Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 48
Você vem sempre aqui, né?




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Capítulo 46

Você vem sempre aqui, né?

 

Barcelona, Catalunya, Espanha

4 de maio de 2016

 

I

 

— Pai… Como é o filho da Sakura? — perguntou Sophia. 

— Ele é um rapazinho inteligente e silencioso! Trate de buscar se dar bem com ele! — disse Felipe, dando uma advertência para a filha.

— Então, ele deve ser legal, Sophia! Vamos adorar conhecer gente nova! — respondeu Carmen, empolgada como ela nunca ficava. 

— Se ele deve ser calado, ele deve ser chato! — disse Sophia, cruzando os braços.

Sophia era a princesa Sophia Maria Begoña Mertxe Ferrer de Borbón i Paleologos, princesa das Astúrias e primeira na linha de sucessão do trono espanhol, filha de Felipe com Helena Paleologos da Turquia. Ela tinha cabelos ondulados, loiros como os da mãe e olhos azuis claros como o pai. O monarca achou uma brecha nos deveres reais e conseguiu trazer a menina discretamente para Barcelona, para ir com Tomoyo na semifinal da Champions League. Ela usava uma camisa do Barcelona assim como o pai, com um cachecol preso no pescoço. 

Carmen Amano era pajem de Sophia desde que nasceu. Nascida em Cornellà de Llobregat, era filha de uma japonesa e de um catalão, por causa disso, tinha olhos puxados e cabelos pretos e lisos. Seus pais sofreram um acidente de carro quando El Rey e a comitiva real trafegavam por uma estrada da Catalunha. Por causa disso, foi acolhida por Felipe VII no palácio real, recebendo teto, comida e educação da parte dele. Ela sempre estava do lado de Sophia para qualquer coisa que ela precisasse, mas nunca se sentava na mesa real para comer com eles, só com os demais funcionários do palácio, exceto se Sophia pedisse. Ela tinha cabelos curtos, até a altura do pescoço, e olhos azuis muito claros, como os da princesa e do Rei.     

El Rey começava a lamentar a rebeldia da filha quando a porta do elevador se abriu. 

— Sakura! 

— Felipe! Dom Felipe sétimo! Que surpresa!

Os dois se assustaram um com o outro. A jovem médica e os meninos, Chitatsu, Iñigo e Iñaki, também vestiam camisetas do Barça.

— Eu peguei o elevador no estacionamento… — disse El Rey.

— E eu entrei pela porta do prédio mesmo… Mas o que faz aqui? — perguntou a Cardcaptor.

— O mesmo que você: levando as meninas pro jogo do Barça!  — respondeu Felipe

Sakura bateu a mão na testa.

— Puxa vida, que pergunta a minha! Você vem sempre aqui, né? Você é o namorado da Tomoyo, afinal de contas… 

— Entre, Sakura, entre! Não se acanhe com detalhes! — disse El Rey.

— Licença… — disse a Cardcaptor, colocando uma penca de crianças no elevador junto com ela. A primeira era Chitatsu Kinomoto, o rapaz de cabelos tigela com antenas na cabeça, iguais às da mãe. Ele também tinha olhos verdes como Sakura e uma pele branca como leite, igual a de Tomoyo. Iñigo e Iñaki Bengoetxea, os gêmeos de cabelos castanhos, bagunçados e olhos azuis claros entraram logo depois. Iñaki reparou as meninas, mas não falou nada. Iñigo cutucava o nariz e nem se importava se estava diante delas ou não. Mas Sakura percebeu e logo corrigiu o rapaz.

— Para com isso, Iñigo! Que falta de educação! Toma um lenço aqui! — disse Sakura. 

Sophia reparou em Sakura e começou a dar risada da cara dela.

— Aquest és el noi silenciós? (Esse é o menino quieto?) — sussurrou Sophia, olhando para Iñigo. 

— Hoe? Disse alguma coisa, Felipe? — perguntou Sakura, voltando-se para ele

— Nada, Sakura. Foi minha filha que perguntou dos meninos. — disse Felipe. Ele puxou a mão da filha, chamando a atenção dela. — Sophia, fala com a Sakura. — disse Felipe. 

— Ah, então é você que é a princesa Sophia! Muito prazer! Eu sou a Sakura! — disse Sakura, estendendo a mão para ela. Sophia deu a mão também, reparando Sakura da cabeça aos pés, com olhos azuis claros marotos.

— Pere, aquesta dona… Ella no té pits! Sense Pits! (Pai, essa mulher… Ela não tem peito! Sem peito!) — disse Sophia, tirando sarro de Sakura. A cardcaptor percebeu que aquela loirinha de olhos malandros falava dela de um jeito não muito legal.

— O que é “Sense Pits”, hein? — perguntou Sakura.

Felipe não soube o que falar. Os três irmãos Li repararam em Sophia pela primeira vez. Chitatsu foi o primeiro a falar com ela, fazendo uma vênia.

— Princesa Sophia, Chitatsu Kinomoto. Sou filho da Sakura. Prazer. — disse o menino, inclinando o corpinho.

— Noi silenciós… (o menino silencioso) — comentou Sophia com Carmen. Ele também fez uma vênia para Carmen. 

— Iñaki Bengoetxea, printzesa! Euskalduna da (sou basco)! — disse o rapaz.   

— Hum… Euskalduna… Sóc catalá (sou catalã). La meva àvia era Euskaldun… (minha vó era basca)  — comentou Sophia.

Iñigo não falou nada e só estendeu a mão para a princesa e sua pajem. Sophia mandou Carmen recolher a mão.

— El no! Má bruta! El estava remenant el nás! Neteja la má primer! (Ele não! Tá com a mão suja! Tava mexendo no nariz! Lava a mão primeiro!) — disse a princesa, gritando um pouco. 

Sakura e Felipe perceberam o estresse todo que estava sendo gerado no elevador e tentaram pôr panos quentes na situação.

— São crianças, né? — disse Felipe, encabulado com a filha.

— Não se preocupa! Não se preocupa! Eu entendo! Eu entendo… — disse Sakura, um pouco contrariada. 

A porta do elevador se abriu e a primeira pessoa que viram foi Tomoyo.

— Oi Tomoyo! Já tava esperando a gente, é? — perguntou Sakura. 

— Eu estava na vizinha, acabei de sair. Mamãe tá vindo também! Felipe! Sakura! Estou vendo que já se encontraram com os meninos! — disse Tomoyo. Sophia correu animada para abraçar a costureira, sem disciplina nenhuma, esbarrando em todo mundo. A roxinha já estava preparada e se agachou para segurar toda a energia dela. 

— Tomoyo Mare! (Tomoyo mãe!) — disse Sophia, abraçando Tomoyo com muita força. Ela lacrimejava e apertava tanto a cabeça de Tomoyo que parecia que elas se juntariam. — Et trobo a faltar! (senti muita saudade!)

— Jo també (eu também)... — disse Tomoyo, soltando um monte de beijos no rosto dela. — Anem a veure el Barça? (Vamos ver o Barça?)

— Anem! Anem! (Vamos, vamos!) — disse Sophia, berrando para o saguão inteiro ouvir. Tomoyo colocou a menina no chão e ela entrou no apartamento das Daidoujis correndo, totalmente à vontade. Os meninos ficaram só olhando enquanto Tomoyo abraçava Carmen também. 

— Sakura! Felipe! Vocês chegaram! — disse Sonomi, saindo do apartamento da vizinha. Ela abraçou e beijou a cardcaptor como uma filha.    

— Sonomi-san, o que é “Sense pits”? — perguntou Sakura. Tomoyo e Felipe ficaram com a corda no pescoço. 

 

II

 

— Tomoyo, olha só, Tomoyo. 

— Hum… O que? 

— Olha só aquela menina! Eu achando que ela era mais educada, mais respeitosa! Que nada! Uma pestinha! — disse Sakura, olhando para Sophia na cozinha. A menina fazia bolinhos com a ajuda de Carmen. De vez em quando, ela olhava para a sala, tirando sarro de Sakura. Outras vezes, cochichava com Carmen qualquer pensamento que tinha tido a respeito da cardcaptor. Pelas caras e bocas que a japonesinha da Carmen fazia e as repreensões que falava, Sophia parecia não falar nada do agrado da Cardcaptor.

— Sakura, são só crianças! Não fica assim! — disse Tomoyo, sorrindo para acalmar os ânimos.

— Uma criança bem cretina por sinal! Muito malandrinha é essa Dona Sophia! “Sense Pits”! Ela vai ver o que é “Sense Pits”!  

Atrás do sofá onde estava Sakura e Tomoyo, uma cabeleira loira e ondulada se levantou com uma bandeja nas mãos. Era Sophia.

— “Cuando sea mayor, quiero tener pechos grandes como Tomoyo, no como tu!” (Quando eu for mais velha, quero ter seios grandes como o Tomoyo, não como você!) — disse Sophia, na cara de Sakura. Ela oferecia a bandeja de Sakura, mas a Cardcaptor bateu com a mão na cara de incredulidade. Tomoyo pegou uns e sorriu.

— Veo que aprendes muy bien el español! Continue así! (Vejo que você aprende espanhol muito bem! Continua assim!) — disse Tomoyo.

— Carmen me enseña! (A Carmen me ensina)— disse Sophia, soltando uma gargalhada. Tomoyo pegou um dos bolinhos de Sophia e fez a amiga engolir um.

— Ela é só criança, Sakura! Só criança! — disse Tomoyo, sorrindo. Sakura não conseguia responder com a boca cheia de bolos. 

 

III

 

— Iñaki… 

— Fala, Anaia (irmão)

— Tem certeza? 

— Do que?

— Tem certeza que ela é a princesa e a outra não é? — perguntou Iñigo, apontando para Sophia. A princesa e Carmen jogavam “Need for Speed: most wanted” no Wii U da sala do apartamento. Carmen, toda educada, sentava-se com elegância no sofá de frente para a TV. Sophia, pelo contrário, estava de pé, gritando e berrando para a televisão, desesperada. De vez em quando, ela apertava os botões tão forte que parecia que quebraria o controle a qualquer hora. Carmen apenas sorria.

— Parece que ganhei da senhora mais uma vez, alteza! — disse Carmen, sorrindo de leve.

— Droga! Perdi de novo! — disse Sophia, frustrada. Tomoyo apareceu na sala, puxando levemente a orelha da princesa. 

— Sophia, você vai quebrar! Você já quebrou um controle da outra vez! — disse Tomoyo.   

Iñaki e Iñigo sorriram com a bronca que a princesinha levou. 

— Chi… — disse Iñigo.

— Hoe… — respondeu Chitatsu.

— O que você acha? Qual das duas é a princesa?

— A Sophia. Ela é a princesa… — disse o filho de Sakura, sem desviar os olhos do dado que jogava.

— Mas uma princesa quebra controle de videogame? — perguntou Iñigo, sem entender nada.

— Ela pode ser princesa e quebrar o controle ao mesmo tempo! — disse Chitatsu.

Os irmãos se olhavam sem entender nada. Uma mão puxou a orelha dos dois irmãos Bengoetxea para trás, Iñigo foi o que teve a orelha mais puxada. Era Sophia. 

— Gràcies (obrigada), menino silencioso, por não escutar eles! Você parece que é meio doido, não é? — disse Sophia, gargalhando. Iñigo ainda sentia o puxão e tentou devolver o gesto, mas a mão de Sakura impediu que ele continuasse.

— Vamos embora pro estádio! Vamos embora! — disse Sakura. Felipe, Tomoyo e Carmen já estavam na porta do apartamento esperando. 

 

IV

 

— Certeza que você vai ficar bem, Carmen? Vem com a gente! Tem ingresso sobrando. — disse Sakura, de dentro do Toyota Etios de Sonomi. No banco de trás, estava os três irmãos Li fazendo muito barulho.

— Não se preocupa, Sakura! Eu já tenho um time de futebol… 

— Ah, tem? Qual é, hein?

— Eu torço pro Espanyol… — disse a menina, tímida.

— Espanyol de Cornellà! — berrou Sophia, de dentro do carro do pai. 

— Sophia, para com isso! — disse Felipe, de fora do carro.       

— Mas o senhor sempre diz que é Espanyol de Cornellà! — disse Sophia, fazendo beiço. 

— Sophia, o que eu falo em casa, fica em casa! — retrucou El Rey. Iñigo, Iñaki e até mesmo Chitatsu não deixaram de rir com a situação.

— Carmen, se você quiser sair para algum canto, só pedir para a Sonomi-san, está bem? — disse Tomoyo.

— Está bem… — respondeu Carmen.

— Tem certeza que não quer vir, né?

— Sim, Tomoyo. Não gosto muito de lugares barulhentos. Qualquer hora, eu vou! — disse Carmen. 

— Pode deixar, filha! Eu vou continuar bordando com ela! — disse Sonomi.    

Carmen e Sonomi acenaram para os carros quando eles saíram do estacionamento subterrâneo.

 

V

 

Já dentro do carro, uma pequena protuberância circulava pelo peito de Chitatsu. Era Kero. Ele vestia uma pequena camiseta e um cachecol do Barça costurado por Tomoyo.

— Eu tô aqui, hein? Pensa que eu preciso de ingresso? Preciso não!

— Kero-chan! — disse Sakura, do banco do motorista. — Não vai me dizer que a Tomoyo-chan fez essa roupa? 

— Quem mais seria! Vamos torcer juntos!

— Agora você vê vantagem em ser boneco, não é? — disse Sakura.

— Panpina (boneco)! — disse Iñigo, dando risada.

— Monstrenga! Pirralho! — devolveu Kero, de braços cruzados. — A Tomoyo também me convidou, tá? 

— Calma aí, Kero! — disse Chitatsu, empurrando o guardião para dentro da camisa. 

O carro continuou a seguir viagem até os estádio.

 

VI

 

— Hey, Tomoyo, você arranjou ingresso pra isso? — disse Kero, indignado, dentro da camisa de Chitatsu.

— Olha quem fala! Nem pagou ingresso e tá aí reclamando! — disse Sakura. 

O placar do estádio, em cima da cabeça deles, mostrava um claro resultado de quatro a um para o time visitante. O Barça havia empatado o jogo de ida em um a um e, como a soma do resultado dos dois jogos dava cinco a um, o clube catalão não conseguiu se classificar para as finais.

— Esse Barcelona é meio ruim, né? Perdeu de quatro a um! — disse Iñaki, orgulhoso, estufando o peito. Sophia e Felipe pareciam compartilhar do sentimento de frustração geral que reinava no estádio, pois o time de coração deles havia acabado de ser eliminado da semifinalfinal da Liga dos Campeões.

— Vou ver se o pai consegue me levar na final… o Madrid passou! — disse Iñaki, feliz. Sophia viu o orgulho dele e puxou a camisa dele. 

— Você torce pro Madrid?

— Não, pra Real… Mas é a mesma coisa… Meu pai joga lá! 

— Não é a mesma coisa… Se seu time fosse tão bom, ‘taria aqui na semifinal! Melhor baixar a bola! — disse Sophia. Iñigo tirou sarro do irmão por causa da resposta, apontando o dedo para ele.

Iñaki fez uma cara de confusão e incredulidade muito grande, como se não tivesse acreditando no que via. Ele empurrou o irmão e saiu andando pelas arquibancadas, até ser puxado pela orelha por Sakura.

— Calminha, Iñaki! Jogo é jogo! Pede desculpa pro seu irmão! — disse Sakura. 

— Tá bom, Sakura, desculpa! — disse Iñaki, se curvando para ela. 

— E você, Sophia, para de provocar os outros! Isso não é nada educado! — repreendeu Tomoyo. A princesinha cruzou os braços e olhou de canto, com os lábios mostrando o desacordo dela com aquela situação toda.

— É a primeira vez que venho no Camp Nou… Quando eu venho, o Barça perde, que droga! — disse Sophia.

— Vai ter outras vezes, Sophia… — disse Felipe. A contrariedade no rosto dela se transformou em lágrimas prestes a transbordar. 

— Papai… Os homens maus do congresso querem me afastar do senhor… Não sei quando vai ser a outra vez… — disse Sophia, olhando para o chão. Felipe se agachou na frente dela e levantou o queixo cabisbaixo da filha.

— Nenhum homem mau vai me afastar de você. Prometo que dou um jeito de vir aqui com você na próxima vez, está bem? 

Sophia parecia não acreditar no pai.

— Eu não te tirei do palácio e não te trouxe aqui? Por que a gente não vai ter uma próxima vez, hein, mocinha? — disse Felipe, acariciando os cabelos ondulados dela. A princesa fungou o nariz e abraçou o pai.

 

VII

 

Andando pelos túneis quase vazios do Camp Nou, o estádio do Barça, Sakura e Tomoyo seguravam um copo de McShake enquanto voltavam para o canto onde deixaram Sophia, Felipe e o resto da criançada.

— Hey, Sakura. Pelo visto, não foi difícil você trazer os filhos da Gotzone para cá, não é? — perguntou Tomoyo.

— Pra falar a verdade, foi meio que culpa da Gotzone. Eu só ia chamar o Chitatsu, daí, quando cheguei na casa deles, eu vi o meu filho agachado e chorando. A Gotzone me falou que ele e o Iñaki tinham brigado pra ver televisão. — explicou Sakura.

— Mas você…

— É claro que eu virei uma fera vendo aquilo, mas eu vi também que não foi por maldade…  

— Sei… A Gotzone se sentiu culpada e te deixou vir com os meninos, não é? 

— Na verdade… Os meninos que quiseram vir com o Chi. Foi a forma de eles tentarem pedir desculpas por tudo… 

Tomoyo sorriu. Sakura perguntou:

— O que foi? 

— Você é a garota mais incrível que eu conheço! — disse Tomoyo.

— Por que? 

— Você não se deixou levar pela raiva, pelo ódio… Ainda por cima trata os meninos como se fosse a mãe deles! 

— Mãe deles? Eles têm mãe! Não preciso agir como mãe deles! — disse Sakura, um tanto chocada. Tomoyo riu.

— Digo isso porque você nem hesitou em puxar a orelha quando se precipitaram… Imagina se eles falam isso pra Gotzone!

— Hoe! É mesmo! Não tinha nem pensado nisso! Puxa! Ela pode me matar, né?

— Não fica assim… Eles não vão falar nada… 

— Como você tem tanta certeza disso, hein?

— Esses meninos são novos, mas eles não são maus. Já sabem o que é certo e errado desde cedo. Isso é importante para uma criança. Eles não devem nem dar trabalho, eles são agitados, mas traquinas não… Agora a Sophia é muito moleca! Muito barulhenta! Ela não fica quieta no canto, só quando fica vendo notícia na TV ou fazendo alguma comida na cozinha… Ela fica tão presa naquele castelo que só aqui que ela se solta!

Sakura gargalhou e disse:

— E você também é a mãe da Sophia, né, Tomoyo?

— Sou sim, ela que quis assim… Eu também me apeguei tanto à ela que não me vejo voltando atrás… 

— Tô vendo. Ainda não entendo esse negócio de você dizer que os filhos da Gotzone não são maus. Eu olho pro Iñaki e vejo que ele não gosta de falar comigo, mas o Iñigo parece ser mais cara de pau. Me chama de “Ama” e não sei se ele tá tirando uma com a minha cara ou… 

— Olha só, Sakura! Está vendo como eles te respeitam? 

— Me respeitar?

— Sim! Eles viram você e a Gotzone brigando em Bilbao. Eles podiam sentir raiva de você por isso, mas não sentem, nem querem sentir. O Iñaki, por ser mais apegado com a mãe, ainda tem receio de você, mas o Iñigo não tem esse medo. Para os dois, você é a mãe do irmãozinho mais novo deles e eles gostam disso, isso é mais importante que qualquer desentendimento entre vocês duas… 

— Mas eles já são gêmeos, são irmãos, por que essa fixação toda com o meu filho?

— Porque eles são gêmeos! O Iñaki pode até ser o mais velho, mas eles tem a mesma idade, não sentem que precisam paparicar muito um e o outro, afinal, eles são idênticos, para que ficar se mimando muito se podem fazer isso consigo mesmos? Agora o Chitatsu é mais novo, é diferente deles e, pelo que a gente pode ver, diferente das crianças normais. Eles sentem essa necessidade de não deixar ele preso só com as contas de matemática, entende? — disse Tomoyo. Sakura baixou a cabeça, pensando em tudo o que ela falava e a costureira cutucou a orelha dela.  

— A Gotzone está quebrando um galho pra você também. Ela tá assumindo a responsabilidade de ser mãe de três filhos e cria o seu como os dela… 

— Sei… 

— Você não me falou que ela até está preocupada com o fato do Chitatsu só querer saber de matemática, hein? Você acha que se ela fosse tão ruim assim, se preocuparia com isso?

Sakura ficou calada por um tempo.      

— Quer saber, Tomoyo? Eu não engulo a Gotzone! Nunca vou aceitar o que ela fez. Acho que nem ela gostou do tapão que eu dei na cara dela na frente de todo mundo! Sabia que até hoje tem um pouco da marca? — disse Sakura. Tomoyo olhou para ela resignada. A Cardcaptor continuou:

 — Talvez, a única coisa que eu tenha que me orgulhar é ver que o meu filho é a minha cara e que ela olha pra ela todo dia! — disse Sakura, com raiva no olhar.

 — Mas também se lembra que eles não tem nada a ver com nenhum problema entre você, a Gotzone e o Syaoran, está bem? Esses meninos não merecem continuar o ódio que surgiu entre vocês… — disse Tomoyo, segurando os braços da amiga, olhando fundo nos olhos dela. Sakura ficou sem ar diante da íris violeta dos olhos da amiga.

— Falar é fácil, né, Tomoyo… 

Nessa hora, Chitatsu apareceu correndo até as duas.

— Okasan (mãe)! Tomoyo-san! 

— O que foi, filho! Por que tá ofegando desse jeito? 

— A Sophia brigou com um menino do Manchester City que tava rindo da cara dela e o Felipe tá tentando resolver… — disse Chitatsu. 

— Ai minha nossa! Ela deve ter encontrado um hooligan da Inglaterra! — disse Tomoyo.

— Hooligan? — perguntou Chitatsu.

— Torcedor fanático que só vem pra causar confusão! — explicou Tomoyo.

— Ai, minha nossa! — exclamou Sakura.

— Sakura, vamos lá! — disse Tomoyo. 

— Isso aí promete virar uma confusão internacional! Hoe! — disse Sakura.

 

Continua…  


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