Uma Canção de Sakura e Tomoyo: Finalmente Juntas escrita por Braunjakga


Capítulo 24
Aita




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Capítulo 22

Aita

 

Praça Unamuro, Bilbao, Biscaia, País Basco, Espanha.

Tarde de 11 de dezembro de 2015

 

I

 

Sakura não teve tempo de chamar Kero. Quando se deu conta, já estava sobrevoando a cidade mais populosa de Euskadi. Pousou rapidamente atrás de uns arbustos e perguntou para a primeira pessoa que viu na rua em um euskera sofrível:

— Non dago plaza Unamuroa? (Onde fica a praça Unamuro?)

O senhorzinho de boina que atendeu Sakura foi gentil. Ele viu que a garota estava ofegante e tirou uma garrafa de dentro da sacola ecológica que tinha nas mãos.

— Ur nahi duzu? Edan! Edan! Hemen asko dut! (Quer água? Beba, beba! Aqui tem bastante!). 

Mesmo não querendo, Sakura aceitou a gentileza do homem e foi guiada por ele até a praça.

 

II 

 

Praça Unamuro

Alguns minutos depois.  

 

Num dos bancos daquela praça, Gotzone estava sentada vestida com um sobretudo, protegendo-se contra o frio do inverno. Alguns fracos flocos de neve cobriam a praça e deixavam tudo mais escorregadio. As crianças adoravam. Euskadi era um dos raros cantos da Espanha onde se podia ver a neve cair. No gramado geado, Iñaki e Iñigo faziam anjos na neve, agitando as mãos e pés. De repente, os garotos se levantaram da grama e gritaram:

— Aita! Aita! (Papai, papai!) 

Eles correram e abraçaram um homem de sobretudo preto feito de couro. O homem levantou os meninos no colo e devolveu o carinho recebido. 

— Vai brincar no balanço, vai! O papai vai conversar com a mamãe e depois pega vocês. Iñaki, toma aqui uns cinquenta euros! Olha o troco e não gasta tudo em besteira! 

— Pode deixar, aita! — Iñaki guardou o dinheiro no bolso da jaqueta e saiu correndo com o irmão para a barraca de cachorro quente.

Mal dava para ver o rosto dele, pois a boina vermelha e a gola alta impossibilitava que ele fosse visto. 

Gotzone sorriu vendo o homem.

— Shorancito! 

Ela se levantou do banco e abraçou o rapaz. Syaoran não reagiu.

— Você tem certeza que tá sozinha?

— Sim! Eu não fui seguida por ninguém… 

— Eu tenho um mal-pressentimento… 

— É a Ordem? Se for a Ordem, não se preocupa, eu… 

— Sim, a Ordem e a Sakura. Duas coisas que querem te destruir se pegar a gente aqui… 

Gotzone saiu do lado dele e sentou no banco de novo, emburrada.

— Shorancito, eu sinto raiva disso tudo sabe? Você sabe como eu me sinto? Ela é a oficial e eu sou a outra… 

— Não era você que dizia que não se importava de ser minha amante?

— Tem umas horas que a outra sonha em ser a oficial… 

— Deixa de besteira, você nunca foi a outra e eu sempre deixei claro isso! 

Gotzone fez um leve bico com os lábios. Syaoran estava certo e não tinha como ela contestar. 

— Bem… Eu não me importaria se… 

Syaoran agarrou o ombro dela e olhou fixamente naqueles olhos azuis.

— Gotzone, pelo amor de Deus! Você tem trinta anos e pensa como uma menina de 15! Você não entendeu o que eu disse não? 

— A Sakura tá desconfiada, é? 

— Desconfiada? Ela tem quase certeza! Graças aos céus, a Tomoyo adiou o dia que a Sakura vai saber de tudo… Domingo ela vai vir pra cá e, então, vou tentar adiar até onde eu quero esse dia… 

— Por mim, eu contava tudo pra ela agora! Você sabe como eu me incomodo por esconder os meninos dela? Que porcaria foi aquela que eu fui inventar na mesa de jantar? Me diz? Fora o puxão de orelha que eu tive que dar no meu filho! 

— Sei… Eu também não gostei… 

— Eu fiz isso pra te atingir mesmo! 

— Eu senti aqui dentro de mim, tá? O Iñigo é meu filho! — disse Syaoran, num tom de voz alto. O menino ouviu e correu pra abraçar as pernas do pai. Ele até mesmo ofereceu um pedaço do sanduíche. Syaoran aceitou. — Olha pra eles…  

— Como você vai esconder do Chi e da Sakura que eles são seus filhos? Eles já se tratam como irmãos! 

— Os dois fizeram o que eu combinei com eles faz um tempinho… Agora que eles se aproximaram do Chi… Eles vão virar amigos e… Até descobrir que já são irmãos, já vão viver como irmãos… É isso que eu quero… — Depois, Syaoran olhou com severidade para Gotzone. — Mas você tá se expondo demais! Eu já tô com um filho jurado de sequestro pela Ordem, não quero perder os outros dois! 

— Não é só você não, Shorancito! Eu também sou mãe deles! De qualquer forma… Toda a Ordem do Dragão de Euskadi já tá ciente que qualquer coisa que acontecer com os meninos, eles já vão cair pra cima… Acho isso meio egoísta mas… Foi o jeito que eu encontrei pra manter a outra Ordem longe de mim, longe dos meninos… Eles tem o sangue do Clow, não tem? 

— Tem sim… 

— Eles podem ser mais poderosos que o Chi no futuro, não? Tenho sangue de uma família tradicional basca… Dois sangues de linhagens mágicas tradicionais é bem forte, né?

— É… 

— Você me falou que a Sakura é filha da reencarnação do mago Clow e o cara não era nem ciente disso! Então, eu tô com vantagem!

— Para com isso… Não fala da Sakura assim… Você sabe onde tá o Touya e o Fujitaka, não sabe? 

— Sei sim, eles estão em segurança… 

— Eu me sinto um canalha escondendo isso dela, sabe? 

Os dois ficaram em silêncio por um tempo. Foi Gotzone quem retomou o assunto.

— Você não é canalha… Eu te amo de verdade, Shorancito! Mesmo que você fique casado com a Sakura a vida toda, eu te amo muito, muito mesmo! Não vou medir esforços pra te proteger, proteger sua família, seus filhos… 

Gotzone juntou as suas mãos com as do Chinês e os dois ficaram assim por um tempo no parque. Syaoran pegou a mão da loira e deu um beijo longo nelas.

— Não sei se eu digo se tenho sorte ou azar por ter te encontrado… Nunca vi nenhuma mulher fazendo isso por um homem, mesmo sabendo tudo o que eu tô passando… Muito obrigado mesmo, Goti. — Syaoran deu mais um beijo nas costas da mão dela, como se de uma princesa se tratasse.  

— Aqui, em Euskadi, as mulheres são mais valorizadas… Não tem essa de o papel do homem ser só proteger a mulher… Se eu posso te proteger, eu te protejo também… 

— Isso que eu chamo de igualdade… 

— Vamos ver os meninos? Vamos! Sei que você tem que voltar pra Donostia e eu também…

— Vamos…

Atrás da moita, Sakura ouviu tudo, chocada com cada palavra que escutou daquela conversa.

 

Continua… 


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