Cassis (Série Alestia I) escrita por Jane Viesseli


Capítulo 34
O Retorno




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O sol brilhava forte sobre a floresta da fronteira norte de Alestia, fazendo-a parecer ainda mais viva do que nunca, como se cada árvore pudesse se levantar sobre suas raiz e convidar os habitantes do vilarejo mais próximo para um chá da tarde. Foi aquela mesma floresta que abrigou os rebeldes em todos os seus anos de caçada, mas agora, com a brisa soprando sobre a folhagem e balançando os galhos, ela parecia calma e inocente, como se dançasse devido ao seu retorno.

Cassis estava inquieto, não se lembrava de nada depois do golpe de Tibérius e de ver o rosto de Sara, tendo de saber por Sir Thorkus que havia entrado em frenesi e vagado em direção à Terra Neutra. Porém, somente o fato de ter apagado e o Sanguinário ter assumido o controle, mesmo que por algumas horas, já queria lhe dizer que algo ruim aconteceu, porque ele sempre deixava um rastro de destruição e morte por onde passava.

Seu semblante exibia uma falsa calmaria quando, relutante, seus pés cruzaram os limites do reino e caminharam fronteira adentro. O sol já marcava o meio dia no céu e o rei não apresentava nenhum resquício de pressa para chegar ao seu destino, optando por se manter longe de qualquer região habitada e sair da estrada quando alguma diligência se aproximava. E quando finalmente chegou à Cidadela Principal, a pé, o dia já estava findando e a noite caindo novamente.

Ele observou a entrada da cidade por alguns instantes, achando-a estranhamente pacífica para um lugar que deveria estar destruído, o que o levou a pensar que talvez, apenas talvez, o Sanguinário não tivesse encontrado aquele lugar, fugindo das colinas direto para o território neutro.

Cassis se aproxima da entrada, apresentando por fora uma tranquilidade impecável, mas por dentro uma expectativa avassaladora. Uma humilde carruagem passa por ele, saindo da Cidadela em direção ao vilarejo do leste, e quando o seu único tripulante o enxerga com os olhos esbugalhados em suas órbitas, como um alerta mudo de que ele não deveria entrar na cidade, o rei se preocupou e seus pés vacilaram por um momento.

Ao longe, dois soldados o encaravam, levando certo tempo para reconhecê-lo dentro daquelas roupas tão antigas pegas da fortaleza, mas logo arregalando igualmente os olhos, com uma mistura de alívio e medo brincando em seus rostos, dando-lhe um prelúdio bastante ruim sobre as novidades que circundavam àquele lugar.

O rei avança em direção aos seus homens, parando por um momento e os questionando a respeito dos últimos acontecimentos, entretanto, de forma bastante estranha, eles se recusaram a lhe dizer qualquer coisa, alegando que não estavam autorizados e que somente o general poderia lhe dar as informações de que precisava.

O vampiro os deixa com um leve aceno de cabeça, percebendo que os soldados pareciam estupefatos demais com sua presença para demostrarem qualquer tipo de reverência ao seu rei, o que logo o levou a pensar se ele ainda era considerado uma majestade. Mais alguns passos foram dados em direção ao interior da Cidadela e quando a imagem do não-vivo foi finalmente avistada pelos alestianos, que retornavam para suas casas depois de um longo dia de comércio e outros trabalhos, foi que a aparência pacífica de Alestia começou a mudar.

― Querido, venha ver isso – soltou uma mulher com um susto, retornando para dentro de sua casa às pressas e saindo segundos depois, acompanhada de seu marido, ambos com os olhos pesarosos, como se tivessem pena dele.

― Ele voltou! – exclama uma mulher mais distante, um pouco alto demais, chamando a atenção de outros plebeus para a presença do vampiro, que agora passava por eles com passos largos e apressados.

― Nosso rei voltou! – grita uma criança, ainda mais adiante, achando realmente que aquilo era uma coisa boa, já que não se falava em outra coisa a não ser o seu desaparecimento.

Cassis permanecia quieto, observando, em busca de algo que pudesse revelar os acontecimentos gerados pelo lado obscuro de sua personalidade vampira, enquanto seus pés adentravam cada vez mais o coração da cidade, até conseguir enxergar a praça principal, já vazia pelo fim do dia de trabalho.

― Voltou? – questionou outro homem, o ferreiro, vindo de uma rua perpendicular ao encontro do rei. – Seria melhor que não tivesse voltado. Na verdade… – Pausa, apontando o dedo grosso e calejado em direção ao vampiro, demonstrando toda a falta de respeito que um plebeu poderia ter com sua própria majestade. – Se ele não tivesse aparecido em Alestia, ainda teríamos uma rainha!

― O que disse? – questiona atônito, repentinamente sentindo-se golpeado e atordoado com aquela afirmação, ignorando até mesmo o cuspe que o ferreiro lançou em direção aos seus pés em sinal de desprezo.

Novas pessoas começavam a se aproximar, atraídas pelo grande retorno que as crianças faziam questão de correr e anunciar. E, apesar dos pequeninos felicitarem sua volta, suas vozes eram suprimidas pelos gritos enraivecidos dos mais velhos, que o acusavam de não ter salvado Sara como era de seu encargo, alegando que ela foi mordida pelo rebelde e morreu, junto ao bebê, enquanto o rei fugia e se refugiava em outro lugar.

Muitos homens se juntavam ao acusatório, sendo fielmente seguidos por suas mulheres e filhos mais velhos, que nitidamente partilhavam da mesma opinião, e, embora muitos alestianos não o culpassem pela terrível tragédia que se abateu sobre Alestia, também não tinham coragem para defendê-lo diante de pessoas tão enfurecidas.

― Perdemos nossa majestade por sua causa! – gritam os humanos furiosos, aproximando-se do rei arrogantemente enquanto o apontavam, sendo logo empurrados para trás pelos dois soldados que guardavam o portão da cidade. – Nossa rainha está morta por sua culpa!

Cassis sequer havia notado que estava sendo seguido pelos soldados, que, sabendo de algo que ele obviamente não sabia, temiam por sua segurança. Não houve sequer tempo dos dois homens chamarem reforços, visto que as pessoas se aglutinaram ao redor de sua majestade com extrema rapidez, com os olhos cintilando raiva e revolta. Mesmo possuindo as patentes mais baixas de todo o exército, ambos os soldados eram os únicos disponíveis para protegê-lo naquele momento, como uma guarda pessoal, que era o patamar mais alto que um soldado poderia almejar em Alestia.

― Não posso crer – sussurra Cassis, com a voz mal saindo de seus lábios, enquanto os dois homens de armaduras brilhantes e testas suadas tentavam conter a multidão –, ela está morta?

― Sua culpa! Sua culpa! Sua culpa – acusam as vozes sem trégua, cujos donos avançavam sobre o vampiro e os dois humanos e os empurravam em direção a praça principal.

Os sentidos de Cassis desaparecerem diante do alvoroço. Seus olhos viam os rostos furiosos e suas bocas abrindo e fechando compulsivamente, mas sua mente não se concentrava em nenhum deles. Tudo ficou mudo ao seu redor. Um apito agudo ressoava em seus ouvidos como se tivesse tomado uma forte pancada na cabeça, enquanto seu coração se apertava novamente, custando a acreditar que Sara estava morta, que ele não havia conseguido salvá-la, mesmo tendo chegado às colinas a tempo.

Ele não se lembrava de nada. Sabia que havia sido golpeado, que Sara estava próxima, que ele havia lhe pedido perdão e que ela chorava, mas depois não haviam mais lembranças, tudo ficou escuro e sua consciência foi aprisionada no vazio onde nada poderia ser sentido ou pronunciado, como uma prisão atemporal dentro de seu próprio corpo, onde sua mente ainda funcionava e sabia não estar morta.

Ao seu redor a multidão estava descontrolada, as vozes incitavam uns aos outros a fazerem justiça com as próprias mãos. Cassis foi lançado ao chão, pois apesar dos soldados se esforçarem para protegê-lo, seus trabalhos eram inúteis quando comparados ao numeroso grupo de acusadores e a própria inatividade do vampiro. Ele havia perdido sua mulher e também a sua descendência, que sequer chegou a conhecer pessoalmente, e tal fato pareceu aumentar a dor em seu peito, contorcendo seu rosto em agonia.

― Não precisamos de um vampiro aqui – incita o ferreiro. – Mentiroso, traidor! Rompeu com nossa aliança e por isso merece a morte!

Como uma doença contagiosa a ideia de execução se espalhou, possuindo as mentes raivosas e crescendo como se estivesse se alimentando delas, fazendo todas as cabeças concordarem simultaneamente com o ato de matá-lo.

― Para trás! – gritavam os soldados, sentindo-se ainda mais impotentes já que seu próprio rei se recusava a dar-lhes assistência, como se definitivamente estivesse entregando-se a eles.

Mais soldados surgiram na praça, atraídos pelo tumulto, correndo para apartá-los quando se deram conta de quem estava no centro da confusão. A sentença anunciada para o rei ressoava como música, sendo repetida diversas vezes, obrigando os soldados que estavam na extremidade do aglomerado a exercerem um pouco mais de força para afastá-los e conseguirem chegar ao rei. Os sinais do sol se tornavam cada vez mais escassos e o coro gritando pela morte era como um bálsamo aos ouvidos do vampiro, que já havia errado uma vez com uma pessoa que amava grandemente e que não suportaria vivenciar toda a solidão, a culpa e a dor novamente.

Cassis não fazia mais questão de habitar naquele mundo, naquela floresta tenebrosa chamada eternidade, sendo perseguido por seu novo erro como uma maldição. Não ter salvado Sara lhe trazia ainda mais remorso do que ter causado a morte de Violeta, pois, por um momento, ele conseguiu encher seus lindos olhos de esperança, fazendo-a acreditar que iria para casa, para depois frustrá-la e deixá-la a mercê de uma morte lenta e terrível.

O vampiro desejava apenas que a sensação de vazio desaparecesse, e, por isso, não apresentou resistência às mãos que o empurravam para a mesa de pedra. Ele não implorou por perdão, não tentou se explicar e não clamou por sua não-vida, apenas deixou que o lançassem sobre a mesa que já não era usada há muitos anos.

― Será sobre a mesa de execução criada pelo Rei Ofir, que você morrerá, vampiro! – esbraveja o ferreiro, demonstrando ser o principal incitador daquele motim.

― Faça como quiser, nada mais me importa. – diz Cassis com sinceridade, enquanto seu executor erguia o facão recém-forjado para deferir o golpe.

A quantidade de soldados ao redor do tumulto cresce, vindos de todos os cantos e abrindo caminho entre os alestianos através da força, conseguindo alcançar, primeiramente, os soldados que haviam se perdido em meio aos agressores e acabaram sendo pisoteados e espancados por serem leais ao rei. A multidão estava bem maior do que no início, numa mistura de amotinadores e pessoas de bem, que, curiosos, queriam assistir aos acontecimentos, impedindo que os soldados conseguissem diferenciar ambos os lados e empurrassem a todos numa tentativa desesperada de chegar ao rei.

Contudo, quando a mesa de pedra se tornou visível aos homens de armaduras de batalha, a lâmina do facão já havia alcançado o coração do rei e um grito de euforia ecoou por toda a praça. Cassis havia fechado os olhos antes de sentir a pele de seu peito ser rasgada, e, na sequência, todo o seu corpo paralisar e amolecer sobre a mesa, passando uma falsa impressão de morte.

Cassis aguarda o próximo golpe, algo mais crítico e que o fizesse realmente sangrar para que a morte final finalmente o alcançasse, mas não houve mais nada. Com a mente ainda alerta, o vampiro pôde ouvir com bastante pesar o pranto das crianças mais novas, que não entendiam tanta revolta e se sentiam apavoradas com tamanha violência.

Ruídos de metal logo se fizeram ouvir, denunciando a aproximação dos soldados, porém, foi somente quando a multidão se calou e um silêncio sepulcral dominou o ar, que o não-vivo desejou estar no comando de seu corpo para abrir os olhos e ver o que todos viam.

― O que se passa aqui? – questiona a voz aguda do outro lado da aglomeração, com um timbre tão forte que fez todos os amotinadores encolherem.

Sussurros de evidente surpresa se espalham pelo ambiente, e, apesar da nebulosidade do fim de tarde que começava a recair sobre a Cidadela, todos os alestianos reconheceram sua majestade, a rainha.

Nenhuma boca foi capaz de responder a pergunta de Sara. Os olhos de alguns expressavam uma mistura de choque e medo, pois acabavam de ser pegos em algo que confrontava todas as leis de Alestia e o posicionamento da família real, enquanto os de outros, carregavam contemplação e felicidade.

A mulher que todos acreditavam estar morta simplesmente havia se materializado no meio de todos, evidentemente mudada, tornando difícil para qualquer alestiano pensar ou proferir alguma palavra coerente diante de sua presença, que se tornara tão marcante.

Sara não precisou de nenhum tipo de fofoca ou relato para se dar conta do que aquelas pessoas faziam ali, pois ninguém se reunia na praça principal daquela forma a não ser para três motivos bastante distintos: (1) fazer comércio, (2) ouvir um anúncio real e (3) brigar. A hora já se encontrava avançada para qualquer tipo de negociação, nenhum comunicado real partiu de sua parte com destino à Cidadela, restando-lhe somente a última alternativa, de que havia uma briga e um infeliz alguém havia sido julgado, condenado e executado pelos demais.

― O que lhes dão o direito de organizar tal julgamento e execução? Por acaso minha palavra não é mais a última numa audiência? E, pelo mesmo acaso, não é a sentença de morte proibida em Alestia? – interroga, elevando a voz a cada pergunta, demonstrando uma leve irritação diante das pessoas que tentavam atropelar seu posto real.

― Está viva! – sussurravam alguns, finalmente despertando do espanto e do arrebatamento que a presença de Sara os proporcionara. – É a rainha, ela está vida! – exclamavam outros com entusiasmo.

― Nós vimos o seu corpo sem vida, majestade – disse uma jovem moça da extremidade da multidão, com o semblante ainda confuso. – Os soldados a levaram da residência de Nicolas para o castelo, passando diante de todos e confirmando que estava realmente morta.

― Não acredite em tudo o que seus olhos veem, querida. – diz o general, prevenindo a rainha de dar qualquer tola justificativa para os últimos eventos acontecidos no reino, pois a verdade era muito mais profunda do que aparentava. – Num mundo em que habitam mortais e imortais, nada é como realmente aparenta.

Os olhos de Sara faiscavam com aquele ultraje e ela não pôde deixar de se sentir agradecida pelas palavras do general, que a pouparam de ser indelicada com uma mulher que evidentemente nada havia feito para que a briga chegasse aquele ponto lastimável. Suas sobrancelhas franzidas demonstravam claramente o seu desagrado e, com um leve mover de lábios, os soldados se locomoveram de seu lado, abrindo caminho em meio à população e deixando-o livre para a realeza que se locomovia logo atrás.

Seu andar era suave, apesar de irradiar uma aura de poder e astúcia, como um felino habilidoso caminhando na escuridão da noite. Os rostos ao seu redor pareciam ainda mais incrédulos ao verem-na de mais perto, ao constatar a mudança de sua tez e o seu ventre vazio, que o vestido azul bem ajustado fazia questão de mostrar.

Sara podia ver o espanto nos rostos de todos, conforme suas mentes assimilavam a verdade a seu respeito, e isso até a incomodou no princípio, mas, quando seus olhos miraram o fim de seu percurso, nada lhe doeu mais do que ver que era Cassis sobre o holocausto de pedra, com a lâmina fincada cruelmente em seu tórax.

― O que vocês fizeram? – questiona num sussurro, cessando a respiração enquanto se aproximava ainda mais do corpo imóvel, sentindo a dor tomar todo o seu semblante. – O culpado por esta atrocidade não será poupado, darei uma única chance para que o responsável se apresente e se explique, se é que tão selvagem atitude possui explicação – grita num rompante, retirando a lâmina do peito de Cassis e a apontando para a multidão.

Houve um breve alvoroço, pois, de repente, a arma ensanguentada na mão direita da rainha havia se tornado bastante ameaçadora, e quanto mais o culpado demorava a se manifestar, mais a multidão temia serem mortos por Sara, que já não podia ser considerada como um deles, apesar de ainda ser da realeza alestiana.

Relutante e cabisbaixo, o ferreiro se coloca à frente da rainha, prostrando-se e implorando por misericórdia. Ela não sabia o seu nome e tampouco queria conhecer, porque, quanto mais ele tentava se explicar, mais a sua raiva parecia se inflamar.

― Pelo poder investido a mim através da coroa de meu pai, Rei Arthur de Alestia, e de minha mãe, Rainha Katherine de Alestia. Eu o sentencio ao…

― Sara – chama Cassis num sussurro rouco, parecendo surpreso e fazendo-a se calar no mesmo segundo.

O rei havia escutado sua voz, achando que tudo não passava de uma doce alucinação até que, liberto de sua paralisia, seus olhos se abriram e contemplaram a verdade. Ele ainda não havia recuperado toda o seu controle corporal, o que sempre levava um ou dois minutos inteiros para acontecer, e por isso mal conseguia se colocar na posição sentada.

Seus olhos pareciam ansiosos, como se cada parte de seu corpo desejasse vê-la pelo menos mais uma vez, para se certificar de que era real e de que estava viva. Uma leve mistura de dor física e alívio brincava em seu interior, porque no momento em que ouviu os sussurros da multidão e reconheceu o timbre de sua voz, o mundo pareceu tomar formas e cores novamente.

― Não faça nada de que possa se arrepender depois – continua ele, buscando o próprio equilíbrio para se sentar e, consequentemente, ficar em pé, enquanto a ferida em seu peito ia se fechando pouco a pouco.

― Sim, majestade – afirma Sara, com a tonalidade de sua voz denunciando alegria e igual ansiedade. – Algo mais?

― De certo que sim, vim atrás de uma pessoa e serei eternamente grato se a trouxer para mim, pois um rei não é nada sem a sua rainha.

Sara sente um arrepio de expectativa subir-lhe a espinha. Estava o esperando por dois longos meses e, agora que ele estava ali, que havia sobrevivido a Tibérius e a tentativa enlouquecida daquelas pessoas de matá-lo, suas mãos tremiam e seus lábios ansiavam poder tocar os dele novamente. Tanta coisa havia lhe acontecido desde que fora deixada na casa de Dina, tanta coisa ruim, que a rainha sentia-se aliviada por finalmente algo bom ter lhe acontecido

Se todas aquelas pessoas soubessem tudo o que lhe ocorreu, talvez não a olhassem com o mesmo respeito ou camaradagem, e se fosse Cassis a saber, talvez seu tom de voz amoroso mudasse para sempre a algo que demonstrasse sua enorme decepção. Ao perceber que o segredo feito naqueles dois meses seriam a sua ruína, a rainha prometeu a si mesma nunca contar nada a ninguém.

Ela se vira, lentamente, segurando a barra do vestido numa tentativa desesperada de se conter, já que sua vontade era a de simplesmente atirar-se sobre ele, mesmo com todos aqueles olhares cravados em seu precioso reencontro. Com o movimento, parte de seus cabelos caíram para frente de seu corpo, revelando o seu rosto pálido de forma branda, mas logo fazendo os olhos de Cassis se fixarem em sua mudança.

Sara estava diferente, ainda era a mesma jovem de sempre, meio mimada e meio madura, que não gostava de fazer suas refeições sozinhas e nem de ser contrariada. Contudo, em seu físico as modificações eram notáveis, e, ao passo que ela mordia o lábio inferior esperando uma reação do rei, Cassis se colocou de pé com os olhos fixos em seu rosto, enxergando nos olhos femininos o que somente alguém de sua raça poderia enxergar.

Ali, dentro de sua íris castanha e receptiva ele já habitava, o monstro que todo vampiro carrega consigo, pois Sara também havia se transformado e o rei sequer sabia quem havia sido o autor de tal procedimento.


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Notas finais do capítulo

Quase no fim...
Espero que tenham gostado da história. Essa foi minha primeira história original e levei muito tempo para concluí-la. Não me considero uma escritora profissional, mas... Bem, sinto-me satisfeita por ter terminado esse projeto original e por tudo ter ficado exatamente como eu queria.



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