Magia Literária escrita por Emiko


Capítulo 2
Não espere


Notas iniciais do capítulo

Indicação de música: Don't wait, Mapei.



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Entre gritos jubilosos e desdenhosos de Belatriz Lestrange, Tonks abriu repentinamente os olhos. Estava de noite e o quarto era iluminado por uma fraca luz da lua, a coberta estava caída e o lençol estava molhado de suor. Tonks respirava profundamente, aterrorizada com o que acabara de sonhar. Já fazia uma semana da morte de Sirius, e desde aquele dia ela não esquecera da voz triunfante de Belatriz, bem como do rosto abatido de Remo quando lhe contou sobre o que acontecera com o primo.

Nenhuma das poções do sono que tomara fazia efeito, estava virando rotina ela acordar no meio da noite, encharcada de suor e algumas lágrimas. Então, como de costume, Tonks levantou-se e foi até a escrivaninha, onde havia um copo, mas possuía nenhuma gota de água. Arrastando os pés sonolentamente, a bruxa saiu do quarto, passando pelo corredor, sem fazer barulho algum para não acordar seus pais, e desceu as escadas, deparando-se com um grande relógio. Eram quase duas horas da manhã...do dia 25 de junho!

 - Pombas! – exclamou Tonks, quase deixando o copo cair no chão. – Como pude esquecer da reunião!

Com grande nervosismo, Tonks colocou o copo sobre a mesa, e correu para o hall de entrada da casa, pegando a primeira capa que vira no cabideiro. Ouviu o copo se despedaçar no chão e, em seguida, alguns passos no quarto de seus pais, porém, não tinha tempo para poder explicar o que aconteceu.

Com a capa vestida e perto da soleira da porta, Tonks deu somente um passo depois de abrir a porta, conseguiu fazer um rápido aceno para seu pai, que estava desnorteado no topo da escada, e aparatou. Logo, meio zonza, ela deparou-se com um vasto campo, onde a brisa de verão era morna e lenta. Apressadamente, começou a andar pelas colinas de Ottery St. Catchpole, até chegar, arfante e suada, na garagem da família Weasley.

Não se escutava som algum naquele lugar, nem se via uma luz, dentro ou fora da Toca. A metomorfomaga andava vagorosamente na direção da garagem, quando, de repente, um gnomo de jardim passou pelos seus pés e, quase, a fez cair.

— Ca...caldeirões saltitante! – exclamou Tonks, baixando-se para tentar pegar o gnomo, mas ele esgueirara-se pelas gramas e desaparecera na noite.

Um leve click foi feito na porta da garagem e, primeiro, uma varinha estava para fora, apontada para Tonks. Em seguida, um homem corpulento, de cara amarrada e cheia de cicatrizes, com um olho azul elétrico dando giros na órbita, examinava, sério, a bruxa e o perímetro.

— Ninfadora? – perguntou Moody, recebendo um olhar colérico da antiga aprendiz.

— Já pedi para não me chamar de Ninfadora – respondeu a bruxa, fazendo os cabelos, que pareciam palha, ficarem vermelhos como fogo.

— Eu sei, só quis me certificar – disse o bruxo, com uma imitação de sorriso nos lábios.

— Certificar do quê?

— De que não era uma espiã, pombas. Agora, sem mais perguntas, está atrasada – advertiu o homem, virando-se, mancando, para a garagem.

Dentro do cômodo, havia uma grande mesa no lugar do Ford Anglia, e muitas cadeiras e integrantes da ordem. Somente os adultos estavam presentes, não havia sinal algum dos gêmeos Weasley, ou de Rony, muito menos de Hermione. Depois de cumprimentar a todos, Tonks começou a procurar algum lugar para sentar e logo avistou um cabisbaixo Remo, com uma cadeira vazia ao lado. Sem dúvida, era o lugar onde Sirius sentava, e que ninguém estava disposto a ocupar, porém, ela não teve escolha e posicionou-se entre Lupin e Snape.

             - Fico feliz por ter vindo, Ninfadora – disse Dumbledore. - Agora, onde estávamos?

— As novas medidas de segurança – respondeu McGonagall, parecia cansada e séria, mais do que o habitual.

— Ah, certo. Obrigado, Minerva. Pois bem, devido a morte de Sirius, precisamos possuir muita discrição e cautela. As reuniões da ordem deverão acontecer a cada quinzena, em lugares diferentes, de preferência na casa de um dos membros. Alastor e eu ficaremos responsáveis por avisá-los e providenciar os melhores feitiços de proteção, bem como os meios de transportes mais seguros...

Enquanto Dumbledore falava, Tonks encarava cada membro da ordem. Todos pareciam compenetrados, Molly tomava nota de cada palavra dita por Dumbledore, enquanto Arthur conversava, sussurrando, com Gui e Fleur, Alastor acenava a cabeça afirmativamente de tempos em tempos, enquanto McGonagall e Snape trocavam olhares ásperos. O que mais prendeu a atenção da metamorfomaga, no entanto, não foi o assunto que Dumbledore discutia paulatinamente, mas a fadiga que Remo demonstrava.

Lupin parecia mais magro, as olheiras estavam mais profundas, o cabelo estava mais seco do que o de Tonks, a barba apresentava diversas falhas e a pele parecia mais macilenta do que jamais estivera. A bruxa tentava, inutilmente, fazer com que os olhos deles se encontrassem, mas o olhar do homem estava fixo hora em Dumbledore, hora nas próprias mãos enfaixadas.

— Algo de errado, Ninfadora? – Perguntou o Prof. Dumbledore no meio de sua discussão.           

Surpresa, a bruxa acenou negativamente e tentou prestar atenção na reunião, contudo, era evidente que lhe preocupava mais o estado de Remo do que as novas diretrizes de ordem. Assim, com um leve pigarreio, Tonks conseguiu fazer com que Lupin a encarasse, ele ainda esboçava sinais de tristeza, o que intensificava algumas rugas e cicatrizes em seu rosto.

— Como você está? – Perguntou Tonks, pois foi a primeira frase que conseguiu formular naquele momento.

— Hum...bem...e você? – Perguntou Lupin, olhando profundamente para os olhos da metamorfomaga, deixando-a desconcertada e mais atrapalhada do que o normal.

— E...bem....tão quanto você...aparentemente...isso é por causa da lua? Ou Sirius?

— A lua, mas já estou acostumando com isso – disse Remo, dando de ombros. – Já com o Sirius, ainda estou tentando digerir isso tudo...e você, parece que não anda dormindo bem.

— Pareço? – Disse Tonks, parecendo ligeiramente surpresa e incomodada. - Bem, é verdade...a risada de Belatriz não sai da minha cabeça...

— Da minha também.

— Imaginei...ela é desprezível, nunca vou esquecer o que ela fez, seu eu a encontrar um dia...– dizia Tonks, fazendo com que os cabelos ficassem vermelhos escuros e olhos pretos, e as feições tão duras como de sua mãe – perdão, acho que seria mais provável ela fazer algo desse tipo do que eu.

— Não se subestime, é mais corajosa e forte do que pensa – ao ouvir isso, a bruxa começara a corar e deixar os cabelos e olhos castanhos – mas precisa tomar cuidado, não faça as coisas no impulso. E não fique se atormentado com isso, a pessoa que deveria mais lamentar, seria eu – ao fim, Lupin abaixou a cabeça, olhando para as próprias mãos e soltando um longo suspiro.

— Do que você está falando? Você não teve culpa de nada. Pelo contrário, sempre nos ajudou, foi um amigo dedicado para Sirius, e ainda mais para mim...

— Será que a discussão de relacionamento poderia ficar para depois? – Zombou Snape, olhando friamente para Lupin e Tonks, que ficaram ligeiramente rosados. – Se não perceberam, está havendo uma reunião muito séria e o assunto é deveras desagradável.

— Severo, não é para tanto – disse Dumbledore, esboçando um fino sorriso. – Está se equivocando com esse pensamento.

— Equívoco? Obviamente, parece muito confiável dar aulas particulares para Potter e certifica-lo de informações que até nós, membros da Ordem, não sabemos. Afinal, ele é tão habilidoso que nem a Oclumência precisa ser um requisito para considera-lo como seu eleito.

— Isso é sério? – Perguntou Lupin, encarando seriamente Dumbledore. – Mas Harry ainda não está preparado para tanto.

— Pela primeira vez, infelizmente, concordamos com algo, Lupin – disse Snape, fastidioso.

— Estou deixando bem claro que será sob minha total responsabilidade – disse Dumbledore, calmamente. – Harry não estará correndo perigo algum.

 - Me desculpe, professor, mas o senhor disse isso da última vez e tivemos que resgatá-lo no Ministério – respondeu Lupin, a voz estava séria e ligeiramente ofensiva.

Todos ficaram em completo silêncio, hora olhando para Dumbledore, hora olhando para Lupin e Snape.  A única capaz de contornar o assunto foi Molly, defendendo as capacidades do diretor e acentuando a confiança de sua família nele, exaltando ainda que Dumbledore nunca quebrara sua palavra de que protegeria Harry até o fim.

— Bem, mas não se esqueçam das outras consequências – resmungou Lupin, levantando-se e olhando para todos na mesa. – Quanto tempo vão esperar para esta mesa ficar sozinha. E mais, quanto tempo vamos levar para descobrir o que de fato levou Voldemort fazer aquilo com os Potters, e agora no Ministério?

— Já expliquei a todos, esta informação pertence somente a Harry. Ele saberá quando estiver preparado.

— E quando a nós, Dumbledore. Não estamos preparados? A ordem não foi feita para auxiliar, ou o único propósito é formar porcos para o abate? – Disse Snape, fechando a cara e cerrando os pulsos sobre a mesa.

— Já lhes disse tudo o que podia ser dito – respondeu Dumbledore, sentando-se e encarando Snape e Lupin, bondosamente, através dos óculos de meia-lua. – Se não estão satisfeitos, bem, receio que terão de buscar por conta própria suas respostas.

— Ótimo – disseram Lupin e Snape, ao mesmo tempo, mas Remo foi o único que se mexeu em direção a saída.

— Remo, espere – chamou Tonks, porém ele não lhe dera ouvidos.

A metamorfomaga tentou acompanhar os passos do bruxo, porém nem isso ela foi capaz, quando estava na porta da garagem, ele estava no início do campo. Ela berrou mais uma vez seu nome, e ele só a direcionou uma olhada brusca e dura.

— Tonks, é melhor não se preocupar – disse Remo, diminuindo os passos. – Se cuide.

Ela correu mais alguns metros, e estava quase o alcançando-o, sentia que não podia deixa-lo ir, deveria apoiá-lo como ele a apoiava, e mostrar o quanto ele era importante para ele.

— Você que deveria se cuidar. Deveria se escutar – disse a bruxa, ofegante.

— Obrigado, vou fazer isso...agora volte – respondeu o bruxo com um sorriso forçado, caminhando decidido para frente.

— Não, você não pode ir embora assim...- dizia Tonks, conseguindo ficar mais próxima de Lupin, sentindo o coração ficar cada vez mais acelerado - sei que tem seus motivos para estar bravo com Dumbledore, mas ele precisa de você, Harry precisa de você...eu preciso...

— Tonks, pare...- interrompeu Remo, afastando-se da bruxa – já sei onde isso irá chegar e é melhor que pare por aqui...

— Mas...

— Não...não quero que se machuque – ele forçou o tom de voz ao ver que ela iria o interromper e continuou: - e também não quero me sentir mais culpado.

— Você nunca me machucaria – disse Tonks, mas Lupin parecia não querer escutar, pois logo lhe deu as costas. – Espera...não importa o que você esteja pensando sobre mim, mas...vai ficar tudo bem...eu vou proteger você e...sempre estarei por perto.

— Tonks, não...quero que siga em frente...é melhor assim, você vai perceber que estou certo – disse Lupin, antes de aparatar, ainda foi possível para Tonks ver seu rosto amargurado e choroso.

— Idiota! – Exclamou a bruxa, ajoelhando-se no meio do campo e tampando o rosto para segurar as lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler o/
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Até a próxima ♥



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