Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 25
Foi horrível, era tudo verdade




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Capítulo 23

Foi horrível! Era tudo verdade!

 

Sant Joan Despí, Catalunya, Espanha

11 de dezembro de 2015

 

Ciutat Esportiva Joan Gamper,

Sede do FC Barcelona.

 

Era uma sala cheia de caixas contendo câmeras ainda por abrir. Tomoyo empilhava caixa por caixa e conferia em uma prancheta se a descrição da etiqueta batia com a documentação oficial. 

Entre o equipamento novo que Tomoyo conferiu, a garota tirou algumas câmeras da caixa e deixou separadas numa mesa para testar e, possivelmente, usar depois.

De repente, um homem entrou na sala. 

— Tomoyo.

— Senhor Tardá… 

— Está tudo certo com o equipamento?

— Até onde eu vi, sim… 

— Então pode colocar tudo de volta nas caixas. Vamos continuar a usar o equipamento velho.

— Mas, Senhor Tardá, e se um der defeito em Guipúscoa? A gente não tem como trocar… 

— A gente têm as outras câmeras, não tem? 

— O senhor está cobrindo um santo pra cobrir o outro, escuta o que eu estou te dizendo… 

— Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo… Não é isso que você diz sempre? — disse o Senhor Tardá, saindo da sala logo em seguida. Tomoyo ficou contrariada escutando aquilo.

— Minha frase voltada contra mim mesma! O que eu fiz pra merecer isso, minha virgem santíssima! 

O telefone no bolso dela tocou. Era Sakura.

— Alô? Aqui quem fala é a Tomoyo… 

— Foi horrível! Era tudo verdade! 

A voz de Sakura estava embargada de lágrimas. Tomoyo gelou e ficou séria na hora.

— Sakura? O que aconteceu?

— Tomoyo… Eu descobri tudo! Eu descobri quem era o pai dos meninos da Gotzone! 

— Descobriu? Tô vendo que você não gostou da resposta, não é? 

Sakura não respondeu, só chorou.

— Sakura… Você quer me encontrar aqui em Barcelona? É baratinho! Se você pegar um AVE (trem de alta velocidade espanhola), eu te pego na estação. Se você quiser também, eu te empresto um dinheiro e você vem…

— Tá bom, eu vou, eu vou… — disse Sakura, desligando o telefone. Apesar de ser seis horas da tarde, Tomoyo tinha muito trabalho a fazer, conferindo o equipamento que ia ser levado para o jogo do clube catalão em San Sebastián. Ela estava angustiada. Pegou o celular de novo e ligou para Sonomi.

— Alô? Mamãe? Já tá em casa? Tem como a senhora pegar a Sakura na estação do AVE?

 

II 

 

Barcelona, Espanha

Sábado, 12 de dezembro de 2015

 

O telefone de Sakura tocou em cima da estante. Ela não quis atender. Sonomi pegou o aparelho e foi ver quem era. 

— Sakura, é seu filho. Você não quer atender não? 

A cardcaptor não respondia. Desde quando chegou no apartamento de Tomoyo e Sonomi no leste de Barcelona, ela se recusava a atender o telefone. Já foram mais de dez ligações de Syaoran, tanto para Sakura, quanto para Tomoyo. A costureira quis conversar com o chinês, mas Sakura impediu que a amiga fizesse isso. Bastou chegar a meia noite de sexta-feira do dia 11 de dezembro para que a ministra de assuntos especiais em pessoa batesse na porta do apartamento das Daidouji.

— Olá, Sonomi, Tomoyo. Desculpa visitar tão tarde vocês, mas é que temos uma pessoa preocupada com a Sakura. Uma não, várias. Eu também tô preocupada com a segurança dela, afinal, eu sou a responsável por manter a segurança de todo mundo aqui! — disse a ministra. Tomoyo fez um sinal de silêncio para ela.

— Dona Beatriz, eu entendo a preocupação da Senhora com a Sakura, mas ela tá passando por uma momento difícil. Não dá pra ela falar agora, mas pode avisar que ela tá bem… 

A ministra deu alguns passos silenciosos no apartamento e se aproximou de Sakura, que dormia no sofá. Ela encostou a mão do lado da cabeça dela e constatou que a Cardcaptor tinha passado por um baque de proporções muito grandes.

— Eu estou sentindo que a coisa aqui foi séria. Cuide dela antes que os poderes saiam do controle, aí teríamos um grande problema. 

Mal a ministra saiu e, meia hora depois, Kero e Yue já batiam na porta do apartamento.

— Desculpa, Tomoyo, mas a gente tava preocupado! A gente veio voando de Donostia pra cá… É meio cansativo, sabe? 

— Entrem, entrem! A Sakura tá bem… — disse Tomoyo, convidando o pessoal e indicando o quarto onde dormia Sakura. Kero e Yue não sabiam o que dizer para a mestra no estado de sono profundo que ela estava. Ficaram uns minutos do lado dela e depois partiram, mas antes disso, o leão dourado quis entender o que falariam para Syaoran. Tomoyo também pensava na possibilidade do Chinês aparecer.

— Kero-chan, Yue-chan, Vocês sentiram a presença da Sakura aqui e vieram correndo?

— Na verdade… Foi o pirralho que usou o rashinban e a gente veio correndo pra cá. Daí, a presença da Sakura ficou mais forte e foi fácil achar… 

— Entendi… O Shoran vai vir? 

— Ele até quis vir, mas tá tarde… Ele tá se preparando pro jogo de domingo… 

— Tem como vocês falarem para ele e para a Nakuru que a Sakura está bem? Ela não vai conseguir atender os telefonemas nesse fim de semana, mas… Pode dizer que está tudo bem. Domingo, eu converso mais… 

— Mas nem os telefonemas do Chitatsu? — perguntou Yue. 

— Nem os telefonemas do Chi… — respondeu Tomoyo, séria.

Os dois guardiões se olharam atônitos. 

— Tomoyo… O que aconteceu? Isso tá estranho demais! 

— Kero-chan, domingo eu vou conversar com o Syaoran e vocês vão entender tudo… — explicou a costureira. Os dois não perguntaram mais nada. 

 

III

 

San Sebastián, Espanha

13 de dezembro de 2015

 

— Nossa, que lancamento! Oyarzábal passa para Syaoran, ele dribla e é gol! Dois a dois! Está tudo empatado entre a Real e o Barça aqui em Anoeta! — disse um narrador.

— Esse é mais um ano que o Barcelona sai de um jogo contra a Real Sociedad sem ganhar! É incrível isso! — disse um comentarista.

— É a maldição de Anoeta! — disse outro comentarista. 

— E lá vem mais… 

Passou uns minutos e o juiz levantou os braços, finalizando o jogo. Terminou dois a dois para o time da casa e o placar poderia ter aumentado, se a bola que Syaoran pegou não tivesse batido na trave e desviado para fora da meta. Os jogadores trocaram camisetas e andaram até o vestiário. No caminho, um funcionário do corpo técnico da Real abordou o Chinês.

— Syaoran, tem alguém querendo ver você… — O funcionário apontou para o fundo do corredor onde estava Tomoyo esperando, acompanhada por dois seguranças. 

 

IV

 

Os dois foram até um restaurante perto da praia no carro da costureira. 

— Ainda bem que eu coloquei um sobretudo! Está muito frio aqui! — disse Tomoyo. Syaoran reparou que ela era seguida a todo instante e perguntou:

— Quem são eles?

— O pessoal do ministério que faz a minha segurança. Eles estão aqui de guarda-costas! 

— Esses guarda-costas são aqueles soldados de branco? 

— São sim, Syaoran, eles sempre tão protegendo a gente, só que “pelas sombras”, sabe?

— Sei… 

— Assim, a imprensa não pensa que a gente está tendo um caso… — sorriu a roxinha, mandando uma indireta para ele. O chinês deu um pálido sorriso e perguntou:

— Tomoyo, o que tá acontecendo? 

A costureira fechou o sorriso e fez uma cara séria para ele.

— Syaoran… Eu que me pergunto: o que aconteceu?

— O que aconteceu, o quê?

— Você pensou que podia esconder isso por muito tempo?

Syaoran entendeu o que ela quis dizer e ficou assustado.

— Não vai me dizer que esses seguranças são uma rede de espionagem! 

— Eles não se envolvem em questões pessoais nossas… Mas eles estão atentos sim ao que tá acontecendo à nossa volta… A Sakura me contou tudo… a Dona Beatriz veio ver a Sakura no meu apartamento… Ela confirmou toda a história.

— Mas isso… 

— Eu já disse que eles não tem nada a ver com a gente! Ela só me confirmou o que a Sakura já sabia… 

— O que é que a Sakura sabia? 

— Você e a Gotzone… Quando foi que começou isso? 

Syaoran não soube o que falar. 

— Se você não quiser falar comigo, vai ter que encarar a Sakura mais para frente… 

— Eu ainda não entendi como foi que a Sakura descobriu esse… Esse absurdo! 

— Foi uma ligação anônima… Um dos soldados do ministério… 

— Sabia! — Syaoran quis se levantar e agredir os agentes, mas a voz de Tomoyo foi mais rápida. 

— Syaoran! Ele não era um dos soldados do ministério. Era um infiltrado da Ordem! 

— Infiltrado? 

— Sim. A Dona Beatriz descobriu. Ele foi preso aqui, horas depois, na frente da prefeitura… 

— Então… Foi a Ordem do Dragão que quis destruir tudo mesmo?

— Pois é… Eles falaram que o Chi tinha sido sequestrado e estava em Bilbao. Então, a Sakura usou as cartas e viu vocês dois na praça Unamuro… 

— Espera…

— Ela até viu os meninos te chamando de pai… De pai, Shoran! É por isso que você não quis falar com eles, não foi? 

O Chinês ficou calado, abraçando os próprios braços, sem saber o que fazer. Então, ele disse:

— Eu posso explicar… 

— Isso é muito clássico, Syaoran, essa coisa do “eu posso explicar”, você não acha? — Tomoyo sorria de leve. 

— Mas eu tenho uma explicação racional pra isso tudo! 

— Eu sei que você tem… Todo mundo tem… Mas a Sakura se sente culpada, sabe? Isso que é o pior, a mulher sempre se achando a culpada por uma coisa dessas… 

— Não é bem assim… 

— É sim. Pense nas vezes que a Sakura não pode ficar junto de você porque estava cuidando do Chi ou estudando para as provas da faculdade… Você acha que ela não vai se sentir culpada? 

O chinês, mais uma vez naquele dia, não soube o que responder. Tomoyo continuou:

— Muitas vezes fui eu quem tive que pensar num programa para vocês saírem da rotina, desse trabalho todo… Acho que isso deveria ser feito entre vocês e eu também me sinto culpada disso… Dessa interferência toda… 

— Você não interferiu em nada… 

— Eu só quis ajudar… 

— Você ajudou… 

Agora era os dois que não sabiam o que dizer. Tomoyo prosseguiu:

— A Sakura foi mãe cedo, não é? Ela estava se culpando esses dias por achar que isso tirou o tempo dela… Mas então eu falei para ela que aquilo é um privilégio. Quantas mulheres, nos nossos tempos, podem se alegrar por ser mãe em uma família estruturada, com só com 21 anos, Syaoran? 

— Bem poucas…  

— Então, Syaoran! Todo esse casamento de vocês é uma coisa muito bonita que não acho que tem que acabar assim, dessa forma brusca! Eu já disse para ela que vocês formaram uma família muito bonita até agora… Eu acho que isso não tem que acabar… Você tem que falar com ela…

— Eu nem sei como eu vou fazer isso… 

— Você tem que fazer! Quer sim, quer sim! Não tem como fugir disso! Se tudo isso tem uma explicação, fala com ela e explica o que aconteceu! Se não… 

— Sei… Se não, ela vai pensar que essa vinda pra cá, essa minha transferência pro Madrid, minha e dela, é uma coisa armada pela gente, não é isso? 

Tomoyo confirmou com a cabeça. 

— Acho que eu não preciso falar mais nada, Syaoran… Você entendeu tudo, não entendeu? 

— Sim, Tomoyo… 

— Eu estive conversando com a Sakura e… Ela está disposta a falar com o Chi e com a Nakuru a hora que eles quiserem pelo celular… Mas ela não está disposta a explicar nada… 

— E comigo?

— Eu já disse que ela não vai explicar o por quê de estar em Barcelona sem antes falar com você… Você entende? Agora a conversa não é mais comigo, Syaoran, você tem que conversar com ela, eu também quero entender a razão disso tudo, mas a Sakura merece saber antes de todo mundo se ainda existe alguma coisa entre você e a Gotzone além desses meninos… 

Syaoran ficou pensativo por um tempo antes de continuar a falar:.

— Está bem! Vou falar com a Sakura amanhã mesmo.

Tomoyo se surpreendeu com a celeridade dele.

 

Continua… 

   


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