Pokémon - Laço Eterno escrita por Benihime


Capítulo 3
A segunda tentativa




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Algumas semanas se passaram. Calista, tendo chorado até dormir naquela primeira noite após o fiasco de seu retorno, anunciou que não se inscreveria em mais nenhuma performance por algum tempo, até se sentir pronta para competir novamente.

— Isso é bobagem, mana.  — Ash declarou. — Não é que você não esteja pronta, é só que você precisa deixar de ser covarde. Sua bobagem naquele concurso foi só por estar nervosa.

— Cale essa boca, Ash.

— Ele tem razão, Caly. — Serena interferiu. — Você quis voltar para saber até onde conseguiria ir. Não pode desistir agora. Vai mesmo deixar que um erro a faça fugir como um Skitty assustado?

— Eu não estou assustada, e não estou desistindo. — Calista rebateu calmamente. — Só estou adiando.

— Isso é tão ruim quanto, mana. — Ash disse. — Os Ketchum nunca desistem, lembra? E se recuar desse jeito não é desistência, então eu não sei o que é.

— Está bem, então. — A morena cedeu com um longo suspiro. — O que vocês dois sugerem?

— Tente relaxar primeiro. — Serena aconselhou. — Não tome nenhuma decisão pensando somente no que aconteceu ontem.

Calista ponderou por um momento, ainda sentindo o gume afiado de humilhação em seu peito. Serena tinha razão. Qualquer decisão baseada naquele sentimento jamais poderia ser considerada imparcial.

— Está bem. — A irmã de Ash disse enfim. — Vou pensar melhor no assunto. Mas não prometo nada.

— Por que não vem fazer compras comigo mais tarde? — A performer kalosiana convidou. — Aposto que um pouco de distração faria bem a você.

Calista não pareceu exatamente animada com a sugestão, mas concordou, e as duas amigas saíram logo depois do café da manhã. Serena a levou direto a uma boutique.

— Serena ... — A irmã de Ash disse em tom de protesto.

— Ah, Caly, por favor. — A menina revirou os olhos. — Só relaxe e me ajude a escolher um vestido, está bem? Prometo que vai ser divertido.

A jovem kantoniana logo percebeu que não adiantaria protestar. Ela não se sentiu animada a sequer a começar a pensar em vestidos, mas assistiu pacientemente enquanto Serena experimentava um após o outro.

Brincalhona, a loira fazia poses exageradas e piadas bobas até finalmente fazer Calista rir. Foi em um desses pequenos "intervalos", enquanto sua amiga experimentava mais um vestido, que a morena notou a menina.

Era uma garota pequena, parecia ter cerca de doze ou treze anos, com enormes olhos castanhos e cabelos ruivos emoldurando seu rosto largo em forma de coração, decorado por uma miríade de sardas. Ao seu lado caminhava um Chespin, o Pokemon Noz Espinhosa, um dos pokemon iniciais da região de Kalos.

— Com licença ... — A menina disse timidamente.

— Sim? — Calista inquiriu gentilmente. — O que foi, mocinha?

— Você ... — A ruiva corou e desviou os olhos para o chão, deixando que mechas de cabelo escondessem seu rosto. — Você é Calista, não é? A performer ardente?

A jovem kantoniana quase sorriu. O título de performer ardente lhe havia sido atribuído de brincadeira por uma amiga repórter devido ao fato de IceFire quase sempre estar envolvida em suas coreografias de alguma forma, mas acabara se tornando uma espécie de alcunha.

— Sim. — A morena respondeu. — Sou eu mesma.

— Eu sabia! — A garota exclamou, esquecendo a timidez e fitando-a com um enorme sorriso. — Eu vi sua última apresentação. Você é incrível!

— Obrigada. — Calista disse, sem conter uma risadinha. A menina era obviamente uma fã. — Mas acho que você deve estar me confundindo. Eu fiquei em quinto lugar na última exibição.

— Eu sei. — A menina ruiva disse, balançando a cabeça e fazendo seus cachos, que lembravam saca-rolhas, pularem. — Mesmo assim, eu adorei a ideia de usar as estrelas do ataque Estrela Cadente para criar fogos de artifício dourados. Foi genial!

Isso definitivamente acabou com qualquer sentimento ruim de Calista quanto a sua última performance, e a morena sentiu suas bochechas esquentarem enquanto sorria em agradecimento.

— Fico feliz que tenha gostado.

A pré-adolescente hesitou, erguendo novamente os olhos cor de avelã para a mulher mais velha com uma expressão de profunda admiração.

— Eu vou ser uma performer também. — A ruiva declarou. — Igualzinho a você!

E lá estava. Era por isso que Calista amava ser uma performer. Momentos como aquele, em que meninas a olhavam como se fosse uma heroína, uma inspiração. Aquilo sempre a fazia sentir-se orgulhosa, invencível. E dessa vez seu sorriso foi ainda mais largo enquanto a morena se curvava para nivelar o olhar com o de sua jovem interlocutora.

— Deixe eu adivinhar ... — Ela disse. — Você pretende entrar na competição com esse pequeno Chespin, certo?

— Isso mesmo! — A menina assentiu. — Spiky foi meu primeiro pokemon, quero que vençamos juntos.

— Isso é muito bom. — Calista aprovou. — Sabe a Charizard que sempre está comigo nas performances? Ela também foi minha primeira pokemon.

— Então um dia eu quero competir contra vocês!

— Ora, ora, parece que ganhamos uma rival. — A morena disse, rindo. — Qual é o seu nome, mocinha?

Mas antes que a menina pudesse responder uma mulher com os mesmos olhos cor de avelã apareceu no final do corredor, parecendo zangada e preocupada.

— Gabby! — A recém chegada exclamou em tom de repreensão. — Quantas vezes tenho que dizer para não sair de perto de mim?

— Mas mamãe ...

— Nada de "mas", mocinha. — A mulher disse severamente, voltando-se para Calista. — Espero que minha filha não tenha lhe causado problemas, senhorita.

— De forma alguma, senhora. — A morena garantiu com um sorriso. — Sua filha é um doce. Eu adorei conhecê-la.

Gabby, agora agarrada à mão de sua mãe, corou violentamente ao ouvir aquelas palavras.

— Bem, nós precisamos ir. — A mulher mais velha disse. — Foi um prazer, senhorita.

— O prazer foi meu. — Calista respondeu educadamente, lançando mais um sorriso à garota. — Nos vemos por aí, Gabby.

Gabby assentiu enquanto sua mãe praticamente a arrastava, acenando brevemente em despedida antes de desaparecer entre as araras de roupas.

— Viu? — Serena disse, finalmente saindo do provador, já com o conjunto de blusa preta e saia vermelha com o qual deixara o centro pokemon, trazendo um vestido cor de rosa cuidadosamente dobrado nos braços. — Momentos como esse não fazem tudo valer a pena? Às vezes nos esquecemos do quanto podemos influenciar os outros.

— É, você tem razão. — A irmã de Ash concordou pensativamente. — Obrigada por me lembrar disso, Serena. Quando foi que você se tornou tão sabichona, huh?

A loira deu uma risadinha, provocando sua amiga com uma careta enquanto esta passava um braço por seus ombros.

— Não posso levar o crédito por essa. — A loira admitiu. — Aria me disse isso antes da Classe Master do ano passado.

— E isso me lembra ... Eu nunca perguntei em que posição você ficou. — A mulher mais velha abriu um sorriso zombeteiro. — Que péssima amiga eu sou.

— Eu fui a segunda colocada. Perdi para Aria.

— Segunda colocada, huh? Nada mal. É melhor eu ter cuidado, ou você com certeza vai acabar ganhando aquela coroa antes de mim.

— Até parece, Caly.

Depois desse dia Calista passou a ensaiar com o dobro de intensidade, a cada momento que podia. Na verdade, teria de bom grado ensaiado 24 horas por dia, sem jamais parar, tão grande era sua determinação, não fosse a constante atenção de seus amigos e a preocupação em não prejudicar seus pokemon. Mirabelle principalmente, que parecia ter tomado para si a tarefa de cuidar de sua treinadora.

A Sylveon mantinha um olhar atento sobre cada ensaio, protestando e se necessário forçando-a a encerrar o dia com a ajuda de Angel. Aquelas duas se asseguravam de que a morena não exagerasse.

— Não tem jeito! — Calista rosnou cerca de três semanas depois, batendo o calcanhar esquerdo no chão em um gesto de frustração. — Eu não vou conseguir!

Você está se esforçando demais. Angel disse gentilmente, flutuando para se empoleirar em seu ombro. Precisa dar um tempo a si mesma, Calista.

— Não, eu preciso ensaiar. — A morena rebateu. — A performance é amanhã. Preciso acertar essa coreografia, não importa o que aconteça.

Mesmo que isso signifique estar exausta demais para competir amanhã?

Mirabelle, sentada ao lado de sua treinadora, a encarou como se tivesse ouvido a pergunta de Angel e desafiasse a morena a responder com um sim. Quem sabe? Talvez aquela interpretação da expressão nos olhos lilases da Sylveon não estivesse muito longe da verdade.

— Não. Claro que não. — A irmã de Ash respondeu, vendo Mirabelle assentir para si mesma, parecendo satisfeita. — Você tem razão, Angel, é melhor eu descansar um pouco. Eu nem tinha pensado sobre amanhã, exceto pelas coisas que ainda preciso melhorar.

Cuidar de si mesma é uma dessas coisas, pelo que vejo. A Meloetta rebateu acidamente. Tem certeza de que ainda quer fazer isso?

— Não, não quero. — Calista admitiu. — Mas preciso. Prometi para Serena que iríamos competir nas semifinais. Não posso simplesmente desistir agora. Tenho que manter minha palavra.

Custe o que custar?

— Sim, claro. — Foi a resposta. — Qual é o valor de uma pessoa que não mantém sua palavra?

A Meloetta meramente assentiu, sem responder àquela pergunta. Nem precisava.

E se você não conseguir? 

Calista ergueu os olhos ao ouvir aquele sussurro em sua mente, lançando um olhar gélido para a pokemon empoleirada em seu ombro.

— Está duvidando de mim, Angel? — A jovem praticamente rosnou. — Sério? Até você?

De jeito nenhum! Angel protestou veementemente. É claro que eu acredito em você, Calista. Mas ...

— É. — A jovem abrandou enquanto Mirabelle subia em seu colo, esparramando-se confortavelmente. — Eu entendo. O famoso "e se", não é? Nunca nos livramos dele, por mais que desejemos.

Não pense nisso agora. A pokemon disse gentilmente. Apenas se concentre. Você pode vencer amanhã. Eu sei que pode.

Angel flutuou para o centro do palco, disposta a ajudar sua parceira a ensaiar mas, antes que Calista pudesse se pôr de pé, seu celular tocou. A jovem mal olhou o número de relance antes de atender.

— Oi, loira. — Ela disse. — Novidades?

— Oi, Cal. — Cynthia respondeu, e Calista ficou surpresa. Não a ouvia usar aquele tom frio há muito tempo. — Você me diga. Que história é essa de obsessão com ensaios?

— Droga! — A jovem kantoniana exclamou com um pesado suspiro. — Ash. Ah, aquele garoto! Eu já devia ter adivinhado que ele acabaria correndo para contar tudo a você.

— Ele está preocupado, Cal. — A campeã de Sinnoh declarou severamente. — E com motivos, pelo que ouvi. Você realmente não sabe quando parar, não é?

— Ash só está sendo super protetor. Ele não precisava envolver você nisso. — Calista protestou displicentemente. — Agora, sobre Articuno, eu descobri ...

— Ah, não, nem pense em tentar me distrair com isso. — A campeã repreendeu. — Conheço Ash e conheço você, sua cabeça de pedra. Ele não está exagerando. Eu sei muito bem o quão imprudente você é.

— Ah, por favor! — Calista quase implorou. — Você também não, Cynthia!

— Está bem, está bem. — A loira cedeu. — Mas não vá fazer nenhuma bobagem antes de termos nossa revanche. Ou já desistiu de tentar me derrotar, Cal?

— De jeito nenhum. Você não perde por esperar, loira, vou acabar completamente com você.

— Bem pouco provável, se continuar agindo assim.

— Cynthia!

Mas mesmo esse protesto nada pôde contra a provocação da campeã, e Calista se pegou sorrindo ao ouvir sua amiga cair na gargalhada. Claro que sim. Cynthia adorava provocá-la. Quanto mais afiada a resposta da morena, mais ela se divertia.

As duas conversaram por vários minutos, debatendo sobre Articuno, até enfim se despedirem. Calista e Angel então retomaram o ensaio, dançando juntas por cerca de uma hora. A morena não se incomodou em ensaiar com Blaze e Lilly, tinha certeza de que os dois pokemon já sabiam a coreografia de cor depois de todas aquelas horas intermináveis de treino.

Já chega. A Meloetta declarou depois de cerca de uma hora. Está ficando tarde. Calista, se você não encerrar e descansar um pouco, eu mesma vou colocá-la para dormir, aqui e agora.

A morena riu e revirou os olhos com aquela ameaça, mas decidiu obedecer. Precisava mesmo de um bom descanso antes de sua próxima performance.

Assim que saiu da sala de ensaios, esbarrou em Bonnie. A menina perdeu o equilíbrio, e Calista segurou-a pelos ombros antes que caísse.

— Bonnie! — Exclamou — Que susto! Você está bem?

 Sim, tudo bem. — A menina respondeu com um sorriso. — Eu não me machuquei.

— Que bom. Não devia estar dormindo, espertinha?

Devia. — A garotinha respondeu casualmente. — Mas eu queria te entregar isso primeiro. Para dar sorte amanhã.

O "isso" a que Bonnie se referia era uma pulseira de contas coloridas enfeitadas com dois pingentes prateados nas formas das letras C e K. O presente fez os olhos de Calista arderem com lágrimas.

— É linda. — A morena disse calorosamente. Foi você mesma quem fez?

— A Serena me ajudou. — A menina admitiu. — Mas a ideia foi minha.

Calista sorriu, estendendo uma das mãos para bagunçar carinhosamente os cabelos loiros da garotinha.

— Obrigada, Bonnie. Do fundo do meu coração. Eu adorei.

A irmã mais nova de Clemont e Serena lhe deu boa noite pouco depois e se afastou, praticamente irradiando satisfação.

Calista ainda estava usando a pulseira no dia seguinte, já no camarim trocando de roupa com as outras performers. Os espaços eram separados por biombos e cortinas, garantindo a privacidade de cada uma.

— Mademoiselle Calista. — A irmã de Ash se virou ao ouvir uma voz feminina chamar seu nome. Era uma das assistentes de palco. — Me pediram que lhe entregasse isto.

A jovem lhe entregou um delicado embrulho colorido. Ao abri-lo, Calista se deparou com um enfeite de cabelo, um arranjo de pequeninas flores brancas cujo design combinava perfeitamente com o vestido escolhido pela jovem performer kantoniana.

— Muito obrigada. — A morena sorriu simpaticamente. — Você sabe quem enviou isto?

— Não, mademoiselle. — A assistente de palco respondeu. — Mas isto estava junto. Seu admirador secreto deve ter dado alguma pista.

Calista desdobrou o pequeno pedaço de papel que a jovem lhe estendeu, o qual mal havia notado preso ao embrulho. Tratava-se de um bilhete curto e simples:

Não espere pelo seu dia de sorte, faça-o você mesma. É assim que os vencedores agem.

A irmã de Ash sorriu e agradeceu novamente, sendo então deixada a sós. Voltando-se para o espelho, tentou colocar o presente que recebera, apenas para ver seu cabelo se soltar e cascatear em uma onda cacheada por suas costas segundos depois.

— Droga! — A morena murmurou consigo mesma. — Porcaria de cabelo rebelde! Eu juro, ele só pode ter vida própria. Mil vezes droga!

Alguém segurou seus pulsos, gentilmente afastando suas mãos. Calista não olhou para trás. Ela simplesmente encontrou os olhos de Serena no espelho à sua frente, sorrindo enquanto a jovem kalosiana habilidosamente prendia as rebeldes mechas em um coque displicente. O arranjo de flores foi o toque final, caindo em um candelabro de minúsculas pétalas brancas entre os cachos negros da irmã de Ash.

— Obrigada, loirinha.

— Disponha. — A loira respondeu afetuosamente. — Quebre a perna, Caly.

— Você também. E cuidado, porque vou estar assistindo. Dê o seu melhor.

— E que vença a melhor.

— Que vença a melhor. — A irmã de Ash repetiu. — Ou seja: eu.

O sorriso de Serena se alargou com aquela resposta tão confiante. Calista parecia muito mais calma e à vontade do que da primeira vez, muito mais como ela mesma.

As duas se juntaram às outras performers, fazendo uma fila perto da escada que conduzia ao palco. De alguma forma, Calista e Serena haviam conseguido se apresentar em sequência novamente. A única diferença foi que, naquele dia, a primeira a se apresentar foi a jovem kalosiana.

Serena era tímida e insegura por natureza, mas se transformava quando subia ao palco. Lá em cima ela conduzia a performance com confiança, graça e um charme cativante que fez o peito de Calista se apertar de inveja.

Relaxe. Angel disse gentilmente, dando um tapinha carinhoso na bochecha de sua parceira. Você errou da última vez porque estava nervosa. Confie em si mesma.

Calista sorriu em resposta, sentindo Lilly se aproximar e segurar sua mão. A jovem usou a mão livre para acariciar o topo da cabeça da Lilligant, que soltou uma risadinha de prazer.

— Tem certeza, Lilly? — A morena inquiriu. — Ainda pode mudar de ideia.

A Lilligant negou com um aceno veemente e Calista sorriu mais uma vez, pegando mais duas pokebolas habilidosamente presas a uma faixa de cetim amarela em sua cintura, que complementava seu vestido branco. Um momento depois seu nome foi chamado, e seus outros dois pokemon foram libertados das pokebolas: Rapidash e Lunatone.

Boa sorte, Calista. Angel disse alegremente. Eu vou estar assistindo. E torcendo por você.

Obrigada. Mas não precisamos de sorte.

Blaze, o Rapidash, foi quem iniciou a coreografia, usando Fogo-Fátuo. Lunatone, a quem Calista chamava simplesmente de Moon, usou Psíquico para fazer as bolas de fogo azul flutuarem pelo palco. Lilligant então lançou uma Esfera de Energia na direção do Pokemon Meteorito, que rebateu usando Cabeça de Ferro. Outra Esfera de Energia foi lançada para Blaze, que usou seu chifre para arremessá-la para o alto.

Lunatone usou Obelisco, criando um círculo de rochas no palco, então o Rapidash usou Roda de Chamas. O ataque tipo Fogo girou pelo círculo, caindo de volta no palco em uma onda de chamas, que Moon rapidamente suprimiu usando Psíquico.

Uma única chama, como uma delgada fita feita de fogo, se prendeu na ponta do chifre de Blaze. O Rapidash galopou pelo palco, no ritmo dos passos elegantes da dança de Lilly e Calista. A fita de fogo o seguia aonde quer que fosse, espiralando no ar como uma miragem.

Lilly então lançou três Esfera de Energia para o alto, fazendo-as colidir enquanto ela e Calista giravam em um amplo círculo sob uma chuva de faíscas verde esmeralda e aplausos estrondosos da plateia.

Blaze usou Fogo-Fátuo de novo e Moon usou Psíquico para fazer o ataque tipo Fogo girar em um círculo perfeito, um anel de chamas acima do palco. Lilly saltou através do anel, sendo impelida pelo chifre poderoso de Blaze, e usou Nevasca de Pétalas como encerramento. As flores cor de rosa se misturaram, girando junto com as chamas, e então o anel explodiu sobre si mesmo, numa chuva de pétalas incandescentes que caiu sobre Calista enquanto esta encerrava a coreografia com um salto mortal que faria inveja a qualquer ginasta.

— É isso aí! — Bonnie e Ash gritaram a plenos pulmões. — Muito bom, Caly!

Calista disfarçou uma risada, acenando para os dois enquanto endireitava a postura. Surpresa, percebeu que a plateia agora também gritava. Não, não gritavam, praticamente cantavam seu nome em uma estrondosa ovação.

Nada mal. Angel provocou jocosamente. Acho que sabemos quem vai ser a primeira colocada hoje.

A irmã de Ash havia sido a última a se apresentar. Quando, lado a lado com Blaze e Lilly, se uniu ao restante das performers para esperar pelo resultado final, Serena correu para abraçá-la.

— Aquilo foi demais! — A performer kalosiana exclamou ao se afastar. Seu rosto estava corado de excitação e exibia um largo sorriso. — Caly, você é incrível!

— Obrigada. — A morena sorriu, acariciando o focinho quente e aveludado de Blaze enquanto este cutucava seu pescoço, relinchando baixinho como se concordando com palavras da garota loira. — Você também foi ótima, loirinha.

A plateia foi chamada a votar. Uma chuva de luzes púrpura, a cor da pedra na Chave de Calista, encheu o ar. A morena foi declarada vencedora por grande maioria dos votos. Para comemorar, ela e o restante do grupo decidiram fazer uma pequena festa.

— É isso aí! — Ash ergueu uma garrafa de suco numa paródia de brinde. — A Caly e Serena, nossas estrelas! Foi um belo retorno, mana!

Calista riu, tocando o copo do irmão com o seu. Apesar da animação, a morena mal podia esperar para que aquela pequena comemoração terminasse, assim poderia pegar seu celular e ligar para Cynthia com a boa notícia.

Afinal, devia uma àquela loira irritante. Se não fosse por ela, talvez jamais tivesse tido a ideia de usar a combinação de Nevasca de Pétalas e Fogo-Fátuo como encerramento. Fora a lembrança da expressão maravilhada da campeã ao ver os flocos de neve negros no dia de sua revanche que a levara a ter a ideia de tentar recriar algo semelhante.

Merda! Calista pensou, ao se dar conta do que estava fazendo. Se controle, Caly! Não pode ficar pensando naquela loira idiota o tempo todo.

Eu que o diga. Angel provocou maliciosamente. Você pensa muito nela, sabia? Aposto que mais do que você se dá conta.

Calada. A morena resmungou, corando ainda mais. Caramba, ainda bem que só eu posso ouvir você!

Angel, que estava empoleirada no ombro de sua parceira, caiu na gargalhada. Calista pôde sentir seu pequeno corpo vibrando enquanto ela ria.

— Ei, Caly. — Ash chamou. — Mana? Em que planeta você está, afinal?

A voz do jovem a trouxe de volta à realidade com um baque. Calista o fitou, ligeiramente desorientada, com a conversa com Angel ainda em sua mente.

— Droga, Cynthia ... — Ela resmungou. — Quero dizer ... Ash. Que droga, Ash!

Ash a fitou, mudo de surpresa por um momento, depois caiu na gargalhada. Para alívio de sua irmã, ele não fez nenhum comentário sobre aquele pequeno lapso cometido por ela. E Calista agradeceu aos céus pelo fato de que só ele a ouvira.

— Não pense que escapou, mana. — O moreno disse, inclinando-se para sussurrar aquelas palavras no ouvido de Calista. — Vamos falar sobre isso depois, ouviu?

— Calado, idiota.

Isso fez Ash rir ainda mais. Calista não pôde evitar rir também, sentindo-se capaz de respirar normalmente pela primeira vez desde que retornara a Kalos. Sentia como se um peso houvesse sido removido de seu peito. Era bom estar de volta, e do jeito certo dessa vez.


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