele. De repente, a bola é lançada para longe, indo parar na direção do pequeno.

— Cuidado! — gritaram os jogadores, percebendo o perigo iminente de a bola acertar na cabeça dele. Alguns gandulas se aproximaram para evitar o impacto, mas já era tarde. Chitatsu tomou um pouco de distância, analisou bem onde ela ia parar e deixou que ela batesse no seu peito. O garoto deu uma recuada por conta do impacto, mas logo deixou que a bola caísse e colocou-a debaixo do seu pé. 

Os jogadores ficaram admirados. Chegaram perto de Chitatsu e aplaudiram o rapazinho. O filho de Sakura ficou tão vermelho que todos pensavam que ele estava passando mal depois que a bola bateu no peito dele. Não era nada disso.

— Tá bem, rapazinho? — perguntou um jogador um pouco careca, com alguns poucos fios de cabelo na cabeça. Ele também era branquelo que nem o japonesinho.

— Iniesta… — disse Chitatsu, com os olhos brilhando com o ídolo. 

— Ele tá bem sim, gente! Só precisa de uns autógrafos! — disse Iniesta. Todo o plantel sorriu.

O apito soou. O treino acabou e o técnico chamou todo mundo para o vestiário. Ele viu os jogadores em volta do branquelo e foi olhar o que acontecia. 

— Lucho… — disse Chitatsu.

— Oi rapazinho! Qual é o seu nome? — perguntou o treinador. 

— Chitatsu. Chitatsu Kinomoto-Li.

— Ah, você é o filho do Shoran Li! — disse um terceiro jogador. — Você tava na final da "Champions League", não é? Tá espionando a gente por acaso? 

Todo mundo riu. Chitatsu ficou envergonhado.

— Não é assim, Busi! Não é assim! Só tava apoiando o papai! Eu sou culé de coração! — disse Chitatsu, pegando seu celular e mostrando um monte de fotos que tirou usando a camisa do Barça. Os jogadores olharam e se admiraram com ele, dando outra gargalhada logo em seguida. 

— Seu pai tá aqui? 

— Não, tô com a Tomoyo… 

— A Tomoyo! Você também conhece ela! — disse um quarto jogador. 

— Claro que eu conheço, Piquenbauer! Ela é a melhor amiga da minha mãe! — Chitatsu ficava empolgado a cada vez que falava com os ídolos. Um fotógrafo estava passando por perto e todo mundo chamou o profissional para que tirasse umas fotos com o menino.

— A gente manda as fotos pra Tomoyo depois, tá? — disse Piquenbauer.

Antes que todos os jogadores descessem para o vestiário, Iniesta deu meia volta e conversou com Lucho, o treinador. 

— Mister, posso jogar com ele uma meia horinha?

Só faltou Chitatsu explodir de felicidade com a notícia. 

 

V

 

Iniesta corria com a bola entre os pés, driblando Chitatsu a toda hora. O rapaz tentava tirar a pelota dele e imitar a jogada que o jogador fazia, naquele pega-pega. Ele perdia sempre, mas não se importava. Corria com alegria. O que importava para o pequeno era, enquanto estivesse com a bola, jogar o melhor que pudesse, dentro das suas capacidades. Fazia tempo que não jogava bola assim e estava todo suado. 

Chitatsu aproveitou uma distração do ídolo, roubou a bola dele e ficou alternando-a entre um pé e outro, correndo com ela. Aproximou-se do ídolo e conseguiu acertar um drible nele, pela primeira vez.  

— Consegui! Consegui! — disse Chitatsu.

— Vamos sentar um pouquinho? — disse Iniesta, sorrindo. Ele pegou uma mochila esportiva e deu uma garrafa de água para ele. 

— Deu pra se divertir, Chi?

— Deu sim, fazia tempo que eu não jogava bola… 

— Fazia, é? 

— Sim… Eu não gostei de uma briga que aconteceu na semifinal da Champions quando a gente perdeu pro City… Daí, fiquei pensando se quero fazer isso mesmo… 

Iniesta sorriu. 

— Você ficou com medo de jogar bola por causa de uma briga?

— Meu pai joga no Real Madrid. Meu pai falou que temporada que vem vai me colocar na base do Madrid! Eu não quero jogar no Madrid! Eu sou do Barça! Por isso, eu não quero jogar futebol… — disse o rapaz, quase chorando. Iniesta fez um leve cafuné nos cabelos tigela dele. 

— Chi… Eu também não torço só pro Barça.

— Não torce?

— Eu torço pro Albacete… Lá da segunda divisão… 

— Pro Albacete? Por que? 

— É o time da minha cidade. Foi onde eu começei a jogar bola.

— E você tá aqui?

— Eu não joguei só no Albacete, mas foi esse time que me ajudou a ser um profissional. Teve uma vez que o Barça goleou o Albacete, eu nem era culé ainda, acho que tinha a sua idade, eu odiei tanto aquilo que falei “Tomara que esse Barcelona perca pro Real Madrid lá na frente”!

Os dois gargalharam.  

— Mas agora, você tá aqui com a gente, Ini… 

— Sim, porque eu não desisti de jogar. Eu sempre quis estar entre os melhores e agora tô aqui! 

— Você ganhou uma copa do mundo!

— Ganhei mesmo, fiz o gol da final… 

— Puxa vida… Eu também quero fazer o gol da final um dia, mas… mas… Será que eu posso? 

— Pode o quê? 

— Será que eu posso ser jogador do Barça no Real Madrid? — disse Chitatsu, com os olhos esmeraldas marejados. 

Iniesta sorriu com a carinha dele.

— Chi, o que move a gente, mais que um escudo que a gente coloca no peito, é a nossa paixão pelo futebol. Você gostou, não gostou de jogar?

Chitatsu não falou nada.

— Tô vendo pela sua cara que você gostou… — disse o jogador, cutucando a orelha dele, para sorriso de Chitatsu.      

— Gostei sim… 

— Não pare nunca, Chitatsu. Não importa se você começar no Real Madrid ou aqui. Cada lugar é diferente, mas a paixão é igual. Isso é com qualquer coisa…  

— Você tá querendo dizer que… Mesmo estando longe de Albacete… Você ainda gosta deles? 

— Sim, e muito. É o time da minha cidade, nunca vou deixar de gostar deles… 

— Eu também nunca vou deixar de gostar do Barça! — disse o rapaz, levantando-se do gramado com alegria. 

— Hoe! Você tá todo suado, menino! — disse Sakura. Estava acompanhada por Tomoyo e olhava espantada para a cena. A morena sorria.

— Nada que uma ducha não resolva… — disse Ini. 

— Uma ducha no vestiário do Barça? Posso mãe? —  perguntou o rapaz, puxando a calça de Sakura. A cardcaptor ficou pensativa. — As suas roupas ficaram lá no carro e o estacionamento tá longe daqui… 

— Não tem problema… A gente dá umas roupas do infantil pra ele! — disse Iniesta. Sakura não falou mais nada e Chitatsu pulou de felicidade.   

— Estou vendo que você conheceu o Ini, Chi! — disse Tomoyo, com um envelope nas mãos. — O pessoal já revelou as fotos… Você fica muito bonito jogando bola, sabia? Tem até um vídeo seu matando aquela bola de peito tá? — disse Tomoyo.

— Tem mesmo? — perguntou o menino.

— Tem. Se quiser continuar, não desista, está bem? — disse Tomoyo.

— Não vou desistir não! O Iniesta conversou comigo! — disse Chitatsu.

— Conversou, é? — perguntou Sakura. O jogador olhou para o relógio e viu que já estava ficando tarde.

— Chi, eu vou indo, tá? Espero que a gente se veja por aí. — disse Iniesta.

— Vou ver sim, vou ver sim! — disse Chitatsu. Iniesta sorriu. O ídolo pegou a bola de treino com o pé e entregou na mão dele. 

— A bola do treino!? O que eu vou fazer com ela?

— Primeiro você vai tomar uma ducha e depois toca essa bola pra frente! — disse Iniesta.

Chitatsu nunca se sentiu tão feliz na vida quanto aquele dia. 

 

Continua… 






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